sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O VALOR DA AMIZADE

"Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro". 

 "Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel; o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade da sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor achará esse amigo. Quem teme o Senhor terá também uma excelente amizade, pois o seu amigo lhe será semelhante". (Eclo 6,14ss)

Creio que estas palavras simplesmente responde toda a questão. Mas, tentarei através de uma das muitas histórias de amizade demonstrá-la em nossas vidas. A amizade surge naturalmente pela simpatia que o outro nos transmite  e transmitimos ao outro. A simpatia é reciproca, dificilmente alguém irá simpatizar com outrém que não lhe tenha simpatia, também, porque, quando não simpatizamos nos fechamos imediatamente para qualquer aproximação, não nos permitimos o outro em nossa vida. Porém, nada impede que uma relação de amizade comece e se fortaleça pelo caminho inverso.

Não é muito fácil entender porque, muitas vezes, "de cara", não simpatizamos com alguém. Logo, é comum ouvirmos:  "fulano(a) não entrou na minha natureza" ou, "meu espírito não foi com o dele(a)". O Espiritismo explica muito bem essa apatia. São os desafetos de vidas passadas e viemos aqui, nesta existência, resgatá-los, ou seja, são os resgates de nossas dívidas passadas. Quanto a simpatia, irei explicitá-la através de um belo poema de Cassimiro de Abreu, de sua obra  "As Primaveras":

O QUE É SIMPATIA?

Simpatia é um sentimento 
que nasce num só momento
síncero no coração.
São dois olhares acesos, 
bem juntos, unidos presos
numa mágica atração.

Simpatia são dois galhos 
banhados de bom orvalho
na mangueira do jardim.
Ás vezes, bem longe nascidos, 
mas que se juntam crescidos
e se abraçam por fim.

Simpatia meu anjinho!
é o canto do passarinho
é o doce aroma da flor.
São nuvens d'um céu de agosto
É o que me inspira o teu rosto
Simpatia é quase Amor.

A minha melhor amiga na adolescência foi antes minha "inimiga gratuita". Morávamos em Sobradinho/BA, estudávamos na mesma escola, não na mesma sala. Sua melhor amiga era minha "rival", nem sei porque! Seu irmão, Édson, estudava comigo na mesma sala, e, dávamos-nos super bem. Um dia, em sala de aula, colocaram uma taxinha sobre sua cadeira, ele sentou-se sem ver e, foi muito engraçado! Riamos muito, lembro-me bem do seu grito e da taxinha espetada em sua nádega. E riamos, porque amigos riem juntos, simplesmente. Eu tinha simpatia por ele, já por sua irmã ...

Mudamo-nos para Juazeiro/BA, se acreditasse em coinscidências, diria que, por "coinscidência", fomos morar vizinhas, na mesma rua e, mais ainda, fomos estudar na mesma classe. Sua melhor amiga mudou-se não sei para onde. Então, ela se apaixonou por meu irmão, que não era apaixonado nem por ela, nem por ninguém, por isso, ficaram amigos. A partir de então, não lembro bem como aconteceu, começamos a nos falar. Descobri que ela não me gostava somente porque a sua amiga não gostava. Com a aproximação, tornamo-nos grandes amigas. Um dia na escola, numa dessas brincadeiras da juventude, atiraram-me um "calango" que caiu dentro da minha blusa, no peito. E quem gritou, pulou e chorou foi Eliana, agora,  minha melhor amiga. E, é assim o verdadeiro amigo, ele não enxuga só as suas lágrimas, mas, chora por você e, quando possível não permite que elas caiam, transformando tudo em risos, como fiz com o seu irmão antes.

O verdadeiro amigo não é aquele que está PERTO quando tropeçamos e,  estende-nos a mão quando caímos, é aquele que está JUNTO para que não tropecemos. O verdadeiro amigo vale muito mais do que qualquer título de nobreza conquistado, pois que, é o título quem, muitas vezes, abre as portas, o amigo, independente de quem você seja, está sempre de portas abertas. O verdadeiro amigo é aquele que, quando já não mais acreditamos em nós mesmo, diz: "você é o cara", então, percebemos que não somos apenas mais um entre tantos outros, somos especiais como é especial a verdadeira amizade.

Diz-se  fácil amar a um amigo. Não! Não o é. Fazer amigos é um dom, conservá-los, uma conquista diária.

Para amar um amigo temos que nos transformar em pessoas melhores, vencer os vícios mais inerentes em nossa alma, e isso é uma missão difícil. Sem perceber que nos melhoramos gradualmente, somos tolerantes com nossos amigos, com seus "abusos", porque abusar da amizade não faz mal. Somos pacientes com seus "defeitos", porque não ligamos para eles, ainda sabendo que existem. Somos benevolentes com os amigos, pesamos as palavras para não magoá-los e, se os magoamos, somos humildes em pedir-lhes desculpas: "foi mal cara". Somos humildes, não ostentamos "luxos", porque o verdadeiro amigo respeita a condição do outro, conhece e aceita o seu jeito de morar, de vestir, de comer, de falar, de sorrir e, até de chorar.

O verdadeiro amigo nunca nos deve nada, porque a amizade é uma doação pura, sem qualquer outro interesse. Se tem saúde estamos felizes por ele, se está doente zelamos e, do nosso jeito, oramos por ele. O verdadeiro amigo quer ficar junto até a velhice para servir de amparo e, até a morte, poque não deseja o fim. Assim, o verdadeiro amigo nos segue até a eternidade, pois que, a vida não termina e a verdadeira amizade permanece intrínseca.

Deus é de uma justiça sábia. Somente Ele para enviar, a cada um dos homens da Terra, um verdadeiro amigo, para auxiliar em sua caminhada terrena. Deus não deseja perder nenhuma de suas ovelhas, por isso, intencionalmente, permite um amigo à cada uma de suas criaturas, para que está, ainda incrédula, com o coração endurecido,  possa, de  alguma sorte, retornar ao Seu seio. Então, sejamos, de todo coração e entendimento, amigos dos nossos amigos, para não fazermos nenhum inimigo neste plano, e, sejamos amigos dos nossos inimigos, para podermos aumentar, ainda mais, a certeza de que numa vida futura estaremos de volta à Casa do Pai, rodeados de bons amigos. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque, se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também assim? E se saudares somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus"(Mateus, V:20, 43-47).

(Amai os Vossos Inimigos, cap. XII; 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo)


O Senhor é Justo. Quando nos fala: "Amai os vossos inimigos", Ele não está pedindo que tenhamos por eles as mesmas afeições que aos nossos amigos. Mas que sejamos piedosos para com eles, não guardando ódio, nem mágoa, nem sentimento algum contrário a caridade, pois a caridade deve ser aplicada a todos sem distinção, levando a prática dessa máxima: "Fazei o bem sem olhar a quem". A razão deve fazer as diferenças necessárias, de acordo com cada caso. Não se paga o mal com o mal. Segundo a doutrina espírita, esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física que devemos considerar: a da "assimilação e repulsão dos fluídos". O pensamento mal emite  uma corrente fluídica que causa uma impressão penosa, enquanto que o pensamento bom envolve-nos  num eflúvio agradável. Daí a sensação de aproximidade de um amigo e de um inimigo (ídem.; 3).







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