domingo, 15 de fevereiro de 2015

LIBERTE E LIBERTE-SE: A Influência dos Espíritos em Nossa Vida



Em 14/02/2015; às 09:00 hs.

Hoje o meu esforço está concentrado em mudar os pensamentos perturbadores que insistem em impregnar o meu campo vibratório, deixando-me em profundo desalinho emocional. Percebo que de alguns dias para cá, preste a passar para a segunda etapa da minha cirurgia de reconstrução de face, encontro-me com comportamento compulsivo, ou seja, sei que não devo mais repeti-lo, que já não cabe mais em mim, pois que, escolhi ser moralmente melhor, dentro dos ensinamentos do Cristo e servidora de Deus, mas que querem me dominar, causando-me profundo mal estar, angústia e ânsia.

Estive no Centro Espírita, casa onde trabalho, e não consegui expor para a Espiritualidade o que tanto me afligia. Existem coisas que ferem nossa dignidade e que não gostaríamos de compartilhar com ninguém. São as dores mais secretas da alma, que nos reduz àquilo que verdadeiramente somos e que não desejamos deixar transparecer ser. As lágrimas derramadas, quase sempre sufocadas, deixam escorrer a dor que realmente sentimos - a dor moral.

Falei de coisas que não são realmente as causas dessas minhas angustias, coisas frívolas e banais para quem já suportou o peso de tantas provas sem desanimar. Em pensar que são coisas frívolas e banais, dei-me conta de se tratar de influências espirituais perversas, que se comprazem no sofrimento alheio, por nada mais ter o que fazer porque nada levaram da vida terrena, e, que, por invigilância minha, conseguiram canalizar suas energias deletérias no meu campo energético. Muitas vezes, quando tudo nos parece maravilhoso, descuidamo-nos da "porta mental" e a deixamos entreaberta, permitindo a entrada de invasores ocultos.

Tudo tem transcorrido bem. Graças a misericórdia Divina, nada tem me faltado apesar de não ter pudido trabalhar neste período, não me faltou remédios, alimentos, pessoas generosas. A providência Divina cuida de tudo quando esperamos no Senhor. Conheci até uma nova família, que até então desconhecia, chamada "vizinhos". Na falta da minha família corpórea, foram estes que me serviram, com muito amor. Conquanto, dias atrás, uma das mãos que estava estendida para mim, resolveu fechar-se. Entendo que sua vida sofreu um "retrocesso" e que ela não estava preparada para isso, apesar, de sem perceber, ter pedido ao Universo: "_ Eu quero começar do zero". E, tudo na sua vida zerou!

Eu fiquei muito triste por ela. Sei que é uma pessoa de alma nobre, mas que, como todo ser imperfeito, trás dentro de si vícios, resquícios de vidas passadas, ainda não superados. A ambição e a ingratidão o fez desprezar tudo o que já havia conquistado na vida material. Mas, a questão é que ele começou a culpar os outros por seu fracasso, e a Deus. Então, disse-me que não conto mais com sua ajuda. O problema não foi este, o que mais me doeu, foi que alegou todo o feito e acusou-me de ser um peso em sua vida. Implorou-me: "_ Eu quero a minha liberdade!".

É muito doído sentir-se peso sobre o ombro do outro. Neste dia eu chorei muito, não tive palavras para expressar o meu constrangimento. Logo agora, que vou precisar de ajuda para continuar o meu tratamento e poder colocar o implante dentário, terceira e última etapa desse processo, senão, todo procedimento poderá se perder. Deus proverá! Sinto também por ele, não quero que ele perca todo benefício que constituiu fazendo o bem, fechando o coração em amarguras. Daí, tomei a decisão de segurar as rédias da minha vida com mãos firmes. Não quero mais ser peso na vida de nenhum irmão, e nem por ventura culpá-los do meu fracasso.

Pensando assim, decidi vender minha casa, único bem terreno a mim concedido, e mudar minha vida. Queria mudar de casa, de bairro, conhecer outras pessoas, abrir meu próprio negócio, trabalhando com o que gosto de fazer. Me vi novamente sonhando, como há algum tempo já não sonhava mais. Senti-me envolvida por uma esperança renovada dentro da minha alma. Comecei a desejar tantas outras coisas, a me envolver nesses desejos, construir imagens de dias felizes, com fartura, minha família reunida, meus amigos, meu cachorro, retomar meu trabalho na Casa Espírita e fazer mais... Tantos projetos! E, orei à Deus. Pedi-lhe que abençoasse minhas decisões, e que meus projetos estivessem dentro de seus propósitos. "_ Senhor, seja feita sempre a tua vontade, ó Pai, e não a minha".

Divulguei o anúncio e logo apareceu comprador interessado na casa. E, logo encontrei uma outra casa, atendendo a todas minhas necessidades atuais. Estava sentindo-me verdadeiramente abençoada! Não cabia mais em mim. Tudo concorrendo para um desfecho feliz, no meu curto entendimento. Então, tudo mudou. Não fechei a venda da casa, não pude comprar a outra, e o pior, eu não esperava que fosse "dar tudo errado". Tudo parecia harmonioso, tudo parecia perfeito. Nós (os interessados na negociação) estávamos super unidos, ajudando-nos mutuamente para que tudo se casasse. A presença de Deus era tão firme nesses momentos, que todas as portas se abriram em torno das nossas propostas, que não se concretizaram. Por que, meu Deus?

No primeiro instante, "meu mundo caiu", em nada mais me concentrei. Depois, resolvi levantar-me, agradeci e confiei na vontade de Deus. Mais tarde, comecei a pensar em todos sonhos perdidos juntos com as propostas. Comecei a ouvir aquela voz se repetindo: "_ Eu quero a minha liberdade!", e, perdi a minha paz. Comecei, também, a procurar um culpado, alguém palpável a quem poderia atribuir-lhe o infortúnio. Comecei a conjecturar diversas possibilidades que não mais a vontade de Deus: olho-gordo, inveja de alguém, usura, vingança, forças ocultas, etc. e, permaneci por dias presa a estes pensamentos, sem mais conseguir  me conectar com Deus.

Fico agora pensando sobre o tempo e a energia que gastamos estando presos às coisas, às pessoas, à sentimentos, etc., que não têm nenhum significado real em nossa vida. Fico pensando que só o verdadeiro amor liberta. Quando nos retemos à alguma coisa, pessoa ou até sentimentos, estamos na verdade não só prendendo, como, também, estamos presos à estas coisas. E, quando estamos presos, não seguimos para lugar algum, e nem deixamos seguir. Tudo é bom que esteja livre para fluir, mover-se, acontecer. Isto tanto nas pequenas como nas grandes coisas.

O nosso pensamento é energia, e pode transformar-se em nitroglicerina pura, fazendo explodir e destruir tudo à sua volta. Tudo começa pelo pensamento. Se quero mudar algo, preciso primeiro mudar o meu pensamento. O pensamento dá forma a tudo, é a força propulsora do Universo. Eu não preciso fazer mandinga, bruxaria, feitiço, tudo isso apenas são símbolos, que representam de forma figurada os desejos mais secretos e profundos do ser.

Assim, transfere-se a energia mental para esses objetos. A força está na energia que eu transmito a esses símbolos através do meu pensamento; do que está cheio o meu coração. Basta a ausência do bem para ser uma influência malévola. Para fazer o mal, tanto quanto para fazer o bem, basta apenas pensar no mal ou pensar no bem e já começa a se realizar, se formar, se materializar. O pensamento começa a tomar forma.

Os Espíritos se comunicam através do pensamento. O pensamento chega de um Espírito para outro (encarnado ou desencarnado) através do fluido. O fluido é o transmissor desses pensamentos. Conforme a palestrante espírita Maristela Santos (2013) esclarece, todos estamos mergulhados dentro de um oceano de fluido - Fluido Cósmico Universal (FCU), substância básica da criação. Através desse fluido, veiculam os nossos pensamentos de um lado para outro, através de mundos diferentes. A disposição desse veículo está em função do motor desse veículo. Quem dá velocidade a este veículo é a vontade daquele que está pensando (SANTOS, M.; 2013).

O fluido é neutro no Universo. Quem dá qualidade diferente a esse fluido é o pensamento do encarnado e desencarnado. O tempo todo que eu penso, eu expresso por irradiações mentais essa qualidade, transfiro para o fluido desse ambiente e ele vai transportá-lo. (SANTOS. M.; 2013). Quando pensamos no bem estamos produzindo energia de qualidade que ficará impregnado no FCU. Da mesma forma, quando estamos pensamos no mal estamos dando qualidade negativa ao fluido do ambiente. De acordo com o nosso pensamento, irradiamos boas ou más qualidades de energia no Universo, por isso somos responsáveis pelo fluido que irradiamos. Os nossos mais secretos desejos são irradiados para o Universo.

Na questão 459, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Benfeitores: "_ Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?". Esclarecem-lhe os Espíritos: "_ A esse respeito sua influência é maior do que credes porque, frequentemente, são eles que vos dirigem".

Entretanto, o mal que me atinge não é aquele que me fazem, mas aquele no qual eu entro em sintonia, o qual eu fortaleço com o meu próprio pensamento. Atinge-me quando eu passo a vibrar nessa mesma onda de energia negativa. Se alguém me deseja o mal, não está na verdade me fazendo mal algum, no momento em que eu não me permito esta sintonia. Posso até percebe-la, mas ela só irá me derrubar se eu me permitir envolver por ela, me deixar enredar, através dos meus próprios pensamentos. É aí, então, que só amor liberta!

Como esclarece Maristela Santos (2013), a sintonia, nós buscamos, logo, podemos mudar. A afinidade é mecânica, um tem aquilo que o outro busca, se encontram, afins. Elas chegam até nós por causa das nossas imperfeições, mas por sintonia podemos mudar a frequência. Igual ao rádio, você não gosta daquela música que está tocando e troca de frequência. Então, os pensamentos podem até nos aproximar de Espíritos inferiores, por conta da afinidade das nossas imperfeições, contudo, a escolha de mudar de sintonia é nossa. Eu não preciso vibrar na mesma frequência (onda).

As influencias que chegam até nós por conta de nossas imperfeições morais, fazem-nos mal porque potencializa o que já existe em nós. mas, podemos mudar através do trabalho no bem, pelas preces e pela reforma íntima.

Na questão 461, do Livro do Espíritos, Kardec pergunta aos Benfeitores: "_ Como distinguir os pensamentos que nos são próprios daqueles que nos são sugeridos?".  Os Espíritos respondem-lhe: "_ Quando um pensamento é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, aqueles do primeiro momento. De resto, não há um grande interesse para vós nessa distinção, e é frequentemente útil não o saberdes. O homem age mais livremente e, se ele decide pelo bem, o faz voluntariamente; se toma o mau caminho, não tem nisso senão mais responsabilidades".

Não há energia mais pura e maior do que a energia do amor. Quando mantemos o nosso coração puro e elevado, cultivando os bons sentimentos, entramos em uma onda de energia superior a qualquer energia deletéria. Então, o mal que me atinge é o mal que eu mesmo me faço. Eu faço mal à mim mesmo quando retenho a energia do outro. Deixe passar! Como disse Chico Xavier, ninguém precisa segurar o "lixo energético" do outro: a inveja, o ciúme, a cobiça, a vingança, a mágoa, o ódio, nenhum elemento nocivo a nossa saúde física, moral e espiritual.

Quem ama, liberta! E se liberta! 

Se armo laços para o outro, se busco enredar o outro, seja de que modo for; por qual motivo que seja, eu também estou automaticamente enredado; eu também estou preso. O outro pode até não conseguir caminhar, porque a energia fluídica existe mesmo, e nossos sentimentos são descargas energéticas lançadas no Universo, e pode afetar negativamente o outro, sim! Nós somos esse aparelho gerador e detentor de energia. Contudo, o maior prejudicado será aquele que a lança no Universo, pois retorna para si mesmo. É a Lei do Retorno (L.E.).

Na vida é preciso amar à tudo e deixar à tudo livre. O que é verdadeiramente nosso, retorna! Se não retornar, melhor assim, porque não nos pertence. A vida é movimento, é energia que se move. A vida é amor. Se eu amo alguém, e este alguém se quer ir de mim, que vá! Ninguém pode prender o outro a si mesmo. Quando amamos os nossos filhos, por exemplo, não devemos prendê-los ao nosso lado, aos nossos caprichos. O amor não é egoísta. Pensa antes no outro do que em si mesmo. Os pais são canais para os Espíritos reencarnarem para este Mundo. Conquanto, os Espíritos são livres, têm energia própria, movimento próprio. Não se deve retê-los. É preciso deixar circular, fluir e seguir o seu curso. E, se nasceram do amor, por amor irão um dia retornar. Os laços espirituais não se rompem jamais.

O perdão liberta!

O perdão é a chave do amor. "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Efésios 4; 32). Mas não esse perdão da boca pra fora, que finge jogar um véu de esquecimento por cima das ofensas, mas que de tão fino sempre as deixa à mostra, mas, o perdão do coração. É este o perdão que verdadeiramente liberta. O perdão que retira do outro o peso da culpa. Isto é desculpar! Quando eu retiro a culpa do outro, ele está livre para seguir, fluir no amor universal. E, se o outro está liberto dos grilhões da culpa, eu também liberto estou. O perdão não é unilateral, ele só acontece com o auto-perdão.

Sempre que se sentir estagnado, parecendo que nada quer andar na vida, é preciso entrar em contato consigo mesmo, e interrogar-se, sinceramente, se não se tem nada contra alguém: "Conhece-te a ti mesmo". Às vezes, é o peso da mágoa, da vingança, do ódio, da inveja, do egoísmo e da cobiça, o verdadeiro entrave para o nosso progresso material e moral. Comumente, sabotamos a nossa própria evolução moral, e consequentemente, material, jurando que somos puros de coração, e lá no âmago está retido um ódio mortal, um coração ferido, ou outro vício, que já até acreditávamos ter superado, ter ficado até mesmo em outra existência, mas, que, está lá dentro, preso, acompanhando-nos na nossa caminhada atual, servindo de entrave para nossa caminhada terrena e evolução espiritual.

Nem sempre é o outro a nos causar o mal, mas, o nosso amor adoecido. Geralmente, como seres imperfeitos que somos, preferimos jogar o peso das nossas culpas no ombro do outro: o outro é sempre o culpado: "_ Eu não sou feliz porque o outro me abandonou"; "_ Eu não tenho sorte na vida, porque Deus esqueceu de mim"; "_ Eu vivo com essa dor, porque o outro me causou". Quando, na verdade, somos nós mesmos que nos abandonamos, esquecendo de Deus, e causamos a nossa própria dor. Quando tudo está bem é fácil ser fiel ao Senhor. É na hora das tribulações que se vê a verdadeira fé em Deus.

Deus permite estas situações para colocar em prova a nossa resistência no bem, como eu me relaciono com determinadas situações. Tudo acontece pela vontade de Deus. Dói? Sim. Mas o que Deus quer de mim? Mesmo que a gente não saiba o por quê, mas sabemos para quê - para um bem maior. Deus só permite um mal para um bem maior. Para que eu reflita sobre o sentimento que aquela situação despertou em mim. Sentimentos aqueles que eu bem conheço mas que gostaria de esconder até de mim mesmo. É preciso rever, conhecer para mudar.

Na vida é preciso abandonar o lugar de vítima e tomar responsabilidades sobre si, para se libertar e ser feliz. Assim, Deus coloca à prova a nossa fé: "_ Deus está no comando". Muitas vezes, os nossos fracassos ou mazelas são apenas para provar a nossa fé e submissão diante da vontade do Pai. Muitos sofrimentos acontecem apenas para honra e glória do Pai Celeste. Para se testemunhar a misericórdia Divina. Não é praga, não é feitiço, não é "olho-gordo", não é nem mesmo "castigo", é tão somente para exaltação e glória do nome do Senhor, nosso Pai, que habita em tudo o que há, entre o Céu e a Terra, e que, nas muitas vezes, esquecemos de colocá-lo à frente de tudo em nossa vida.

Se estou sob influência negativa é porque ainda desejo o mal, o mal reside em mim. Se Espíritos inferiores me acompanham é porque os evoquei através dos meus pensamentos. O pensamento é uma troca contínua de energia. Quando nós armazenamos a energia, a transformamos em um filme que o outro Espírito está o tempo todo assistindo, e por isso conhecem-nos e exercem influência em nosso comportamento. É preciso estarmos atentos para o tipo de filme que estamos transmitindo, e que mensagem estamos irradiando no Universo (SANTOS, M., 2013).

O pensamento é nossa fonte de energia interna. Somos nós quem a direcionamos, carregamos, descarregamos e a captamos do Universo. Os Espíritos não produzem nada que já não tenhamos em nós: vaidade, orgulho, avareza, inveja, maledicência, arrogância, ressentimentos. Como orienta Divaldo Franco, podemos ter determinados pensamentos, mas não devemos contê-los. É preciso criar hábitos saudáveis, educar os pensamentos para não cair em tentação. Tentação, nada mais é do que o reflexo do que já temos, ela potencializa a nossa imperfeição.

É necessário reforma íntima, modificar o modo de ser. Afastar-se daquilo que já se sabe fazer mal. As coisas acontecem para nos testar nas nossas fraquezas, para nos fortalecer no bem. Somos nós  quem escolhemos os nossos assessores. Não existe missão em fazer sofrer, todos respondem por seus atos. Jesus ensina: "Vigiai e Orai". Em primeiro lugar vigiar para não aumentar as minhas imperfeições por influências malévolas. A mente que se fortalece não se deixa levar como folhas secas ao vento. A mente direcionada para o bem é morada dos Benfeitores Espirituais que auxiliam contra as más influências. Fortaleçamos a nossa mente através da oração. A prece destrói as armadilhas que nos tenta enredar. Quando o bem entra, o mal se retira. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim - Há muitas moradas na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também" (João, XIV: 1-3).

(Há muitas moradas na casa de meu Pai, cap. III: 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

SER MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO


Em 06/02/2015; às 14:00 hs.

Glória ao Pai, nas Alturas, e paz na Terra entre os homens! Devemos sempre render Glória à Deus, Senhor único e soberano sobre tudo o que há. O Deus da fartura é o mesmo das privações. Então, em todas as coisas devemos nos regozijar no Senhor.

Estava mais uma vez recorrendo à Jesus sobre a minha ansiedade. Como é difícil controlar! Ainda sabendo que tudo está melhor do que poderia ser, pela misericórdia do Pai. Mesmo desperta aos Seus ensinamentos: "Não vos inquieteis com o dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" (Mateus 7; 34), como é difícil controlar o "vício" de pedir, pedir, pedir.... Sim, vício! 

Sabemos que tudo para acontecer não depende de pedir, pedir e pedir, parecendo que Deus não escuta. As coisas para acontecerem não dependem somente do pedir incessantemente, mas de se buscar, colocando-se à disposição para o trabalho. Sabemos que nenhuma folha seca cai no chão, sem a permissão do Pai. Se eu creio em Deus, como Pai zeloso que é, se não duvido da providência Divina, então, por que vivo a pedir, pedir, pedir, nessa angustiante ansiedade?

Cheguei a esta conclusão, a gente torna-se dependente do pedir, porque nunca estamos completamente satisfeitos com o que já conquistamos, querendo por à prova o amor de Deus. Então, nasce a ânsia de querer ver acontecer mais e mais, e as coisas acontecem, e continuamos insatisfeitos e continuamos a pedir e a pedir descontroladamente, perdendo o equilíbrio e a paz que só a resignação sabe alimentar. Estamos sempre famintos e sequiosos de amor, pois, se já tenho o mínimo de entendimento sobre o amor, se acredito na misericórdia do Pai, confio na sua justiça, então, por que não me liberto dessa ânsia que me abate, mesmo sabendo que o fruto só dá no seu tempo? 

Acreditamos, muito falsamente, que, para que as coisas aconteçam em nossas vidas, em sinal de humildade e fé, devemos muito pedir. Devemos cuidar em não confundir fé com presunção. Sim, devemos pedir, é verdade, o próprio Cristo nos ensina: "Pedi, e dar-se-vos-à" (E.S.E., cap. XXV; 1). Mas, também, devemos saber esperar que Deus manifeste a sua vontade. Pedimos insistentemente porque no mais íntimo, lá nas entranhas, no âmago do ser, gostaríamos que as coisas fossem exatamente como desejamos que fossem, acontecessem no exato momento que acreditamos ser o ideal, e nos entregamos mais e mais a esse vício. 

Pedir insistentemente não é força da oração, nem prova de humildade ou confiança, é força do hábito. As coisas para acontecerem não dependem somente do nosso pedir, mas são consequências do nosso esforço em construir: "Ajuda-te e o Céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. O progresso é fruto do trabalho. "Vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 7; 32-33).

Pedir é algo quase incontrolável para muitos, e para que saía do nosso jeitinho e no nosso tempo é mais incontrolável ainda, isto porque, queríamos muito que fosse Deus a nos servir, e não fosse Senhor de todas as coisas. Quem fez o que está de fora, não fez o que está de dentro? Deus nos conhece por dentro e por fora. Conhece os nossos desejos mais secretos, as nossas necessidades mais sinceras. Ele é o nosso criador, como não conheceria as suas criaturas? Somos centelhas do seu amor. Qual o filho que pede pão para o pai lhe dar pedra?

Estamos na Terra para trocar os vícios pelas virtudes. E para mudar é preciso se auto-conhecer. Eu só posso mudar quando me torno aquilo que sou, e não quando tento ser algo que não faz parte de mim. Estamos aqui tentando resgatar o que perdemos de nós mesmos. Muitas vezes, acreditamos que já aprendemos tudo, e não nos damos conta que estamos apenas engatinhando. Já temos alguma noção do certo e do errado, mas pendemos sempre para onde os nossos vícios são mais fortes em nós. Ainda não adquirimos a verdadeira consciência sobre a Lei do Amor. Estamos constantemente sabotando o nosso desenvolvimento moral.

Nós ainda não controlamos as nossas ansiedades, porque apesar do esforço em mudar, estudando e buscando compreender melhor os ensinamentos de Jesus, ainda não conseguimos deixar viver o Cristo que habita em nós. O medo, uma forma de defesa apreendida pelo nosso instinto de sobrevivência, desde o estágio primitivo, o qual não aprendemos a canalizar de forma saudável, é que nos causa essa ânsia que nos enfraquece. Deixar viver o Cristo é confiar e colocar em prática seus ensinamentos de amor: ser manso e humilde de coração. "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará" (Salmo 37; 4).

Somos todos instrumentos do Senhor, nosso Deus. Ora, o instrumento não escolhe o serviço e nem a quem servir, mas, serve ao seu Senhor. Se o instrumento está à disposição do seu Senhor, é um instrumento útil. Um instrumento sem serventia é descartado. O instrumento quando descartado a ferrugem o corrói. Com o passar do tempo para nada mais serve. Somente nós mesmos podemos decidir que instrumento queremos ser na Seara Divina: sermos útil, colocando-nos à disposição para o trabalho, ou descartados como inútil. Não é o trabalho que desgasta a vida útil do instrumento, mas a sua falta de uso. Não é preciso ser o melhor, mas apenas servir. Quem nunca ouviu dizer que: "tudo o que não é usado atrofia". O próprio cérebro atrofia se estagnado.

O trabalho é qualquer ação produtiva. Não importa a que você veio para este mundo, seja para o que for, busque ser o melhor instrumento nas mãos do seu Senhor. Somos nós que estamos para servir à Deus, e não Deus para nos servir. Ele nos dá esforço e nos ajuda, e nos sustenta com a destra da sua justiça (Isaías 40; 11). Então, nada de desânimo: "Eu sou contigo" (Jesus). É preciso, pois, escolher a semente, preparar a terra, plantar, cultivar e esperar o tempo da colheita, para melhor se aproveitar o fruto. Nenhum desse processo é tempo perdido. Trabalhar é fazer a sua parte aqui na Terra enquanto aguarda as providências do Céu, que, muitas vezes, se manifesta no último instante, para por à prova a nossa resignação.

Enquanto o nosso olhar estiver retido somente nas coisas da Terra, não é possível mudar e sair do sofrimento. Ninguém se eleva aos Mundos Felizes sem antes ter cumprido suas provas neste Mundo, que é de provas e expiações. A vida na Terra é o maior legado que Deus deixou aos seus eleitos. É somente através dessa oportunidade que é possível se elevar aos Mundos Felizes, designados aos Espíritos Puros: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu (...). Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6; 19-20).

Não devemos desprezar a vida, tratá-la com indiferença ou negligência. E, muito menos abrir mão dela pelo suicídio, desperdiçando essa oportunidade única, ofertada pela misericórdia Divina. A vida é uma só, as experiências ou existências corpóreas (reencarnação) é que são múltiplas. A ansiedade do coração deixa o homem abatido. É necessário elevar-se ao infinito e ver que a vida é além dessas fronteiras, ou barreiras que criamos. É preciso não ver apenas uma existência. Somente nós mesmos podemos nos libertar desses grilhões, olhando para si mesmos. Então, a justiça de Deus se revela. "E, tudo quando fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens". (Colossenses 3; 23). Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. Mas, o consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João, XIV: 15-17, 26).

(O Cristo Consolador, cap. VI; 3. O Evangelho Segundo o Espiritismo)