sábado, 30 de agosto de 2014

AFINIDADE E AMOR


Em 30-08-2014; às 11hs e 50mt.


Esses últimos dias fiquei reflexionando sobre afinidade e amor. Comumente, não são as alegrias que nos fazem refletir sobre a nossa existência terrena, mas, as tristezas, por isso elas existem, senão passaríamos pela vida sem nada aprender. Assim como todos nossos vícios. Eles são necessários para que através deles reflitamos sobre o que verdadeiramente somos, a que viemos e o que nos aguarda, questionamentos estes, todos sem respostas aparentes. São respostas guardadas pelo Pai Celeste. Somente Deus as conhece profundamente, não nos cabendo indagá-Lo, apenas, submetermo-nos à sua vontade. Compreendendo, apenas, que estamos todos aqui para evoluir moral e espiritualmente. 

Os vícios e o sofrimento são instrumentos de aprimoramento moral, permitidos pelo Pai que está no Céu. Muitas vezes, é preciso chegar ao fim do poço para poder subir. O alcoolismo, as drogas, o sexo, os jogos são meios necessários para que o Espírito, ainda rebelde, através deles conheça a dor de abusar do livre-arbítrio e, redimido, volte aos braços do Pai Celeste. Até o livre-arbítrio é circunscrito pela vontade do Altíssimo. Por isso, não devemos julgar, nem negar auxílio a nenhum desses irmãos, nem aos criminosos, porque eles precisam passar por este estágio e se render ao amor sublime. Um dia todos atingiremos os mundos angelicais, essa é a proposta da reencarnação. 

Muitas vezes, ficamos tristes com um irmão drogado ou homicida, porque não o queríamos sob o mesmo teto, então, sofremos. Aceitá-los é cumprir com as responsabilidades assumidas antes mesmo da reencarnação. Amá-los é caridade. "Cedo ou tarde, compreenderão que a satisfação das paixões brutais tem para eles consequências deploráveis, que suportarão durante um tempo que lhes parecerá eterno. Deus poderá deixá-los nesse estado até que compreendam suas faltas e peçam, por si mesmos, os meios de resgatá-las em provas vantajosas" (L.E. questão 265). Outras vezes, nos sentimos preteridos por nossos pais, e sofremos repudiando àquela família. Contudo, a família corpórea é um grande laboratório para experienciarmos o amor. Não podendo voltar atrás quando já estamos comprometidos, lamentamos arrependidos das nossas escolhas. 

O professor Allan Kardec pergunta aos Espíritos Benfeitores, no Livro dos Espíritos, questão 269: "_ O Espírito pode enganar-se quanto à eficiência da prova que escolheu?". Eis o que responde os Espíritos à Kardec: "_ Pode escolher uma que esteja acima de suas forças e, então, sucumbe; pode, também, escolher uma que não lhe dê proveito algum, como ocorre quando prefere um gênero de vida ociosa e inútil. Nesse caso, uma vez de volta ao mundo dos Espíritos, ele percebe que nada ganhou e pede outra existência para reparar o tempo perdido".

O Evangelho Segundo o Espiritismo revela que existe a família corpórea e a família espiritual, ou seja, consanguinea e afins. Alguns Espíritos estão unidos em uma mesma família apenas pelo laço de sangue. Não existe ali, nenhuma afinidade. O que explica muitos irmãos não se sentirem como irmãos e muitos pais não se identificarem com certos filhos. E, os laços se romperem. Não existe nesta família um vínculo afetivo. Afeto é sentimento, e o sentimento é do Espírito. O corpo procede do corpo, mas, o Espírito não procede do Espírito, porque este já existia antes da formação do corpo (E.S.E., cap.XIV; 8). O laço espiritual é eterno, encarnados ou desencarnados, os Espíritos estão sempre próximos. Porém, o que nasce do corpo se encerra com o corpo. 

"Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos. Duráveis somente são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no Céu" (E.S.E., cap. IV; 18).

Conquanto, afinidade não é amor. Espíritos podem se unir em uma mesma família por outros motivos, não tão singelos. Assim como o amor, o ódio também pode unir Espíritos numa mesma família. Por isso, Jesus adverte: "Concerta-se sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele ..." (E.S.E., cap. X; 5). O Espírito, sendo imortal, leva consigo todas as impressões terrenas, boas e más, afetos e desafetos. E podem permanecer próximos tanto pelo afeto quanto pelo desafeto. Daí, também, compreender que existe sim, entre os filhos, aquele preferido pela mãe (maior afinidade). Os Espíritos estão mais próximos entre si quanto maior a afinidade. Ou seja, não é falta de amor por este ou por aquele filho, é a maior ou menor afinidade com um, em relação ao outro, que os coloca em maior sintonia (aproximação). 

Quando se compartilha dos mesmos ideais, das mesmas vontades e desejos, ou de amor ou de vingança, é muito mais fácil conviver em um mesmo espaço. "Nossa alma vive onde se lhe situa o coração. Caminharemos ao influxo das nossas criações, seja onde for" (André Luiz). Quando as ideias são contrárias, entram em choque, repelem-se inevitavelmente, pois que, o pensamento é energia, e as energias, ou elas se repelem ou se atraem. O pensamento é uma força propulsora. Daí, certas pessoas não se unirem, mesmo sendo irmãos, ou, filhos, estes não buscam as mesmas coisas, ou, se buscam, agem de forma diferente. Os sentimentos não se assemelham. Enfim, não existe entre eles essa afinidade que os coloquem em sintonia. 

Suely Caldas Schumbert, em sua obra "Mentes Interconectadas e a Lei de Atração", esclarece que "há sintonia quando uma onda mental encontra ressonância em um campo vibratório equivalente, sendo captada por um receptor da mesma frequência". Em outras palavras, as pessoas que compartilham dos mesmos pensamentos se interconectam pelas leis da afinidade, dessa forma, vibram na mesma sintonia, mesma zona vibratória, tanto para a felicidade, o bem, quanto para o mal, a infelicidade. Logo, afinidade e sintonia também não têm o mesmo significado. Afinidade é uma premissa necessária para que se estabeleça a sintonia. A obsessão nada mais é do que a união de Espíritos afins, ligados uns aos outros pelas próprias inferioridade morais. 

Conforme esclarece André Luiz (Domínios da Mediunidade): "Imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devemos receber. Quem  apenas mentaliza angústia e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da própria alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?".

Quando não há uma afinidade entre os Espíritos, não há trocas. É como dizer: "o que você tem não me serve". Isso implica dizer que cada um vai para um lado (faixa), levando o que é seu, e, isso corrobora para que os laços se rompam. Não é inexorável querer-se mal. Não é por não comungar das mesmas ideias ou sentimentos que não se possa estabelecer um vínculo afetivo, ou, respeitar o outro. Ideias diferentes podem conviver juntas através do respeito mútuo, como acontece no mundo dos Espíritos Puros. Este respeito é dado pela condição moral do Espírito, "respeito não se impõe, conquista-se". Quando se aprende a amar, mesmo não concordando com os ideais, modo de pensar ou sentir, continua-se amando o outro. O amor é uma conquista do Espírito, lembrando que o Espírito não regride.

A desunião acontece quando um busca no outro um aliado e vê-se frustrado em suas tentativas. Ele deseja impor a sua vontade e, contrariado, se insurge contra o o outro. Decorre, então as desavenças ou desafetos, os desenlaces familiares, e, a própria obsessão, pois que, sendo o transtorno do Espírito, pode seguir para outras existências, tanto física quanto espiritual. Como podemos verificar no Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, existe obsessão de desencarnados para desencarnados.

A influência dos Espíritos em nossa vida é determinada pela nossa sintonia com cada um deles, através do nosso pensamento repleto de negatividade e maus sentimentos. Mas, podemos também nos interconectar com Espíritos Superiores, buscando elevar o nosso padrão vibratório com pensamentos de amor e paz. Construindo pensamentos positivos podemos construir uma ponte direta com a Espiritualidade Maior, que está sempre pronta para nos acolher e guiar os nossos caminhos. "Ninguém foge aos princípios de causa e efeito, mas ninguém está privado da liberdade de renovar o próprio caminho, renovando a si mesmo" (André Luiz). Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo; Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque, se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também assim? E se saudares somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus" (Mateus, V;20, 43-47).
(Amai os Vossos Inimigos, cap. XII;1.O Evangelho Segundo o Espiritismo)