sábado, 26 de novembro de 2011

Vigiai e Orai


Despertei no meio da noite, sentia um calor e arrepios de frio momentâneos. Esforçava-me para pegar no sono, o que não aconteceu. De certo que havia dormido mais cedo do que o de costume, por conta de uma  gripe. O corpo estava quebrado.

Na noite anterior, na desobsessão, recebi uma comunicação onde aquele espírito padecia de sangramento nasal. Pude perceber o sangue escorrelher-lhe a face a ponto de acreditar que eu estava lavada de sangue, depois daquele instante, o meu nariz começou a escorrer, "corizar", e arder. Fiquei em dúvidas após socorrê-lo, não sabia se era dele ou minha a percepção, e agora, diante da gripe que me acompanhou, inquietei-me ainda mais. Havia estado antes com renite alérgica pelo uso sem proteção de pesticida, o qual sou extremamente alérgica. Contudo, segui para o trabalho evitando fazer uso do anti hinstâminico. Esse conjunto de fatores deixaram em mim, esta interrogação, quem de nós dois sofriamos naquele percalço?

Segue que, quando ocorre assim, sigo para casa com a insatisfação de quem falhou no cumprimento do dever. Fico com a incerteza de ter sido um bom instrumento de trabalho na Seara do Senhor. Sempre procuro deixar os meus problemas do lado de fora do portão de entrada da Casa, num ritual sempre alegre com os meus amigos obsessores, brinco: "aqui nos separamos, tenho que trabalhar" e, damos risadas. "Recordai-vos de que Jesus disse que somos todos irmãos, e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus! Pensai naqueles que sofrem, e orai" (cap. XIII; 4).

Eles parecem compreender muito bem. Sei que muitos dos que me acompanham serão atendidos  pela Espiritualidade da Casa, de acordo com a sua necessidade e urgência, mas não cabe a mim está decisão, pois que sou mero instrumento de trabalho, e a mim só cabe cumprir com a responsabilidade assumida com todos: Espiritualidade, dirigentes da Casa, especialmente, com os sofredores e, para comigo mesma, porque disso depende a minha evolução espiritual. Logo, se algo não saiu bem, preocupa-me .

Acordei, então, irritada com alguns problemas, com a noite mal dormida, devido ficar sufocada com a gripe.  Em um dado momento, ao transferir o arroz da embalagem para o pote de guarnição, o saco parecia ter esticado na minha mão, e o arroz  espalhou-se pela cozinha. Então, perdi o contrôle e entrei em confronto com os meus pensamentos: "você não vai me irritar com seus conselhos". Limpei a cozinha e saí sem dar-lhe mais atenção. Tomada pelo cansaço e sono, antes da 12hs, dormi, acordando somente passando das 14 hs. No momento em que almoçava, um ex-amor, hoje amigo, telefonou-me. Um amigo comum havia falecido. Então, convidou-me para sair, queria conversar. Sabendo de sua amizade com o falecido,  em condolência, resolvi aceitar. Acreditava que em mim, não havia mais ressentimentos por conta do rompimento daquela relação afetiva, há um ano.

Paramos para conversar, passeamos, parecia realmente que não mais havia mágoa entre nós, que já haviamos  nos perdoado e que seriamos bons amigos agora. Ledo engano. Na volta para casa, de um instante para outro, começamos a falar do passado, das falsas promessas, das juras de amor eterno, do sentir-nos traídos, e sem perceber, a paz esvaíra-se. Quando dei por mim, estava  aos berros, alterada aos extremos, com um arrependimento enorme de ter-lhe aceito o convite. As lágrimas já corriam a minha face, de tão ofendida estava com aquele ser arrogante, do qual um dia preferi a distância. Percebi neste momento o quanto é difícil perdoar de coração. O quanto amor e ódio andam juntos, de mãos dadas. Cheguei em casa arrasada depois de um reencontro que deveria selar a paz entre nós.

Motivo pelo qual coloquei-me mais cedo na cama, despertando a está hora, com tantas inquietações, colocando-me a escrever para vocês, amigos queridos. "Você pensa realmente que é fácil perdoar aquele que lhe traiu, riscou sua alma?", interrogou-me aquela voz que vez ou outra acompanha-me (amigo obsessor). "Não, não é!". Respondi-lhe. Bastou uma provocação apenas para que explodisse em mim, toda mágoa, ressentimento e arrependimento de ter-lhe dado, mais uma vez, a oportunidade de ofender-me. "Estúpida!", pensei . Aquela voz cobrava-me atitude. 

"Perdão, amor, caridade são palavras doces na boca e amargas no coração. Palavras pequenas de grande valor, porém, na prática, tornam-se entraves na nossa caminhada. Basta um só momento de invigilância, e explodimos em raiva, ódio, vingança, palavras não doces e que pelo seu alto teor de amargor, sobressaem às nossas decisões",  alertou-me o meu amigo obsessor, quase a rir-se de mim.

Porém, agora aquela voz  mais benevolente aconselhou-me: "Por isso, Vigiai e Orai Sempre! Os obsessores estão sempre a espreitar-lhe,  para lhe por a prova as intenções da alma. Dê-lhe as costas, mostre-se superior, então, conhecerás a  sua irá. Falar de perdão é fácil, viver o perdão requer desvelamento da alma, resignação, fé ardúa.  Para ensinar é preciso antes tomar para si a lição. Ensina-se pelo comportamento, e não adianta querer esconder de si mesmo, pois há quem esteja atento e que lhe cobrará, colocando-o em prova. Nada acontece por acaso. A vida não é uma sucessão de acasos.  Dai a necessidade de oração e vigilância constante do nosso coração. É ele que devemos sempre atingir, porque é nele que seremos sempre atingidos. É no coração que estão guardadas as nossas fraquezas, mas também a nossa vitória" (Espírito Protetor).

Abrindo o Evangelho, prosseguiu: "Quero que compreendais bem o que deve ser a caridade moral, que todos podem praticar, que materialmente nada custa, e que não obstante é a mais difícil de se por em prática. A caridade moral consiste em vos suportardes uns aos outros, o que menos fazeis nessse mundo inferior, em que estais momentâneamente encarnados. Há um grande mérito, acreditai, em saber calar para que o outro mais tolo possa falar: isso é também uma forma de caridade. Saber fazer-se de surdo, quando uma palavra irônica escapa de uma bôca habituada a caçoar; não ver o sorriso desdenhoso com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se julgam superiores a vós, quando na vida espírita, a única verdadeira, estão às vezes muito abaixo: eis um merecimento que não é de humildade, mas de caridade, pois não se incomodar com as faltas alheias é a caridade moral."(Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 9. O Evangelho segundo o Espiritismo).

Fora exatamente o que havia ocorrido naquele reencontro. Estamos sempre medindo forças, numa incessante "queda de braços" conosco mesmo. Somos uma mistura de amor sublime e ódio eterno. Está foi a lição passada para mim e, para o meu amigo obsessor, nesta noite de trabalho, por meu  Mentor Espiritual. Creiam ou não, para todos vocês da  Seara Espírita. Assim Seja!

Luz e Amor!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dos Obsessores

"Somos por vezes, loucos temporários, grandes obsediados de alguns minutos (...) doentes do raciocínio em crises periódicas, médiuns lastimáveis da desarmonia ..." (André Luiz).


"Que a Luz e o Amor Divino estenda-se sobre todos nós". Amigos, não olheis o teu irmão aqui presente como espíritos inferiores, pois que neste plano não há superior e nem inferior. Podes dizer, com toda a firmeza do coração, que estando no lugar do outro, farias diferente? Consulte a tua consciência. E, cala-te.
 Somos todos aprendizes neste mundo de provas e expiações. Procures antes aprender com cada um desses que aqui se apresentam por permissão Divina, e procures melhorar a ti mesmo. Se queres ser um bom professor, que os teus ensinamentos sejam exemplos antes para ti mesmo. Ensina-se mais pela conduta reta, pela moral elevada, pelos gestos, enfim, do que por palavras. Palavras vinda de um coração vazio nada pode acrescentar.

Sabes um pouco mais? Não sejas arrogante, pois sábio é aquele que se cala frente ao sofrimento de um irmão ignorante, que, por não saber, padece. A humildade é chave para qualquer porta. Desejas que o teu ensinamento seja proveitoso, que tuas palavras atinja o coração endurecido daquele diante de ti? Tenhas o coração limpo de interesses pessoais, de recompensas. O coração só entende a linguagem do amor incondicional.

Amigos, sejais humildes, pacientes e acrediteis no teu trabalho. Como posso persuadir se nem mesmo acredito no que falo? Como posso passar uma certeza a qual me falta? Estudai e conheceis, porém, não esqueceis de que ninguém possue a verdade. Devemos antes dialogar sobre essas verdades relativas e inconstantes e, sobre hipótese alguma, impô-las a alguém. Lembra-te de que ser firme não significa ser rude. Significa estar seguro do que se pretende, do que se conhece, do que se crê. E, acima de tudo, amai ao teu próximo como a ti mesmo. Assim Seja!".
                        (Um irmão em Cristo, em 15-11-2011, às 7hs e 25min.)



"A proposição que Jesus lhe fazia era uma prova decisiva, para por às claras o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um padrão de homem honesto, segundo o mundo, não prejudicar a ninguém, não maldizer o próximo, não ser frívolo nem orgulhoso, honrar pai e mãe. Mas não tinha a verdadeira caridade, pois a sua virtude não chegava até a abnegação. Eis o que Jesus quis demonstrar. Era uma aplicação do princípio: Fora da Caridade não há Salvação". (Servir a Deus e a Mamon, cap. XVI; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo).




"Eu creio, Senhor, ajuda a minha incredulidade" (Marcos, 9: 24).

domingo, 20 de novembro de 2011

Conscientização Espírita



REFLEXÃO
Em 31-05-2011, às 13 hs.

Eu acreditei que sairia da Casa do Caminho completamente curada. Pensei que entraria ali, tomaria consciência da influência dos Espíritos na minha vida e, a partir de então, os amigos que me acompanham ficariam longe de mim. Sairia  linda, leve e livre dos meus obsessores. Ledo engano! Na saída é preciso passar pelo grande armário branco que está posionado na entrada do corredor, próximo a lanchonete, junto a um balcão branco, onde ficam guardados os nossos pertences no mundo espiritual.

Falar de caridade é fácil, praticá-la nem tanto, mesmo sabendo que é o passaporte para a Nova Era; condição única para sentarmos à direita de Deus Pai, pois na caridade está inerente todas as demais condições: o perdão, a indulgência, a benevolência, a paciência, todo sentimento esento de egoísmo, vaidade e orgulho... Mas, como é penoso livrar-nos  dos vícios latentes na alma. Como a própria palavra exprime: "hábito prejudicial". Estamos habituados aos atos que nos causam prejuízos, apegados às imperfeições, daí a dificuldade em evoluir moralmente. Então, colocamos as consequências desses atos, na conta dos "obsessores" para tirar o peso da responsabilidade de nossas costas, esquecendo, geralmente, que somos os nossos próprios obesessores. É isso o que acontece no Centro Espírita, os espíritos endurecidos pelo desejo infinito de vingança, ficam em tratamento no plano espiritual, mas nós continuamos carregando os nossos vícios e atraindo novos sofrimento sem nos apercebermos. Levamos de volta para casa a nossa "sacolinha de responsabilidades".

Agora veio-me a lembrança o que ensinei um dia à minha filha, ela era ainda muito pequena, mas sempre muito precoce: "quando nascemos, Deus entrega a cada um, a sua sacolinha de responsabilidades. Cada qual com a sua missão a cumprir, devemos nos pautar em resolvê-las para prestar conta ao Senhor no dia do juízo final". Devemos ajudar na medida do possível o próximo, porém sem absorvermos os problemas do outro, pensar em si não é egoísmo, já carregamos os nossos próprios pesos. Amar não é livrar os outros de suas responsabilidades, pois há uma relação de causa e efeito a qual não podemos romper. Quando nos propomos carregar o fardo do outro, estamos colocando em nossa sacolinha um peso que não iremos suportar. Logo, cada qual tem que dar conta do que lhe pertence. Não adianta culpar o outro pelo nosso fracasso, é comodo mas não adianta, na saída lhe será entregue sempre a sua sacolinha.

Estar em contato direto com os meus defeitos morais a todo instante é difícil, necessário para a minha evolução sim, mas difícil. Espero conseguir suportar e vencê-los. Sei que vou precisar bem mais do que está reencarnação, mas o primeiro passo está sendo dado neste sentido. Penso que consegui quando saio  da Casa cheia de bons conselhos, de oração, todavia, é somente contrariar os meus desejos e lá se vai a minha caridade, a minha tolerância. Perco a paciência até comigo mesma. Ajo o tempo todo como se realmente tivesse que ser um "milagre" a minha evolução, o que é um erro. Há uma força superior que me coloca à prova a todo instante, e o pior é sentir-me reprovada e tendo que recomeçar a lição. Sinto-me cansada.

Não podemos responsabiliar os obsessores por nossas faltas sempre, e nem tão pouco querermos que os Espíritos Amigos se encarreguem dos nossos pesos, removendo-nos da dor. Temos que sair pessoalmente de uma e de outra condição para nos elevarmos. A conscientização mediúnica é individual, intransferível e irrevogável. A consciência uma vez desperta não se é mais possível ignorar os fatos. Ninguém, abaixo do Criador, pode mudar aquilo que não desejamos fervorosamente mudar em nós. Sinto-me só nesta caminhada ainda sabendo que os bons amigos orientam-me, que ninguém está só. Eu queria cólo e não existe cólo nas empreitadas da vida, é preciso caminhar com os próprios pés, subir degrau por degrau na escada da vida. Assim Seja!

Luz e Amor!



"São chegados os tempos em que as idéias morais devem desenvolver-se, para que se realizem os progressos que estão nos designios de Deus. Elas devem seguir o mesmo roteiro que as idéias de liberdade seguiram, como suas precursoras. Mas não se pense que esse desenvolvimento se fará sem lutas. Não, porque elas necessitam, para chegar ao amadurecimento, de agitações e discussões, a fim de atraírem a atenção das massas. Uma vez despertada a atençao, a beleza e a santidade da moral tocarão os Espíritos, e eles se dedicarão a uma ciência que lhes traz a chave da vida futura e lhes abre a porta da felicidade eterna. Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá" (Não vim destruir a Lei, cap. I; 9. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Relato sobre o aborto

"Um momento de profunda dor para aquele que tem a sua vida ceifada sem antes ver a luz. Como sofre por não poder cumprir com sua missão terrena. Missão a que se propôs para sua regeneração neste mundo de expiações e provas, ou, simplesmente por amor. A separação experimentada é uma das mais violentas neste vale de lágrimas. Piedade Senhor!

Mães que lastimam a sua derrota mas ela já está feita. O reencontro para a reparação agora é inevitável. Consequência do estado de demência, da falta de lucidez, da falta de fé e da razão. Ah! mães! Se conhecessem a luz que a todos é dada pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo, saberiam da atrocidade cometida. Quem sabe criariam forças para resistir ao ímpeto do momento e, suportariam com resignação as adversidades que o mundo lhes impunha, para o seu próprio benefício, eis que o Senhor é justo. Bendizei e regojizei ao Senhor por ter-lhes sido misericordioso coroando-lhes com o sofrimento no mundo, que lhes seriam breve, não fosse a falta de esclarecimento, paciência e amor.

Choras! Choras e peças comiseração ao Pai Celestial, que tudo atende quando vem do coração limpo pelo arrependimento. Choras! Clame agora pelo perdão da alma bendita agora extirpada pelas tuas mãos, pois que Deus é infinitamente misericordioso e, guarde o teu coração em paz, pois haverá o dia da reparação. Aguarde com paciência porque este dia é dado à todos, sem excessão, pois que o Senhor não deseja perder nenhuma de suas ovelhas. Creia. Assim Seja!".

A. P. C. (em 16-11-2011, às 00h e 20 min.)

"A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo-poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu. Sede paciente, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado por Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência". (Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 7).


 Em 16-11-2011 às 9 h.

 um relato sobre o aborto




Senti todas as dores daquele processo de aborto como se fora em mim. O sofrimento da mãe, o sofrimento do bebê em agonia, o útero, expandindo-se e contraindo-se, num movimento de expurgar aquela vida incompleta. A "luzinha" que chamava-lhe a atenção no final do túnel, um pontinho que ficou em sua lembrança ainda não desperta.

Era visível a dor daquele bebê ceifado da vida, chamando desesperadamente: "mamãe", agora separado daquele corpo que o gestou. Amputado de sua genitora, foi acolhido pela mãe substituta, no mundo espiritual, onde será cuidado até o novo momento da reencarnação. Apesar do arrependimento sincero, a mãe genitora não poderá tê-lo de volta, neste momento.

Segui para casa ainda comovida, com aquela percepção em minha mente. Orei agradecendo à Deus pelo trabalho daquela noite e suplicando-Lhe pela misericórdia de todas mães, que em desespero, desapartaram-se de seus filhos, e, por estes que tiveram a sua missão terrena interrompida. Quase ao pegar no sono profundo, as lembranças ressurgiram em meu pensamento. Interroguei aos Céus: "por que Senhor, está tudo tão presente em minha memória?". Entendi, então, que a lição fora direcionada para mim, isto porque era a favor do aborto, antes de conhecer a doutrina espírita. Preciso aprender a perdoar por ter sido vitima desse ato e, perdoar-me por um dia ter pensado em praticá-lo.

Aprendemos muito com os sofredores que atendemos na desobsessão. São ensinamentos de vida, trocas recíprocas, onde percebemos que somos todos iguais neste plano terreno. Estando com eles e vivenciando os seus sofrimentos, por não conhecerem a Verdade e, tomando-os como lição, e´ que procuramos nos melhorar moralmente, corrigindo-nos dos nossos vícios ainda latentes: o orgulho, o egoísmo e  a vaidade.

Compreendendo isto, quase adormeci. Então, disseram-me: "levanta-te, precisamos de você". Atendendo ao chamado e ao compromisso assumido com a espiritualidade, partimos, em desdobramento, para continuar uma noite de intenso trabalho,  junto àqueles espíritos em busca de luz. Neste momento, recebi a comunicação de A. P. C., mãe de J. P. (quem cometera o aborto aos 19 anos), hoje,  mãe de C. que pôde reencarnar, somente, após 19 longos anos de espera.  Assim Seja!



 "O amor ao próximo, estendido até o amor dos inimigos, não podendo aliar-se com nenhum defeito contrário a caridade, é sempre, por isso mesmo, o indício de uma superioridade moral maior ou menor. Do que resulta que o grau de perfeição está na razão direta da extensão do amor ao próximo. Eis porque Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, lhes disse: "Sede  logo perfeitos, como também vosso Pai Celestial é perfeito" (Sede Perfeitos, cap. XVII;2).


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Reconciliação


 Em 15-11-2011

Pensei em dar uma pausa nas postagens por precisar estudar para a Faculdade. Porém, o que me ocorreu hoje fez com que eu desse uma pausa na Faculdade, porque eu já cheguei lá. Quanto ao que aconteceu hoje, talves possa fazê-los chegar um pouquinho mais pertinho de Deus. Lembrando do que me disse um dia meu amigo espiritual, Naziembuique: "tudo pode esperar, o povo não pode esperar, o povo é o que mais importa na seara espírita".  Eu não preciso estar na Casa Espírita para socorrer primeiro "o povo", posso e devo fazê-lo em todos os lugares, a todo o momento em que Deus enviar-me a solicitação. Assim Seja!

Pude, finalmente, vencer o meu orgulho e vaidade, um instante breve que me valerá uma eternidade de jubílo e glória. Permiti-me ser a primeira a estender as mãos no sentido da paz. Abraçamos-nos na rua sem parcimônia, coração limpo das ofensas que um dia trocamos no passado, por ignorância aos ensinamentos do Cristo Jesus: "Amará o teu próximo como a si mesmo". Saudamos-nos num desejo mútuo e fecundo de reconciliação.

Encontrei-a no ônibus, trazia sacolas pesadas das compras, uma senhorinha já de idade um pouco avançada, a qual minha filha, ainda pequenininha, três anos, chamavá-a "dona Carne". Naquele instante as lembranças dos tempo em que nos conhecemos, da amizade síncera entre visinhos que se ajudam nas horas difíceis. Lembrei-me das crianças brincando, brigando e novamente brincando, como se aquelas briguinhas não representassem nada diante da vontade de brincarem juntas. Então, senti meu coração pulsar mais intensamente e uma voz perguntou-me: "você é capaz de ajudá-la?". Sim, prontamente respondi. Não sei se ela me permitirá uma aproximação!

Eu já a perdoei e me perdoei do ocorrido. Na verdade, desde que passei a fazer o Evangelho no Lar, estudá-lo com atenção, ouvindo cada palavra que ele diz, eu procurei perdoar a todos os meus inimigos encarnados e desencarnados, independente do que tenham feito a mim. Mesmo porque, a nossa vaidade e orgulho não nos permite ver, muitas vezes que o culpado antes fomos nós. E se não fomos, melhor ainda para a nossa alma. 

Chegamos ao bairro. Quando levantei-me a voz disse: " então vá e, pergunte se ela permite que você a ajude". Assim eu fiz atendendo aquela voz que falava ao meu coração. Se ela recusasse, eu tentei. Dirigi-me até ela e coloquei-me à disposição. Notei a sua surpresa e ao mesmo tempo um sorriso de agradecimento. Logo que descemos do ônibus, disse-me: "Lena, eu nunca deixei de gostar de você, falo isso sempre lá em casa, não pense que te faço algum mal". Fiz o que meu coração me impulsionou a fazer, dei-lhe um abraço na rua e seguimos abraçadas até em casa, deixando para trás os desafetos. Como o meu coração está feliz! Ajoelhei-me aos pés do Senhor, porque Ele é maravilhoso e, tocá-nos sempre o coração através dos seus Mensageiros Espirituais - Mensageiros da Fé, da Luz, do Perdão, Consoladores Benditos, AMOR.

Nosso desentendimento começou quando separei-me do pai da minha filha. A casa em que resido é grande, todos dizem. Sei que não é a maior mas é a melhor porque foi nos dada por Deus, e quem tem a sua própria casa, que tem onde se abrigar do sol ou da chuva,  onde descansar  depois da labuta, não importa o conforto material, apenas o conforto que nos dá saber que temos para onde voltar. Então, um dia a sua família começou a adentrar o meu terreno retirando a cerca que o protegia, e fazer construções indevidas para dentro dele. Quando manifestei a minha insatisfação, fui apedrejada por um de seus membros e ameaçada. No período, procurei um amigo e advogado que me orientou e movi uma ação judicial contra os infratores. Pela agressão física sofrida e o réu ser confesso, acabamos na vara crime, o que foi muito constrangedor e doído. Eu os vi crescerem, brincarem, brigarem ... 

Ela alegou usúra da minha parte pela queixa, dizia: "duas pessoas (eu e filha) numa casa com terreno tão grande, fazendo conta!". Depois do processo encerrado, não se conformando, abriram um varanda para o lado da minha área, invadindo a nossa privacidade, direito de todo cidadão. Decidi levantar uma parede e fechá-la já que ela se recusava a isto e, assim fiz. Nunca mais trocamos uma palavra. Não nego que acreditei várias vezes que ela fazia mal para mim com suas "feitiçarias". Como disse, erramos as duas por ignorância, no julgamento, ela de achar-se no direito de invadir a minha propriedade, por sua família ser maior do que a minha e o meu terreno estar "sobrando". E, errei eu, a partir de então, a julgar que todas as dificuldades que daí comecei a enfrentar fosse "mandinga" por parte dela. 

Mantivemos-nos afastadas com pensamentos, uma contra a outra, que de fato não ocorriam. Eu nunca lhe quis mal algum, apenas queria que os meus direitos fossem respeitados. Em momento algum desejei destruir o bem estar desta família. Por outro lado, ela também não se prestava a trabalhos de mágia negra contra mim, como de súbito acreditei um dia. Se não fosse esse reencontro de hoje, não teriamos pudido enxergar o coração uma da outra. Ás vezes colocamos palavras no coração do outro para justificarmos a nossa fraqueza, motivo do orgulho, da vaidade e do egoísmo.

Privamo-nos da felicidade do recomeço por não querermos ser o primeiro a estender a mão, por não querermos nos humilhar aos olhos dos outros e, preferimos afastar-nos de Deus, pois que, "aquele que não se rebaixar será rebaixado e aquele que não se elevar será elevado". Sejamos porém, meus amigos, humildes em reconhecer as nossas fraquezas e permitamos o abraço amigo, o PERDÃO. Deus não pede ofertas, nem celebrações, nem orações vázias. Deus deseja de nós que nos reconciliamos com o nosso próximo, que sejamos, enfim, moralmente virtuosos por que não há virtude maior do que a HUMILDADE. Reconciliando-nos com o próximo estaremos de volta para os braços de JESUS.



 NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A ESPADA

"Não julgueis que vim trazer paz à terra; não vim trazer-lhes paz, mas a espada; porque vim separar os homens contra pai, e a filha contra a sua mãe, e a nora contra a sogra; e os inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos" ( Mateus, X; 34-36).

"...ENTÃO, QUANDO O CAMPO ESTIVER PREPARADO, EU VOS ENVIAREI O CONSOLADOR, O ESPÍRITO DA VERDADE, QUE IRÁ RESTABELECER TODAS AS COISAS, O SEJA, QUE DANDO A CONHECER O VERDADEIRO SENTIDO DAS MINHAS PALAVRAS, QUE OS HOMENS MAIS ESCLARECIDOS PODERÃO, ENFIM, COMPREENDER, PORÁ TERMO Á LUTA FRATICIDA QUE DIVIDE OS FILHOS DE UM MESMO DEUS. (...) NESSE MOMENTO, TODOS VIRÃO ABRIGAR-SE SOB A MESMA BANDEIRA: A DA CARIDADE, E AS COISAS SERÃO RESTABELECIDAS NA TERRA, SEGUNDO A VERDADE E OS PRINCÍPIOS QUE VOS ENSINEI". (Moral Estranha, cap. XXIII; 9-16. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EQMs


Em 30-05-2011

Retornei para casa, depois da Fluido terapia, muito irritada e com uma enorme vontade de desistir. O que aconteceu? Outra manifestação que me levou de volta para o aconselhamento com a espiritualidade. Acabada  a leitura do Evangelho, dirigi-me ao módulo de tratamento. Havia dito desde a saída de casa que eles (espíritos obsessores) não iriam me dominar, não desta vez. Estava determinada a controlar a minha mediunidade.

Já na sala de espera foi possível sentir a presença de vários amigos desencarnados, os de luz e os sofredores. Estava  determinada a ser mais forte do que eles e evitar as comunicações. Eis que, de repente, um sono intenso tomou conta de mim. Um abrimento de boca descontrolado que fazia as lágrimas correrem pela minha face.  Tentei desesperadamente, por várias vezes, reanimar-me, em vão. O meu corpo começou a encolher-se e fui debruçando sobre mim mesma. Fiquei prostrada, inerte, sem força alguma para reagir àquele transe. Percebi que eles riam e comecei a discutir mentalmente com aquelas criaturas impertinentes.

Neste momento, fui chamada para o aconselhamento, sem dominar os meus movimentos, toda curvada e de cabeça baixa fui conduzida até a presença da espiritualidade da Casa. Então, o amigo espiritual que me recebeu, disse-me tratar de um zombeteiro e exclamou: "uma ferramenta enferrujando". Aconselhou-me a cuidar da minha mediunidade trabalhando-a, senão esses espíritos iriam tomar conta de mim.

Fiquei furiosa com o ocorrido, por não ter conseguido controlar a comunicação e ser alvo de brincadeiras, muto sem graça, diga-se de passagem. Em casa ralhei com eles como uma mãe ralha com seus filhos, ainda acompanhavam-me: "quem tem vergonha não faz vergonha aos outros", vocês envergonharam-me". Senti que eles ficaram quietos ao me ouvir, não queriam me fazer mal, apenas se divertirem com o meu ímpeto de controlá-los. Mostrar-me que eles podiam mais do que a minha vontade. Porém, recolheram-se depois de me virem chorar descontroladamente.

Quando deixei a Umbanda, há dez anos, fui motivada pela falta de respeito para com os Espíritos, encarnados e desencarnados, por algumas pessoas que abusavam da fé de outras que ali procuravam conforto e, abusar da sua própria mediunidade, instrumento que deveria ser usado para o bem e não para mistificação, ou disputa de poder.

Os espíritos evoluídos não ofendem, não ferem a dignidade do outro, não usam de palavras que causa dor, não usam da execração pública. Preferem ao silêncio da resposta à verdade  que mata, denigre a alma. E, os espíritos não evoluídos não são de todo ruins para que todo e qualquer mal feito recaia sobre eles. Existe o livre arbítrio, o obsediado é responsável, tão quanto o seu obsessor, por muitas vezes, ainda que inconscientes, procurá-los como testemunhas, de acordo com seu comportamento moral. Não nego a existência de influências espirituais: ondas malévolas e ondas benévolas,  mas são as nossas tendência morais que nos inclinam a uma ou a outra. Culpá-los somente é fugir à responsabilidade de nossos atos e,  não é justo. Utilizar-se de nomes de entidades elevadas para se pregar o que se bem quer, como "médium", é brincar com a fé de outrem e faltar com a Verdade (Deus). Talvez, por esse motivo, as Casa Espíritas, muitas vezes, esvaziam-se. Não só pela retirada dos fiéis, mas, principalmente pela saída dos Bons Espíritos, que não se comprazem com esse mal feito. Daí propagar-se que o espiritismo é "coisa do mal".

Eu saí em respeito aos Espíritos, saí em respeito a fé e ao sofrimento alheio. Foi por isso que ralhei com os que "brincaram" com a minha mediunidade: "quem tem sentimentos não fere os sentimentos alheios", por isso eles (zombeteiros), envergonharam-se também e, pediram-me desculpas. Como se vê, eles não são de todo ruins. São, somente,  humanos sem seus corpos físicos e, que trazem em si, tudo o que viveram, como qualquer um de nós, encarnados, trazemos na nossa alma.

Fiquei afastada dos trabalhos, com a mediunidade suspensa. Sai sem olhar para trás. Vivi durante sete anos seguidos, sem qualquer lembrança da Umbanda: nem "pontos cantados", "nem saudações". Nem mesmo lembrava-me de determinadas pessoas, seus nomes, como se não as tivessem conhecido. Não sonhava com os guias. Não tinha manifestações dentro de casa, nem mesmo dos "Exus" e "pombas-gira" (meus amigos) que são considerados erroneamente, pelos que não conhecem os seus trabalhos, como "espíritos do mau". Na umbanda são considerados "escravos" do guias, são os que fazem trabalhos de magias (são ciganos(as) entre outros). Passei a viver como pessoa "normal" até eles voltarem a se comunicar, há três anos, através de sonhos, desdobramentos e manifestações. 

Ontem, ouvi do amigo espiritual da Casa do Caminho, a mesma frase que recebi em 2009, do meu mentor espiritual: "quanto tempo você vai precisar para falar, dar seu testemunho... mais dezenove anos?". Chorei descontroladamente, a mesma pergunta, a mesma cobrança. Eu reconheço a existência de outras vidas. A vida não se encerra aqui neste plano, segue em  outros planos. Eu pude ver.

Quando, aos dezenove anos, passei pela primeira cirurgia para a retirada de um tumor na mandíbula, vivi uma experiência de quase morte (EQM). Tudo como pude ler, bem mais tarde e, depois de muito sofrimento, nos livros espíritas. Livros que me foram presenteados logo depois do ocorrido e, que, somente abri para lê-los agora, no Centro Espírita.

Após a cirurgia, ocorrida no Hospital Aristides Maltes, fui passando pelos corredores, aqueles focos de luz seguindo-me rapidamente, como a me acompanhar. Como poderia estar naquela maca e ver-me de outro ponto? Aquelas luzes .... Meus pais aguardavam-me na porta do quarto, enquanto eu seguia a maca  pelos  corredores do centro cirúrgico até o leito onde fui colocada. As mãos amarradas as barras de proteção. A enfermeira, gorda e negra, lembro-me bem de sua expressão: "ela estava muito agitada querendo levar as mãos ao rosto". Meu pai atento, aos meus pés, olhava tudo em silêncio e angústia. Minha mãe chegara perto de mim. Fixou o olhar bem no meu rosto e exclamou: "enfermeira, minha filha está morta!". Não contenho as lágrimas neste momento em que escrevo, a sensação daquele momento se fez presente. Olhava tudo ao lado dos Espíritos que me acompanhavam na subida por aquela luz de brilho intenso. Então, meu pai em desespero saiu quarto a fora. A enfermeira voltou-se para meu corpo, abriu os meus olhos, verificou o meu pulso, o seu coração acelerou e perguntou: "qual o nome dela?" chame o nome dela"! exclamou. As duas começaram a chamar por mim. Minha mãe estava mais pálida do que meu corpo já sem vida. 

Eu não senti medo. A paz que me acompanhava era tão grande e, aquela luz era tão confortante quanto a doçura da voz daquele amigo que me recebia. Assistíamos a tudo do alto, frente a um grande portal iluminado, não adentrei o portal. Ele, o meu mentor, pude saber depois, de uma luz intensa que o fazia ainda mais alvo na sua túnica branca. Cabelos e barba brancos, tão alvos. Ao seu lado um jovem, também de túnica branca e eu, também de branco, conversávamos. Mostrando-me a aflição dos meus pais, disse-me: "volte e diga a todos que o mundo precisa de oração". Sorrimos um para o outro e, rapidamente, retornei ao meu corpo físico. Continuei a dormir profundamente e em paz. Ao despertar, encontrei somente minha irmã, a mais velha, sentada ao meu lado. De imediato, pedi-lhe uma folha em branco e caneta, comecei a escrever tudo o que aconteceu ali, entreguei-lhe, ela chorou comovida : "Lena, é lindo!". 

Havia também uma mensagem especialmente para ela. Estava grávida do namorado e atormentada pois meu pai ainda não tinha conhecimento. A mensagem foi para que ela não se afligisse tanto, que tudo acabaria bem. Ela deveria contar antes que outra pessoa o fizesse para evitar os problemas que, infelizmente, por ela não atender, aconteceram. e, como sempre acontecia, sobrou para mim. Meu pai, mais tarde, ao descobrir via outros, ficou extremamente furioso com toda a família. Eu já havia recuperado-me da cirurgia, e não fui polpada do sermão. Minha mãe, então, por saber que eu tinha conhecimento da gravidez, acusou-me de difamar minha irmã: "minha filha está sofrendo por sua culpa", essas foram as suas palavras. Bom, vocês que já acompanham a minha história devem saber o por quê, e, também, o por quê do grifo. Então eu não era a sua filha? Foi o que mais me doeu, ser sua filha era uma dúvida constante.

Casei-me, tive uma linda filha, saudável. No período do primeiro trimestre tive a notícia da reincidência do tumor. Agora precisaria a retirada total da mandíbula. O meu mundo caiu. Precisei trancar a Faculdade (UNEB), pois corria o risco de aborto. Levei dois anos para engravidar. Lembro-me quando um dia, triste por, apesar dos tratamentos, não conseguir engravidar, meu pai, não creio por maldade, apenas ignorância, falou-me: "existem mulheres que são iguais a árvore seca, não dão frutos", aquelas palavras feriu-me profundamente, ainda mais sobre o olhar atento de minha mãe, que parecia sentir-se vingada.

Como o tumor, devido a gestação, desenvolvia com maior rapidez, o médico sugeriu o aborto. Eu não concordei. Eu queria aquela "vidinha" no meu útero mais do que tudo! Então, após 20 dias do seu nascimento, fui submetida a cirurgia. Abandonei a Universidade, os amigos, abandonei meus sonhos e fechei-me para o mundo. Estudar para quê? Dançar para quê? Dançar é uma expressão da alma. É o fluir da energia que eleva a alma. Que alma? Não havia mais vida em mim.

Passado dez anos, depois de fazer acompanhamento terapêutico e depois da Umbanda, pois foi nesse momento crucial da minha vida que os Espíritos sefizeram presentes de forma mais contundente - disseram a que veio. Diante do choque com a realidade e o meu desequilíbrio emocional, psicológico e espiritual, não suportando a carga, tentei suicídio. Conheci o outro lado da vida, o lado daqueles que transgridem a Lei Natural da existência. Ingeri veneno de rato com comprimidos de Diazepan, em dose alta. Consegui comprá-los sem receita, pagando ao farmacêutico o dobro do preço,  contraindo uma dívida ainda maior. 


Desta vez não havia luzes e sim um lugar sombrio. Um isolamento. Estava sentada a beira do Vale dos Suicidas, prestes a adentrá-lo. Estava com um dos pés para dentro, pensativa, como a refletir o meu ato, arrependida. Vestia uma túnica de cor bege, quase marrom. Não havia mais a brancura do desenlace natural. Os cabelos em desalinho, um olhar inquieto diante de tudo que assistia. Labaredas que não se apagam,  chuva que não cessa, frio que faz tremer, cinzas, desertos, galhos secos, lama, lodo, limo. Limbo! Estava preste a descer para o umbral. Espíritos de toda a sorte que tentaram contra a vida, enlouquecidos, desajustados, descabelados, imundos, rasgados em trapos escuros, tal qual escura sombra que os cercavam, tentavam puxar-me pelo pé. Choros e uivos, como cães danados, raivosos. Chegava a doer na alma. Ali, entre os dois planos, não vi os meus pais, nem minha família (esposo e filha).

Era um espaço vazio e silencioso entre o dois mundos. Foi quando uma voz chamou por mim, não consegui nem mesmo levantar a cabeça de tanta tristeza que carregava: "o que fiz de mim!". Porém, o meu mentor, aquele mesmo espírito de outrora, alvo e terno, agora acompanhado de um outro jovem, de traje beje claro, estendia-me a mão piedosamente: "sua missão não acabou, Deus tem coisas boas para você". Deus sempre nos dá oportunidade do arrependimento. Então, sem olhar para trás, aceitei sua mão estendida e partimos dali. Chegamos a um portal, onde pude me ver deitada no leito de uma UTI, no Hospital Roberto Santos. Estava entubada. Minha mãe na cabeceira e meu irmão, o mais velho, de joelhos ao lado da cama chorava e dizia: " fale com ela mãe!". Novamente, desabo-me em choro ao relembrar, como é doído dar meu testemunho neste momento. Ela respondeu: "ela não gosta de mim,  ela não me quer aqui". Em uma crise, antes de entrar no sono profundo (estado de coma de três dias), lembro-me de tê-la acusado do estado em que me encontrava e gritava para que saísse de perto de mim, pois, nunca havia me amado. Meu irmão, insistia aos prantos: "não desista Lena, você foi sempre uma guerreira, eu te amo!". 

Ah! Meu Deus! Como eu desejei ouvir estas palavras. Meu irmão não sabia que naquele exato instante me removera daquele suplício. Estou chorando agora como no momento em que ele as proferiu. Foi por elas que eu voltei. Ainda há poucos meses, conversávamos sobre nos amarmos e não estarmos juntos feito "família". O porque da separação, da distância que existe entre nós, de não nos reconhecermos como tal. Somos como estranhos e, eu pude revelar a eles (irmão e mãe) do peso que teve aquelas suas palavras para que eu regressasse à vida. Choramos abraçados pela primeira vez, eu e meu irmão mais velho. Confessei-lhe que sempre desejei ter um irmão mais velho. Ele revelou sentir-se "marionete" nas mãos de nossos pais. Eles manipulavam os nossos sentimentos e nos faziam sentir culpados pelos mesmos sentimentos. Mesmo assim, depois desse abraço, continuamos as nossas vidas separadas.

Quem entre os encarnados, que por algum motivo torpe, pensar em abreviar o seus dias, assista o filme "Nosso Lar", de André Luiz, e conheça o que está reservado aos suicidas sem nenhum exagero. Eu fui assistí-lo. Foi como se tivesse retornado àquela vivência. Voltou tudo a minha lembrança. Adivinhem! Assisti ao lado de minha mãe. Não sei se ela entendeu as minhas lágrimas. Posso garantir-lhes, não há no plano terreno sofrimento maior do que encontrei ali.

Sei que não devo sentir pena de mim mesma, nem lastimar a minha própria sorte. Eu sou feliz! Quem dentre muitos pode recomeçar diversas vezes? Eu pude. Eu trago na consciência tudo o que vi e ouvi, por isso me é cobrado muito. A vida inteira eu pude ouvir os Espíritos e perceber a sua presença em minha volta. Pude perceber as más influências, mas também, ouvir bons conselhos. O meu mentor está sempre do meu lado, apenas, afastá-se para que eu possa refletir meus atos sem com isso me abandonar. Sinto medo por não me sentir capaz de cumprir com tamanha responsabilidade. É a vida de outros que tenho que pensar. Fosse somente a minha, menos mau, eu sofreria com resignação, mas envolve a fé do outro, a esperança do outro. 

Preocupa-me a veracidade das comunicações. Preocupa-me as mistificações por alguns espíritos  zombeteiros e médiuns. Preocupa-me os meus vícios: o orgulho e a vaidade. O Espiritismo não é mágica, um espetáculo, ou um "dom especial". Eu não me sinto especial. Sinto um peso muito grande da responsabilidade e do comprometimento necessário ao trabalho. Prefiro abster-me das manifestações para não falhar, não me ver alvo de embusteiros ou zombeteiros que tentam desacreditar o Espiritismo. E, isso é uma falta minha, o "não querer errar". Eu sou humana e humanos erram, é uma ordem natural do aprendizado a que nos prestamos neste mundo de expiações e provas. Então, por este motivo rogo sempre a Deus: "Senhor, se não for para fazer o bem, eu Te suplico, tira-me a mediunidade".

Eu quero servir a Verdade. Eu quero ajudar com a Verdade. Eu não suporto pensar que alguém que acreditou no bem foi enganado. Sei que seria pura vaidade acreditar-me imune as falsas comunicações e que só os Bons Espíritos acompanham-me. Porém, é no outro que penso. Eu pude sentir na pele o que é acreditar como acreditei na Umbanda, que como em qualquer religião, recebe pessoas de toda qualidade moral, e não tem culpa das mistificações que ocorrem, do jogo de poder e, até mesmo, dessas entidades que desejam ferir os princípios doutrinários.  

Diante da minha tentativa de suicídio, a Casa que frequentava acusou tratar-se de "trabalho feito" para derrubá-la, por uma pessoa de alta estima. Momento seguido, algumas entidades de "nome elevado", expuseram-me à  frente de todos que ali estavam, usando palavras que sangraram ainda mais a minh'alma já dilacerada. Neste instante, fiquei paralisada e uma enorme janela abriu-se na minha frente. Mostrava-me o jogo de poder por trás daquela encenação. Vi não se tratar de Bons Espíritos, nenhum daqueles eram os guias da Casa. Uma voz se fez ouvir: "aqui não é mais o seu lugar, vá e não olhe para trás". Sai sem nem mesmo calçar os pés ou mudar a roupa. No caminho perdi a guia (conta) de Ogum, dono da Casa. "Vigiai e Orai".  Assim Seja!


"A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo, os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença. Oh, pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das belas almas, esse sentimento que faz que se olhe aos outros com o mesmo olhar voltado para si mesmo, e que se desvista com alegria para vestir a um irmão! Pudésseis, meus amigos, ter apenas a doce preocupação de fazer aos outros felizes! .... Compreendei quais são as vossas obrigações para com os vossos irmãos! Ide, ide, meus bem-amados, e lembrai-vos destas palavras do Salvador: "Quando vestirdes a um destes pequeninos, pensai que é a mim que o fazeis"!" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 11. O Evangelho Segundo o Espiritismo).


domingo, 13 de novembro de 2011

Culto do Evangelho no Lar


 JESUS CONTIGO

"Dedica uma das sete noites da semana ao Culto do Evangelho no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.
Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ore, Jesus virá em visita.
Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. quando a família ora, Jesus se demora em casa. Quando os corações se unem nos liames da Fé,  o equilíbrio oferta bençãos de consolo e a saúde derrama vinho de paz para todos.
Jesus no Lar é vida para o Lar.
Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável. Distende, da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado.
Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o beneficio da comunhão com o Alto.
Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania.
Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus famíliares. Continua orando fiel, estudando com os teus filhos e com aqueles a quem amas as diretrizes do Mestre e, quando possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te pertubam ante a inspiração consoladora do Cristo. Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar. Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar.
E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas, em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo".

JOANNA DE ANGELIS

(Do livro Messe de Amor, psicografia do médium Divaldo Pereira Franco)




Em 26-08-201, às 21:30min.
Realização do Evangelho no Lar: uma pequena grande conquista

"Glória à Deus nas Alturas e paz aos homens de boa vontade". Eis que sinto o meu coração em paz. Minha amada mãe veio visitar-me. Fui avisada pela manhã, às 9hs, estava aguardando o ônibus para ir a Faculdade: "sua mãe vem hoje visitar-lhe", disse-me a voz. Para ter a certeza da comunicação, anotei de imediato em um pequeno papel para comprovação futura. Então, as 13hs, aproximadamente, minha filha ligou avisando da sua chegada.

Ela aguardou-me para almoçarmos juntas. Fiquei feliz! Estavamos as duas tranquilas, desarmadas. Não havia sinal de "guerra" no ar. E, assim seguiu-se até a despedida, no outro dia. O que me deixou de joelhos diante do Senhor, foi que ela participou do Evangelho no Lar que realizamos às quartas-feiras, 20hs. Participou como convidada ilustre. Solicitei ao Senhor Jesus, o nosso Mestre Maior, que concedesse-nos a mensagem para reflexão. Fui orientada pela espiritualidade que se fez presente, iniciá-lo com a oração do perdão.

Em seguida, minha filha abriu o Evangelho no cap. XXVII; 3-6: Pedi e Obtereis, o versículo fala sobre o que agrada ao Senhor, não o sacrificio e sim a reconcialiação, foi um momento de luz muito reconfortante. Como posso, diante desse pequeno momento de grandeza sublime, negar a espiritualidade? Não, não há como duvidar mais da existência dos Espíritos em nossas vidas. O elo estava formado: mãe, filha, neta e, toda a espiritualidade por Deus permitida, juntas em oração. Minha mãe e filha discorreram lindamente sobre o capítulo indicado. Meu coração encheu-se de emoção e profunda alegria, que só o verdadeiro amor pode proporcionar. Enfim, o perdão! Abraçamos-nos num gesto de confraternização com o Universo. Assim Seja!

Luz e Amor!

ORAÇÃO DO PERDÃO

"Senhor meu Deus,
Neste momento, eu estou na Vossa Luz e me transformo na energia divina do amor e do perdão.
Nesta comunhão com o bem eu perdôo todas as pessoas conhecidas e desconhecidas que de alguma forma, me fizeram sofrer.
Eu perdôo quem me feriu fisicamente ou moralmente.
Eu perdôo os que me caluniaram, comprometendo meu trabalho e minha missão.
Eu perdôo os que zombaram de mim, da minha integridade e da minha fé.
Eu perdôo os que desprezaram meu interesse, o meu amor e a minha amizade.
Eu perdôo todos os desencarnados que por não conhecerem o amor de Deus, tentaram me desviar do bom caminho.
E finalmente por estar com Deus, eu me perdôo de todas as faltas cometidas neste aprendizado que é a vida.
Eu me perdôo do meu egoísmo, das minhas ambições, da minha vaidade e de todas as teimoosias que insisto em cometê-las, comprometendo a oportunidade que o Senhor meu Deus me oferece a toda hora de me libertar do mal através da Sua Divina Luz.
         Que Assim Seja!"

Reequilíbrio Energético




A minha vida parece está dando uma volta de 360°. O ciclo está se fechando. Tenho que recomeçar mais uma vez. Espero, dessa vez, poder escrever minha história com um final feliz.




Casa do Caminho, em 22 de maio de 2011.

Fui a Casa do Caminho para o reequilíbrio energético indicado pela espiritualidade da casa. Primeiro aconteceu a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, depois o tratamento.

Quando fui conduzida ao módulo, novamente, outros espíritos acompanharam-me. Não falava coisa com coisa. Cheguei a me sentir ridícula. Tudo parecia sem nexo, então percebi que não estava mais em mim. Saí do Centro irritada acreditando tudo uma grande bobagem. O guia espiritual que me atendeu passou um banho e um tratamento intensivo de reequilíbrio.

"O Reequilíbrio Energético é um Tratamento Fluidoterápico Potencializado de efeito rápido aplicado por médium incorporado. O espírito comunicante identifica a origem do desequilíbrio energético, recompõe as energias de cada chacra e restabelece o fluxo de energia entre eles (Casa do Caminho). 

No dia marcado para o tratamento compareci e, mais uma vez, outra comunicação. Foram três passagens em um único momento. Primeiro fora um homem, depois uma mulher, logo em seguida uma criança. Chorava muito chupando o dedo e chamando pela mamãe. Fui cuidada através do passe, e retornei para casa. A entidade espiritual falou que preciso cuidar da minha mediunidade: _"ou você cuida deles ou eles cuidarão de você". Disse-me que estou no caminho certo e que não sou louca. Tenho uma missão bonita pela frente. Retornei todos os dias marcados para o tratamento, sempre com muito esforço para não desistir novamente. 

Uma resistência enorme parece querer tomar conta do meu ser para que eu não evolua espiritualmente. Porém, há também os que me ajudam, os que me auxiliam nesse processo de evolução e desobsessão. Entrei em transe mediúnico todas às vezes, é assustador viver está experiência espiritual, mas, estou convencida que encontrei o caminho certo. Eu rogo aos guias espirituais que me iluminem em nome do Senhor e que me auxiliem sempre nessa minha caminhada.

Estou fazendo o Evangelho no Lar, serve como proteção ao nosso lar, à nossa família e até aos que estão na proximidade. Tem sido uma experiência gratificante porque trás a paz, o conforto e reacende a esperança. Estou feliz pois minha filha não se recusa a participar, ao contrário, gosta de fazer a abertura do trabalho e discutir sobre as mensagens. Minha filha é um ponto de equilíbrio na minha vida. Que assim Seja!

Luz e Amor!
                                                                                    
Deixai os mortos enterrar os seus mortos
 "Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no Espírito; ide pregar o Reino de Deus: ide dizer aos homens que a sua pátria não se encontra na Terra, mas no Céu, porque somente lá é que se vive a verdadeira vida" (Moral Estranha, cap, XXIII; 8, O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sábado, 12 de novembro de 2011

Reunião Doutrinária

Casa do Caminho, em 21 de maio de 2011.

Tendo decidido assumir a minha condição de médium, aceitei o convite de Drª Eni - psicóloga - de conhecer o centro espírita Casa do Caminho.

Na noite anterior fiquei bastante perturbada, quase não dormi. Eles, os espíritos que me acompanham, não queriam que eu fosse. Estão comigo a longa data, não querem partir. É difícil para eles estarem desencarnados. Não estavam preparados para fazer a passagem. Passagem, que para nós (eu já incluo-me) espíritas não é definitiva. Sabemos e aceitamos que a morte não é o fim, mas o começo para outra vida e que este começo só depende da nossa vontade e merecimento.

Amanheci cansada. O dia foi de sol mas soprava um vento gélido. Não consegui alimentar-me, nem pela manhã e nem pela tarde. Estava quase desistindo de ir para a reunião doutrinária. Reuniões Doutrinárias são palestras expositivas, sobre temas previamente programados sobre perguntas e capítulos sequenciados de "O Livro dos Espíritos" e de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec. Então, entendi que era puramente perturbação desses meus amigos. Uma força maior, porém, levou-me. O lugar é bonito, aconchegante e fraterno. Mas não fiquei bem. Sentia muita dor de cabeça e uma enorme vontade de vomitar. Vomitar o quê? Nem mesmo havia comido. Tremia de frio.

Assisti a doutrinária, na hora do "passe coletivo", adotado pela Casa, chorei. Queria ir embora, sair de lá. Estava angustiada esperando pelo aconselhamento com a espiritualidade. Cheguei a ir até o ponto de ônibus. Um senhor que me acompanhou falou-me do trabalho da Casa, e, de repente, resolvi voltar. Comuniquei à coordenação da Casa que estava a passar muito mal e de imediato foi dado-me o socorro. Eu não estava mais em mim, agora era acompanhada por um espírito desencarnado, sofredor, que não queria partir. 

O Criador permitiu novamente que eu pudesse vê-los. e permitiu-me a consciência. 

Não posso mais negar a existência de uma outra vida, em outros planos. Não posso negar o que vi e o que senti. Graças à Deus, não precisei esperar mais dezenove anos para dar, finalmente o meu testemunho. 

Quando o auxiliar da Casa veio para conduzir-me ao aconselhamento eu pude ver os Espíritos trabalhando, bem como os sofredores. Era uma luz intensa, violeta. Era uma paz, um silêncio. Agora entendo que o silêncio é uma forma de oração, é uma prece.

Vou descrever de acordo com a minha visão, sem qualquer estudo ainda sobre o fenômeno. Cada auxiliar encarnado, trabalhador da Casa (caminheiro), trazia consigo um espírito de luz. Nos encarnados pude ver uma energia envolvida por um corpo físico, com forma humana. Essa energia movia-se em minha direção parecendo solta do corpo que a revestia, querendo levar-me para dentro do módulo de atendimento. Que desespero senti! Eram: (1) corpo físico; (2) um envoltório de energia; (3) espírito (luz). As vestes cobrem o corpo, o corpo veste a energia e, essa energia veste o espírito dos encarnados.

Havia desencarnados. Estes são envoltórios de energia despidos do corpo físico, que cobrem uma luz, nos evoluídos, enquanto que nos sofredores, prefiro chamá-los assim a chamá-los inferiores, estes não trazem a mesma luz, mas sombra à sua volta. É possível vê-los em outros corpos. Os Espíritos de luz que ali estavam trabalhando moviam-se em toda direção. Sem formas definidas, não daria para descrever olhos ou boca, nariz, nem mesmo o formato do rosto, que ora arredondava-se, ora ficava oval. Suas mãos alongavam-se em direção dos sofredores e, consequentemente, em minha direção, ali apavorada, gritando feito louca. A luz desses é de um branco intenso de doer nos olhos. Eles não andavam, moviam-se quase pelo ar.

O espírito que me acompanhara era de uma mulher. Deixou seu nome "Mara", pude ouví-la. estava com medo do que viamos, os outros espíritos. Ela gritava e agarrava-me desesperada, Acreditei que aquele desespero fosse meu, parecia tão meu. Dizia repetidamente: "não quero ir", "não me deixe sozinha, por favor!". A minha cabeça parecia explodir. Os irmãos de luz vieram confortá-la para, então, levá-la. Acalmei-me. Tive que deitá-la no meu colo e dizer-lhe que precisava partir. Mostrei-lhe como era bonito aquele lugar, perfurmado de um perfume que nunca senti. Ela cada vez ficava mais calma, fechava os olhos para não vê-los e repetia: "eu não quero ver". Mas, acabou partindo serena. Eu pude sentir a paz acompanhar-lhe. Ainda voltou-se para trás a olhar-me.

O reequílibrio energético que recebi restituiu-me as forças. Porém, outros espíritos acompanham-me. A entidade espiritual que me atendeu, disse-me que tenho um grande mentor. Disse-me que a minha linha da vida é longa e, que Deus, deu-me uma missão longa. Falou-me que preciso livrar o meu coração das mágoas, da dor e do ressentimento que trago dentro de mim para poder afastar os obsessores que acompanham-me. Assim o meu mentor espiritual poderá trabalhar em meu favor, tirando-me desse sofrimento sem fim. E, quem sabe, vou ficar na Casa á serviço do meu mentor. Sugeriu-me ler O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V. Passou banhos de essências e, agendou, por fim, um tratamento de reequilibrio energético intensivo e fluidoterapia.

Em casa, levei horas passando mal com uma dor de cabeça terrível, um peso enorme nos olhos. Vomitei alimentos do dia anterior. Não sei como não havia feito digestão depois de 24 hs. Somente, então, consegui dormir um sono sereno. Acordei em paz.

O meu mentor espiritual, nessa noite, disse-me que está responsável por conduzir os desencarnados. Eu seria o seu instrumento facilitador. Porém, o meu coração endureceu ao longo do caminho pelas mágoas nele depositadas, dificultando-lhe o trabalho e a minha própria evolução. Essa é a causa de todo o meu sofrimento.
    
 
"....a decisão é sua
São muitos os convidados,
quase ninguém tem tempo...
São muitos os operários,
e poucos os braços fortes...
a decisão é sua..."

PAI NOSSO


Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade,     assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia dai-nos hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação e  livrai-nos de todo o mal,  porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre.  Assim Seja!

Agradecimentos


O HOMEM DE BEM

"...Estuda as suas próprias imperfeições e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera. ..."
(Sedes Perfeitos, cap. XVII; 3 - O Evangelho Segundo o Espiritismo)



Primeiro rendo louvores à Deus, por sua infinita misericórdia. E ao meu Mestre maior, Jesus Cristo, por nunca desistir de mim.
Ao escrever este Diário recebi o apoio síncero de amigos que me fizeram sentir que não estou só nessa caminhada.
Agradeço a minha psicóloga e amiga, Drª Eni (UFBA), que ajudou na regressão que me levou ao encontro com o meu "Eu". Pude retornar ao útero materno e redescobrir o caminho para a vida. 

Meu agradecimento eterno ao meu conselheiro e amigo espiritual da Casa do Caminho, Naziembique, que com doçura, zelo e paciência cuidou de "polir" a minha alma, então, "enferrujada". 

Em especial, agradeço ao meu Mentor Espiritual - "Espírito Protetor", que zela sempre por mim, ajudando-me a recomeçar sempre que tropeço pelo caminho. Agradeço a intercessão dos Bons Amigos Espirituais da Casa, junto ao Pai Celestial, por mim. 
Agradeço, enfim, a cada amigo que constituí: encarnados e desencarnados, nessa minha nova jornada pelo caminho do Espiritismo.

Que a luz Divina que agora me ilumina, estenda-se à todos vós.
Luz e Amor!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Homenagem a Casa do Caminho: "Porta Aberta"


Hoje, dia 07-10-2011, dia da "Sustentaçã" mensal dos trabalhadores da Casa do Caminho, acordei feliz com uma nova maneira de pensar a vida. São 7h:30min, resolvi contá-la. E, por estar feliz, também resolvi ,de todo coração, perdoar as personagens que compõem a minha história, que, de alguma forma, por não conhecerem a caridade, fizeram-me algum mal. Decidi perdoar-me também, em nome desta mesma caridade.

Começo agradecendo a Deus, Senhor de todas as coisas e Único. Agradeço por eleger-me protagonista desta história. Agradeço esse momento da minha vida, o momento de renascimento de uma nova protagonista, parece redundante, mas, é assim mesmo que eu desejo para melhor expressar que, quando renascemos, somos outra vez novos personagens. Então quero agradecer a Casa do Caminho, a toda espiritualidade, encarnados e desencarnados que me acolheram e ajudaram-me de maneira salutar para esse meu renascimento.


Creio que alguns devem lembrar do estado em que ali cheguei: "lastimável", chora o meu Anjo Protetor. "Por que fugiste de mim? Era eu, o tempo todo, a voz que lhe perseguia querendo ajudá-la". Era a voz do meu "Anjo Bom". Estava tão desesperada que até mesmo dela (a voz) eu fugia. E choramos juntos: eu e meu Anjo Protetor. "Vamos mais uma vez recomeçar", propôs-me. "Sim, eu aceito!" E fomos juntos para lá, a Casa do Caminho, e, como fomos bem cuidados! Ele confessou-me a pouco tempo que: "as suas lágrimas são as minhas". Não desejava que fosse através da dor o reencontro mas, fora inevitável, visto que, eu já conhecia a minha condição de médium e a minha responsabilidade. Lembrou-me: "A quem muito for dado, muito será pedido", palavras do Evangelho segundo Jesus Cristo. Eu já sabia, fugia, mas sabia.

Eu já nasci médium, não me fiz médium. Na Umbanda, onde primeiro trabalhei, pela mesma causa, falavam-me isso: "nasci feita" (não precisou "feitura de santo" ou "de cabeça", significa dizer que quando eu nasci os guias já acompanhavam-me e, desde pequena, comunicavamo-nos. Sem entender, é claro! Comecei a perceber a presença dos espíritos muito cedo, estavam em todas as partes. Cresci acreditando que era  "louca", "esquisofrênica". A minha família fez-me acreditar assim, "problemática". Por não compreenderem a espiritualidade, dizem que é "coisa do mau". Muitas vezes, isolei-me no quarto escuro ou "dispensa", horas à fio, para não fazer mal a ninguém. Lá, machucava(m)-me o corpo com mordidas, puxões de cabelos, bater de cabeça na parede, enlouquecida(os), para depois, cair num sono profundo, sem nunca ninguém procurar saber. Quando em "crise" profunda, minha mãe dizia a todos: "ela não gosta de ninguém".

Minha mãe não me desejava naquele momento de sua vida. Longe de sua família e de sua terra natal, não encontrava apoio para as suas dores. Meu pai era ausente, não de amor e de zelo mas, precisava, como todo provedor, "chefe de família", trabalhar para sustentar seus rebentos. Eram quinze dias juntos e quinze dias fora. Nos quinze dias juntos, um novo rebento. E, lá ia ele, fora novamente, mais quinze dias. O problema é que quando rebentava um novo rebento, geralmente, para tristeza de minha mãe, eram os quinze dias em que estaria fora.
 
Foi numa dessas voltas que eu fiquei. Fiquei mesmo do verbo "ficar". Ela, num estado de total desespero não queria que eu ficasse, mas, eu fiquei, porque eu vim para ficar. Foram muitos comprimidos na tentativa do aborto, quase afoguei-me! Lembrei-me dessa passagem em uma terapia de regressão. Tratava-me de uma TPM e de um processo depressivo relacionado a não me sentir amada, processo este que me levou, desde muito cedo, à tentativas de suicídio (reflexo de um comportamento suicída da minha genitora). Minha mãe acusava-me do seu sofrimento. Creio que nem ela mesma saiba o por quê. Decorrente desse trauma, eu buscava ajuda com psicólogos e, foi daí, então, que fui encaminhada para a Casa do Caminho. Minha terapêuta diagnosticou que o meu problema era não só psicológico bem como espiritual. Depois da regressão e da descoberta do "não pertencimento", curei-me da TPM mas, não totalmente, do estado depressivo, o que estou conseguindo agora no Centro Espírita. 

Um dia, em outro momento, estando em uma consulta com a nutricionista revelei a ela que não gostava de beber água, dava-me arrepios e lebrava-me "tomar" comprimidos. Não havia feito regressão ainda, ela achou interessante a minha sensação de repulsa. 

Lutei. Não desisti de viver, essa foi a minha primeira grande luta contra os intempéries da vida terrena. Nasci "raquitica", não tinha força nem para chorar, diziam meus pais. Seria uma criança "nervosa" dizia o médico. Cresci ouvindo essa história e nem sabia o porque. Também, como poderia eu chorar? Tinha era que gemer, não era? Até mesmo para não incomodar, vá que ela resolvesse afogar-me na banheira! Era melhor não arriscar por enquanto, então, dormia.

Meu pai ficou cheio de cuidados comigo e, assim, cresci. Ela passou a rejeitá-lo e, a rejeitar-me ainda mais. Sem perceber, ela jogou-me nos braços de meu pai e, fez-me a sua rival...

Havia na sala uma imagem linda, bem maior do que eu com meus primeiros aninhos. Eu engatinhava e colocava-me aos pés da imagem e ficava a fitá-la. Era Nossa Senhora Aparecida, havia uma luzinha sempre acesa em seus pés. Eu estava sempre sozinha, esquecida, então encontrei companhia na "Santa". Sempre acreditei que ela olhasse para mim, e cresci acreditando que olhava por mim. Os olhos dela mexiam-se, acompanhavam-me, e no canto dos olhos eu pude ver  gotas  de sangue escorrer. Talvez fosse uma  inflexão de mim mesma. Ficava horas a contemplá-la, em silêncio: eu e Nossa Senhora Aparecida.

Fui crescendo e coisas acontecendo. Parecia viver em um mundo só meu, quase um "autista". Quando era noite de lua cheia, lembro-me, tinha por volta de nove ou dez anos de idade, corria para o quintal, achava que seria abdusida. Aquela claridade chamava-me de tal foça que sentia ir até a lua e voltar. Não se assustem comigo, eu não sou alienígena não. Mas, abria os braços e desejava imensamente subir. Tinha para mim, que havia vindo de lá de cima, e que alguém viria buscar-me. Até hoje, corro para ver a lua no céu, quando percebo o clarão da lua cheia. Que paz!

Também via "coisas", ou fazia "coisas". Fico em dúvida se fiz aqueles peixes na bacia, numa sexta-feira santa, voarem por toda parte da casa. Tinha sete anos de idade. Sei que me levantei no meio da noite e os peixes voavam na frente dos meus olhos. Eu não tive medo. Ao amanhecer havia peixes, em número maior, em todas as gavetas do armário; da escravaninha, menos na bacia. Detalhe: as gavetas estavam fechadas. Eu continuava a olhar e, minha mãe quase enlouquecera. Trouxeram, então, uma "pai de santo" que disse ter sido Oxum. Se foi ela ou se fui eu, até hoje eu não sei dizer, mas, lembro-me nitidamente das posições dos móveis da casa, da cozinha, dos peixes voando frente aos meus olhos em silêncio ....

E assim fui crescendo, brincando como todas as crianças, ou quase. Junto aos meus irmãos, brigas, choros, abraços, risadas, presentes. Ah! os presentes! Esses fortaleceram mais a rivalidade e a separação da família. Meu pai dava-me as bonecas mais bonitas, dizia ser por eu gostava de brincar de bonecas mais do que minhas irmãs. O ciúme da minha mãe só aumentava. Um dia ela arrancou-me das mãos a boneca que eu mais sonhara - "Mãezinha" - da Estrela. Tinha tido a minha menarca, contava doze anos. Como deixaria de ser criança ali, meu pai presenteou-me com o meu primeiro relógio, "Técnicos", dourado, lindo! e a "Mãezinha". Era Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida. Ela tirou das minhas mãos a "Mãezinha" e entregou a minha irmã caçula, que nunca brincou com a boneca, por "raiva", e não mais me deixou tocá-la. Chorei como se tivesse perdido, mais uma vez, a felicidade de se ter uma mãezinha. Desejei não crescer.

Foi quando comecei a escrever no diário. Não tinha com quem falar e precisava escutar a mim mesma, para compreender aquela situação, não ser amada por minha mãe. O que fiz para merecer essa rejeição de sentimentos? Então, um dia meu irmão mais velho violou meu diário, surpreendeu-me com ameaças de revelar tudo a nossa mãe. Acusou-me de falar "mal" dela, como pode? Eu não falava mal dela, falava das minhas angustias em perceber o seu desafeto por mim e o afastamento dos que eu amava, meus irmãos. Ele tratou a situação como "pecado mortal": "Nossa! Agora vou arder no inferno!". Então, não amava minha mãe? Ela estava certa, não amava ninguém? Rasguei o diário em prantos, ferida na alma. A partir de então, escrevi novos diários e rasguei-os todos, até adulta, parecia cometer um grave pecado. Como ajudar aos outros se não posso sequer olhar para dentro de mim? Este, para mim, é o significado de se escreve um diário.

Nesse período, ascendeu a rivalidade entre mim e minha irmã caçula. Ela passou a querer "tomar" tudo o que era meu, a começar pelos "namorados". Chamei-lhe a atenção, carinhosamente,  não vi maldade em suas atitudes, não a achava culpada, nunca achei. Então ela disse-me: "porque todo mundo só ama você" (os rapazes), mas creio que se referia ao nosso pai (o homem a ela negado). Falava que eu era a "princesinha" do papai. Mais tarde, quando já adolescentes feitas, ela tomou meu emprego. Nunca a condenei, somente tempos depois contei a nossa outra irmã o ocorrido. Ela confessou-me que, nunca entendeu eu ter sido demitida e a outra ter ocupado o meu lugar, mesmo sem experiência profissional (foi minha irmã mais velha quem indicou-me para seu lugar  na empresa).

Com os meus irmãos, havia menos disputa, às vezes acontecia ciúme, com excessão do mais velho, que  a partir daquele dia, demonstrara não mais me amar. Porém, eles aproveitavam para conseguir as coisas que queriam, como sair para passear: "manda Lena pedir para o pai que ele leva" ou, "ele dá", "ele faz", minha mãe os ensinara assim. Lembro-me de várias "brincadeiras de mau-gosto", um dia, um deles colocou um preguinho em um tiro-alvo e acertou-me o cotovelo. Fixei os olhos nos dele, arranquei o prego atirando-o no chão. Não senti dor, então ele exclamou: "nossa! que gênio! nem chorou!". Veja, ele atira-me um prego e eu é que tenho a natureza ruim? Bom, isso é só um relato um tanto comum na vida de algumas crianças e adolescentes. Nada que me torne especial.

Era difícil o sentimento de não pertencimento àquela família que eu tanto amava. Cresci acreditando não ser filha consanguinea de minha mãe, tamanho a sua rejeição por mim. Talvez seria filha somente do meu pai, quem sabe uma filha que ele a obrigou acolher e jamais amar. Foram palavras duras de negação: "se não estiver satisfeita, a porta da rua é a serventia da casa" ou, "eu não lhe suporto". Eu fui o tapete, o saco de pancadas, eu fui a escrava jogada aos seus pés. Não queria lhe perder e ela não podia me perder, então, encontrou na minha necessidade de afeto a fórmula de manter-me presa. Perdesse-me, quem ouviria os seus gritos? Quem suportaria as suas dores? Quem enxugaria as suas lágrimas? 

Um dia quando encontrei suporte para deixar a casa, deixar minhas dores, disse-lhe ao sair: "quem sabe agora nós possamos ser amigas já que mãe e filha não conseguimos ser". Então, saí para formar a "minha" família, o meu lar. Tempos depois, em uma visita a ela, encontrei-a chorando, a casa vázia. Ela olhou-me, encostada na máquina de lavar, na área de serviço e confessou-me: "estou sozinha depois que você foi embora", "adoeço e não tem um que vá me levar o remédio na cama, ou um copo d'agua". Choramos juntas, eu não queria que ela sofresse. Eu a amava tanto e ela nunca percebeu ou entendeu o meu amor. O seu ódio por mim, não permitiu. Nem ela sabia porque não suportava a minha existência. Sei que foi verdadeira ao dizer da falta que sentiu da minha presença. Sei que suas lágrimas foram sínceras. Por que não conseguia me querer?

Eu não queria que ela  sofresse por eu existir. Eu precisava nascer para está vida. Morri tantas vezes que amo viver. Eu nasci há 45 anos, mas só comecei a existir há pouco mais de hum ano, depois de ter retornado ao útero materno e compreendido a extensão da vida. Por fim, ter cortado o cordão que me prendia àquele mundo sombrio. Entender porque sentia-me "um estranho no ninho", compreender o sentimento de não pertencimento que assolava a minha alma. Perdi-me tantas vezes para poder encontrar-me. 

Parece que estou relatando coisas tristes, coisas más. Não, não vejam assim olhos piedosos que crêem na justiça Divina. Acreditem-me. Estou relatando os melhores momentos da minha existência. Sem esses momentos eu não teria agora o instante de consciência sublime d'alma, a consciência do espírito. Logo, foi bom, mais do que bom, foi necessário. Hoje compreendo através da doutrina espírita os laços de sangue e os laços de espírito (Honra a teu pai e a tua mãe, cap. XIV; 5-8, O Evangelho Segundo o Espiritismo). Eu chorava e não me encontrava por não compreender e viver o Espiritismo. Descobri depois de tanto sangue derramado, sangue sim, pois que as lágrimas são sangue, eu vi nos olhos de Nossa Senhora Aparecida, eu fazia parte do "parentesco corporal" mas não do "espiritual", daí o sentimento de não pertencimento, a solidão. Sempre indagamo-nos quando juntos: "por que somos irmãos, amamo-nos e não conseguimos ficar juntos, unidos!". Parecemos "estranhos" no olhar um do outro. Com a consciência espírita, agora aceito está condição, sei que ninguém é culpado e ao mesmo tempo todos somos, já que nos escolhemos.

Quanto a sentir-me "um estranho no ninho", concordo, hoje, com a minha terapêuta: "vocês nunca irão se aceitar como iguais, porque você buscou ajuda, buscou conhecer-se, buscou melhorar, enfim". Penso, eles podem não me entender ou não me aceitar como sou, porém, eu já posso entendê-los, e, antes disso, eu já os aceitava como são apenas por amá-los. O fato de não comungarmos de uma mesma idéia não significa falta de amor. Eu amo-os com toda as nossas diferenças. Ninguém é especial, ou melhor do que o outro, somos apenas seres individuais, por isso, diferentes no pensar e no agir e, porque não dizer, no amar. E, acima de tudo, somos filhos de um mesmo Pai.

Bom! É por tudo isso que acordei feliz no dia de hoje, aniversário de dez anos da Casa do Caminho, Instiuição Espírita, onde as "portas abertas" estarão, para a serventia da casa. Aqui, finalmente, deixei de ser um "instrumento enferrujado"  para servir ao Senhor Jesus Cristo.

É assim que se constrói um ambiente próspero de amor, repartindo com o próximo o fruto que colhemos. Se somos árvores de pomos dourados, então, somos árvores douradas. Se somos árvores douradas, então,  somos repletos de felicidade. A felicidade está onde pomos o nosso coração, porque nele germina a mais pura semente de amor. 


Jesus Cristo reside em nosso coração, o seu endereço é fixo. Então, o que está esperando para encontrá-lo? É só tocar. Felicidades!
Luz e Amor!



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