sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

SER MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO


Em 06/02/2015; às 14:00 hs.

Glória ao Pai, nas Alturas, e paz na Terra entre os homens! Devemos sempre render Glória à Deus, Senhor único e soberano sobre tudo o que há. O Deus da fartura é o mesmo das privações. Então, em todas as coisas devemos nos regozijar no Senhor.

Estava mais uma vez recorrendo à Jesus sobre a minha ansiedade. Como é difícil controlar! Ainda sabendo que tudo está melhor do que poderia ser, pela misericórdia do Pai. Mesmo desperta aos Seus ensinamentos: "Não vos inquieteis com o dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" (Mateus 7; 34), como é difícil controlar o "vício" de pedir, pedir, pedir.... Sim, vício! 

Sabemos que tudo para acontecer não depende de pedir, pedir e pedir, parecendo que Deus não escuta. As coisas para acontecerem não dependem somente do pedir incessantemente, mas de se buscar, colocando-se à disposição para o trabalho. Sabemos que nenhuma folha seca cai no chão, sem a permissão do Pai. Se eu creio em Deus, como Pai zeloso que é, se não duvido da providência Divina, então, por que vivo a pedir, pedir, pedir, nessa angustiante ansiedade?

Cheguei a esta conclusão, a gente torna-se dependente do pedir, porque nunca estamos completamente satisfeitos com o que já conquistamos, querendo por à prova o amor de Deus. Então, nasce a ânsia de querer ver acontecer mais e mais, e as coisas acontecem, e continuamos insatisfeitos e continuamos a pedir e a pedir descontroladamente, perdendo o equilíbrio e a paz que só a resignação sabe alimentar. Estamos sempre famintos e sequiosos de amor, pois, se já tenho o mínimo de entendimento sobre o amor, se acredito na misericórdia do Pai, confio na sua justiça, então, por que não me liberto dessa ânsia que me abate, mesmo sabendo que o fruto só dá no seu tempo? 

Acreditamos, muito falsamente, que, para que as coisas aconteçam em nossas vidas, em sinal de humildade e fé, devemos muito pedir. Devemos cuidar em não confundir fé com presunção. Sim, devemos pedir, é verdade, o próprio Cristo nos ensina: "Pedi, e dar-se-vos-à" (E.S.E., cap. XXV; 1). Mas, também, devemos saber esperar que Deus manifeste a sua vontade. Pedimos insistentemente porque no mais íntimo, lá nas entranhas, no âmago do ser, gostaríamos que as coisas fossem exatamente como desejamos que fossem, acontecessem no exato momento que acreditamos ser o ideal, e nos entregamos mais e mais a esse vício. 

Pedir insistentemente não é força da oração, nem prova de humildade ou confiança, é força do hábito. As coisas para acontecerem não dependem somente do nosso pedir, mas são consequências do nosso esforço em construir: "Ajuda-te e o Céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. O progresso é fruto do trabalho. "Vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 7; 32-33).

Pedir é algo quase incontrolável para muitos, e para que saía do nosso jeitinho e no nosso tempo é mais incontrolável ainda, isto porque, queríamos muito que fosse Deus a nos servir, e não fosse Senhor de todas as coisas. Quem fez o que está de fora, não fez o que está de dentro? Deus nos conhece por dentro e por fora. Conhece os nossos desejos mais secretos, as nossas necessidades mais sinceras. Ele é o nosso criador, como não conheceria as suas criaturas? Somos centelhas do seu amor. Qual o filho que pede pão para o pai lhe dar pedra?

Estamos na Terra para trocar os vícios pelas virtudes. E para mudar é preciso se auto-conhecer. Eu só posso mudar quando me torno aquilo que sou, e não quando tento ser algo que não faz parte de mim. Estamos aqui tentando resgatar o que perdemos de nós mesmos. Muitas vezes, acreditamos que já aprendemos tudo, e não nos damos conta que estamos apenas engatinhando. Já temos alguma noção do certo e do errado, mas pendemos sempre para onde os nossos vícios são mais fortes em nós. Ainda não adquirimos a verdadeira consciência sobre a Lei do Amor. Estamos constantemente sabotando o nosso desenvolvimento moral.

Nós ainda não controlamos as nossas ansiedades, porque apesar do esforço em mudar, estudando e buscando compreender melhor os ensinamentos de Jesus, ainda não conseguimos deixar viver o Cristo que habita em nós. O medo, uma forma de defesa apreendida pelo nosso instinto de sobrevivência, desde o estágio primitivo, o qual não aprendemos a canalizar de forma saudável, é que nos causa essa ânsia que nos enfraquece. Deixar viver o Cristo é confiar e colocar em prática seus ensinamentos de amor: ser manso e humilde de coração. "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará" (Salmo 37; 4).

Somos todos instrumentos do Senhor, nosso Deus. Ora, o instrumento não escolhe o serviço e nem a quem servir, mas, serve ao seu Senhor. Se o instrumento está à disposição do seu Senhor, é um instrumento útil. Um instrumento sem serventia é descartado. O instrumento quando descartado a ferrugem o corrói. Com o passar do tempo para nada mais serve. Somente nós mesmos podemos decidir que instrumento queremos ser na Seara Divina: sermos útil, colocando-nos à disposição para o trabalho, ou descartados como inútil. Não é o trabalho que desgasta a vida útil do instrumento, mas a sua falta de uso. Não é preciso ser o melhor, mas apenas servir. Quem nunca ouviu dizer que: "tudo o que não é usado atrofia". O próprio cérebro atrofia se estagnado.

O trabalho é qualquer ação produtiva. Não importa a que você veio para este mundo, seja para o que for, busque ser o melhor instrumento nas mãos do seu Senhor. Somos nós que estamos para servir à Deus, e não Deus para nos servir. Ele nos dá esforço e nos ajuda, e nos sustenta com a destra da sua justiça (Isaías 40; 11). Então, nada de desânimo: "Eu sou contigo" (Jesus). É preciso, pois, escolher a semente, preparar a terra, plantar, cultivar e esperar o tempo da colheita, para melhor se aproveitar o fruto. Nenhum desse processo é tempo perdido. Trabalhar é fazer a sua parte aqui na Terra enquanto aguarda as providências do Céu, que, muitas vezes, se manifesta no último instante, para por à prova a nossa resignação.

Enquanto o nosso olhar estiver retido somente nas coisas da Terra, não é possível mudar e sair do sofrimento. Ninguém se eleva aos Mundos Felizes sem antes ter cumprido suas provas neste Mundo, que é de provas e expiações. A vida na Terra é o maior legado que Deus deixou aos seus eleitos. É somente através dessa oportunidade que é possível se elevar aos Mundos Felizes, designados aos Espíritos Puros: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu (...). Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6; 19-20).

Não devemos desprezar a vida, tratá-la com indiferença ou negligência. E, muito menos abrir mão dela pelo suicídio, desperdiçando essa oportunidade única, ofertada pela misericórdia Divina. A vida é uma só, as experiências ou existências corpóreas (reencarnação) é que são múltiplas. A ansiedade do coração deixa o homem abatido. É necessário elevar-se ao infinito e ver que a vida é além dessas fronteiras, ou barreiras que criamos. É preciso não ver apenas uma existência. Somente nós mesmos podemos nos libertar desses grilhões, olhando para si mesmos. Então, a justiça de Deus se revela. "E, tudo quando fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens". (Colossenses 3; 23). Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. Mas, o consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João, XIV: 15-17, 26).

(O Cristo Consolador, cap. VI; 3. O Evangelho Segundo o Espiritismo)




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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.