sábado, 19 de abril de 2014

BOA-VONTADE E COMPROMETIMENTO NO TRABALHO COM O BEM


Boa-vontade descobre trabalho.
Trabalho opera a renovação.
Renovação encontra o bem.
O bem revela o espírito de serviço.
O espírito de serviço alcança a compreensão.
A compreensão ganha humildade.
A humildade conquista o amor.
O amor gera a renúncia.
A renúncia atinge a luz.
A luz realiza o aprimoramento próprio.
O aprimoramento próprio santifica o homem.
O homem santificado converte o mundo para Deus.
Caminhando prudentemente, pela simples boa-vontade a criatura alcançará o Divino 
Reino da Luz. 

(Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier)



Em 13-04-2014; às 08:00hs.

Para quê estamos na Terra? É uma questão que nos devemos fazer todos os dias. Muitas vezes, respondemos: "É para evoluir espiritualmente e sermos melhores". Ora acreditamos seja para fazer caridade, ajudar ao "outro". E muitas coisas mais. Uma e outra é verdadeiro, porém, tudo se resume em uma única máxima: "Amar uns aos outros". 

Estamos na Terra para aprendermos a amar, porque em outros momentos não conseguimos. Quando ajudamos o outro estamos praticando a caridade e, consequentemente, evoluindo espiritualmente, tornando-nos melhores. "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Ninguém ama a Deus se não amar a um de seus semelhantes, pois que, somos todos filhos de um mesmo Pai, como enfatiza Jesus, na oração que nos ensinou: "Pai Nosso, que estais no Céu". O Céu, na sua imensidão, cobre a todos, bons e maus.

Todos estamos na Terra para cumprir uma tarefa, executar um trabalho para o nosso próprio desenvolvimento moral e espiritual. Bem como, para contribuir com o progresso de toda a Humanidade. A nossa missão na Terra somos nós mesmos. Mesmo quando acreditamos praticar a caridade com o "outro", a caridade é para conosco mesmo. Nós solicitamos as provas para evoluir. O "outro" é um mero instrumento de que Deus se utiliza para que possamos cumprir o nosso dever - evoluir em Espírito. Como colocou Nazareno Feitosa, somos todos dotados de inteligência, mas, ainda, falta-nos o desenvolvimento moral. 

Os Benfeitores respondem a Kardec, na questão 559, do Livro dos Espíritos:

_ "Todos tem deveres a cumprir. O último dos pedreiros não concorre para construir o edifício tão bem como o arquiteto? 

Ou seja, mesmo os Espíritos inferiores e imperfeitos têm uma tarefa a cumprir, por este motivo é que devemos usar de indulgência com as imperfeições alheias, essas imperfeições podem ser expiações. Estamos todos no plano de oportunidade/avaliação (provas) para expurgar, "depurar" (expiação) as nossas faltas. Ser indulgente com as faltas alheias é praticar caridade e trabalhar no bem. "A caridade cobre uma multidão de pecados".

Por que fazemos caridade?

Emmanuel nos responde a essa questão: "Quando não fazemos o bem pelo amor, façamos pelo dever". 

A Terra é uma escola de preparação espiritual (Emmanuel). Estamos tão distraídos com as coisas materiais que nos esquecemos do trabalho, precisamos ser despertados para o amor, através do trabalho espiritual (Nazareno Feitosa).

Os Espíritos Benfeitores chamam à atenção para a chegada do final da Era Material (final do ciclo). E, Jesus mostra que a obra não está acabada: "Vós sois deuses". "Podereis fazer tudo o que eu faço e muito mais, se o quiserdes ..." (Jesus). Todos somos chamados para a construção desse novo mundo - O Mundo de Regeneração, onde somente os Espíritos evoluídos moralmente irão gozar das alegrias que antecedem o Mundo Feliz. Os Espíritos inferiores, ou seja, aqueles que abusaram do livre-arbítrio, serão degredados para o Mundo Primitivo (plano astral inferior). 

Todos somos chamados para o trabalho: "Vós sois o sal da Terra". É Jesus quem nos chama. Nós é quem vamos dar sabor (temperar) ao nosso trabalho, "se o sal for insípido, com que se há de se salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens" (Mateus 5, 13).

O trabalho tem que trazer alegria não só a quem recebe, mas, a quem o faz. O egoísmo é a causa de muitos obstáculos na Terra para a construção de um mundo melhor. Contudo, "ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra, e não à Humanidade em si mesma" (L.E., Q. 915).

Estamos todos comprometidos com o trabalho no bem. É necessário dar o melhor de si em qualquer situação em que estivermos envolvidos, colocando em ação as nossas capacidades e talentos. Agindo de boa-vontade com as pessoas colocadas em nossos caminhos, em especial, com aquelas mais difíceis de tratar, elas representam um desafio para a nossa capacidade de superação (De Lucca). 

Servir com alegria, pois, "meu jugo (minha lei) é leve...". A lei é de amor.

Assim, Jesus coloca-se ao nosso lado: "No mundo tereis grandes aflições. Tende bom ânimo. Eu venci o mundo". (Jesus). Seja alegre e espontâneo para executar a vontade do Pai Celeste. Ter bom ânimo e alegria para que a transformação aconteça, e não esperar acontecer para que se possa alegrar. O trabalho é renovação, prática no bem, oportunidade para reparar o mal. Não basta se arrepender, é preciso reparar (corrigir) as nossas faltas. "O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolação se não tiverdes coragem" (E.S.E., cap. V; 18). 

"O importante do trabalho é trabalhar". Não se preocupar com o resultado. Se estou engajado no bem, o resultado será o bem para todos aqueles que buscam o bem. No entanto, muitos estão mais preocupados com o resultado do trabalho do que em servir, fruto da vaidade em querer agradar a todos, e, por aparência pessoal. Jesus, exemplo maior de humildade e abnegação não agradou a todo mundo e, nem por isso, deixou de trabalhar por amor ao Pai. 

"Se não quiser ser criticado, não faça nada, não fale nada e não seja nada". Se quiser servir, verdadeiramente desinteressado, trabalhe! A recompensa pelo bem é o bem que se faz. Não é pelo muito que se tenha feito, mas, pela qualidade do nosso ato que seremos recompensados.

Como estou fazendo o meu trabalho na Casa Espírita?  Segundo os Amigos Benfeitores, o trabalho da Doutrina Espírita é a caridade moral. Se não faltasse a caridade moral, não seria necessária a caridade social. O Espiritismo, segundo Allan Kardec, é uma doutrina filosófica, pressupõe a necessidade do estudo e da prática mediúnica. Por isso, as Casas Espíritas devem se preocupar antes com a Doutrina Espírita (reuniões doutrinárias, estudos, palestras, seminários) do que com o assistencialismo social. A Doutrina Espírita é para a cura moral.

A fome mata (inanição), é verdade, e não devemos nos escusar, mas, a fome é uma consequência da falta de alimento espiritual. Sabemos hoje que a produção de alimentos supera o número de habitantes na Terra, basta olharmos o desperdício de alimentos, que, comumente, são jogados fora. A fome é uma consequência da má distribuição, da ganância e do egoísmo de muitos que não conhecem as Leis Divinas.

Dessa forma, são os Ensinamentos do Cristo que alimenta a alma e vivifica o Espírito.

"Mas aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna" (N.T., Jo 4, 14).

Emmanuel  também alerta para as causas do sofrimento terreno: "o sofrimento tem sua origem nas causas morais". Essas causas podem ter origens em existências pregressas e atuais (Lei do Retorno). Assim, a fome pode ser considerada uma prova (escolha do sofrimento), ou, expiação (sofrimento imposto por Deus, para um bem maior). Devemos estar atentos para o que nos ensinam os Benfeitores, "os sofrimentos voluntários não servem para nada quando eles nada fazem para o bem de outrem" (L.E., Q. 726).

"Trabalhadores de Última Hora" (E.S.E.). Muitos são os trabalhadores que se apresentam nas Casas Espíritas. Espíritos com o seu passado comprometido que solicitaram regressar ao plano terreno para trabalhar como médiuns.

Os médiuns, assim, não são divindades especiais, são almas endividadas com a coletividade. Muitos foram inquisidores do século XV, que perseguiram e mataram aqueles que professavam a sua fé. Responsáveis por caça às bruxas, que, nada mais, eram médiuns videntes ou de efeitos físicos. Por não se conhecer sobre a comunicabilidade dos Espíritos, atribuía-se o fenômeno a feitiçaria. Assim, a mediunidade não é um prêmio, uma gratificação, e, muito menos privilégio de uns, pois que, todos somos médiuns em algum grau. A mediunidade é antes uma prova ou expiação.

Segundo Divaldo Franco esclarece, a mediunidade é uma faculdade da alma humana, assim como a inteligência.  Sendo inerente a alma humana, somente os homens a possui. Nascemos médiuns ou podemos desenvolver a mediunidade sutil, mas não a ostensiva. A mediunidade exige disciplina para cumprir os propósitos a que se destina. A mediunidade segue um grau de evolução. É preciso abnegação e dedicação para atingir a evolução mediúnica. A evolução mediúnica não está associada a evolução do Espírito, visto que é orgânica. Logo, tanto intelectuais como os mais rudes podem possuí-la.

A mediunidade não deve ser utilizada para fins fúteis, ou, para se observar os fenômenos como foi no início com as "mesas girantes" (L.M), mas, para a evolução humana através da filosofia espírita. É um instrumento para o nosso desenvolvimento moral. Bem como, um mecanismo para o auxílio ao próximo. Divaldo Franco nos esclarece que o exercício da mediunidade deve ter qualidade, por isso, deve-se estabelecer reuniões para este fim.

"Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos". Para trabalhar com Jesus é preciso mais que boa-vontade, é preciso comprometimento. É fechar-se mais para a vida material e, abrir-se intensamente para a vida espiritual. "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta, e que apertado é o caminho que leva para a vida, e que poucos são os que acertam com ela!" (Mateus, VII:13-14). 

Muitos trabalhadores chegam a Casa Espírita através do sofrimento por esquecerem do compromisso assumido com a vida. O sofrimento é polimento para alma enferrujada, para o médium "acordar" para as suas responsabilidades com o progresso moral. Não raro, os médiuns, de "boa-vontade", assumem trabalhos voluntários na Casa Espírita, no auxílio espiritual. Muitos buscam o trabalho como forma de "retribuição" pela caridade alcançada. Esse comportamento, no mais das vezes, é movido antes pelo orgulho de nada ficar a dever, do que pela sincera gratidão.

A gratidão é uma das mais belas virtudes. Contudo, o trabalho mediúnico exige mais do que pleito de gratidão. "Dai de graça o que de graça recebeste" (Jesus).

O trabalho voluntário na Casa Espírita não deve ser movido somente pela boa-vontade. A disposição tem que nascer do íntimo, não por imposição ou qualquer outro motivo. O serviço voluntário requer comprometimento. Não basta somente ter boa-vontade em servir, mas, servir com amor. Servir com amor é colocar o trabalho em primeiro plano. É abnegação. Esquecer de si mesmo em favor do "outro". "É fazer bem o bem!". É não deixar de servir por que se irritou com o congestionamento no trânsito, melindrou-se com alguma crítica ou, "não se está bem". Muitas dores nascem da mágoa!

A mágoa é falta de indulgência com o outro, é revidar o mal com o mal. É não compreender que todos estamos passando por um processo evolutivo e que cada um atinge um grau diferente na escada da evolução. Aquele que ofende deve ser tratado como doente. Francisco Xavier escreve sobre isso:

"As mágoas nos fazem adoecer, daí porque devemos interpretar quem nos ofende como doente. Se respondermos à ofensa guardamos conosco a lata de um lixo que nos foi jogada. 

Ou seja, segurar a ofensa é guardamos para nós o "lixo energético" do outro (De Lucca). Quem se ofende está tão doente quanto o agressor. E, o melhor remédio para curar a ferida emocional é o perdão. Como ensina Chico Xavier, "o perdão é terapêutico".

"A tarefa é para ser executada na saúde e na doença, com alegria". Muitas tarefas deixam de ser cumpridas por falta de comprometimento, não com a Casa Espírita, mas, falta de comprometimento com a "Causa Espírita", com o Cristo. O N.T, Lucas 11; 38-42, revela-nos a importância de colocar Jesus, em primeiro lugar, em nossas vidas. A passagem conta-nos o seguinte:

Marta recebe o Senhor em sua casa. Maria, sua irmã, de imediato, assenta-se aos pés de Jesus para ouvi-lo. Marta, porém, mantinha-se distraída com os afazeres. Então, Marta pede a Jesus que diga a sua irmã que não a deixe servir só. Jesus, respondendo-lhe, disse; "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas, uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada" (N.T., Lucas 11; 38-42). Daí, vê-se a importância de colocar Jesus sempre em primeiro plano em nossas vidas.

Como Marta, muitas vezes, assim agimos diante de Jesus. Coloca-se a família em primeiro plano, o aniversário do filho, de casamento, a festa de Natal. Sempre com a desculpa da "família", quando no íntimo é a própria festa que nos seduz. Não se age de má-fé, tem-se boa-vontade em servir. Mas, movido pela falta de comprometimento, não se esforça o bastante para vencer as imperfeições inerentes a alma humana. Não que a família não deva ser importante. Contudo, essas são formas de "sabotar" o nosso autodesenvolvimento moral. "Se alguém me quiser seguir, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me" (E.S.E., cap. XXIV; 18-19), este é o ensinamento do Cristo.

Comprometimento é "fidelidade consciente" e deve ser movido pela "fé como verdade consciente", não pela fé daquele que crê por conveniência. A fé que ora crê e, ora descrê.

Para maior compreensão do que seja boa-vontade e comprometimento, gosto de citar Divaldo Franco, exemplo de fidelidade com o trabalho no bem. Conta-nos, que estando desenganado pelos médicos, com poucos dias de vida física, por causa de uma "angina", dia de sessão mediúnica, recebe a visita de sua Mentora, Joanna de Ângelis: 

"_ Que fazes?", perguntou-lhe a Mentora. Respondeu-lhe Divaldo: "_ Minha irmã, eu estou muito mal. Eu estou noventa por cento morto!". Joanna de Ângelis, então, diz-lhe: "_ Qual é o problema, tu não estás falando com alguém cem por cento morta? Saia da preguiça e vás trabalhar". 

Segue Divaldo: "_ Mas minha irmã, o médico disse que preciso ficar em repouso, assim, posso me prolongar". A Mentora, então, responde-lhe: "_ É melhor que tu morras com a mão no arado, em poucas horas, do que na cama da indolência, em vários meses. Estou indo e tu tens cinco minutos!". 

Fim do trabalho, Joanna de Ângelis reaparece-lhe: "_ E agora, como te sentes?". Sorrindo, Divaldo Franco responde-lhe: "_ Estou noventa e cinco por cento bem!". Joanna de Ângelis, então, disse-lhe: "_  Então, agora vá e repouses. Primeiro o dever, porque o repouso é rotina de gente inútil".

A Doutrina Espírita não elimina os sofrimentos, não cura as doenças físicas, mas, auxilia no tratamento de suas causas através da terapia espiritual. A Casa Espírita não deve estar voltada em curar os males físicos, pois estes têm suas causas em males morais. Não deve estar preocupada em intervir no sofrimento, pois, o sofrimento é para educar o Espírito, não é um castigo, mas, em prevenir sofrimentos futuro. Jesus não curou os males do corpo, pois, sabia que eram provenientes das feridas da alma. Jesus curou o Espírito através dos ensinamentos morais. Daí, vale ressaltar a importância do doutrinador no trabalho espírita. "O ensinamento do Cristo é uma verdadeira terapia mental" (Chico Xavier)

"Jesus é o Senhor dos Espíritos". Jesus foi o maior terapeuta que no mundo existiu. O doutrinador opera como terapeuta espiritual na atividade mediúnica. Assim como o médium ostensivo, o doutrinador também assumiu compromissos no trabalho do bem. Ele não é médium de psicofonia (incorporação), mas, é intuitivo.

Os Espíritos inferiores não desenvolveram a essência divina (amor) latente em todas almas. São Espíritos que se afastaram completamente do bem. Quanto maior o ódio, a mágoa, o desejo de vingança, mais profundo o sofrimento, pois, maior se torna a distância entre o Eu e a Essência Divina. Afastando-se completamente do Deus, que existe em cada um de nós, ficam perdidos em sofrimentos.

Baixando o padrão vibratório, os Espíritos inferiores não conseguem perceber a presença do seu Benfeitor Espiritual, que deseja resgatá-los. Então, torna-se necessária a mediação com o plano espiritual (comunicação mediúnica). Porque somos imperfeitos, somos capazes de nos fazer ouvir pelos Espíritos inferiores e auxiliá-los no tratamento fraterno espiritual, através da mediunidade com Cristo.

Ao doutrinador cabe a responsabilidade de conduzir a comunicação com ternura e esclarecimento, favorecendo para que, através do processo mediúnico, o próprio Espírito assistido possa se escutar. Analisar as causas verdadeiras de seu sofrimento, e perceber a presença do seu Benfeitor que o conduzirá para o auxílio necessário. O Espírito não deve ser tratado como "figura de ficção", ele é um ser real. Como ser real é único, deve-se procurar identificar a legião de Espírito que se está assistindo. Nem todo Espírito é perverso e se compraz com o mal.  Muitos são apenas ignorantes, desconhecem a sua condição de Espíritos imortais, e sofrem.

Quando estamos diante do outro, olhamos nos olhos do outro. Silenciamos para escutar a sua fala. Todo mundo quer ser escutado, por isso, procuram-se terapias. O terapeuta precisa saber ouvir. Saber ouvir é saber escutar. Escutar é  perceber, dar atenção ao outro. Ouvir (sons e ruídos) é apenas uma capacidade do sentido da audição. Escutar é um dom. Logo, o doutrinador tem o dom de escutar. Jesus ensina: 

"Cada um fique na vocação em que foi chamado (...) foste chamado sendo servo? Não te de cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião" (N.T. I Corintios 7, 20-21).

"Não é preciso ser o mais importante, mas, o maior servidor". Não importa o seu trabalho na Casa Espírita, ou, em qualquer outra instituição, todos somos chamados para servir na construção de um mundo melhor. Não importa crença ou religião. Que sua religião seja a solidariedade humana. Aqueles que se dizem não acreditar na existência de Deus, não deixem com isso de praticar a caridade. Nem todo médium é Espírita, e nem todo Espírita é médium. Conquanto, todos somos dotados da essência Divina e todos somos chamados ao trabalho no bem.

Médiuns, não se sirvam somente da boa-vontade, mas, abracem a causa. Aproveitem a faculdade mediúnica, o dom do amor, para servir com Jesus. E, assim, trabalhando pelo bem, pensando no bem, em uma Nova Era, possa dizer-se: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim".

A nossa missão na Terra é de auto-iluminação. Contritos, voltarmos para dentro de nós mesmos, e, reencontrar o amor que sempre esteve guardado em nós. Não podemos amar ao próximo se não amarmos a nós mesmos, porque ninguém dá o que não tem. Eu só posso iluminar o caminho do outro se antes sou luz em mim mesmo: "Vós sois deuses!". Deus mora em cada um de nós, é a verdadeira luz que nos ilumina o caminho. Se Deus está em nós, então, somos luz. E, onde está Deus não há trevas. Que a vida seja como a letra da canção:

"...A vida eterna é Deus vivendo em nós". Que Assim seja!

Luz e Amor!


Missão dos Espíritas, pelo Espírito Erasto. Paris, 1863:

"... Oh, verdadeiros adeptos  do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas futilidades, à sua propagação. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco. Falareis, certamente, a pessoas que não quererão escutar a palavra de Deus, porque essa palavra os convida ao sacrifício. 

Pregai o desinteresse aos avarentos, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras perdidas, bem sei, mas que importa! É necessário regar com o vosso suor o terreno em que deveis semear, porque ele não frutificará, não produzirá, senão sob os esforços incessantes da enxada e da charrua evangélicas Ide e pregai!

(...) Ide, que Deus vos conduz! ..."

(Trabalhadores da Última Hora, cap. XX; 4. O Evangelho Segundo o Espiritismo).



quinta-feira, 10 de abril de 2014

CRISE E RENOVAÇÃO


"Eu... eu... nem eu mesmo sei, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então". (LEWIS CARROL)

Em 09-04-2014; às 18:00hs.

Quantas vezes ouvimos falar do "fim do mundo" ou "Apocalipse"? O fim do mundo não é o apocalipse, o mundo já acabou inúmeras vezes. A história construiu mundos em si, e, esses mundos acabaram. Basta observarmos como somos diferentes em cada época. O fim do mundo é o fim da Era.

Passamos por diversas Eras. Eras astrológicas: Era de Aquárius que sucedeu a Era de Peixes, e Eras geológicas: Era Proteozóica, Era Paleozóica, Era Mesozóica, Era Cenozóica.

A Era Cenozóica é a "Era do Homem". O homem torna-se a forma de vida dominante sobre a Terra. A origem, a formação e as contínuas transformações da Terra, assim como dos materiais orgânicos que a constituem são estudados pela Geologia, e que divide a história do planeta em eras geológicas. Essas Eras correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos, o que, no momento, não é o objeto dessa reflexão. Vivenciamos, também, a Era da Modernidade, e, atualmente, a Era da Pós-Modernidade.

Já relacionamos o fim do mundo com o "Fim dos Impérios", e, hoje, com o "Fim da Hegemonia Americana". Dessa forma, é possível afirmar que presenciamos não o "fim do mundo", mas, as diversas transformações do mundo e que essas transformações são decorrentes de crises (civilizacional e/ou política). O mundo já passou por diversas crises, na contemporaneidade, estamos vivenciando uma crise civilizacional (global). A crise contemporânea acontece porque ainda vemos o mundo por um modelo que não mais existe. Segundo teóricos, a crise contemporânea é a crise dos paradigmas (modelos/padrões).

"A morte é parte do corpo, e não separada do corpo". A morte é transformação, e transformação não é o mesmo que mudança. A mudança ocorre o tempo todo, ela não é linear, não segue uma linha reta, ocorre em movimentos sinuosos. A transformação é um processo mais profundo, atinge a essência da "coisa" e muda essa "coisa" num processo irreversível, ou seja, toca na raiz, então, ocorre à transformação - a morte. Morre-se para se transformar em outra coisa. 

Santo Agostinho fala sobre a progressão dos mundos como sendo uma lei natural (E.S.E., cap II; 19): "O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. a própria destruição, que parece, para os homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada volta para o nada."

A realidade muda o tempo todo, sem avisar. Nenhum sociólogo ou qualquer ciência pode prever. A crise trás como características mudanças e transformações numa velocidade extraordinária. É como a passagem para a adolescência. Muda o corpo, alteram-se os hormônios, e essas mudanças são necessárias para a transformação do indivíduo, ele já não é mais o mesmo, e, até precisa mudar de identidade (RG). Não é, por exemplo, como a água que muda de estado físico, porém, dependendo da energia desprendida, ela pode retornar ao seu estado de origem. Por isso, dizer, que o homem evolui (transforma-se) sempre, ele não retroage. Alguns podem até estacionar, porém, jamais regredir, retornar ao que fora antes.

A água passa do estado líquido para o de vapor, aumentando a sua energia até entrar em ebulição, e retorna ao estado liquido num processo de condensação. Apesar da mudança de estado físico, a água continuará a manter os elementos que a constitui. Ela não se transforma, apenas muda o seu estado físico (sólido; líquido e gasoso). Já o homem, transforma-se. Assim, também, está ocorrendo com o globo terrestre. "Ao mesmo tempo em que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente" (E.S.E.). Transformação é evolução.

Santo Agostinho já nos alertava sobre esse movimento natural da vida: "Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na senda do progresso. Assim marcham paralelamente o progresso do homem, o dos animais seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza" (Santo Agostinho, E.S.E., cap. II; 19).

É preciso morrer para renascer. A Terra esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de crise e transformação. "A Terra esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de um mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens encontrarão nela, a felicidade, porque a lei de Deus a governará" (SANTO AGOSTINHO, E.S.E., cap. II; 19).

O mundo já esgotou suas possibilidades de mudanças, passando por diversas crises e, agora, renascerá em uma Nova Era. A Terra está deixando de ser o mundo de provas e expiações para se transformar no mundo de regeneração. O mundo de regeneração também é transitório, como coloca Nazareno Feitosa, é uma preparação para o mundo feliz.

Sendo assim, não devemos lamentar essas crises, elas são necessárias para as transformações. “É melhor que piore para que se limpe, para que venham coisas melhores, um mundo melhor”. Ninguém gosta de passar por crises. A crise desarruma, confronta, foge à nossa compreensão intelectual. Se pudéssemos atravessar essa dimensão emocional, que faz parte da condição humana, talvez, pudéssemos atravessar melhor essas crises e compreendê-la melhor.

Segundo a etimologia da palavra, "crise" vem da palavra "krimeu", que significa discriminar (matar). "Cri", por sua vez, significa "purificação", separar daquilo que não é seu, que você não precisa mais. Então, a crise é um bem, é matar o que não serve mais, purificar (tornar-se melhor). A crise, assim, não deve ser entendida como um problema, não é um mal. A crise é para ser vivida. É a cultura (sistema de crenças) que a coloca como um mal, e todo mal devem ser combatidos. A crise deve ser compreendida como solução, pois, ela é necessária para a transformação. 

Allan Kardec pergunta aos Benfeitores (L.E., Q. 728): A destruição é uma lei da Natureza? Eis o que respondem os Benfeitores a Kardec: "É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamais de destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos".

Fugir às crises é uma atitude no mínimo “escapista”, é uma fuga da responsabilidade. O uso de drogas, o consumismo exacerbado e a violência que hoje assistimos, são formas escapistas. Devemos nos entregar a crise e não combatê-la. Permitir que ela nos domine é a posição mais ativa que se pode ter presente à crise, porque ela é um processo natural. A crise tem o seu trabalho a cumprir.

Comumente não agimos, mas, reagimos à crise, e a reação é um movimento contrário onde se desprende um maior gasto de energia, sem nada mudar. A ação é um processo criativo, que nasce de dentro para fora. Confrontar é olhar de frente, porém, como somos levados a idealizar, passamos a combater a realidade em vez de nos movimentarmos com a realidade. Isto porque, estamos muito identificados com o nosso Ego que foi construído. Ainda acreditamos que podemos segurar um processo (a realidade) sem aceitar as mudanças.

Nós criamos o problema. É preciso sair do problema (ir para fora) e criar algo novo e não se prender ao problema. Não é de uma hora para outra, como uma mágica, que isso irá ocorrer. O nosso Ego dificulta esse processo, pois, somos muitos apegados ao nosso Ego, e pouco se percebe o que está à nossa volta. Vamos soltando-nos dos problemas aos poucos e com disciplina. "Se a porta da percepção se abrisse, tudo seria diferente". 

Aprendemos a representar, a sermos uma "fachada". Fazemos o que os outros gostam para não sermos deserdados, negados, para sermos aceitos, para não contrariarmos o outro. Assim, deixamos de arriscar o novo por medo do desconhecido. Dessa forma, a Crise Contemporânea se constitui na "Crise de Percepção". 

Em outras palavras, o problema está no nosso modo de olhar. Representamos a vida com um olhar que não cabe mais no nosso tempo. Não percebemos, ainda, que o tempo de Descartes, século XVIII, já passou. É preciso mudar essa visão mecanicista e perceber que não somos máquinas e que a natureza não funciona como um relógio. Somos seres vivos. Somos seres cognitivos: percebemos, pensamos e sentimos. 

Como afirmam os Benfeitores: "São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber o seu complemento; em que o véu lançado intencionalmente sobre algumas partes do ensino deve ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; e em que a Religião, deixando de desconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria, essas duas forças, apoiando-se mutuamente e marchando juntas, sirva uma de apoio para a outra. Então a Religião, não mais desmentida pela Ciência, adquirirá uma potência indestrutível, porque estará de acordo com a razão e não se lhe poderá opor a lógica irresistível dos fatos" (E.S.E., cap.I; 8).

É isso que a Nova Era vem nos trazer. É preciso deixar morrer a Era da Matéria que fez do homem meramente máquina. Mudar essa visão cartesiana, onde se vê as estruturas (partes) e não o sistema (o todo). É preciso desenvolver uma visão mais sistêmica.  A realidade não é só construída de fatos negativos. Muitas coisas boas estão acontecendo em toda parte do mundo, apesar da mídia pouco divulgar. Perceber que o verdadeiro sentido das coisas não está nem nas partes, nem no todo, mas, está na relação entre as partes e o todo. Entre a razão e o sentimento.

Os paradigmas obstruem a criatividade porque o individuo se movimenta dentro de um modelo determinado. O paradigma dita “como deve ser”, filtra tudo. O homem passou a seguir modelos, esquecendo-se de si próprio. Os paradigmas impõem regras que limita o homem. Apesar de o cientificismo ter buscado separar a mente do corpo, o homem é razão e emoção. E, por isso, o homem, hoje, precisa reaprender a ser sujeito da própria história e não mais ser protagonista. Quando o paradigma muda, tudo volta à zero. Essa mudança é vivencial e teórica.

O cientificismo é a crença de que a ciência é uma forma superior de pensar esquecendo o subjetivismo, a emoção. Separou o todo visto pela religião, para conhecer as partes. Agora é preciso retomar a busca do todo que a razão separou. Retornar não significa ir à busca do misticismo e do dogmatismo da religião, mas, se autoconhecer. Ninguém é só cabeça, a ciência fez isso, fez o homem olhar só do pescoço para cima. O ser humano é cabeça, tórax, barriga, sexo, emoção. O ser humano é o todo. 

O problema, no entanto, não está no conhecimento, mas, com o uso que se faz desse conhecimento. O conhecimento sem a prática é nulo. O indivíduo não é só potência, ele precisa expressar a sua potencialidade (energia). O pensamento é energia, podendo ser uma energia positiva ou negativa. Para realizar mudanças faz-se necessária vontade firme. Ter vontade firme do que se pensa realizar já é uma realização, pois, tudo o que se realiza no campo material é antes realizado no campo energético (pensamento). É preciso, pois, fortalecer o homem para a realização. 

O homem cria idéias e meios para esconder o que ele verdadeiramente é em essência. Busca esconder a realidade, sem perceber que a realidade é um processo, por isso, não existe uma definição para realidade. Ora, não se pode segurar um processo. Processo é dinâmica, é movimento. A realidade está em movimento todo o tempo. Ficar preso a realidade é ficar preso a um problema, é tornar-se inerte e, nada se produz. É mecanismos individuais, por isso, a necessidade de autoconhecimento.

Os indivíduos tendem a repetir um comportamento que lhe foi passado, sem nem mesmo questioná-lo, e sem conhecer o seu real sentido, passam adiante como verdade absoluta. Por falta de bom-senso, esse comportamento vai sendo levado adiante sem que se perceba que se ficou estacionado no tempo. Assim nascem os paradigmas. É preciso rever os conceitos. Nem sempre o que é certo pra um, é certo para o outro. Não existe “o certo”, da mesma forma que não existe “verdade absoluta”. Mas, existe o que é certo para cada um.

Vemos o mundo ainda por um sistema de crenças (cultura) que está em desacordo com a nossa época. Ou seja, precisamos mudar essa visão diacrônica de mundo, para perceber que estamos saindo da Era da Matéria e entrando na Era do Espírito, ou, Nova Era.

É necessário desconstruir a visão negativa de mundo e retornar em busca do ser em essência que todos somos. Um ser que pensa e sente. Deixar morrer o homem velho que habita em nós para renascer esse novo homem. Deixar morrer não é negar o velho, mas, dar-lhe um novo significado. Não é conceber novos conceitos, mas, desconstruir os já existentes. Se libertar dos modelos convencionais e perceber que a vida é mais do que conceitos, mais do que representações. A vida está sempre mudando, ela se movimenta.

No começo, tudo era caos; os elementos estavam em confusão. Pouco a pouco, cada coisa tomou o seu lugar; então, apareceram os seres vivos apropriados ao estado do globo (L. E. Q. 43). A vida, assim, é auto-organização. Não basta saber tudo, é preciso sentir. "A vida sente a si mesmo". Para que a vida coletiva possa vingar, é necessário que os integrantes de grupo social tenham fortemente arraigados em si a noção de que as relações sociais somente serão satisfatórias se o homem respeitar o outro com quem ele se relaciona.

Na sociedade humana atual faltam objetivos nobres, por isso não se reconhece o incomensurável valor da vida e as grandes oportunidades que ela oferece para o progresso. Há muita ansiedade e inquietação porque os pensamentos negativos formam um muro que impede que se veja além. Revolvendo ódios e descontentamento, os humanos afastam a paz e a alegria de suas vidas.

Além disso, parece que as pessoas estão perdendo a consideração mútua, desinteressada e amistosa de um ser humano para outro, e permanecem mais horas em frente à televisão, absorvendo descontentamento. A maioria dos contatos é vazia, e as pessoas agem como se fossem máquinas. Não se sabe o que elas estão pensando e sentindo, ficando no ar o desencanto. Não ocorre uma troca espontânea, alegre e benéfica, oriunda de palavras amigas e da generosidade. Uma renovação precisa surgir. Unidos no pensamento positivo, venceremos.

O sistema depende da natureza, mas, não é determinado por ela. Um se adapta ao outro. A própria medicina, hoje, já aceita que muitas causas de doenças físicas estão diretamente associadas ao desequilíbrio emocional. Toda energia bloqueada tende a se canalizar em um determinado órgão. A mágoa, por exemplo, pode causar cálculos renais. Essa energia negativa vai se acumulando no organismo, formando verdadeiros cristais que vão se aglomerando e se sedimentando no aparelho renal.

A mágoa pode ser causa de doenças graves, como o câncer. Assim, também, pode ocorrer com o intestino, o indivíduo "enfezado" tende a ficar com "prisão de ventre" (fezes presas), ou, constipado. Na verdade, são as emoções retidas. O médico, assim, não pode mais tratar somente o rim, o intestino, o coração ou estômago, ou seja, as partes. Ele precisa observar o paciente como um todo: o físico e o emocional. Não mais somente para intervir, mas, para prevenir mazelas futuras.

Os paradigmas estão ligados a Física, mas, a própria Física também mudou. A Física Quântica vem nos mostrar que o Universo não é mais visto como único e que existem vários universos, confirmando o que Jesus já nos ensinou: "Há muitas moradas no Reino de meu Pai".

Em outras palavras, há outros níveis de realidade que são reais e convivem ao mesmo tempo. A ciência comprovou. O Universo é uma imensa teia, não é mais macro. Tudo é interdependente. Não existe uma única realidade, assim como não existe uma verdade universal que está na religião (dogma), converter tudo em uma única verdade.

O cientificismo nasceu para combater a religião e acabou criando outra religião que é o próprio cientificismo, que limita o conhecimento. É preciso refazer o caminho de volta. Não é negar a razão, mas, equilibrar razão e sentimento. É a combinação razão e sentimento que movimenta o ser e a humanidade. É preciso ressignificar para se compreender, captar sentidos.

O significado das coisas está oculto. A ciência desligou a dimensão religiosa - Deus - das coisas, agora é hora de religar sem dogmatismo. Cada um deve encontrar Deus de sua forma. Não é negar a religiosidade vigente, mas, cada um conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e encontrar o Deus que habita em si. Encontrar a forma de se religar com a Divindade Suprema, com a dimensão Espiritual.

Não existe uma verdade absoluta, isso seria determinismo. Tudo no Universo é uma probabilidade de existir, é uma "tendência". "Há leis naturais e imutáveis, sem dúvida, que Deus não pode anular segundo os caprichos de cada um. Mas, daí a acreditar que todas as circunstâncias da vida estejam submetidas à fatalidade, a distância é grande" (E. S. E. cap. XXVI; 6). A própria matéria pode não existir, pois que, existem espaços vazios dentro dos átomos, ainda sendo considerada a menor parte da matéria. A ciência já identificou partícula ainda menor. O átomo para ser visto a "olho nu" teria que ser aumentado na proporção do Globo, e, ainda assim, seria visto como um grão de areia no oceano, e, mesmo sendo micro partícula é constituído por espaços vazios, então, como afirmar a existência da matéria?

Dr. Paulo César Fuctoso, em sua Palestra "Ectoplasma e Materialização de Espíritos", esclarece sobre os imensos espaços vazios que constitui o nosso corpo físico. Segundo Paulo César, "se somos constituídos por espaços vazios, os nossos sentimentos, pensamentos e memórias não podem estar aqui dentro, porque não estamos no espaço vazio. Tudo o que colocamos como abstrato (pensamento, sentimento, memória) na matéria não está. Está no Espírito".

Dessa maneira, a essência da matéria não está no objeto, mas, nas conexões (átomos, prótons, elétrons). Daí perceber que entre eu e o outro existe uma conexão física, ainda sendo indivíduos separados. Perceber que existe uma relação entre potencialidade (energia) e realidade. 

"Há pessoas que não veem nos seres orgânicos senão a ação da matéria a que atribuem todos os nossos atos. Não veem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão pelo funcionamento dos órgãos que viram se apagar, frequentemente pela ruptura de um fio, e não viram nada mais do que esse fio (...) não viram a alma escapar-se, não a puderam apanhar, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e, assim, depois da morte o pensamento se aniquilava. Triste consequências se assim fora, porque então o bem e o mal não teriam finalidade. O homem teria razão de pensar só em si mesmo e em colocar, acima de tudo, a satisfação dos seus prazeres materiais. Os laços sociais se quebrariam e as mais santas afeições se romperiam para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser gerais" (L. E. Q. 148).

“Sentir o Universo é um trabalho interior. É preciso renovar-se. Sentir-se pessoas de verdade, com qualidades e fraquezas. Jamais sentir-se um estrangeiro afastado de si mesmo”. Que Assim Seja!    


Luz e amor!




"A inteligência é rica em méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada. Se todos os homens bem dotados se servissem dela segundo os desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, ao fazerem progredir a humanidade. Muitos, infelizmente, a transformaram em instrumento de orgulho e perdição para si mesmos. O homem abusa de sua inteligência, como de todas as suas faculdades, mas não lhe faltam lições, advertindo-o de que uma poderosa mão pode retirar-lhe o que ela mesma lhe deu" 

(Bem-Aventurados os Pobres de Espíritos, cap. VII; 13. E.S.E.).









terça-feira, 1 de abril de 2014

... MAS, O QUE É O PASSE?




Em 29-03-2014; às 10:30min.

Comecei a trabalhar na Casa Espírita como passista. Pude perceber, então, que, assim como eu, quando comecei a frequentar a Casa e receber o "passe", muitos que ali comparecem não entendem muito bem o que é esse "passe". Será um mecanismo de "passe fora", "Xô!", "saia de mim"... espantando o mal que me atormenta? O que estariam tirando de mim, e/ou, passando para mim? Como compreender se, mandam-me fechar os olhos e nada vejo? E se doer? Se, mandam-me ficar em silêncio e em oração é porque deve doer! 

A dor física ou moral é tão grande quando se busca auxílio na Casa Espírita, que, como acreditar que um simples movimento com as mãos de "alguém" igual à mim, simplesmente, pode fazer "passar" a minha dor, e se ensinam que milagre não existe? Então, é merecimento. Eu preciso ser perfeito para merecer a misericórdia Divina? Mas, sou humano, e, entre os homens, na Terra, plano de provas e expiações, não há quem o seja. Então, o que fazer para merecer ser curado pela simples imposição de mãos?

Como ensina Jesus: "é preciso vestir a túnica" (E.S.E.). E, como enfatiza Jacob Mello, é estar preparado adequadamente (vestido) para receber o que se busca. Toda festa é uma dádiva, o "outro" oferece. Quem aceita a oferta precisa preparar-se adequadamente para a ocasião.

"Sois deuses" (N.T. Jo 10; 33-35). Jesus afirma que somos todos deuses, já que filhos de um mesmo Pai, e, que, podemos fazer igual a Ele, ou, muito mais (E.S.E.). Jesus disse aos Judeus: "Eu e o Pai somos um". A Lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e, o que está na Escritura não pode ser anulada. Dessa forma, todos podemos curar em nome de Jesus.

O "passe", assim, não é milagre, é a misericórdia de Deus manifestando-se através das mãos daquele que edifica a Palavra, porque nela crê. Em Jesus está o poder de dar e retomar a vida, pois que, nEle está a vida, porque a entregou em amor ao Pai. Contudo, é ao Pai Celeste a quem Jesus delega maior poder sobre a vida, porque Deus é maior do que todos, e é Deus quem a concebe, ninguém pode arrebatá-la das mãos do Pai.

Vê-se que nem Jesus, o Cristo, curou à todo mundo. Daí, poder perceber o que é merecimento. Assim como aquele que oferece, aquele que recebe precisa crer no Espírito, que é vida e não letra, que é lei. "A letra mata mas o Espírito vivifica" (N.T. Paulo, 2 Corintios; 3-6). Entende-se que não se pode ficar preso as palavras, mas no que nelas está contido, o Espírito. Toda palavra trás um sentido mais amplo, oculto e diferente. Assim, a letra (lei), o sentido que se dá a ela, é prejudicial espiritualmente (mata). O Espírito, o que a pessoa trás no coração, que é a vontade de Deus, vivifica. Tudo tem início em Deus -Princípio Inteligente Universal. O homem sem Deus não pode pensar em coisa alguma. Deus tem utilizado meios diferentes para nos enviar as suas mensagens. A confiança chega até nós por intermédio do Cristo.

Saber receber é também uma aptidão, assim como a mediunidade de cura é uma faculdade. Nem todos os médiuns sabem utilizar bem as suas faculdades no serviço do bem. Assim também, há àqueles que não sabem receber o bem, por falta de disposição para o bem, ou, por não acreditarem possível aquilo que se busca na Casa Espírita. É preciso acreditar que o passe vai  fazer bem, que vai dar o que se procura. Ora, o pensamento é uma poderosa força eletro magnética. Se não acredito no que desejo, como se há de se realizar? "Os nossos pensamentos otimistas muito podem no serviço da regeneração das células enfermas. Não acredite na irreversibilidade do carma que, sem dúvida, pode ser alterado na permuta da dor pelo bem" (Muito Além da Saudade, psicografia de Carlos A. Baccelli).

O Espiritismo implica numa renovação para o homem. O médium que aspira atingir a evolução espiritual deve buscar exercer a sua faculdade no sentido do bem. São as nossas aspirações e conduta, que se expressam através das palavras, pensamentos e atos, que determinam a qualidade dos Espíritos com que iremos sintonizar na tarefa mediúnica, como nos ensinam os Benfeitores Espirituais. Afinal, os médiuns não trabalham sozinhos na Casa Espírita. Ficar em silêncio e oração é propiciar essa psicosfera de amor e harmonia preparada pela Espiritualidade, antes mesmo da realização do trabalho no plano físico, e, que, não se encerra ao fim do trabalho no espaço terreno. Manter-se em silêncio e oração é manter a sintonia com os Espíritos Celestes que conduzem o nosso pensamento (prece) a Deus, que  nos permite a cura.

A cura não vem só através do passe, vem da auto-transformação moral. A Casa Espírita contribui para a reforma íntima, pois, eleva a sintonia e afasta a obsessão. Auxilia-nos na troca dos vícios pela virtude. É preciso acreditar em Deus, sintonizar com o Altíssimo, colocar Deus, como ensina Jesus, com humildade e gratidão, acima de todas as coisas. "Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus" (N.T. Mateus 19;17). Em qualquer circunstância, em qualquer lugar, seja no Centro Espírita, seja em qualquer outra instituição, é preciso estar aberto para receber tudo o que a providência Divina nos enviar.

Emmanuel, em sua obra, "Segue-me", coloca que o passe é uma "transfusão de energia fisio-psíquicas", ou seja, transfusão de energia do encarnado sob a ação do desencarnado, compreendido como "passe misto" (médium sob a ação dos Espíritos), que é comumente aplicado nas Casas Espíritas.

Em, "O Consolador", questão 98, Emmanuel descreve o passe da seguinte forma: "assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais". Dessa forma, o passe é uma transfusão de energia psíquica que irá renovar as nossas energias num nível mais profundo, que é o nível fluídico, que tem relação com o nosso perispírito, como nos esclarece Alírio de Cerqueira Filho. Segundo Alírio, quando Emmanuel faz referência ao "reservatório ilimitado das forças espirituais", refere-se aos mananciais de energia fluídica.

Conforme Alírio Cerqueira nos leva a refletir, para compreender o mecanismo do passe é preciso antes compreender o que ensina os Benfeitores, no Livro dos Espíritos, questão 27, sobre a Trindade Universal e sobre o Fluido Vital (L.E. Q. 64). Para que se entenda melhor o processo, faz-se necessário um estudo aprofundado do Livro dos Espíritos. Conquanto, apresento o meu humilde entendimento.

Segundo os Benfeitores, a Trindade Universal é constituída por Deus, no ápice do triângulo, pois que Deus está acima de tudo; na base estão o Espírito e a matéria. E, intermediando esta ligação está o Fluido Cósmico Universal (FCU). Como esclarece Alírio, o Espírito atua sobre o FCU, que, por sua vez, imprime uma ação sobre a matéria para animalizar a matéria, ou seja, dar vida a matéria. O FCU é o elemento de ligação entre o Espírito e a matéria. O Espírito sem o FCU não poderá atuar sobre a matéria e a matéria sem o FCU se desintegra (L. E.).

O Fluido Cósmico Universal provém de Deus, como tudo o que há no Universo. Não é positivamente matéria, é semi-material. Tem características tanto fluídicas energéticas, como os Espíritos, como tem características próximas da matéria. O FCU é suscetível de inúmeras combinações, entre essas, o Fluido Vital ou Magnético é derivação. Em outras palavras, o Fluido Cósmico Universal dá origem a vários outros fluídos. O passe nada mais é que a manipulação do FCU por um Espírito, que vai dar uma condição especial, que é o fluido vital ou magnético, que tem propriedades curativas (ALÍRIO)

Como esclarecem os Benfeitores, nós somos seres trinos, constituídos pelo corpo físico, Espírito e corpo fluídico ou perispírito. O perispírito, variação do FCU que gera o princípio vital (fluido elétrico animalizado), que vai formar esse corpo que reveste o Espírito na sua essência, e, que, por sua vez, faz com que o Espírito se ligue ao corpo. Alírio de Cerqueira Filho esclarece que quando o corpo, por algum motivo, perde sua energia vital, é necessário fortalecer essa energia através do passe, que nada mais é que o FCU sendo manipulado, gerando fluido magnético, e, assim, renovando o fluido vital, reestruturando a saúde (ALÍRIO).

O passe se fundamenta nas qualidades do Princípio ou Fluido Vital. Para se compreender os mecanismos do passe, faz-se necessário conhecer essas qualidades, que, em suma, são: (1) Tem origem no FCU (Fluido Cósmico Universal); (2) Varia entre as espécies de seres vivos; (3) Varia de indivíduo para indivíduo; (4) Quanto maior a quantidade de fluido vital maior será a vitalidade do indivíduo; (5) É passível de esgotamento, tornando-se insuficiente para a manutenção da vida; (6) É passível de renovação pela absorção e assimilação das substâncias que o contém; (7) Pode ser transmitido de um indivíduo a outro.

São as duas últimas qualidades apresentadas, que fundamentam o passe: é passível de renovação pela absorção e assimilação das substâncias que o contém; e pode ser transmitido de um indivíduo a outro (ALÍRIO).

"O movimento da matéria não é vida" (L.E.). Conforme a luz esclarecedora de Alírio, o princípio vital é que vai distinguir os seres vivos orgânicos (vivos) dos inorgânicos (não vivos). Os átomos estão em movimento o tempo todo também nas rochas (matéria bruta), mas, ela não tem vida, apesar de ter princípio inteligente que anima esses átomos, que gera agregação da matéria. Senão houvesse, ela se desagregaria (ALÍRIO).

Nos seres inorgânicos, o princípio inteligente não é Espírito propriamente dito, mas, apenas anima o ser. Nos seres orgânicos, segundo Alírio, além dessa movimentação, que também existe na matéria bruta, existe o princípio vital que faz com que a matéria adquira vitalidade. Esclarece os Benfeitores: "o movimento da matéria não é vida, ela o recebe, não o dá" (L. E.). O princípio vital vai fazer com que o ser orgânico esteja não apenas animalizado na sua estrutura molecular, mas, em ser vivo (ALÍRIO).

O princípio vital sem o corpo não há vida, porque é apenas fluido. O corpo sem o fluido vital é uma matéria em processo de desagregação. É o fluido vital que faz a intermediação corpo/Espírito. Isso explica, conforme Alírio, como no suicídio o indivíduo mata o corpo, mas, o perispírito mantém a sua vitalidade, por isso ele continua a sentir todas as consequências do suicídio. Quando a morte do corpo físico é natural, o princípio vital se extingue. Vitalidade é o próprio princípio vital.

Allan Kardec, na questão 67, L.E., pergunta se o princípio vital se acha em estado latente antes de encarnar o Espírito. Os Benfeitores respondem que SIM. Antes de reencarnar, o Espírito tem o perispírito, o desencarnado NÃO tem princípio vital. Alírio explica que antes de reencarnar, o Espírito recebe uma carga de princípio vital, que dá, quando unido ao corpo, vida ao corpo. O corpo é apenas matéria. O Espírito vai ter, em sua essência, o perispírito impregnado pelo princípio vital. Nós eramos vivos fora do corpo, sem o fluido vital, quando reencarnamos somos seres vivos no corpo, com fluido vital. É o fluido vital, esse agente, que vai produzir, também, a animalização dos órgãos (L.E.).

Na questão 70 (L.E.), Allan Kardec pergunta aos Benfeitores: "Em que resultam a matéria e o princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?". Eles respondem que na morte natural, o princípio vital, como variação do FCU, vai se extinguindo naturalmente e volta para o FCU, de onde partiu a matéria inerte (sem fluido vital). O corpo físico se decompõe e vai formar novos organismo, comprovando o que a ciência biológica afirma: "na natureza nada se perde, tudo se transforma". O princípio vital, então, volta à massa de onde saiu (L.E.).

O fluido vital não sendo igual, em quantidade, em todos os seres, pode ser transmitido de um indivíduo para o outro. O que tem mais pode oferecer a quem tem menos. Dessa forma, o encarnado pode oferecer diretamente a outro, através do passe magnético (magnetismo humano). O Espírito pode transmitir através do médium (magnetismo misto), comumente aplicado nas Casas Espíritas. Bem como, o próprio Espírito pode transmitir diretamente  (magnetismo espiritual). O passe favorece no auxílio do equilíbrio energético fluídico. Porém,  não depende unicamente de quem o aplica, mas, da disposição interior de quem o recebe, isso é que o faz funcionar ou não, como já orientado no início.

"Aquele que me seguir terá a luz da vida" (JESUS). Ninguém sai das trevas apenas com formalidades religiosas ou com a prática de rituais despidos do propósito de nossa elevação espiritual  (DE LUCCA, Cura e Libertação).  Parafraseando o autor que aludi sobre o tema, o qual, hoje, buscamos discernir e que deve ser de reflexão não só para o momento do passe na Casa Espírita, mas, em quaisquer circunstâncias em que a vida se apresente, "A escuridão é ausência de luz. Se estivermos mergulhados em trevas, é porque estamos com a mente e o coração fechados à maior e mais poderosa energia existente no universo que é o amor (...) O trabalho espiritual mais forte e profundo que poderemos fazer em nosso benefício é viver no amor, pois o amor gera otimismo, coragem, confiança e alegria, deixa a nossa energia no mais alto nível e assim atraímos situações de vida que nos trarão a cura da infelicidade". Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Espiritismo, doutrina consoladora e bendita, felizes os que te conhecem e empregam proveitosamente os salutares ensinos dos Espíritos do Senhor! Para esses, o ensino é claro, e ao longo de todo o caminho eles podem ler essas palavras, que lhes indicam a maneira de atingir o alvo: caridade prática, caridade para o próximo como para si mesmo. em uma palavre, caridade para com todos e amor de Deus sobre todas as coisas, porque o amor de Deus resume todos os deveres, e porque é impossível amar a Deus sem praticar a caridade, da qual Ele faz uma lei para todas as criaturas". (Bem-aventurados os misericordiosos, cap. X;18. O Evangelho Segundo o Espiritismo).