sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Minha Alma Chora

Estou chorando neste momento, chorando pela Humanidade. Pobre Humanidade tão desumana. Vejo a tristeza no semblante do Senhor e, envergonho-me. Calo-me num silêncio profundo, no silêncio da alma que chora. Interrogo-me sobre como tenho me comportado diante das dores do outro, dores nem sempre reveladas por palavras. Vejo-me naqueles que não me estenderam à mão, não me cederam o lugar ainda sendo visível o meu problema. Penso que estes tenham, provavelmente, problemas maiores do que o meu, por isso, negaram-se a caridade. Há problemas que só a alma que sofre pode saber.

Dirigia-me a uma consulta médica para retirada dos pontos cirúrgico, o rosto ainda revelava o meu padecer, porém, ninguém ali, compadeceu-se. As pessoas baixavam a cabeça, ora viravam para a janela, talvez, muito provavelmente, com vergonha de si mesmo, vergonha por não trazerem mais em si a caridade, o amor ao próximo. Se olham para o outro em sofrimento de qualquer natureza é por simples curiosidade ou para deferir comentários, muitas vezes, jocosos, que fazem doer ainda mais a ferida aberta, sem nenhum gesto de humanidade, solidariedade, de compromisso cristão. Sim, é muito triste a Humanidade, ou a falta de humanidade. Olhar para o outro deve ser realmente desconfortante para essas pessoas.

"O descaso com as dores do outro é lastimável aos olhos de Deus. Piedade Senhor, por essas alma errantes que nada sabem, que nada veem. A vida do próximo tornou-se coisa banal,  por isso, o mundo caminha em passos largos para o fim, com muita dor e sofrimento profundo. Piedade Senhor! Sinto por todos que não compreendendo a Verdade, comportam-se assim, indiferentes com a dor alheia. E, ainda, deseja-se um mundo melhor? Se deseja um mundo melhor, melhore a si mesmo. Enquanto olharmos para o próximo com descaso; olharmos para a violência como ordem natural, jamais faremos deste mundo um mundo melhor. A negação da solidariedade não é somente egoísmo, mas, também uma forma de violência: egoísmo e violência são contrários a Lei do Amor.


Se a vida já é difícil, torna-se ainda mais com o nosso comportamento egoísta para com aquele que poderia ser nós mesmos. "Amai o teu próximo como a ti mesmo", a segunda maior Lei de Deus. E creia, Deus está sobre todas as coisas e para lhe amar sobre todas as coisas é preciso amar ao próximo, então, estas duas máximas tornam-se uma única e maior de todas: "Amai ao Senhor teu Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo"".
                                                                            ( Em 05/10/2011, às 11h, por um Espírito Protetor)




 "Amigo, lembrai-vos deste preceito: Amai-vos uns aos outros, e então, ao golpe do ódio respondereis com um sorriso, e ao ultraje com o perdão"
(Amais os Vossos Inimigos, cap, XII; 12).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Simplicidade da Caridade

Hoje, pela primeira vez, toquei a mão de um "pedinte" e, olhei-o nos olhos com profundidade. Pude ver em seu semblante um sorriso contido, quase tímido, e os seus olhos brilharam enquanto o meu coração se aqueceu. Suas mãos transmitem o mesmo calor que as minhas, não são diferentes por expressarem a sua miséria. Entendi na prática, ou melhor a prática da verdadeira caridade, senti o quanto bem faz a alma: abranda o coração não só de quem a recebe mas de quem a oferece. Naquele instante, pareciamos ter trocado de lugar, era eu a receber a sua caridade. Ele parecia sentir-se "alguém" no seu infortúnio e eu, sentia-me igual a ele na mesma medida, nem maior, nem menor, iguais. Trago a certeza de que lhe fiz sentir muito melhor e, tornei-me um pouco melhor, naquele momento. 

Fico perguntando-me porque recolhemos as mãos, não as estendendo para alguém que "mendiga" mais do que uma migalha de pão ou uns míseros trocados, "mendiga" atenção. Será para não sujá-las? Porque é assim que os vemos: sujos, doentes, prontos a nos contaminar com a sua extrema pobreza. Não percebemos que assim, tornamo-nos mais pobres que qualquer um deles, pobres de espíritos. Compreendi a grandeza da caridade, aquela ensinada por nosso Mestre Jesus: "faça ao teu próximo o que desajaria que fizessem por ti" e, "o que fizeres ao mais pequenino do teus irmãos é a mim que o fazeis". A Humanidade tem muito do que se envergonhar, e por sabermos vergonhoso é que viramos a "cara" para não ver e, atiramos-lhe uma moedinha que não nos fará falta alguma, sem com isso, estender-lhe as mãos, mãos que, com certeza, continuarão "limpas" de caridade.

A caridade eleva o espírito e o faz volutar, de tão livre que a alma desprendida do que é material, sente-se. Aquele sorriso, num breve instante, fez-me sentir maior do que verdadeiramente sou. Quanto as minhas mãos? Eu não corri para lavá-las, quero, até o último resquício, sentir o bem que aquela mão proporcionou-me. Sinto o calor, nas minhas palmas, até o presente instante em que escrevo. Glória à Deus!

Alguém pode, então, perguntar-me: "você não é espírita?". Não. "Frequentar" uma Casa Espírita, não nos torna espíritas. "Trabalhar" para uma Casa Espírita não nos torna espíritas. "Ler" o Evangelho Segundo o Espiritismo, não nos torna espírita. Espírita é aquele que pratica, em todos os lugares e, para com todos, sem distinção, a caridade que Jesus Cristo ensinou. Ser Espírita é ser Cristão, ser Cristão é seguir Cristo sempre. Ser Espírita é praticar a Lei do Amor para consigo mesmo e para com o outro, sem julgar quem seja, sem olhar o que se tenha. E, assim para com Deus. Eu não posso me dizer Espírita se os meus pés ainda vacilam na minha caminhada, fora da Casa Espírita. Eu não posso me sentir Espírita porque é fácil demais sê-lo, e, eu, ainda não sou capaz de tornar as coisas simples assim, com a Simplicidade de Jesus.

(Em 05/10/2011, às 09h30min)

"E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes, porém, o que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo" (Mateus, X; 28)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O VALOR DA AMIZADE

"Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro". 

 "Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel; o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade da sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor achará esse amigo. Quem teme o Senhor terá também uma excelente amizade, pois o seu amigo lhe será semelhante". (Eclo 6,14ss)

Creio que estas palavras simplesmente responde toda a questão. Mas, tentarei através de uma das muitas histórias de amizade demonstrá-la em nossas vidas. A amizade surge naturalmente pela simpatia que o outro nos transmite  e transmitimos ao outro. A simpatia é reciproca, dificilmente alguém irá simpatizar com outrém que não lhe tenha simpatia, também, porque, quando não simpatizamos nos fechamos imediatamente para qualquer aproximação, não nos permitimos o outro em nossa vida. Porém, nada impede que uma relação de amizade comece e se fortaleça pelo caminho inverso.

Não é muito fácil entender porque, muitas vezes, "de cara", não simpatizamos com alguém. Logo, é comum ouvirmos:  "fulano(a) não entrou na minha natureza" ou, "meu espírito não foi com o dele(a)". O Espiritismo explica muito bem essa apatia. São os desafetos de vidas passadas e viemos aqui, nesta existência, resgatá-los, ou seja, são os resgates de nossas dívidas passadas. Quanto a simpatia, irei explicitá-la através de um belo poema de Cassimiro de Abreu, de sua obra  "As Primaveras":

O QUE É SIMPATIA?

Simpatia é um sentimento 
que nasce num só momento
síncero no coração.
São dois olhares acesos, 
bem juntos, unidos presos
numa mágica atração.

Simpatia são dois galhos 
banhados de bom orvalho
na mangueira do jardim.
Ás vezes, bem longe nascidos, 
mas que se juntam crescidos
e se abraçam por fim.

Simpatia meu anjinho!
é o canto do passarinho
é o doce aroma da flor.
São nuvens d'um céu de agosto
É o que me inspira o teu rosto
Simpatia é quase Amor.

A minha melhor amiga na adolescência foi antes minha "inimiga gratuita". Morávamos em Sobradinho/BA, estudávamos na mesma escola, não na mesma sala. Sua melhor amiga era minha "rival", nem sei porque! Seu irmão, Édson, estudava comigo na mesma sala, e, dávamos-nos super bem. Um dia, em sala de aula, colocaram uma taxinha sobre sua cadeira, ele sentou-se sem ver e, foi muito engraçado! Riamos muito, lembro-me bem do seu grito e da taxinha espetada em sua nádega. E riamos, porque amigos riem juntos, simplesmente. Eu tinha simpatia por ele, já por sua irmã ...

Mudamo-nos para Juazeiro/BA, se acreditasse em coinscidências, diria que, por "coinscidência", fomos morar vizinhas, na mesma rua e, mais ainda, fomos estudar na mesma classe. Sua melhor amiga mudou-se não sei para onde. Então, ela se apaixonou por meu irmão, que não era apaixonado nem por ela, nem por ninguém, por isso, ficaram amigos. A partir de então, não lembro bem como aconteceu, começamos a nos falar. Descobri que ela não me gostava somente porque a sua amiga não gostava. Com a aproximação, tornamo-nos grandes amigas. Um dia na escola, numa dessas brincadeiras da juventude, atiraram-me um "calango" que caiu dentro da minha blusa, no peito. E quem gritou, pulou e chorou foi Eliana, agora,  minha melhor amiga. E, é assim o verdadeiro amigo, ele não enxuga só as suas lágrimas, mas, chora por você e, quando possível não permite que elas caiam, transformando tudo em risos, como fiz com o seu irmão antes.

O verdadeiro amigo não é aquele que está PERTO quando tropeçamos e,  estende-nos a mão quando caímos, é aquele que está JUNTO para que não tropecemos. O verdadeiro amigo vale muito mais do que qualquer título de nobreza conquistado, pois que, é o título quem, muitas vezes, abre as portas, o amigo, independente de quem você seja, está sempre de portas abertas. O verdadeiro amigo é aquele que, quando já não mais acreditamos em nós mesmo, diz: "você é o cara", então, percebemos que não somos apenas mais um entre tantos outros, somos especiais como é especial a verdadeira amizade.

Diz-se  fácil amar a um amigo. Não! Não o é. Fazer amigos é um dom, conservá-los, uma conquista diária.

Para amar um amigo temos que nos transformar em pessoas melhores, vencer os vícios mais inerentes em nossa alma, e isso é uma missão difícil. Sem perceber que nos melhoramos gradualmente, somos tolerantes com nossos amigos, com seus "abusos", porque abusar da amizade não faz mal. Somos pacientes com seus "defeitos", porque não ligamos para eles, ainda sabendo que existem. Somos benevolentes com os amigos, pesamos as palavras para não magoá-los e, se os magoamos, somos humildes em pedir-lhes desculpas: "foi mal cara". Somos humildes, não ostentamos "luxos", porque o verdadeiro amigo respeita a condição do outro, conhece e aceita o seu jeito de morar, de vestir, de comer, de falar, de sorrir e, até de chorar.

O verdadeiro amigo nunca nos deve nada, porque a amizade é uma doação pura, sem qualquer outro interesse. Se tem saúde estamos felizes por ele, se está doente zelamos e, do nosso jeito, oramos por ele. O verdadeiro amigo quer ficar junto até a velhice para servir de amparo e, até a morte, poque não deseja o fim. Assim, o verdadeiro amigo nos segue até a eternidade, pois que, a vida não termina e a verdadeira amizade permanece intrínseca.

Deus é de uma justiça sábia. Somente Ele para enviar, a cada um dos homens da Terra, um verdadeiro amigo, para auxiliar em sua caminhada terrena. Deus não deseja perder nenhuma de suas ovelhas, por isso, intencionalmente, permite um amigo à cada uma de suas criaturas, para que está, ainda incrédula, com o coração endurecido,  possa, de  alguma sorte, retornar ao Seu seio. Então, sejamos, de todo coração e entendimento, amigos dos nossos amigos, para não fazermos nenhum inimigo neste plano, e, sejamos amigos dos nossos inimigos, para podermos aumentar, ainda mais, a certeza de que numa vida futura estaremos de volta à Casa do Pai, rodeados de bons amigos. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque, se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também assim? E se saudares somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus"(Mateus, V:20, 43-47).

(Amai os Vossos Inimigos, cap. XII; 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo)


O Senhor é Justo. Quando nos fala: "Amai os vossos inimigos", Ele não está pedindo que tenhamos por eles as mesmas afeições que aos nossos amigos. Mas que sejamos piedosos para com eles, não guardando ódio, nem mágoa, nem sentimento algum contrário a caridade, pois a caridade deve ser aplicada a todos sem distinção, levando a prática dessa máxima: "Fazei o bem sem olhar a quem". A razão deve fazer as diferenças necessárias, de acordo com cada caso. Não se paga o mal com o mal. Segundo a doutrina espírita, esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física que devemos considerar: a da "assimilação e repulsão dos fluídos". O pensamento mal emite  uma corrente fluídica que causa uma impressão penosa, enquanto que o pensamento bom envolve-nos  num eflúvio agradável. Daí a sensação de aproximidade de um amigo e de um inimigo (ídem.; 3).







quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Homenagem às criaturas do Senhor


Em 2008 ganhei de aniversário uma linda cadelinha, a qual dei o nome de Puma. Um lindo Labrador preto. Há muito desejava criar um, especialmente, por minha filha. Os animais ajudam a desenvolver no homem a afetividade, especialmente, o cão.

Foram momentos felizes e difíceis em nossas vidas. Eu não tinha a virtude da paciência e da tolerância. Queria a casa sempre muito arrumada, tudo milimetricamente no seu devido lugar, sem sujeiras e odores desagradáveis (TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo). Além do mais, cachorrinhos fazem bagunça e sujeira. Comem sandálias, pés de móveis e mordem os nossos pés, roubam as nossas meias. Labrador, então, nossa! São por natureza hiperativos e comilões. Fofos!

Puma parecia entender bem o que eu não entendia: queria que se portasse como "gente". É assim que desejamos, sem percebermos, que o nosso animalzinho se comporte, é assim que os tratamos, muitas vezes, tentamos substituir "gente" por um animalzinho. Chamando-os até de "filhos" e preferimos tê-los a ter filhos. Filhos não podemos mandar embora quando não mais os desejamos ... Cachorros também não!

Eu queria à todo custo tratá-la como cachorro. Nada de ficar dentro de casa; nada de provar da nossa comida; nada de cama ou sofá; nada ... Então, um dia Puma teve um "derrame de pulgas", fiquei por demais irritada com aqueles parasitas por toda a casa, nessa ocasião desejei imensamente não tê-la. Achei aquilo um inferno. Roguei à Deus que me livrasse daquela criatura que me cansava de cuidados. Exclamava com minha filha: "tá vendo porque não quero cachorro em casa!". Puma ficou livre das pulgas, mas eu não da irritação. Sabia que gostava muito dela, só não tinha paciência.

Pensávamos comemorar o seu primeiro aniversário junto com o da minha filha, a diferença eram de dois dias, estávamos cheios de planos para a festa. O que aconteceu? Puma, dois meses antes de seu aniversário, apesar das vacinas em dia, contraiu "cinomose", doença que afeta todo sistema nervoso, causada por vírus que quando não mata, deixa sequelas profundas e, quase sempre irreversíveis. Lembro-me de quando ela chegou de um passeio com minha filha e o namorado. Ele tinha por Puma uma amizade das mais bonita de se ver, talvez por nunca ter tido a oportunidade de conviver com um animal em casa antes.

Eu estudava na área onde ela costumava ficar. Quando chegou, deitou-se ao meu lado, encolhida e tremendo a pata traseira. Ficou quieta, o que não era de costume, então, chamei-a para o meu colo e percebi que não estava bem. Levamos para o veterinário, depois de exames de sangue, constatamos a doença. Foi muito rápido o desenvolvimento da doença, logo ela tremia toda a parte traseira, gritava descontroladamente, um "uivo" de doer na alma. Rejeitava alimentação e água e, por fim, passou a morder. Momento de muita tristeza foi quando mordeu minha filha, pela primeira vez, minha filha disse-me em prantos: "o que está doendo não é a mordida, é saber que ela me mordeu por causa da doença, ela nunca me mordeu antes, e eu sei que ela também está triste por ter me mordido sem querer".

Consultei o veterinário sobre o assunto. Ele me disse que devido a doença ela poderia deixar de nos reconhecer. Ainda assim, não desistimos dela no primeiro momento. Eu passei a dormir com ela no sofá da sala, para aconchegá-la. Dava-lhe alimento na boca: iogurte, mingau, leite... salsão, ela adorava salsão. Dava-lhe água na seringa. Trocamos o dia pela noite, e, o sofá, agora, pelo chão. Ficou muito inquieta, girava como o ponteiro do relógio enquanto dormia e eu girava junto, pressionando-lhe as patas traseiras, pois, acalmava-lhe o sono.

Não houve a festa sonhada, três dias depois do seu aniversário, fomos ao hospital veterinário para novos exames. Puma já não mais andava, tínhamos que leva-lá no colo, apesar dos seus quase trinta quilos. Uma dessas tarde, quando ela acordou depois do medicamento para dormir, não conseguia permanecer sobre as patas traseiras. Queria fazer suas necessidades fisiológicas, eu e minha filha a colocamos em cima de um tapete e a arrastamos até o quintal. De repente ela conseguiu andar, chorávamos as duas abraçadas, agradecendo a compaixão divina. Eu já não mais dormia, a noite inteira ao seu lado, rezando agora, para que ela não nos deixasse.

Foram três longos meses. Então, tive que tomar a decisão mais penosa de toda a minha vida. As mãos que antes acarinhava-lhe e alimentava-lhe, agora assinava-lhe a sentença de morte. Como doeu assinar aquela autorização para sacrificá-la. O sacrifício era todo meu, naquele momento. Enquanto relembro e escrevo, choro compulsivamente. Minha linda Puma, esticada numa maca fria enquanto uma injeção letal arrancava-lhe o último suspiro e roubava o meu ar. Senão foi o pior, foi um do mais dolorosos dia de minha vida. No momento da despedida inevitável, Puma parecia dizer-me: "não sofra, eu também te amo muito". Os animais não são médiuns, mas percebem a presença dos Espíritos, por isso percebia a minha dor e o meu amor

Eu queria todas aquelas pulgas de volta, eu queria o pé da mesa mordido, eu queria os pelos pela casa, eu queria o quintal sujo, eu queria a vida de volta e eu não pude evitar o triste fim. Como aquele silêncio irritava-me agora, aquele desejo de perdão: "Perdão, Senhor! Porque atendeste a minha prece? Por que me livraste do trabalho, do cansaço e deixaste para mim está dor?" "Ah! Se eu pudesse tê-la de volta, Senhor!"  Eu a amava mais do que podia imaginar. Cachorros, melhor não tê-los do quê tê-los e depois perdê-los.

Mais uma vez, Deus foi piedoso do nosso sofrimento. Enquanto Puma morria, nascia Luna, outro Labrador fêmea, preto, que minha filha encontrou numa busca pela internet. Corremos para buscá-la aos trinta e cinco dias de nascida. Tomamos todos os cuidados necessários com a casa para que ela não fosse contaminada pela doença. Cuidamos de suas vacinas e, no dia 22 deste mês, estaremos comemorando o seu segundo aniversário. Por estar feliz e agradecida à Deus, resolvi prestar está homenagem a Puma e a todos os animais da Terra. Amanhã é a data de aniversário de Puma, dia 20 de outubro, estaria fazendo três aninhos e, sei que Luna foi o presente que ela nos enviou em recompensa pelo amor que lhe dedicamos. É a energia do amor Divino preenchendo os nossos dias de alegrias para que continuemos melhorando-nos espiritualmente.

Dedico-lhe esta homenagem em nome do amor que ela me propiciou experimentar. Por ter me feito uma pessoa mais sensível às criaturas do Senhor, fez-me mais terna e paciente. Tornou-me, através desse processo doloroso de perda, um ser humano um pouco melhor. 
Quem, apesar de não ser considerada ainda uma raça evoluída, poderia dar-nos uma lição de amor e perdão? Ele faz festa quando o dono chega e chora quando este sai. Você briga, reclama e ... é só chamar que ele vem correndo na maior felicidade. É o amigo fiel até a morte. É tão paciente, sabe que a qualquer instante vai conquistar seu coração, não importa o quanto você seja "carrancudo". Faz tudo para lhe agradar! Dizem que somos nós os responsáveis pela sua evolução na Terra, mas creio o contrário. São estas criaturinhas maravilhosas que corroboram com a Evolução Humana na Terra. Por tudo o que vivemos juntas, é que lhes rendo a minha mais sincera homenagem e louvor à Deus, Senhor de todas as coisas e de todas as criaturas sobre a Terra.


    
 "Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma  proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar"
 Chico Xavier









domingo, 16 de outubro de 2011

Celebrar a Vida


 SORRIA!
Afinal, você chegou para a vida, e a vida nada mais é do que um presente de Deus aos seus escolhidos.


A vida é para ser celebrada todos os dias. Mas, é tão somente na eminência da morte prematura que a olhamos com maior profundeza e clareza da alma. Nesse momento chamamos: "Senhor! Senhor! Tendes piedade de mim, não me deixeis morrer." Diante da morte suplicamos por mais um instante, um único que seja, para fazermos o que ainda não tivemos tempo de fazer.

Éh!, diante da morte eminente o tempo torna-se curto, então, percebemos quanto tempo gastamos sem nada de proveitoso termos feito. Prometemos à nós mesmo, na hora fatal, em que nos agarramos às asas dos anjos celestiais, na tentativa desesperada de adiar o tempo, como se possível fosse, pará-lo: "Se eu sair dessa, vou ser uma pessoa melhor; vou aproveitar melhor a vida". Percebemos o quanto o tempo foi rápido e curto diante de todos os compromissos assumidos neste mundo terreno. Desesperamo-nos em saber, no íntimo, no âmago de nossa existência, que nada poderemos levar desta existência que não os tesouros acumulados na alma e no coração.

Pensamos, então, no sorriso que não provocamos; nas lágrimas que fizemos rolar na face de alguém; nas mãos poucas vezes estendidas; nos abraços esquecidos; na solidariedade que não se fez. Sentimos imensamente a necessidade do perdão. O perdão que não se deu, o perdão que não se permitiu. Tudo seria diferente se tivessemos só mais um instante... A alma trás em si mesma, até para os mais incrédulos, a sentença anunciada, apenas, lembramo-nos disso nos últimos momentos de sopro Divino. Gostariamos, desesperadamente, de cumprí-la. Somos conscientes de que falhamos com o Senhor, com o próximo e, consequentemente, conosco mesmo. Sabemos que não há mais tempo para a reparação. O tempo não para e a vida não espera. 

Então, não percamos mais tanto tempo em vão, com coisas que jamais daremos acabamento. O tempo pode durar muito mas nunca uma eternidade. Não teremos  todo o tempo do mundo para fazer cumprir o nosso papel, nesse grande palco que é a vida terrena. Logo as cortinas se fecham e, com certeza, teremos uma eternidade para nos arrepender. 

Celebremos a vida agora, a cada amanhecer, que ainda há tempo. Não esperemos para o arrependimento futuro. Perdoar ainda que há tempo. Perdoar ao teu próximo, perdoar sem se importar com quem errou. Sejas o primeiro a levantar a bandeira da paz. Eis que todos os Anjos Celestiais receberam a ti com o toque das trombetas e dos clarins, celebrando a chegada de uma alma bendita e pura ao reino do Céu. Não há nada mais que tu possas entregar ao teu Senhor, senão o teu coração purificado pelo perdão.

(por um Espírito Protetor, em 01/10/2011, às 22h)


" Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho e ela vos será dada; pedi força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos..." (Buscai e Achareis, cap. XXV; 5 - Evangelho Segundo o Espiritismo).



Dístico Espírita

Procurava um nome para o meu blog, um nome que, por si mesmo, explicasse o significado do que desejo revelar através do meu Diário Espírita. Nenhum nome era aceito (diário, diálogo, etc.), então abri o dicionário da língua portuguesa, da mesma forma como faço com o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, meu dedo ficou em cima desta palavra "dístico", não haveria outra melhor para falar do que somos na verdade: grupo de dois versos, máxima de dois versos, divisa, é o que verdadeiramente somos no plano terrestre: corpo/alma; matéria/espírito; divisa entre o plano terreno e plano espiritual.

O que me proponho neste diálogo espiritual é mostrar a todos que ainda não acreditam na vida após a morte, que a vida não se encerra aqui, e poder compartilhar das minha experiências "extra corpórea", com aqueles que já atingiram esse grau de compreensão. Experiências vivenciadas ainda neste plano, pois que, estamos aqui para evoluir. E assim, despertar no leitor a consciência do "eu espírito". Nós somos espíritos, e não apenas temos um espírito.

A meta que espero alcançar, por intermédio desse Diário Espírita, é mostrar e buscar compreender o espiritismo na nossa vivência cotidiana, que não precisamos "morrer" para esta vida, nem nos debruçarmos em livros ou frequentarmos templos para perceber os fenômenos espíritas, já que esses ocorrem a partir de nós mesmos, apenas não os compreendemos porque procuramos explicações "fora de nós". Talvez, quando for possível olharmos para "dentro de nós" e enxergarmos os nossos vários "Eus",  então, consigamos tornar-nos de fato espíritas, ou seja, verdadeiros cristãos, porque Cristo reside em cada um de nós e tudo em nós é manifestação Divina. É fácil segui-lo, é só ouvir a voz que fala o coração.

O conhecimento só é possível quando compartilhado com o outro. É somente na troca de experiências que se dá a Verdadeira Evolução. A troca com o outro nos faz um pouco menos egoístas e verdadeiramente sábios. Sábios não porque nos tornamos donos da verdade, mesmo porque o sábio entende que nada sabe e procura, então, aprender mais. Verdadeiramente sábios porque passamos a nos ver no outro e, vendo-nos no outro, aprendemos a máxima deixada pelo Mestre Jesus: "Amai ao próximo como a ti mesmo". Percebendo-se no outro, pensa-se antes de julgar ou de ferir o seu semelhante. Assim, então, pratica o amor à Deus: "Amai ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de todo o teu pensamento e de todo o teu entendimento". E ninguém ama a Deus senão amar o seu próximo, e nem a seu próximo senão amar a Deus (E.S.E.).

Crendo em Deus, creio nos Espíritos, pois que Deus é a essência soberana que movimenta a vida e, o Espírito é vida. Deus está em todas às partes, em toda criatura, é a inteligência suprema que irradia em todos os pontos do Universo. "A prova de Sua existência está na ordem e na sabedoria admiráveis que se manifesta nas mínimas como nas máximas coisas. As almas que nas asas da prece para ele se elevam, sentem a sua presença e o poder do seu amor imenso que se estende a todos os seres sem exceção" (Cairbar Schutel).

Convido assim, a todos vocês que desejarem se conhecer um pouquinho mais, a olharem para dentro de si mesmos, através do meu diário espírita. Creio que em algum parágrafo, ou reticências, vocês se encontraram junto à mim. Quem sabe, não descobriremos juntos que já compartilhamos de uma mesma existência. Quem sabe não nos encontraremos, enfim!

 LUZ E AMOR!