sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A complexidade do Trabalho de Desobsessão


Em 11-01-2012, às 10hs.

Caros irmãos, cuidado para não simplificar o que é bem mais complexo. Não há verdade absoluta, ainda mais em se tratando da alma humana. Bem é verdade, em tese, que todos somos donos do nosso corpo, da nossa consciência, da nossa vontade. Mas, fosse tão simples assim, não precisaríamos de hospitais psiquiátricos ou clínicos, ou mesmo, de Centros Espíritas. A medida de tudo deve ser sempre o bom senso!

É preciso lembrar que o trabalho espírita começa antes no plano invisível, depois na Casa Espírita (SCHUBERT, Dimensões Espirituais do Centro Espírita). Cada espírito acolhido recebe pois, antes do atendimento no Centro Espírita, o atendimento da Espiritualidade de acordo com suas necessidades e merecimentos. Cada espírito recebe um tratamento distinto, assim como acontece no plano terreno, "cada caso é um caso". E, nada acontece sem a permissão do Pai Celestial. Há em cada comunicação uma finalidade e uma afinidade entre o médium e o espírito comunicante. Nada é feito ao acaso pelo plano espiritual, tudo já está definido muito antes do trabalho começar no plano terreno.

O médium deve sim, selecionar as comunicações e ter, em si, a consciência de que o carro físico lhe pertence, devendo preservá-lo, moral e fisicamente. Contudo, ocorrem necessidades que independem da vontade do médium e ultrapassam o conhecimento humano, entidades agressivas podem querer agredir doutrinadores, e o médium, pode sim, perder o controle, porém, a equipe técnica domina mecanismos que os protegem de qualquer ameaça física. Uma manifestação violenta pode fazer com que o médium perca o controle, ainda que este seja capacitado ou "disciplinado", nenhum médium, por melhor que seja, está livre de tais manifestações espíritas, porém, jamais perderá a atenção da equipe socorrista.

Existem espíritos em estado tão grave de abstinência que não desejam estar ali, não desejam o socorro, pois, nem mesmo o vê como socorro, de tão grande a sua demência pela perda do contato com o corpo físico, o choque anímico o desperta e, o desespera ainda mais severamente, tornando-os extremamente violentos, mesmo com atendimento prévio no plano astral, são capazes de lançar o médium no chão. No entanto, nenhum espírito, em qualquer estado que se encontre,  penetra o templo sem a supervisão e o consentimento dos mentores da Casa.  Cada médium possuiu ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa (Schubert D. E. do C. E. cap. 14, p. 167).

Neste caso, é necessário o preparo do doutrinador na assistência daquele irmão em sofrimento: conhecimento doutrinário, fundamentado na Codificação Kardequiana; conhecimento do Evangelho de Jesus; autoridade moral, essencial para legitimar os argumentos que apresenta o comunicante; fé, não advinda apenas do crer, mas do saber, fé-esclarecida, e, amor acima de tudo, somente com amor se é capaz de se fazer ouvido, no mais, paciência, tolerância, sensibilidade, vigilância, humildade e prudência. Como recomenda Joana de Ângelis "(...) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio".

Imaginemos uma criança de 9-10 anos, mergulhada na ilusão das drogas psicodélicas e em abstinência. Cinco homens, com o dobro do seu peso não são capazes de controlar o seu surto psíquico. Porque acreditar que após o desencarne a situação mudaria? Não. A morte do corpo físico não liberta o espírito do que lhe está registrado no períspirito. A dor, o sofrimento, o ódio, ou, a alegria, a paz e o amor, acompanha-o, bem como, qualquer outro vício constituído em sua permanência terrena, de forma cem vezes ainda mais perceptível para o espírito desencarnado. Logo, a sua manifestação trará consigo refluxos da sua existência corpórea. O Espírito livra-se do invólucro corpóreo, mas, mantém a consciência presa ao seu eflúvio. No plano espiritual é lhe dado o primeiro atendimento para amenizar a sua dor moral; o contado com sua nova existência é dado através do choque anímico pelo médium, na Casa Espírita.

Convém lembrar que existem vários tipos de faculdades mediúnicas, entre essas, a "psicopraxia", liberdade de movimentar por completo o corpo do médium, mesmo sobre o controle do médium. Então, condicionar as comunicações, unicamente, ao comportamento moral ou "educação" do médium é querer tornar simples o que é muito mais complexo. Por que mais complexo? Porque envolve um conjunto de desejos e recordações recalcados referentes ao mesmo impulso inconsciente, o que torna complicado, intrincado as comunicações mediúnicas. Logo, não é tão simples acreditar que a boa educação do médium, ou o seu conhecimento teórico possa evitar, em alguns casos,  as manifestações violentas. É óbvio que não sendo regra geral, é preciso avaliar sua ocorrência. Há casos em que o médium é quem precisa de socorro espiritual, e esse lhe é dado sempre, pela equipe socorrista. Cabe aqui, a medida do bom-senso, o pré-julgamento é inadequado ao bom trabalho espírita. 

Generalizar é uma forma sutil de se dizer dono da verdade, porque essa atitude impede de se olhar cada indivíduo como um ser único, um pequeno universo. É dizer que tudo é a mesma coisa, e, o Universo não funciona assim. O Universo é um grande organismo, cada indivíduo é uma célula desse grande organismo. Cada célula tem a sua função específica. Entretanto, para o bom funcionamento do todo, faz-se necessário a unicidade do conjunto. Tanto no espaço como na Terra, no mundo invisível ou dos encarnados, somente trabalhando em uníssono é possível universalizar.

Luz e Amor!


"Que remédios, pois, poderiamos dar aos que foram atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só ifálivel: a fé, voltar os olhos para o céu. se no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito, ante as quais se esvaem os poucos dias de sombras do presente" (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 19. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

3 comentários:

  1. Achei muito bom este artigo e muito esclarecedor a respeito da situações diárias nos centros espíritas.

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    1. Que bom!
      Espero muito ter ajudado de alguma forma. Muita paz!

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  2. Excelente explicação. Precisamos estar atentos à realidade espiritual inferior, que é mais densa e complexa do que supomos ser.
    Muita vigilância e busca sincera pelo aprimoramento moral ainda são os caminhos mais seguros para todos.

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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.