domingo, 30 de junho de 2013

O Espírito diante mortes violentas ou súbitas




Em 10-06-2013; às 07hs e 30mint.

O trabalho de desobsessão na noite anterior foi intensivo. Os assistidos direcionados ao nosso grupo de atendimento fraterno foram vítimas de mortes violentas ou súbitas. A cada trabalho é nos reservado um atendimento específico. O preparo para o trabalho de desobsessão na Casa Espírita começa muito antes no plano espiritual, atendendo a afinidade (sintonia) do Espírito comunicante com o médium e, a finalidade de cada atendimento fraterno.

Há trabalhos em que auxiliamos Espíritos perversos, em outros, Espíritos sofredores. Por sofredores entende-se Espíritos doentes que não compreendem o seu estágio atual, o desencarne, especialmente, os que deixaram seus corpos físicos de forma abrupta, ou, por suicídio. São mais ignorantes do que maus. Não há desejo de vingança, nem ódio, apenas não percebem sua nova condição de Espíritos desencarnados.

No caso do suicídio, responsável por quase metade de todas as mortes violentas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, seu corpo fluídico (perispírito) ainda é grosseiro. O suicida não se percebe desencarnado porque o seu corpo fluídico continua exatamente igual ao corpo físico. Daí ele sentir, a todo instante, o momento em que matou o corpo orgânico. Se por enforcamento, sente-se asfixiado, se por atirar-se no trilho de um trem, sente o corpo esfacelado, e tenta, segundo relatos, apanhar cada pedacinho. O suicídio é uma tentativa vã de morte, porque a morte não existe. Um estudo mais profundo sobre o tema é trazido pela autora Yvone do Amaral Pereira, em "Memórias de um Suicida".

Os Espíritos perversos o são conscientes. São cruéis e trazem em si o desejo de vingança, estão dispostos para o mal e no mal se comprazem. São mais difíceis de auxiliar através do diálogo fraterno, pois que, são Espíritos endurecidos. Os Benfeitores esclarecem que Espíritos perversos precisam ser tratados de forma mais severa, por causa da sua condição moral, mas, sempre com benevolência. Entre estes, encontram-se duas castas de Espíritos: os Magos Negros e Dragões.

Estudos feitos pelo Espírito Emmanuel apontam para a afirmativa de que os Magos Negros são seres proscritos do Sistema Capela, onde seus habitantes altamente evoluídos, conduziram o planeta a um nível mais elevado, de regeneração e benesses (...) Dotados de grande poder intelectual e mental, recusaram-se a tomar o corpo físico rudimentar dos habitantes da Terra daquelas longínquas eras, e se mantiveram na espiritualidade. Como fugir às Leis naturais têm um preço, “venderam” sua alma, preferindo, ao invés do caminho de evolução através das provas e reencarnações, o acumular poder à custa de outros, e em vez de subirem aos cumes da Luz, desceram aos abismos das trevas (A Caminho da Luz, por Francisco Cândido Xavier)

Robson Pinheiro coloca que a ação mais comum desses seres tenebrosos é implantar elementais ou espíritos escravos dentro do nosso corpo astral. Atuam através dos cascões espirituais - onde sequestram o perispírito de espíritos encarnados e acoplam dentro destes ovóides ou vibriões - são programados para nos causar toda a sorte de males: morbidez, medo, agressividade, remorso, entre outros. (PINHEIRO, Senhores da Escuridão. Pelo espírito Ângelo Inácio. - Contagem. Casa dos Espíritos Ed., 2008) (Trechos extraídos: shamballacidadedeluz,no.comunidades.net/. Acesso em 29-06-2013).

Kardec pergunta aos Benfeitores: “Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? (Livro dos Espíritos, questão 932 ). Responde o Espírito da Verdade: Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” 

Creio, na minha ignorância, que essas legiões de Espíritos não são tratadas, hoje, na maioria das Casas Espíritas, e quando são, não nas salas de mediúnicas, pelo alto grau de complexidade e sofisticação da obsessão promovida por estes Espíritos. Bem como, pelo excesso de "disciplina" que atualmente "engessa" as comunicações mediúnicas. Pouco se ouvem os Espíritos comunicantes no trabalho de desobsessão devido as demandas no atendimento fraterno. Os Espíritos perversos não aceitam o diálogo fraterno pacificamente e nem se "convertem" (na falta de uma expressão adequada) em poucos minutos de atendimento fraterno. Os Espíritos perversos não aceitam, de bom grado, ser tratados por "irmãos", como se faz com os sofredores. Por estas condições, acredito serem atendidos nos Centros Espíritas apenas os seus subalternos (representantes).

Ultimamente, o escritor Robson Pinheiro tem dedicado quase a totalidade de seus livros a denunciar, esclarecer e combater a ação dos Magos Negros, ou dragões, como alguns chamam. Outros autores os têm citado, como no livro “Libertação”, ditado por André Luiz a Chico Xavier. Também outros como Rubens Saraceni, Roger Bottini Paranhos, Roger Feraudy. Porém, não é o objetivo dessa reflexão.

Segundo Suely Caldas Schumbert (Obsessão/Desobsessão, terceira parte, cap. 2), "André Luiz relata que um número de criaturas, ao abandonar a veste carnal, mostram-se inconformadas com a nova situação que enfrentam e são tomadas de mórbida saudade do ambiente terrestre, ansiando a todo custo pelo contato com as pessoas encarnadas, de cujo calor humano sentem falta. A sala onde se realizam os trabalhos mediúnicos representa para tais seres a possibilidade de entrarem em contato com os que ainda estão na Terra e de receber destes as vibrações magnéticas de que carecem"

Quando o desencarne acontece de forma violenta ou súbita, o Espírito ainda não preparado para o desenlace material, sofre um certo esquecimento de si mesmo e entra em profunda perturbação psíquica (surto psíquico). Em um atendimento fraterno pude perceber a sensação que o Espírito vivencia após um desencarne súbito. Não havia nada em sua mente, a mínima lembrança de si, apenas um vácuo. A percepção de estar despido do envoltório corpóreo faz o Espírito parecer não ser mais uma parte integrante no Universo, mas, o Universo em si mesmo. É angustiante a "sensação de espaço vazio", já que o corpo, aquilo que ocupa o espaço, que antes cerceava seu limite, ou seja, delimitava a sua existência terrena, agora, não mais existe. Digo "sensação" de espaço vazio, pois que, segundo os Espíritos, o vazio absoluto não existe, "o que te parece vazio está ocupado por uma matéria que escapa aos teus sentidos e instrumentos" (L. E., Q. 36, livro I, cap. II).

Assim, quando esgota-se o fluido vital, o corpo orgânico se decompõe e o Espírito, agora despojado do invólucro corpóreo, reintegra-se ao Fluido Cósmico Universal, que é o princípio de tudo. Quando o Espírito está preparado para o retorno à Pátria Espiritual, o rompimento do cordão que liga o corpo físico ao perispírito não lhe agride tanto a psique, quanto na morte abrupta. O Espírito despreparado sofre intensamente. O corpo físico lhe dá um limite, uma dimensão no Universo. Com a perda do corpo físico, o Espaço toma uma dimensão imensurável. Essa extensão ilimitada do Universo causa ao Espírito profundo pavor, um sentimento de não mais existir individualmente. Ora, mas o que são os Espíritos, senão as almas dos homens despojadas do invólucro corpóreo!

"Os Espíritos são precisamente as almas que povoam os Espaço" (L. M., cap. I).

Tudo que existe de material é uma derivação do Fluido Cósmico Universal. É desse fluido que o Espírito forma o seu invólucro semi material - o perispírito. Para se compreender essas sensações percebidas pelos Espíritos, é preciso, antes, compreender um pouco mais sobre as propriedades do perispírito, como esclarece Allan Kardec: "a natureza trina do Espírito", no Livro dos Médiuns, itens 54, 55 e 56.

O ser encarnado é um ser trino, composto de alma, perispírito e corpo. Ao desencarnar é um ser dual: alma e perispírito (L. E., Q. 135) .

A alma é, por assim dizer, foco de luz. O perispírito é a sua projeção. O corpo é o invólucro grosseiro (material) que o Espírito se veste transitoriamente. A alma é a essência divina do Espírito que todos nós somos. É o ser pensante. É o que permanece vivo existente no Universo. Esse ser sempre irá evoluir até tornar-se Espírito puro e, que, ainda assim, continuará a evoluir até a perfeição. Lembrando que a perfeição é relativa. Somente Deus é perfeito.

O perispírito é o envoltório sutil e perene da alma que possibilita a sua interação com os meios espiritual e físico. É esse envoltório que liga o Espírito ao corpo. Quando há morte, é só do corpo, o Espírito continua vivo, assim como o seu perispírito. O perispírito é incorpóreo, não imaterial. O perispírito é matéria, assim como o corpo é matéria, em estado diferente. É menos materializado (semi-condensado) e mais energizado do que o corpo. O Espírito, propriamente dito, é princípio intelectual e moral. O perispírito não pensa, ele faz parte do Espírito, mas, não é o Espírito. O perispírito não sub existe sozinho como forma pensamento, à parte.

O processo de desencarne (o desligamento do cordão fluídico) é o mesmo para todos os Espíritos. "Morrendo o ser orgânico, os elementos que o compõem experimentam novas combinações que formam novos seres, os quais tiram da fonte universal o princípio da vida e da atividade, o absorvem e assimilam para devolvê-lo à mesma fonte, quando deixarem de existir" (L. E., Q. 70, livro I, cap. IV). O que lhes difere é a maneira como o Espírito o compreende. Os materialistas, por exemplo, não compreendem a imortalidade do Espírito.

Quando a morte do corpo acontece no momento programado, o Espírito está sendo gradualmente preparado para o rompimento do cordão que liga seu corpo fluídico a matéria. Porém, quando a morte o surpreende brutalmente, ou, através do suicídio, o Espírito, ainda inferior, pois que, o Espírito mais elevado não atenta contra a própria vida, o choque é inevitável. O Espírito sente e o perispírito, como intermediário, transmite os sentimentos que o corpo manifesta. No suicídio, esse processo se dá de forma inversa, o ser mata o corpo e esta morte vai se manifestar no perispírito. O Espírito, neste caso, fica preso a essas sensações. Daí o sofrimento.

É importante ressaltar, como ensina Kardec, que "a quantidade de fluido vital varia de acordo as espécies e não é fator constante, seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie. Existem alguns que são, por assim dizer, saturados, enquanto que outros dispõem apenas de uma quantidade suficiente".

Em O Livro dos Médiuns, item 51, o Espírito Lamennais esclarece: "O que chamam de perispírito não é senão o que outros chamam envoltório material fluídico. Direi, de modo mais lógico, para me fazer compreendido, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das idéias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são de todo inerentes; logo, são, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experimentar, visto que os fluidos terrestres se acham depurados em torno do pensamento, isto é, da alma".

Contudo, segundo os Benfeitores relatam a Kardec, no Livro dos Espíritos,17-49: "O princípio das coisas está no segredo de Deus". O Espiritismo vem para o homem aperfeiçoar-se moralmente. "Quanto mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador; mas, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão". O homem precisa compreender o futuro que o aguarda e através desses ensinamentos animar-se em praticar o bem. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Naquele tempo, respondendo, disse Jesus: Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelastes aos simples e pequeninos" (Mateus, XI; 25).

(Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, cap. VII; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A evolução do Espírito

08-06-2013; às 21hs e 30mint.


 "O Espírito não regride. Então, quando alguém tira a vida do outro não significa dizer que houve uma regressão do Espírito?". 

Esta  foi uma questão levantada no Estudo do Evangelho. Era difícil conceber a ideia de que um Espírito possa ser considerado evoluído tendo transgredido uma Lei de Deus: "Não matarás" (Êxodo, 20:13).

O princípio da encarnação é a progressão do Espírito. O Espírito reencarna na Terra, pela misericórdia Divina, como oportunidade (prova) de evoluir. O Espírito pode estacionar, se assim desejar, com atraso na sua evolução, mas, jamais degenerar. Àquele que hoje pratica um crime, já fez ainda pior em outras existências, em outros sentidos. Em uma nova reencarnação ele poderá não mais matar, mas, ainda poderá praticar outro tipo de delito. Ainda assim representa uma evolução do Espírito. Nós já fomos muito piores do que hoje somos.

Todos somos tentados naquilo que ainda não evoluímos: no orgulho, na vaidade, no egoísmo. "Um homem pode possuir qualidades reais que o fazem, para todo o mundo, um homem de bem. Mas essas qualidades, ainda que sejam um progresso, não suportam sempre certas provas e basta, às vezes, tocar a corda do interesse pessoal, para por o fundo a descoberto" (L.E., cap. XII, questão 895). Porém, esse ser sempre irá crescer. O Espírito nunca para de evoluir no sentido da perfeição, nem mesmo os Espíritos puros. Contudo, a perfeição é relativa. Somente Deus é perfeito.

É comum confundir instrução com evolução. O homem que tem alto grau de instrução é um homem culto, instruído, não necessariamente evoluído espiritualmente. O Espírito evoluído o é moralmente. Não obstante, aculturar-se é crescimento espiritual. A evolução espiritual não é somente religiosa. Ser espiritualizado não é religiosidade. É evolução do ser como um todo. Nem todo homem culto compreende a moral dos ensinamentos aplicados. Há muitos que possuem um excelente cabedal de conhecimento, porém, faltam-lhes compreender a essência das coisas. Desconhecem a sua aplicabilidade na vida prática. Falta-lhes ação. Vê-se, em contra partida, muitos homens pouco letrados, mas, com uma moral elevadíssima. Os bons sentimentos nada lhes custam e suas ações são naturais, sem nenhum esforço. Os Espíritos colocam para Kardec: "A moral sem a ação é a semente sem o trabalho. De que serve a semente se não fazeis frutificar para servir?" (L.E., cap. XII, questão 905). O amor é a essência divina. O amor não está nos livros, o amor está nas pessoas, pois que, Deus está nas pessoas.

Aprender não é sinônimo de compreender. Aprende-se que não se deve matar, mas não se compreende que para não matar, aniquilar o outro, é preciso antes amar: "Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam, mas fazei, pelo contrário, todo o bem que puderdes" (Jesus). A compreensão requer o raciocínio lógico das coisas. É a aplicabilidade racional. O ser racional é aquele que pensa seus atos, reflete antes de agir, consequência da sua evolução moral. Jamais age por instinto em qualquer situação, mantendo a  retidão do caráter, independente do meio. Por mais áspero que o meio se lhe apresente, ele sempre será um Espírito polido, adquiriu a razão sobre as coisas e, consequentemente, o controle sobre si mesmo. "As pessoas que não precisam mais lutar contra sua própria natureza é porque nelas o progresso já está realizado" (L. E., cap. XII, questão 894).

O Espírito que age pelo instinto ainda está a caminho do progresso. As coisas ainda estão acima da razão. O seu afeto apresenta-se egoísta. Não compreende que o próximo não é somente sua família e amigos, mas, toda a humanidade. "O amor é o sentimento por excelência (...) Para avançar em direção ao alvo é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos (...) Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos" (E. S. E., cap. XI; 8). O aperfeiçoamento moral do Espírito é efeito do amor. O Espírito que se movimenta pelo instinto ainda não evoluiu, mesmo possuindo um vasto arcabouço intelectual.

O nosso planeta está destinado ao progresso que virá através do amor sublime. Somente nos mundos superiores os Espíritos encontram-se evoluídos, porque já praticam o amor recíproco: "Amai-vos uns aos outros". Na Terra, estamos todos para aprender a amar. "Amar no sentido profundo do termo, é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros aquilo que se deseja para si mesmo. É buscar em torno de si a razão íntima de todas as dores que acabrunham o próximo, para dar-lhes o alívio" (E.S.E., cap. XI; 10).

Contudo, os Espíritos hoje já encontram-se infinitamente evoluídos do que há cem anos. A humanidade já está se convertendo no amor apesar de não haver uma publicidade, na mídia, sobre essa evolução. Porém, a religião já divulga essa mudança, existe mais gestos de amor e fraternização entre as pessoas. Tanto já estamos melhores que já aceitamos, sem muita repulsa, os novos ensinamentos sobre a liberdade, a fraternidade, para mais tarde conseguirmos aceitar o que ainda não compreendemos. É um avanço e um preparo para um novo porvir. "Grande pensamento de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto no Livro dos Espíritos, produzirá o grande milagre do século futuro, o da reunião de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação desta máxima bem compreendida; Amai muito, para serdes amados!" (E. S. E.). Que Assim Seja!

Luz e Amor!

 "Mas os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca aos suduceus, juntaram-se em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, perguntou-lhe: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Este dois mandamentos contém toda a lei e os profetas" (Mateus, XXII: 34-40)
 (Amar o Próximo como a si mesmo, cap. XI; 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo)