quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Homenagem às criaturas do Senhor


Em 2008 ganhei de aniversário uma linda cadelinha, a qual dei o nome de Puma. Um lindo Labrador preto. Há muito desejava criar um, especialmente, por minha filha. Os animais ajudam a desenvolver no homem a afetividade, especialmente, o cão.

Foram momentos felizes e difíceis em nossas vidas. Eu não tinha a virtude da paciência e da tolerância. Queria a casa sempre muito arrumada, tudo milimetricamente no seu devido lugar, sem sujeiras e odores desagradáveis (TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo). Além do mais, cachorrinhos fazem bagunça e sujeira. Comem sandálias, pés de móveis e mordem os nossos pés, roubam as nossas meias. Labrador, então, nossa! São por natureza hiperativos e comilões. Fofos!

Puma parecia entender bem o que eu não entendia: queria que se portasse como "gente". É assim que desejamos, sem percebermos, que o nosso animalzinho se comporte, é assim que os tratamos, muitas vezes, tentamos substituir "gente" por um animalzinho. Chamando-os até de "filhos" e preferimos tê-los a ter filhos. Filhos não podemos mandar embora quando não mais os desejamos ... Cachorros também não!

Eu queria à todo custo tratá-la como cachorro. Nada de ficar dentro de casa; nada de provar da nossa comida; nada de cama ou sofá; nada ... Então, um dia Puma teve um "derrame de pulgas", fiquei por demais irritada com aqueles parasitas por toda a casa, nessa ocasião desejei imensamente não tê-la. Achei aquilo um inferno. Roguei à Deus que me livrasse daquela criatura que me cansava de cuidados. Exclamava com minha filha: "tá vendo porque não quero cachorro em casa!". Puma ficou livre das pulgas, mas eu não da irritação. Sabia que gostava muito dela, só não tinha paciência.

Pensávamos comemorar o seu primeiro aniversário junto com o da minha filha, a diferença eram de dois dias, estávamos cheios de planos para a festa. O que aconteceu? Puma, dois meses antes de seu aniversário, apesar das vacinas em dia, contraiu "cinomose", doença que afeta todo sistema nervoso, causada por vírus que quando não mata, deixa sequelas profundas e, quase sempre irreversíveis. Lembro-me de quando ela chegou de um passeio com minha filha e o namorado. Ele tinha por Puma uma amizade das mais bonita de se ver, talvez por nunca ter tido a oportunidade de conviver com um animal em casa antes.

Eu estudava na área onde ela costumava ficar. Quando chegou, deitou-se ao meu lado, encolhida e tremendo a pata traseira. Ficou quieta, o que não era de costume, então, chamei-a para o meu colo e percebi que não estava bem. Levamos para o veterinário, depois de exames de sangue, constatamos a doença. Foi muito rápido o desenvolvimento da doença, logo ela tremia toda a parte traseira, gritava descontroladamente, um "uivo" de doer na alma. Rejeitava alimentação e água e, por fim, passou a morder. Momento de muita tristeza foi quando mordeu minha filha, pela primeira vez, minha filha disse-me em prantos: "o que está doendo não é a mordida, é saber que ela me mordeu por causa da doença, ela nunca me mordeu antes, e eu sei que ela também está triste por ter me mordido sem querer".

Consultei o veterinário sobre o assunto. Ele me disse que devido a doença ela poderia deixar de nos reconhecer. Ainda assim, não desistimos dela no primeiro momento. Eu passei a dormir com ela no sofá da sala, para aconchegá-la. Dava-lhe alimento na boca: iogurte, mingau, leite... salsão, ela adorava salsão. Dava-lhe água na seringa. Trocamos o dia pela noite, e, o sofá, agora, pelo chão. Ficou muito inquieta, girava como o ponteiro do relógio enquanto dormia e eu girava junto, pressionando-lhe as patas traseiras, pois, acalmava-lhe o sono.

Não houve a festa sonhada, três dias depois do seu aniversário, fomos ao hospital veterinário para novos exames. Puma já não mais andava, tínhamos que leva-lá no colo, apesar dos seus quase trinta quilos. Uma dessas tarde, quando ela acordou depois do medicamento para dormir, não conseguia permanecer sobre as patas traseiras. Queria fazer suas necessidades fisiológicas, eu e minha filha a colocamos em cima de um tapete e a arrastamos até o quintal. De repente ela conseguiu andar, chorávamos as duas abraçadas, agradecendo a compaixão divina. Eu já não mais dormia, a noite inteira ao seu lado, rezando agora, para que ela não nos deixasse.

Foram três longos meses. Então, tive que tomar a decisão mais penosa de toda a minha vida. As mãos que antes acarinhava-lhe e alimentava-lhe, agora assinava-lhe a sentença de morte. Como doeu assinar aquela autorização para sacrificá-la. O sacrifício era todo meu, naquele momento. Enquanto relembro e escrevo, choro compulsivamente. Minha linda Puma, esticada numa maca fria enquanto uma injeção letal arrancava-lhe o último suspiro e roubava o meu ar. Senão foi o pior, foi um do mais dolorosos dia de minha vida. No momento da despedida inevitável, Puma parecia dizer-me: "não sofra, eu também te amo muito". Os animais não são médiuns, mas percebem a presença dos Espíritos, por isso percebia a minha dor e o meu amor

Eu queria todas aquelas pulgas de volta, eu queria o pé da mesa mordido, eu queria os pelos pela casa, eu queria o quintal sujo, eu queria a vida de volta e eu não pude evitar o triste fim. Como aquele silêncio irritava-me agora, aquele desejo de perdão: "Perdão, Senhor! Porque atendeste a minha prece? Por que me livraste do trabalho, do cansaço e deixaste para mim está dor?" "Ah! Se eu pudesse tê-la de volta, Senhor!"  Eu a amava mais do que podia imaginar. Cachorros, melhor não tê-los do quê tê-los e depois perdê-los.

Mais uma vez, Deus foi piedoso do nosso sofrimento. Enquanto Puma morria, nascia Luna, outro Labrador fêmea, preto, que minha filha encontrou numa busca pela internet. Corremos para buscá-la aos trinta e cinco dias de nascida. Tomamos todos os cuidados necessários com a casa para que ela não fosse contaminada pela doença. Cuidamos de suas vacinas e, no dia 22 deste mês, estaremos comemorando o seu segundo aniversário. Por estar feliz e agradecida à Deus, resolvi prestar está homenagem a Puma e a todos os animais da Terra. Amanhã é a data de aniversário de Puma, dia 20 de outubro, estaria fazendo três aninhos e, sei que Luna foi o presente que ela nos enviou em recompensa pelo amor que lhe dedicamos. É a energia do amor Divino preenchendo os nossos dias de alegrias para que continuemos melhorando-nos espiritualmente.

Dedico-lhe esta homenagem em nome do amor que ela me propiciou experimentar. Por ter me feito uma pessoa mais sensível às criaturas do Senhor, fez-me mais terna e paciente. Tornou-me, através desse processo doloroso de perda, um ser humano um pouco melhor. 
Quem, apesar de não ser considerada ainda uma raça evoluída, poderia dar-nos uma lição de amor e perdão? Ele faz festa quando o dono chega e chora quando este sai. Você briga, reclama e ... é só chamar que ele vem correndo na maior felicidade. É o amigo fiel até a morte. É tão paciente, sabe que a qualquer instante vai conquistar seu coração, não importa o quanto você seja "carrancudo". Faz tudo para lhe agradar! Dizem que somos nós os responsáveis pela sua evolução na Terra, mas creio o contrário. São estas criaturinhas maravilhosas que corroboram com a Evolução Humana na Terra. Por tudo o que vivemos juntas, é que lhes rendo a minha mais sincera homenagem e louvor à Deus, Senhor de todas as coisas e de todas as criaturas sobre a Terra.


    
 "Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma  proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar"
 Chico Xavier









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