domingo, 10 de abril de 2016

EVOLUÇÃO EM FAMÍLIA: Abuso Sexual Infantil no lar








Em 06/01/2016 às 09:00 hs e 0:30 min.

Consultei a minha consciência antes de tomar tão delicada decisão, pois, que, envolve a vida de uma flor em botão. Não só uma pessoa muito amada, mas, parte da minha vida. Como não considerá-la como parte de mim? Somos responsáveis por todas as crianças, independentemente de terem saído, ou não, de nosso ventre, pois, todas as crianças são de Deus, como também são os nossos filhos. Não mencionarei nomes por motivos éticos, e o que nos interessa é o fato ocorrido. 

Provavelmente, muitos me condenaram por minha decisão, dizendo que não tenho o "direito" de me meter no problema. Porém, a minha consciência conduz-me afirmando que, não só tenho o "direito", bem como, também, o "dever" de ajudar a essa pequena criatura, que é a parte mais fraca da questão.

Entende-se por "Direito" o que está conforme a Lei. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante-me este respaldo. Esta Lei nº 8069, de 1990, da Constituição Federal, no Art. 1º, dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. "Dever" é algo inevitável, uma obrigação (Dicionário da Língua Portuguesa). E, acima está os meus princípios morais, que me conduzem por esse caminho - denúncia de abuso sexual infantil. 

Não me "meter" seria virar-lhe as costas e tapar os meus ouvidos ao seu pedido de socorro, pois, entendo que, quando uma criança ou adolescente procura-nos para contar algo que a faz sofrer, isso é mais que uma confidência, é um pedido de ajuda. É como dizer: "_  Ajuda-me! Eu não sei o que fazer com isso!". Como, então, silenciar-me? Poucas são as crianças ou adolescentes com a coragem de fazer uma denúncia contra o abuso sexual dentro da família. Quando isso acontece, não se pode lhe negar os ouvidos. 

É inevitável a minha indignação diante da gravidade do ocorrido. O ato libidinoso ocorreu no seio familiar, entre pessoas que compartilhavam confiança mútua. O dever moral independe do grau de parentesco. "O mal é sempre o mal" (L. E.), não importa de que parte ocorra. Não há como ignorar o mal, como se a um "estranho" devesse a correção de seus atos, e, a um parente tudo lhe fosse perdoado. Até mesmo, porque, perdoar não é permitir o mal. Ao contrário, por amor, deve-se a correção. Perdoar é não guardar rancor, mágoas da ofensa, não pagar o mal com o mal. Está lá no Evangelho Segundo o Espiritismo.

Abuso sexual contra criança é um crime hediondo, pois, não só violenta o corpo físico, como dilacera a alma. Em muitos casos, as pessoas baixam a cabeça para o mal por medo, dizendo-se humilde de coração. Na verdade, temem não serem aceitos ou reconhecidos, mentem para agradar a família e os amigos, jamais por amor. A pureza de coração não está em não enxergar o mal, haja vista, o mal existe. O que lhes impedem de se posicionar frente a situação ("sair de cima do muro") é o orgulho, a vaidade e o egoísmo. Jesus era humilde, mas jamais foi conivente com o mal.

"_ Se teu irmão pecar contra ti, vai, e corrige-o entre ti e ele somente; se te ouvir, ganhado terás a teu irmão". (E.S.E., cap. X: 3).

Allan Kardec, no Livro dos Espíritos, questão 932, indaga aos Espíritos: "_ Por que, no mundo, os maus, tão frequentemente, sobrepujam os bons em influência?".

"_ Pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, dominarão".

Contudo, não se pode ser justo quando se leva para o lado pessoal, é preciso estar ao lado da verdade. E, a verdade está em Deus, que nos ensina a virtude. Corrigir não é se vingar. A vingança é um índice seguro do atraso dos homens que a ela se entregam, e dos Espíritos que ainda podem inspirá-la ... é ainda contrário ao ensinamento do Cristo: "Amai os vossos inimigos" (E. S. E.). Por isso, consultei diversas vezes a minha consciência antes de tomar qualquer medida. Por este motivo, indaguei-me profundamente, até verificar de que não se trata de vingança, não se trata de ir contra o meu irmão, mas, a favor do bem, fazendo aquilo que compreendo como o certo a fazer. O certo a fazer, segundo os ensinamentos cristãos, é sempre o bem e de forma impessoal.

"_ Quem é meu pai, quem é minha mãe, quem é meu irmão, quem é minha irmã? Todos aqueles que obedecem o meu Pai, estes são meu pai, minha mãe, meu irmão, minha irmã" (E. S. E.)Assim ensinou Jesus. 

O índice de abuso sexual contra crianças e adolescentes dentro da própria família é assustador. E mais assustador é saber que a família esconde, quando não para se proteger, mas para proteger o próprio agressor. Sente-se medo de represálias e vingança, ao menos, essa é uma das diversas justificativas apresentadas. Contudo, o maior medo é o da exposição moral. O próprio exame de corpo delito é uma agressão moral contra a vítima, porque leva a um constrangimento ainda mais profundo, motivo pelo qual, muitas se calam.

Segundo especialistas, a criança violentada sente-se constrangida e culpada pela a agressão sofrida. No abuso sexual o corpo responde ao estímulo. A criança ainda não é capaz de perceber que aquilo é errado. Num primeiro instante ela busca aquele prazer, porque lhe é dado por uma pessoa a quem deveria confiar. A criança só percebe que sofreu uma violência quando recebe informações do ambiente e descobre, então, porque aquelas carícias lhe causam tanto desconforto.

Há uma grande diferença entre explorar a sexualidade do corpo na infância, e "promiscuidade". Toda criança experimenta essa busca, esse conhecimento de seu próprio corpo. É natural essa exploração para seu desenvolvimento sexual. A criança observa o sexo oposto, compara sua anatomia em relação ao corpo do outro. Elas brincam entre si na busca de conhecer as sensações do corpo físico. Quem nunca brincou ou assistiu uma criança brincando de "médico"? Neste momento, ela não está só olhando os órgãos genitais do outro, mas, de certa forma, e sem compreender, está analisando o seu próprio. Isso faz parte da descoberta e nada há de mal nisso. Nada tem de promíscuo. A promiscuidade é confundir essa necessidade natural, com um agregado de desejos sem ordem nem distinção.

Um adulto já conhece, ou, deveria conhecer sobre seus instintos e desejos sexuais, e sobre estes ter o domínio. Conhecer este limite e se pautar a ele é que diferencia um homem de bem de um psicopata. A família, geralmente, tem dificuldade em perceber este distúrbio comportamental entre os seus membros, que é muito mais frequente do que se possa imaginar. Segundo pesquisas, comumente, o agressor já sofreu também a mesma forma de agressão, em algum momento da sua infância, e não sabendo lidar com a situação, passa a se "vingar" em outras pessoas. Logo, o agressor necessita de acompanhamento psicológico e emocional, assim como a sua vítima passará a necessitar.

O abuso sexual contra crianças até os quatorze anos de idade é denominado de pedofilia. A pedofilia não é tão somente um distúrbio de comportamento, que pode ser tratado, mas é considerada, também, um crime contra a criança. Pesquisas mostram que o abuso sexual infantil acontece, em sua maioria, dentro do próprio lar. É o pai que violenta a filha, um irmão que abusa da irmã, um tio que abusa da sobrinha, e, em alguns casos, não raros, o padrasto que investe contra os filhos da parceira. E, o mais chocante, para não se dizer grave, é a mãe omissa ou conivente com o delito, e, em alguns casos, até, co-autora. Ainda, porque, a mãe que negligencia os cuidados de seus filhos, silenciando-se, é considerada judicialmente responsável também pelo crime, podendo perder-lhes a guarda. Deus colocou sobre os pais a responsabilidade sobre os filhos, e a estes serão cobrados: "_ O que fizeste da criança que lhe confiei?" (E. S. E.).

Todavia, o abuso sexual infantil não só se dá contra crianças do sexo feminino. Os meninos também são vítimas desses abusos. As caricias íntimas, independente da penetração do pênis, também são consideradas como crime de "estupro". Logo, também devem ser denunciadas. O maior problema contra o combate ao abuso sexual infantil, é, ainda, que os adultos, geralmente, ignoram a fala da criança e acredita que é imaginação, ou que a criança ouviu alguma história e reproduziu. Dessa forma, deixa de lhe dar a devida atenção, permitindo a perpetuação do abuso.

De acordo com os especialistas, é dolorosa e danosa a violência sofrida, podendo deixar sequelas: comportamentais; físicas; emocionais; sexuais e; sociais, que podem permanecer ou piorar com o tempo. Em alguns casos, o abuso sexual contra a criança pode causar depressão, levar ao uso de drogas, podendo levar, até mesmo, ao suicídio.

De acordo com pesquisas, em muitos casos, o abuso se dá por disfunções comportamentais e emocionais no campo da sexualidade. Contudo, não se omitir diante da transgressão a essa Lei Divina, que é a individualidade do Espírito, torna-se uma benção para o agressor, contribuindo para que ele possa também vencer os seus maus instintos. Como dizem os Benfeitores Espirituais, muitas reencarnações se perdem pelo vício do sexo, que é um instinto, entre outros. O instinto é um sentimento primitivo que precisa ser vencido. O Espírito necessita evoluir para o sentimento puro, o amor. Esse aprendizado, ainda que às vezes, muito sofrido, tem seu início na família.

Consultar a minha consciência para verificar se nada havia contra meu irmão, e, depois, então, dignar-me a intervir na causa, fez-me sentir em paz comigo mesma frente a minha decisão. Aquele que já trás consigo algum conhecimento sobre os ensinamentos do Cristo, não deve se opor ao bem, temendo as represálias, pois, sabe, confia e obedece ao seu único general, que é Deus. Fazer o bem não pode representar simplesmente um desejo, mas um dever. O melhor remédio contra o medo é a fé. E, o que fortalece a fé é o conhecimento, e o autoconhecimento, também. A fé, antes de mais nada, precisa ser raciocinada.

Kardec adverte: "Espírita: Amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo".

O Espiritismo não é uma religião, pois, não possui nenhum dogma ou rituais, mas deve ser vivido religiosamente. Sendo uma Filosofia, por ser fundamentado no conhecimento, dá-nos a compreensão do bem fazer de forma incondicional e impessoal, agindo com o outro como gostaríamos que agissem conosco. Se ainda não conseguimos agir com o nosso semelhante como uma grande família, façamos ao outro, simplesmente, como se fizéssemos para Deus. 

Compreendendo, hoje, que o erro é apenas um estágio da evolução, procuro evitar julgamentos. Comumente, costumamos julgar, condenar e aplicar a sentença. Sem erro não há aprendizado e, errar é humano. Estamos todos na Terra para evoluir, cada um no seu estágio de aprendizado, cada qual em um grau de evolução. A evolução não é igual para todos os Espíritos, conforme ensina os Benfeitores Espirituais, mas, todos, sem exceção, iremos evoluir, pois, este é o objetivo da reencarnação. Eu não preciso agir de acordo com o meu vizinho, minha família, meus amigos. Eu preciso agir de acordo com a luz da minha consciência. O mais... Deus o sabe.

As pessoas estão a confundir individualidade com indiferença. A indiferença é a outra face do amor. Individualidade é respeitar o que sou, sem, com isso, deixar de respeitar o que o outro sente ou pensa. Eu sei o meu espaço e o espaço do outro, ainda, que, ocupando o mesmo lugar. Ser indiferente é não enxergar o outro. A dor do outro também me atinge. Para isso, todos sofremos e experimentamos a mesma dor, para que não tenhamos motivos para ignorar a dor do nosso semelhante. Se assim não fosse, onde estaria a justiça de Deus? Deus é soberanamente bom e justo, e misericordioso.

Qualquer forma de abuso pode deixar sequelas. Quando um adulto ou responsável por uma criança, cala-se frente a grave denúncia de abuso sexual, ou, de qualquer outra ordem, é omisso em detrimento àquele ser, ele passa a ser tão repreensível quanto àquele que o praticou. Peca-se por omissão. O silêncio, quando se pode ajudar, é, também, uma forma de violência. Não importa se o transgressor é o pai, a mãe, o irmão, o tio, o avô. Seja quem for, não se pode inverter os valores morais. Segundo André Luiz, até no Plano Espiritual, cuidar das crianças, ganha-se bônus-hora em dobro. Daí a importância da família.

Ser condescendente não é ser conivente. Não se julga, mas, também, não se "lava as mãos", ou, disse-se: "_ o problema não é meu". Além do mais, quais valores morais se está passando para essa criança? Um estranho precisa ser punido: "merece morrer", "ser preso". E, um parente não? Não se quer dizer com isso, que, devamos desejar a "morte" de alguém que nos feriu a fundo, muito menos sendo um ente querido. Ao contrário, deve-se ter para com este a caridade, como ensina Jesus. Devemos amar os infelizes, os criminosos, como criaturas de Deus, para as quais, desde que se arrependam, serão lhes concedidos o perdão e a misericórdia (E. S. E.).

Silenciar é permitir que se continue no erro. Como poderá alguém corrigir-se e responsabilizar-se pelo mau feito, ou, até reparar sua falta, se todos fingem nada saber? O arrependimento pode tocar-lhe o coração, e sua alma transviada pode aperfeiçoar-se e retornar ao Pai Celeste. É necessário ajudá-lo a sair do lamaçal, e, se, nada mais puder ser feito, a oração é um maravilhoso recurso. Deus pode, pois, atender a certos pedidos sem derrogar a imutabilidade das Leis Universais, dependendo sempre o atendimento da sua vontade (E. S. E., cap. XXVII; 6). Muitas vezes, para que a paz se estabeleça é preciso antes a crise. É preciso, muitas vezes, esquecer-se de si mesmo. As grandes transformações ocorrem através das grandes crises. E, muitas vezes, mudar dói!

O papel da família é exatamente auxiliar uns aos outros nesta transformação. Evoluir é transformar-se. O que acontece em uma família não é tão somente prova para um ou outro, é uma oportunidade para todos ali envolvidos, para que todos progridam. Para obter a finalidade a qual a família se destina, ela precisa ter a realização moral acima das sensações materiais; acima das sensações sexuais. Como colocou Nazareno Feitosa (2011), o amor precisa estar lastreado na humildade, na fé e no conhecimento. É esse o verdadeiro sustentáculo da família. Muitos, infelizmente, estão perdendo a noção de família. 

A família, segundo os Benfeitores Espirituais, é a primeira grande oportunidade que Deus, na sua misericórdia infinita, permite aos inimigos de existências pretéritas, reunirem-se para repararem suas faltas e juntos evoluírem. Nós elegemos aqueles que irão viver com a gente para toda a vida. Somos nós quem escolhemos a família onde queremos reencarnar, e Deus nos permite como oportunidade de evolução. Assim, a família é a primeira classe de Espíritos que encontramos na Terra.

A família é a mola mestra que nos impulsiona a conviver em sociedade. Todos os problemas que iremos enfrentar numa sociedade, encontraremos, antes, em nossa própria família. Logo, se não conseguimos ainda amar seres tão próximos de nós, dentro de um mesmo clã, como termos a pretensão de ajudar toda a humanidade? Precisamos ser amigos dos Espíritos que vemos primeiro. Estes estão em nossa família. Como bem colocou Nazareno Feitosa (2011), não adianta ser médium, comunicar-se com Espíritos desencarnados, e não permitir a comunicação daqueles que nos são próximos.

Quer ajudar a humanidade? Comece pela sua própria família. Depois, então, você estará capacitado para os grandes trabalhos humanitários. Quantos são aqueles que lá fora são só sorrisos e abraços, mas, que, adentrando a porta de casa torna-se um carrasco? O lar não pode ser considerado tão somente o lugar físico, de segurança e paz. O lar representa a renúncia, o silêncio, a dedicação e zelo. Amar é zelar pelo outro como se fosse parte de si mesmo. É a família que nos oferece essa extraordinária experiência e aprendizado. Valorize sua família. Busque saber como está; do que precisa; por que chora. Cuide-a, ainda que ela seja diferente. Seja tolerante, compreensivo. Dialogue, escute. Ame!

Como colocou a palestrante Rúbia Cristina (2011), "a família não é apenas um resultado genético, pois, que, ela representa os sonhos em comum dos seres que lhe compõe". Família é um conjunto de pessoas (parentes) com a mesma descendência, ou seja, um grupo de indivíduos que procedem de um mesmo tronco. Está lá no dicionário. Você não entra e sai da família, ou troca de família como se muda de uma casa. Família não é só para se estar nas festas, em datas comemorativas, beber, comer e, depois, fazer a resenha. Família é muito maior. Ela representa os sofrimentos, as aspirações, os sonhos e as lutas. Família, vive-se!

Família é para um ajudar o outro nos momentos de difíceis resoluções. Quando o problema não é o "cabelo" de um, ou, as "vestes" do outro, ou, porque um bebeu além da conta, mas, para quando a conduta moral de um ferir o outro, direta ou indiretamente. É para se apoiar quando um infortúnio bate a porta: uma doença, o desemprego, uma tragédia, uma perda, uma separação. Quando um membro adoece, todos os demais membros da família adoecem juntos. Dessa forma, "a família é um laboratório de experiências reparadoras, onde a dor e a felicidade se alternam preparando a paz futura" .

Parafraseando Rúbia Cristina, normalmente, a família reúne Espíritos necessitados, desajustados, para a reparação, graças aos processos reencarnatórios (C. RÚBIA:2011). Em outras palavras, existe planejamento da reencarnação. É importante passar por determinadas situações, como provas para a nossa evolução, e muitas delas está na família. Por isso, retornam ao mesmo grupo consanguíneo os Espíritos afins, dando, assim, oportunidades aos desafetos de uma evolução, de um progresso mútuo.

Os filhos não são cópias dos pais. Seu caráter, sua inteligência, seus pensamentos, procedem do Espírito. Minha sogra dizia-me: " a gente pari os filhos, mas não pari a natureza". Sábias palavras! O filho não vem àquele lar por acaso. Ele vem porque é importante para ele aprender a viver determinada situação naquele lar. Ligados por compromissos anteriores, retornam ao lar, utilizando-se das Leis Divinas, para, então, o reajuste de contas. As uniões não são por acaso. São encontros marcados para os ajustes morais. Nem sempre os filhos são inimigos do passado. Muitos são Espíritos afins, que tem vínculos afetivos. Porém, da mesma maneira que o amor atrai, o ódio também cria algemas.

A família são reencontros por motivos que a misericórdia divina não nos permite lembrar, jogando-nos o véu do esquecimento. Se não fosse o véu do esquecimento que assegura o refazimento da alma na reencarnação, os homens se tornariam feras, digladiando-se indefinidamente. E, a Terra seria um purgatório de angústias, lamentos, acusações e choros. Contudo, o Senhor da vida confere ao corpo físico um arado novo, com novas experiências, e, com isso, aprendemos a transformar os espinhos do passado em jardim de flores da nossa existência. Transformamos as aversões em afetos. E, esquecendo os defeitos e as deformidades de cada um, vamos procurando avançar no caminho. Assim, o esquecimento temporário é benção sobre nós.

O problema de convivência são as nossas imperfeições e não os problemas do passado. Os Espíritos dizem a Kardec, em O Livro dos Espíritos, que o instinto de conservação é a maior causa de nossa imperfeição. A autopreservação gera o orgulho, pai de todos os vícios; a vaidade e; o egoísmo. É por egoísmo que nos afastamos de nossa família.

André Luiz, em sua obra "A vida no Mundo Espiritual", diz que assumimos muitos compromissos no Plano Espiritual, reencarnamos com a promessa de acolher a esses irmãos, e, depois, esquecemos e os abandonamos. É preciso auxiliar nossos irmãos no Plano Terreno, na família. Ajudando-os também estamos evoluindo. 

"_ E sereis auxiliado no Mundo Espiritual, do mesmo modo que auxiliais aqui na Terra" (EMMANUEL).

E, é dessa forma, que, passo a passo, os laços de famílias são fortalecidos com as diversas reencarnações, e nunca destruídos. Porque, como bem colocou Rúbia Cristina (2011), os Espíritos no Mundo Espiritual, também, reúnem-se por afinidade, por simpatia, construindo o seu grupo de Espíritos Afins. Com as sucessivas reencarnações, os Espíritos até podem se separar: uns reencarnam antes do outro; uns permanecem no Plano Espiritual, enquanto o outro ocupa o espaço físico. Contudo, essa separação é sempre momentânea, porque os Espíritos amigos que permanecem no Plano Espiritual sempre permanecem unidos e ligados àqueles que lhes procederam a jornada pelo pensamento. Sempre permanecem orientando, através do pensamento, os seus entes queridos que já reencarnaram. (C. RÚBIA:2011).

Em muitos casos, segundo a palestrante, os Espíritos de um mesmo grupo afim retornam juntos a Pátria Terrena, reencarnando num mesmo círculo familiar, como: pai, mãe, filhos companheiros, ou, ainda, entre grupos de amigos; grupos de pessoas conhecidas.

De acordo com Rúbia Cristina, de uma maneira, ou de outra, esses Espíritos Afins permanecem ligados uns aos outros. Na maioria das vezes, esses seres retornam juntos, tendo a oportunidade de se depurarem numa nova existência, de se purificarem. E, a medida que conseguem este êxito, a medida que conseguem se desapegar da matéria, se afastar das paixões terrena, vão se fortalecendo quanto Espíritos, e esses laços de família, de afinidade, vão se estreitando cada vez mais, porque a medida que o Espírito se purifica, ele já não cultiva mais, ou, pelo menos, já nem tanto, as paixões terrenas, o egoísmo. E, assim, através de reencarnações, o Espírito vai dando um direcionamento mais real, mais profundo a essas afeições que mantém entre os seus. (C. RÚBIA:2011).

"A família é o laboratório do bem". Então, façamos com a nossa família, como o Mestre Jesus nos advertiu:

"Apressa-te para pagar o que deves. Reconcilia-te com teu adversário enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil". (Mateus V: 25-26).

O sofrimento doméstico de agora, pode se refletir na sociedade de amanhã (Lei de Causa e Efeito). Segundo os profissionais de psicologia, os agressores podem ser pessoas com grave deficiência de empatia, incapazes de perceber o quanto estão prejudicando outra pessoa. Seus pensamentos, muitas vezes, são distorcidos de que a criança está querendo esse contato sexual. Espiritualmente, são doentes morais e precisam de ajuda tanto quanto, ou, até mais do que as suas vítimas. Por mais que os seus atos causem-nos asco, é preciso não lhes querer o mal, mas, a responsabilidade das suas ações. "A cada um será dado segundo as suas obras" (Jesus).

Dessa forma, faz-se necessário auxiliar estes Espíritos enquanto estamos caminhando juntos, em uma mesma família. A reencarnação, ou seja, estar no corpo físico, é uma prisão para o Espírito, até que este evolua. Ajudando-os estamos também evoluindo. A Terra é um lugar de oportunidades (provas), e cumprimento de penas (expiação). Logo, o Espírito irá reencarnar quantas vezes forem preciso, ou por sua escolha, ou compulsoriamente, até que pague, centavo por centavo, o que se deve. Até a sua purificação.

As crianças são as sementes do amanhã. Cuidemos de nossas crianças acolhendo-as, escutando-as, elas têm muito a nos dizer, e a nos ensinar. Observe o seu comportamento, se há alterações. Observe-as em seu silêncio que tantas coisas revela. Totalmente confusa, a criança vítima de abuso sexual perde o interesse pelos estudos, falta-lhe concentração. Sente medo generalizado, culpa e vergonha. Adota comportamentos ora de agressividade, ora de profundo recolhimento (isolamento), ora abraçada em seu próprio corpo, ora rejeitando o próprio corpo, sentindo-se "suja". Demonstra conhecimento sexual precoce e impróprio para sua idade, masturbação compulsiva, exibicionismo, problema de identidade sexual e sociais.

Existe um Manual de Prevenção do Abuso Sexual publicado por Save the Children (Salvem as Crianças), que mostra as consequências a curto e a longo prazo desse abuso.

O papel da família é essencial na recuperação física e emocional da criança vítima de abuso sexual. É necessário acolher a essa criança com muito amor, buscando restituir-lhe, pouco a pouco, a confiança e a auto-estima perdida. É preciso validar seus sentimentos, oferecer segurança para que ela possa contar sobre o que aconteceu, evitando, assim, a perpetuação do abuso. A ajuda de psicólogos e orientadores nesta área é imprescindível. Não descuidando do estudo do Evangelho no Lar, que sempre consola e liberta, pois, que, ensina o perdão e o auto-perdão, auxiliando na sua nova caminhada.

A família existe para este fim, aprender o amor como nos ensinou Jesus. Que Assim Seja!

Luz e Amor!





"Então, chegando-se Pedro a Ele, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Respondendo-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas que até setenta vezes sete vezes" (Mateus, XVIII: 15, 21-22)
(Bem-Aventurados os Misericordiosos, cap. X; 3. O Evengelho Segundo o Espiritismo)






















quinta-feira, 3 de março de 2016

O MILAGRE DA FÉ



Em 01/03/2016; às 11:00 h e 0:30 min.

Hoje venho render graças ao Senhor meu Deus, por vossa misericórdia, deixando registrado aqui o meu testemunho de bem-aventurança, e agradecer a todos, amigos e irmãos, as preces recebidas. Percebo com maior clareza, que até mesmo em situações caóticas está a perfeição de Deus. É preciso ter FÉ!

Um mês após realização da cirurgia para retirada do tumor de mama, recebi o resultado da biópsia. Como colocou a própria médica, " _ contrariando todo o diagnóstico médico, nada foi encontrado no exame do material em laboratório". Até mesmo o resultado da primeira biópsia "tumor por infecção por fungos", foi agora descartado. Não encontrando uma resposta, o material seguiu para outro laboratório, de análise química. 

Saí do consultório irradiando alegria e fé: _ Jesus me curou! Que todos resultados continuem contrariando as prerrogativas médicas!

Contei de imediato para minha filha, que, antecedendo a consulta, havia recebido uma mensagem em sonho, do meu Amigo Protetor, para que eu não me preocupasse, pois havia muitas pessoas orando por mim. Ela mesma esteve em Aparecida (S/P), no dia de sua homenagem (12 de Outubro) para pedir pela minha cura e, trouxe-me umas pílulas do Santuário de Frei Galvão, rogando por sua intercessão, o que acolhi de bom coração. Ainda mais que ela fez a promessa de me levar até lá, como reconhecimento da graça alcançada.

Passou-se mais um mês, agora, eu já bem mais confiante na misericórdia divina, e recuperada da cirurgia, fui recebida pela médica, que, com a expressão de surpresa, mais uma vez não conseguia explicar o que havia acontecido com a minha suposta doença. Os exames clínicos e ultrassom mamário comprovam as característica malignas do tumor, até então, "tumor", pois que, em última análise, concluiu a médica: "_ Nem tumor era...!".

Resultado final da análise laboratorial: "fibralgia dermatoide".  

"_ Nem mesmo é de mama!", exclamou ela, encaminhando-me para uma consulta com o dermatologista, para melhor esclarecimento.

Pasmem! A médica é renomada em câncer de mama, em um Hospital de referência na cidade (Hospital Aristides Maltes - HAM). De início, diante dos exames, pediu que se abrisse um "estudo de caso", tirou-se fotos, fez-se punção, tudo por conta das características observadas no suposto tumor e pela região encontrado, sem a menor dúvida do que ali havia sido diagnosticado. 

Ainda no Centro Cirúrgico, junto a equipe médica, continuara a tratar como câncer, observando o aumento do nódulo e da retração do tecido. Parecia não mais haver dúvidas quanto ao diagnóstico inicial. Agora, ela me olhava perplexa diante dos resultados encontrados em análise, como se buscasse em mim, uma resposta que a fizesse entender o ocorrido. Eu apenas senti uma enorme vontade de sorrir, sorrir... e sorrir. E, assim deixei o consultório, a sorrir e agradecida.

Disseram-me para que processasse a médica, afinal, ela errou no diagnóstico, fez-me acreditar que estava com câncer, causando-me profundo transtorno emocional. Se já não fosse um pouquinho mais espiritualizada, poderia até mesmo ter tentado contra a minha própria vida, naquele momento, pois já vinha fragilizada do tratamento anterior na face.

Contudo, eu não vejo erro algum em seu diagnóstico, os exames comprovavam o que, por sua experiência profissional, acreditava conhecer. Era notório da equipe médica a infecção cancerígena. Eu havia sido encaminhada para tratamento justamente pela suspeita do médico ginecologista com relação ao tumor. Ou seja, tudo contribuíra para este diagnóstico. Talvez, o que lhe faltasse fosse conhecimento sobre as manifestações espirituais

Creio nas mãos de Deus sobre todas as coisas, na manifestação divina. Confio no poder da fé e da prece. Creio na existência de Espíritos Benfeitores atuando como auxiliares invisíveis, mas notáveis, do nosso médico maior, Jesus Cristo. Entendo que os homens são apenas instrumentos da vontade do Pai Celeste. Creio, também, que o auto perdão cura. No meio a tempestade, atirei-me no barco com Jesus, sem me importar onde iríamos aportar, pois, sentia que com Ele, aonde quer que fosse, estaria salva.

Eu não pedia que me curasse o tumor. Em minhas orações, em prantos, suplicava-Lhe que me curasse de um mal muito maior, que percebi com a doença: o de não conseguir dissipar as mágoas por minha mãe ter me rejeitado desde o ventre. 

O suposto câncer colocou-me em contado com a minha dor mais profunda, aquela que, até então, gostaria de negar em mim, mas que me corroía a alma como um câncer terminal. Só pude perceber a minha doença moral, quando olhei sem medo a minha dor verdadeira. E, nela, eu via a minha mãe, e pensava comigo:

_ Ela vai tripudiar de mim. Enfim, ela vai se sentir vitoriosa. Eu não quero ela perto de mim! Eu não quero que ela me veja assim!

Gritava desesperadamente a minha alma, num soluçar compulsivo.

Neste momento, em conflito com a minha própria existência, percebi o quanto era grande a minha dor e a minha mágoa. Eu não me perdoava por não chegar até o coração dela e, o pior, sem conhecer o por quê. Eu não a perdoava por incutir em mim, este sentimento tão cruel que quase ceifou a minha existência terrena: o sentimento de rejeição.

Por carregar este sentimento, não conseguia confiar no que sou e nem me permitir o amor. Então, aquele nódulo no corpo físico já não representava nada, eu sabia que conseguiria superar as sequelas que ele poderia me deixar. Mas, vencer os "nós" da mágoa, da culpa, da rejeição... estes somente com Jesus curando-me. E, foi neste instante que não mais pedi pela cura do meu corpo físico, mas, pela cura da minha alma já despedaçada. 

Fui buscar auxílio na Casa Espírita, e, mais uma vez, fui encaminhada para a cirurgia espiritual, onde confrontei diretamente com a minha dor. Encontrava-me completamente desequilibrada diante a possibilidade de depender de algum cuidado materno, caso a doença se confirmasse. Eu sentia que ela jamais estaria ao meu lado, a não ser para se comprazer do meu pesar e, era muito sofrível sentir esse desprezo por ela. Não, definitivamente, eu não queria vê-la maldizendo a minha vida. Eu não teria forças para enfrentá-la com o seu escárnio. Eu não sobreviveria!

Somente após está anamnese espiritual, e pela fé na misericórdia divina, pude encontrar o equilíbrio e a resignação necessários para que a Espiritualidade Maior pudesse imantar o meu corpo astral e prover a minha cura. O magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé, quando posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos estranhos que, antigamente, foram qualificados de milagres. A fé é humana e Divina (E. S. E., cap. XIX: 12).

Até o presente, a fé só foi compreendida no seu sentido religioso, porque o Cristo a revelou como poderosa alavanca, e porque nele só viram um chefe de religião. Mas o Cristo, que realizou verdadeiros milagres, mostrou, por esses mesmos milagres, quanto pode o homem que tem fé, ou seja, vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode realizar-se a si mesma. Os apóstolos também não fizeram milagres? Ora, o que eram esses milagres, senão os efeitos naturais de uma causa desconhecida dos homens de então, mas hoje em grande parte explicada, e que será completamente compreendida pela estudo do Espiritismo e do Magnetismo (E. S. E., cap. XIX: 12).

 "...E o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora." (João 6: 37).

A Doutrina Espírita, mais uma vez, não me permitiu sucumbir em meio as minhas fraquezas e sofrimento, mostrando-me o quanto é necessário se autoconhecer para remover o mal que habita em nós. A dor, como ensinam os Benfeitores Espirituais, são remédios para o nosso Espírito. A doença é um depurativo. O corpo é um grande filtro das doenças do Espírito. A dor observada pelos efeitos finais que produz em qualquer drama, pode ser definida como um chamamento à responsabilidade e à construção da felicidade.

A mudança se dá de dentro para fora. Dizem que, aquele não muda pela dor é porque não sofreu o suficiente. Quando nos damos conta das nossas dores mais íntimas, esses "nós" (da mágoa, da culpa, etc.) começam a desatar. Enquanto não desatamos esses "nós", reencarnaremos até que o nosso Espírito se purifique.

"E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor." (Efésios, 6:4).

Parafraseando  Emmanuel, em sua obra "Vinha de Luz", psicografada por Francisco C. Xavier, cap. 135, Assumir compromissos na paternidade e na maternidade constitui engrandecimento do espírito, sempre que o homem e a mulher lhes compreendam o caráter divino. Infelizmente, o Planeta ainda apresenta enorme porcentagem de criaturas mal avisadas relativamente a esses sublimes atributos. (...) Os filhos são as obras preciosas que o Senhor lhes confia às mãos, solicitando-lhes cooperação amorosa e eficiente.

"Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais, no Senhor, porque isto é justo." (Efésios, 6:1).

Segundo Emmanuel, não somente os pais humanos estão cercados de obrigações, mas igualmente os filhos, que necessitam vigiar a si mesmos, com singular atenção. Os filhos estão marcados por divinos deveres, junto daqueles aos quais foram confiados pelo Supremo Senhor, na senda humana. (EMMANUEL: 136).

Em consonância com os ensinamentos do Evangelho, certos pais, é verdade, descuidam dos seus deveres, e não são para os filhos o que deviam ser. Mas é a Deus que cumpre puni-los, e não aos filhos. Não cabe a estes censurá-los, pois que talvez eles mesmos fizeram por merecê-los assim. Se a caridade estabelece como lei que devemos pagar o mal com o bem, ser indulgentes para as imperfeições alheias, não maldizer o próximo, esquecer e perdoar as ofensas, e amar até mesmo os inimigos, quanto essa obrigação se faz ainda maior, em relação aos pais! (E.S.E., cap. XIV; 3).

Segundo a Doutrina Espírita, nós filhos somos mais devedores de nossos pais. "Cada filho tem os pais que merece". No entanto, é indispensável cuidar-se do filho não descer a satisfazer a insensatez ou falta de escrúpulos dos pais, porque estes se furtam à claridade do progresso espiritual. Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso e perverso é o pai inconsciente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica. (EMMANUEL: 136).

Desde então, não mais pensei em minha mãe com qualquer sentimento de mágoa ou culpa. A iminência da morte prematura (o câncer nos remete a isso), e a esperança de vencê-la, fez-me repensar meus sentimentos. Conforme o Evangelho Segundo o Espiritismo, "a fé, divina inspiração de Deus, desperta todos os sentimentos que conduzem o homem ao bem: é a base da regeneração. é, pois, necessário, que essa base seja forte e durável, pois se a menor dúvida puder abalá-la, que será do edifício que construistes sobre ela?" (E. S. E., cap. XIX; 11). A verdadeira fé, aliada a prece, é o remédio mais poderoso contra todo o mal.

"_ Por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que haveis de ter, e que assim vos sucederão" (Marcos, XI: 24).

Como ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo, a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o ser a que nos dirigimos. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Podemos orar por nós mesmos e pelos outros. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para Deus. Quando oramos para outros seres, e não para Deus, aqueles nos servem apenas de intermediários, de intercessores, porque nada pode ser feito sem a vontade de Deus. Pela prece, o homem atrai o concurso dos Bons Espíritos, que o vem sustentar nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. (E. S. E.).

Contudo, a prece deve ser seguida de ação, de atitude, de vontade de mudar positivamente o nosso comportamento, nossa postura, o desejo sincero de proceder melhor a cada dia, de modo continuado e permanente, tornando-nos pessoas voltadas para o bem. Dessa forma, renunciar a prece é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar para si mesmo a Sua assistência; e para os outros, o bem que se poderia fazer.

Que Assim Seja!

Luz e Amor!


 "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (N.T. João 3: 16).




terça-feira, 1 de março de 2016

TOME POSSE DE SUAS BENÇÃOS



Em 12/10/2015; às 11:00 h e 0:30 min.

Hoje, orando por minha saúde, veio-me a inspiração de escrever esta postagem.

Recebi o 1º diagnóstico médico: "Neoplasia Maligna do Quadrante Superior". Ainda com o resultado da biopsia acusando um "tumor por infecção por fungos" (o que não revela se maligno ou não), a médica não descartou a suspeita de câncer, de acordo com as análises dos exames clínicos e ultrassom. Somente após a retirada do tumor por cirurgia e análise em laboratório do material, será possível um diagnóstico mais preciso, mas, à princípio, mantêm-se o diagnóstico inicial. Farei como sugeriu a médica: "_ Continue orando!"

Nesta data, 12 de Outubro, comemoramos o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Desde muito pequena, ainda engatinhando, lembro-me de ficar parada frente a imagem de Nossa Senhora, que ficava na sala de estar. Era uma imagem feita de gesso, grande, com uma lâmpada que permanecia diariamente acesa aos seus pés. Eu fixava meu olhar sobre o olhar dela, e tinha a impressão de uma lágrima descer-lhe no canto dos olhos. Cresci buscando sempre o seu olhar, mesmo quando não mais existia a imagem de gesso na sala. Rogo-lhe, até hoje, que nunca desista de mim, ainda que todos desistam, pois, estando ao meu lado, eu também não desistirei. 

Eu nunca temi a morte. Vejo a morte como parte do ciclo da vida, o qual ninguém pode escapar e trago a consciência de que haverá alguém especial, esperando-me para atravessar o canal de volta, creio que a vida continua, tanto para os que ficam, quanto para os que partem. Desde cedo, compreendo que a vida terrena, por mais longa que pareça, é um breve sopro da misericórdia Divina. Como bem colocou Joanna de Ângelis, "a existência física não passa de uma estação temporária".

Segundo a Benfeitora Espiritual, "tudo quando nasce morre, é a Lei. Contudo, em outro estado vibratório a vida prossegue" (Joanna de Ângelis).

Lembro-me que desde os meus sete anos de idade, esperava por uma luz que desceria da Lua Cheia, formaria um grande círculo no chão, e Ele, meu Benfeitor Espiritual, viria buscar-me. Aos sete anos não tinha uma definição de Espírito, éramos todos iguais, encarnados e desencarnados. Corri muitas vezes para o quintal, em noite de Lua Cheia, com essa mesma esperança. Confesso, ainda hoje sou meio lunática, e, olho a Lua Cheia no Céu com a paz de quem confia no invisível. Está sou eu!

Penso que no plano terreno cada qual nasce com seu dom. Não sou especial, porque especial todos somos para Deus, e todos somos seres de luz, porque simplesmente nascemos da luz do Criador. Somos centelha do seu amor. Desejo, simplesmente, passar a todos os amigos e irmãos, que, por mais que tudo possa fugir à nossa compreensão e controle, Deus tem um propósito na vida de cada um. Tudo tem uma função no Universo, e o que não tem serventia deixa de existir. Deus é Inteligência Cósmica, por isso, nada acontece por um acaso. Não se aflija por não entender o por quê das coisas, nem lamente a sua sorte. Em qualquer situação, confie em Deus, servindo em seus propósitos com alegria e resignação. E creia, "Deus está no controle!".

Estou buscando manter o meu pensamento no bom para me acontecer o melhor. Mas, o que é o melhor para Deus? É por desconhecer os desígnios do Altíssimo que rogo que seja feita a vontade do Pai, e não a minha. Quem pode afirmar que o melhor não seja passar pela enfermidade? Muitas doenças, como afirmam os Benfeitores Espirituais, veem como uma forma de purificação para o Espírito. Então, como pedir para que não esteja doente? Que seja o melhor para mim!

Confio no amor do Pai e sei que Ele está no controle de tudo em nossas vidas, e nem tudo é mal como acreditamos ser. A minha oração maior tem sido para que Jesus me cure não somente o nódulo físico (tumor), mas, que me cure os nódulos da alma: a mágoa, a culpa, a rejeição... Esses sim, hoje diante do diagnóstico, percebo que estão me matando por dentro.

Para mim, ter fé não significa ignorar as evidências e embarcar nas ilusões da mente, a fé precisa ser raciocinada, como ensina a Doutrina Espírita. Logo, não importa o tamanho da tempestade em que meu barco se envolveu, sei que Jesus está comigo, como Ele mesmo prometeu, e, eu vou vencer mais esta tempestade. Manter-se sereno e confiante não é ficar ausente da realidade, mas, percebê-la e buscar agir dando o melhor de si naquela situação, acreditando firmemente na vitória pela intercessão do Cristo.

Conquanto, interceder não é interferir na vontade do Pai, mas, prover o auxílio necessário, material e espiritual, para que, seja qual for a vontade de Deus, possamos vencer as nossas provas. Milagres sou eu quem realizo quando suportando e obedecendo a vontade de Deus, transformo tudo em bem. Estar voltado para o bem, ainda quando tudo parece ruir em nosso caminho, resignado e agradecido, esse é o verdadeiro milagre da transformação. As dores são supridas à medida em que me fortaleço no amor de Deus. Isso não é milagre, e sim, causa e efeito. Se a evolução já se cumpriu dentro da programação Divina, então, cessam-se as provas.  

"... Eis que a mão do Senhor não está encolhida" (Isaías, 59:1).

Milagre é benção que nos chega de várias maneiras, é a manifestação da providência divina. É preciso aprender a tomar posse das bençãos divinas que, muitas vezes, manifestam-se através dos remédios, por uma ou mais cirurgias, por um diagnóstico preciso, ou, até mesmo pelo poder de Jesus Cristo. Quantos são os que ainda nem chegaram a um diagnóstico?

Tive a esperança, algumas vezes, de que Deus me fizesse uma concessão abrandando a minha pena, já que tudo está programado e não determinado em nossa vida e, que, "a caridade cobre uma multidão de pecados". Porém, a própria reencarnação já é uma concessão do Altíssimo. Eu poderia ter sofrido muito mais se não fosse a misericórdia do Pai.

"Quem quiser me seguir, esqueça de si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". Jesus não disse que iria carregar a cruz de ninguém, e nem prometeu que não haveria sofrimento, apenas ensina que com Ele o fardo se torna mais leve. Basta confiar em Deus, e tudo mais Ele proverá.

Por isso, não se desgaste diante das circunstâncias difíceis que a vida lhe apresentar. Não diga: "_ nada para mim dá certo", pois, tudo está certo, apesar da nossa pouca visão física. Não se culpe porque não fez isso ou deixou de ser aquilo. Tudo é como tem que ser, e cada um está onde tem que estar, onde lhe é mais útil. Deus está no controle de tudo, e Jesus está no leme, governando o grande barco da vida para que a gente não afunde nas tempestades. "Eu sou contigo!" (Jesus).

"Crer é acreditar que Jesus está no leme, ter fé é subir no barco com Jesus". Que Assim Seja!

Luz e amor!



"E chamando a si o povo, com seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quiser seguir, negue-se-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perde-la-á, mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois de que aproveitará ao homem, se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos, VIII: 34-36 e semelhante em Mateus, X: 39, e João, XII: 24-25).

(Não Por a Candeia Debaixo do Alqueire, cap. XXIV; 18. O Evangelho Segundo o Espiritismo).