domingo, 29 de janeiro de 2012

Suicídio: um problema de todos

 Suicídio, você pode ajudar

Em 27-06-2011, às 22hs e 30min.

Fui para a leitura do Evangelho, que acontece todas as segundas e quintas-feiras, na Casa do Caminho. Deixei para entrar no salão apenas no início do trabalho, na tentativa de não dar nenhuma comunicação e, assim, evitar constrangimento da comunicação "fora de hora", ou, aquela dor de cabeça que me acompanha todas à vezes que lá compareço.

O capítulo estudado do Evangelho Segundo o Espiritismo foi o V, itens 13 e14, que tratam sobre o suicídio e a loucura. Foi abordado sobre o suicídio consciente e inconsciente. O inconsciente ocorre todas às vezes que abusamos dos prazeres terrenos, negligenciando os efeitos dos nossos atos sobre a nossa saúde física, por exemplo: aquele que sabe que o cigarro prejudica-lhe a saúde e continua fazendo uso. Certamente, ele não fuma na intenção de abreviar os seus dias, ou seja, ele "não intenciona" morrer, apenas ignora as consequências do seu ato. O suicídio consciente ocorre quando se tem a intenção de abreviar o tempo na terra, infringindo a lei natural, a lei da vida. Ocorre quando negligenciamos os efeitos morais dos nossos atos, aqueles que repercutem no espírito.

No decorrer dos estudos comecei a sentir grande aflição, tornando-me muito irritada com a discussão. Sentia o sangue gelar diante das colocações ali feitas. Desejava dizer a todos presentes, principalmente, àqueles terapeutas, que não era nada daquilo e que pouco entendiam da alma humana, dos seus sofrimentos, se assim não fosse, não haveria tantos hospícios e manicômios que nada resolvem. Hospícios e prisões, ou qualquer outro cárcere, existem para esconder da sociedade o que a própria sociedade não consegue conceber, a perfeição humana. É mais fácil ocultar o problema do que o olhar de frente. Olhar de frente requer desprendimento, disponibilidade para a boa ação, abnegação, caridade pura, é olhar para si mesmo, sem as máscaras, porém, o ser humano ainda não atingiu este grau de evolução, de comprometimento com a Lei Divina, com a Lei do Amor: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo".

Ninguém, em sã consciência, que não tenha sido atingido na alma, deseja a morte verdadeiramente, ao contrário, o suicídio é muito mais um grito de socorro, do que a desistência de uma vida. É a dor moral rompendo-lhe a alma, rasgando-lhe no âmago de sua existência, pois que, não há dor maior de se suportar do que a dor moral.  A dor física é inevitável, não depende do nosso querer, o sofrimento da alma, este, pode ser evitado seguindo-se os ensinamentos morais, deixados pelo Mestre Maior, Jesus. Não podemos dizer a uma ferida aberta na carne humana: "não doa" e ela, prontamente, deixar de doer. Será preciso medicações para aliviar-lhe a sensibilidade física. A dor moral, sendo bem mais profunda e complexa, e que só se manifesta em consciências despertas, as que permanecem adormecidas não a sente, não encontrando o remédio certo para o alívio das suas aflições, constituirá em sofrimentos diversos e de longo prazo, muitas vezes, em danos irreversíveis para a alma.  

A dor moral, faz-nos olhar para o Alto, para o Céu e implorar por clemência pois sabemos, no ínfimo das nossas entranhas, que ferimos as Leis de Deus, "Princípio Universal", fracassamos com a vida e nos colocamos no inferno astral. O sofrimento é visto como um castigo infindável, infligido àquele que transgride a Lei Maior. Desejamos, neste momento, desesperadamente, fazer tudo diferente, acreditamos que, abreviando o tempo, conseguiremos interromper todo o processo no qual se instalou as nossas feridas e, consequentemente, diminuir o nosso pesar e as nossas dívidas com o Pai celestial. É como se dissessemos: "Senhor, eu não sou digno de fazer parte desta vida, eu fracassei, entrego-lhe a minha vida para que eu não faça mais sofrer, nem a mim, nem a mais ninguém". A dor moral, assim, nasce da falta de esclarecimento, do acreditar em um Deus severo, vingativo, e, que, somente entregando-lhe a vida em sacrifício, é possível restituir-lhe a confiança, abrandar os sofrimentos, e alcançar a graça de uma vida eterna, uma vida mais feliz. É o resultado de uma cultura sectária, oferecer a vida em holocausto.

Essa cultura secular precisa ser vencida através dos Ensinamentos do Evangelho, somente, assim, vencendo esses preceitos, será possível evitar que muitas outras almas se percam em si mesmas, acreditando  encontrar-se. "Ides e pregais o Evangelho", eis a chave da Salvação. Fazer-se conhecer os Ensinamentos de Cristo é o verdadeiro dever de todos os cristãos, de todos espíritas. Não se pode ensinar o que não se aprendeu Aprendizado requer prática. Praticais o Evangelho, sejais exemplos para essas almas sofridas e renegadas pela  ignorância, então, possivelmente teremos mais Casas Espíritas e menos Sanatórios.

Deus, na sua bondade infinita, ainda assim, permite-nos recomeçar a tarefa que, pela ignorância dos nossos atos, postergamos, atrasando a nossa evolução. Este recomeço pode ser imediato ou demorar longas reencarnações, dependendo das circunstâncias do acometimento. Eu dou o meu testemunho, pois que, trago as lembranças do meu ato desesperado, sim, ato daquele que perdeu a esperança, mas não a última, pois, aqueles que a perderam definitivamente permanecem no Vale do Sofrimento, até recobrarem, de alguma sorte, os sentidos, quem sabe, através das preces a eles oferecidas insistentemente, pois que, as mais puras orações chegam à Deus, como um grito de reconhecimento e de amor.


Estive à beira do Vale dos Suicidas, no umbral. Levada pelo desespero e por ainda não conhecer a Deus, atirei-me para o suicídio com uma forma de resgate da minha própria alma. Eu gritava: "olhem para mim!", mas, ninguém ao meu lado me escutava. Dei todos os sinais de que estava me perdendo: nas frustrações, na solidão, no isolamento da depressão, músicas altas, bebidas, embriagues, devaneios torpes, sexo como busca incessante de amor, buscas vazias. Depois, a dor, o arrependimento, os sonhos que se perdiam cada vez mais, o não mais querer, e, ninguém ouvia os meus gritos de socorro. O sofrimento foi se instalando inevitavelmente, não podendo mais lidar com ele sozinha, quase enlouquecida, busquei ajuda nas sessões terapêuticas. A minha família acreditava que era só pelo rosto desfigurado, mas que eu era forte, guerreira ... Iria vencer sozinha.

Não. Eu não era forte nem guerreira, estava completamente no chão, e não fora tão somente pela mandíbula amputada, mas pelos sonhos ceifados, pelos amores destruídos mesmo antes de nascer, pela vida que não existia mais em mim. Eu não quero aqui, culpar a ninguém pelos meus fracassos, somos responsáveis por nossas escolhas. Contudo, é importante ressaltar que, muitas vezes, "por falta de um berro, a vaca cai no atoleiro". Então, aí é que entra a doutrina espírita, a caridade. "Lavar as mãos" é bem mais fácil do que se comprometer, dizer: "eu posso ajudar?". "Não vejo", "não ouço", "não falo" é a maneira mais vil de sair pela tangente, sem culpa. Na verdade, todos somos responsáveis uns pelos outros, senão, o Senhor Deus  não seria sábio e justo: "quem fizer a um desses pequeninos é a mim que o faz". Quem não ama ao seu próximo, não lhe estende a mão, vendo-o cair,  não ama a Deus, nega a Deus. E, muitas vezes, infelizmente mais para os que agem assim , do que para os que necessitam, nega-se um olhar mais atento, até mesmo à quem se diz "próximos": pai, mãe, filhos, irmãos, amigos. 

A terapia não foi suficiente para evitar o que poderia ser evitável. Acreditando que não havia mais por que seguir, já que ninguém parecia me amar, deveria ser, realmente, algo (coisa) muito insignificante para não merecer amor, para ninguém me ouvir. Apesar de não aceitar um Deus vingativo, cruel, carregava uma culpa de fazer sofrer aqueles a quem amava, e, talvez, por isso, merecesse ser extirpada da terra, igual erva daninha. Construção de uma cultura, onde, ir contra a igreja é pecado, discordar dos pais é pecado, ter opinião é rebeldia, "não vai para o Céu" e tantos outros mitos e tabus, que por não se ter esclarecimento da Verdade, passa-se a viver de sofrimento constante, em busca da liberdade de se poder ser. É neste momento, quando estamos totalmente "para baixo", literalmente "entregues", que entramos em sintonia com o plano inferior, com espíritos obsessores, vingativos, que, se aproveitando da nossa fraqueza e invigilância, empurram-nos para o suicídio, por isso a necessidade constante de "Vigiar e Orar".

Nunca acreditei na fé cega, é fanatismo. Nunca comunguei com os ensinamentos que me foram passados através da ignorância de quem também não conhecia a Verdade. Sentia-me completamente só, não conhecia o espiritismo e como  na minha visão, eu representava um número menor, logo, o erro estaria em mim. Então, para que continuar num mundo de solidão? Talvez, todos tivessem razão, Deus tenha me castigado, quem sabe, esquecido de mim. Atirei-me nesse abissal.

Passei três dias em coma, fiquei entre o plano físico e o plano espiritual, num espaço vazio, de um tom meio alaranjado, puxado para o marrom e, um silêncio profundo. Não pude ver a quem amava, nem pai, nem mãe, irmãos, filha, esposo. Era eu e o isolamento dos meus pensamentos. Desse espaço, avistei abaixo dos meus pés somente lágrimas, gemidos, uivos, "ranger de dentes". Sombras, cinzas, um fogo que não queima e não se apaga. Árvores secas, terreno íngreme, pedras, lama, lodo, limo. Limbo! Todos pareciam enlouquecidos, animais raivosos, débeis em seus sofrimentos. Um sofrimento inigualável no mundo terreno, almas que perderam a fé.

Mas, até neste momento, Deus é piedoso com as suas criaturas, existe uma equipe socorrista atenta a esses afortunados, dando-lhes o amparo necessário e as mão sempre estendidas para aqueles que, finalmente, aceitam o socorro. O Senhor enviou-me o seu mensageiro que estendendo a mão, disse-me: "Ainda há muito o que ser feito, O Senhor tem algo bom reservado para você". Aceitei a sua mão estendida e deixamos aquele lugar sem olhar para trás. Era o meu Mentor (anjo-de-guarda) em meu socorro. Apresentou-se como um senhor de cabelos e barba branca, vestia uma túnica que de tão branca, confundia-se à sua alvura. Acompanhava-lhe um jovem espírito, este trajando uma túnica bege. Os espíritos inferiores não podem subir ao plano astral superior, porém, os mais elevados podem socorrer-nos no baixo-astral, quando permitido por Deus, pois que nada acontece sem o Seu consentimento, nem na Terra, nem no espaço invisível.

Até meio aos infortúnios existe o livre-arbítrio, a vontade é sempre nossa: parar ou seguir. O que não exclui a necessidade da mão estendida. Insisto na importância da prece, pois que, ao conduzir-me pelo grande portal, pude ver o meu irmão de joelhos, em lágrimas, ao lado do meu corpo imóvel na UTI, implorando para que não desistisse da vida, e, que me amava. Foi neste momento que a luz da sua prece e amor fizeram-se presentes. Então, pude retornar ao meu corpo físico e prosseguir na minha caminhada. O meu anjo guardião pediu-me, somente, que orasse pela humanidade: "o mundo precisa de oração". Até hoje continua sempre me pedindo para ensinar a orar.

Oh Senhor!
 O Senhor é Santo
O Senhor é Único
O Senhor é todo Poderoso 
Ensine seus filhos a rezar
Quem vos fala é um irmão de luz
Não deseje mal ao próximo 
ainda que lhe façam o mal 
Lembre-se: ofereça a outra face
ainda que lhes digam o contrário
Reze para que seus dias seja de luz
E não conheça a treva
Nem nesta vida
Nem na vida eterna
Assim Seja!  

(Espírito Protetor)

Não quero com essa minha explanação justificar um ato para o qual não há justificativa. Desistir da vida é mais que um ato de covardia, é um crime tal qual o homicídio, apenas aplicado a si mesmo. Ao criminoso resta somente à prece pela sua resignação, julgá-lo, jamais. "O homem não tem jamais o direito de dispor da sua própria vida, pois só a Deus compete tirá-lo do cativeiro terreno, quando o julgar oportuno (...) O suicida assemelha-se ao prisioneiro que escapa da prisão antes de cumprir a sua pena, e que ao ser preso de novo será tratado com mais severidade" (cap. V; 14-17, O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Desejo mostrar que existem diferentes motivos que contribuem para esse desfeche fatal, o suicídio. Motivos ímpares, e que fogem ao olhar de muitos terapeutas, e que a ciência não é capaz de desvendar na íntegra, simplesmente, por que a consciência é um universo impenetrável. Consciência não é o mesmo que cérebro, este é um sensor físico, a consciência é um sensor do espírito, é a alma humana. Sabe-se, no entanto, que uma vez desperta, jamais poderá regredir. Almejo, também, chamar à responsabilidade todos aqueles que se fazem cristãos, mostrar-lhes que o problema do outro é de todo mundo. Família, esteja atenta as responsabilidades com os seus entes, peca-se por omissão. Espíritas, amem desmedidamente ao próximo, levem à todos o Evangelho. É somente através do seu conhecimento ser possível reverter esse quadro de loucura que se instalou na humanidade e, prevenir contra o suicídio. Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Trabalhadores, traçai o vosso sulco. Recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera. O trabalho de vossas mãos fornece o pão terreno aos vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas: eu, o jardineiro divino, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos" (O Cristo Consolador, cap. VI; 6. O Evangelho Segundo o Evangelho).

sábado, 28 de janeiro de 2012

Nós escolhemos nossas testemunhas


"Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a terra que o Senhor teu Deus te há de dar" (Decálogo, Êxodo, XX; 12).

Em 14-04-2011, às 8hs.

Sinto-me muito triste neste momento. Precisei tomar uma decisão, a qual eu não gostaria de ter tomado e, sei que marcará para sempre a minha vida. Neguei ajuda ao meu pai. Não que o tenha renegado, apenas, tive que impor limites ao seu acesso à minha casa, pela paz e harmonia do meu lar, da minha família. Esta decisão  fez-me sofrer desde que entendi que não mais poderia lhe dar o meu apoio. Sei que está passando por dificuldades financeiras e, possívelmente, psicológicas, pois, percebo em seu comportamento um certo "não aceitar envelhecer". Creio que não se preparou para a velhice, de forma alguma, parecia que esse dia não lhe chegaria, mas, chegou e, chegou-lhe inclemente. Na verdade, ele não teve auto-clemência quando não se preparou para a sua inevitável chegada. Ninguém pode pular as etapas da vida, é um ciclo. Feliz de quem pode vivê-las todas.

Há pouco tempo, acabou com o casamento de cinquenta anos. Fez suas escolhas, certas ou erradas, não cabe à mim julgá-las, como jamais julguei. Eu, ofereci-lhe meu apoio, deixei as portas da minha casa e, principalmente, a do meu coração, abertas. Porém, a minha vida começou a mudar, drasticamente, em função de sua vida, quando a escolha de mudar foi dele. Eu não escolhi mudar a minha vida, nem a minha família, que também deve ser respeitada.

Em nenhum momento, até hoje, senti como alguma vingança, ou qualquer outro tipo de ressentimento. Freá-lo foi necessário apenas para restabelecer a paz e harmonia na minha vida, pelo momento de transição em que me encontro e, por mais que pareça o contrário, para o bem dele próprio, para a sua evolução. Mesmo assim, sofro muito sabendo que, por decidir pelo meu bem-estar, ele está só pelo mundo, colhendo os frutos que semeou, tendo ao seu lado as companhias que escolheu.

Então, numa dessas noites em que chorava rezando por ele, adormeci na angústia de não saber como ele se encontrava, estive com um velho, ou melhor, "o velho". Levou-me para ver as andanças de meu pai. O caminho era escuro, sombrio e tenebroso. Pude ver muito sofrimento à sua volta, muitas sombras e, eu sem nada poder fazer. Então, gritava, no momento em que me agarrava a minha filha que dormia ao meu lado, na minha cama. Era horrível não poder acordar. Não poder tirá-lo do meio das sombras escuras que o acompamhava. Afinal, é o meu pai!

O velho disse-me que, naquele momento o caminho era dele, caminho que terá que percorrer sozinho, pois que, foram esses espíritos que ele escolheu por testemunhas. Nesse momento, para o meu bem, preciso abster-me. Então, fico pensando na caridade, refletindo sobre: "honrarás pai e honrarás mãe". Não seria contraditório afastar-me nesse momento de tormento, ainda que tenha sido uma escolha dele?

Liguei outro dia para saber dele. Disse-lhe que o sabia magoado com a minha recusa, pedi-lhe perdão apesar de não voltar atrás da minha decisão. Soube, por ele mesmo, que vem sofrendo horrores, passando por sérios problemas com as pessoas com que está se relacionando, enfim, a vida desandou. Queixa-se de não ter mais família, dos filhos que lhe abandonaram, dos quais, agora me incluo, já que lhe neguei "apoio".  A ligação caiu no momento em que relatava sobre ter passado por mais um tormento, vítima das más companhias. Fiquei deprimida ao constatar que o velho mostrara-me a verdade, realmente, este é um caminho que terá que seguir sem a minha ajuda. Resta-me, no momento, rezar. Voltei a sentir, em mim, todo o sofrimento dele, meu corpo sofria, minha cabeça doia.

Fiquei muito triste com a situação em que ele se colocou, mas não me sentia culpada por ela, apesar de, algumas vezes, ele próprio querer imputar-me culpa do seu insucesso, responsabilizando à minha falta de apoio o seu fracasso, passando essa idéia aos demais membros da família. É neste momento que nasce a minha culpa, para defender-me acabei por lhe fechar algumas portas. Deveria calar-me, sem me importar com as acusações das quais me fez vítima. Deveria perdoar-lhe pois estava ferido e só, mas acabei confessando aos demais o que ocorrera de fato, acabando por piorar a sua situação que já não era das melhores. Para não prejudicar, é melhor nada dizer ainda estando com a razão, o tempo se encarrega de tudo, por que Deus é justo, mas, sempre erramos neste sentido. No intuito de corrigir um erro causamos outro mais grave. Falta-nos a resignação. 

A maledicência tem esse efeito avassalador, quando falamos do outro, ainda que para a nossa defesa, fechamos-lhe várias portas além da nossa. Então, é aí que a maledicência se configura na falta de caridade. Quando podiamos nos calar, ainda que inocentes, deixamos a nossa lingua ir além dos nossos pensamentos, destruindo, talvez, a última oportunidade que o outro encontraria de se melhorar. Essa minha atitude com meu pai, hoje, dói em mim, principalmente, por que eu conhecia a "Palavra", meu pai não. À ele ainda é permitido não me entender, porém, eu jamais deveria proceder como procedi em resposta às suas acusações. Eu não havia deixado de lhe amar, apenas precisei dizer-lhe "não", para o nosso bem, ainda que para ele não soasse assim. 

Quando escolhemos um caminho que não condiz mais com as demandas do mundo, precisamos nos afastar de determinadas companhias, isso não significa, jamais, falta de amor, de querer bem, apenas não cabemos mais naquele mundo, não por que somos melhores do que ninguém, pois que, cada qual tem o seu próprio tempo para evoluir, aceitar os Ensinamentos, mas, certos comportamentos já não nos servem mais. Contudo, errei, pois não fui tolerante com a ignorância do meu pai, e esse meu erro mudou a minha vida para sempre. Feri a quem amo, e não consegui o seu perdão! Não consegui o meu perdão! Apesar de ainda nos falarmos, e, dizer-me que não há do que me perdoar, nunca mais esteve em minha casa.

Luz e Amor!


"E todo o que deixar, por amor do meu nome, a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou as fazendas, receberá cento por um, e possuirá a vida eterna" (Mateus, XIX; 29).

"A finalidade dessas expressões é mostrar, por uma figura, uma hipérbole, quanto é imperioso o dever de cuidar da vida futura. Deviam, por isso mesmo, ser menos chocantes para o povo e uma época em que, por força das circunstâncias, os laços de família eram menos fortes do que numa civilização moralmente mais avançada. (...) O Espiritismo no-las apresenta de mais alto, mostrando-nos que os verdadeiros laços de afeição são os do espírito e não os do corpo; que esses laços não se rompem, nem pela separação, nem mesmo pela morte do corpo; e que eles se fortificam na vida espiritual, pela depuração do Espírito: consoladora verdade, que nos dá uma grande força para suportar as vicissitudes da vida..." (Moral Estranha, cap. XXIII; 4-6. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O socorro além do trabalho de desobsessão

                       
                                               (Clique em cima)


Em 13-01-2011, às 10hs.

Essa noite estive em um vilarejo, havia um rio ou uma praia, não me lembro bem. Sei apenas que por onde caminhava havia mortos, como se uma grande calamidade houvesse lhe abatido. Corpos espalhados pelas ruas desertas, em destroços, pessoas chorando seus mortos. Lembro-me de uma mulher chorando, sentada em um banco de cimento, numa rua estreita, em uma pequena praça, parecia-me um centro comercial. Estava sendo amparada por outra senhora, suas vestes eram diferentes das nossas, roupas que lhes cobriam todo o corpo e véu. Numa vitrine pude ver o corpo de um homem estendido: entrava, suspendia-lhe o lençol branco, olhava-o e retirava-me em silêncio. 

Saia caminhando pelas ruas em destruição, mais corpos sem vidas pelo caminho. Entrei em um pequeno prédio, havia várias portas, parecia estar hospedada ali. Segui pelo corredor e adentrei um quarto. A porta estava entreaberta, entrei e vi um homem caído em sangue. O seu algoz apresentava, ainda em mãos, uma espada, seu rosto estava envolto por um turbante branco. Virava-se para mim, embainhando a espada. Retirei-me sem nada dizer. Entrei no meu quarto e coloquei uma toalha laranja, muito grande, para secar na janela. Um senhor aguardava-me. 

Saimos juntos e logo estavamos em uma embarcação de madeira, com caixotes formando um imenso corredor bastante estreito. Estes caixotes pareciam compartimetos (jaulas) onde estavam vários corpos de homens e animais, o lugar era fétido. Perguntei ao senhor: "ainda há mais corpos?", então, respondeu-me que sim, mas somente de homens. Passando pelo corredor que se estreitava por esses pequenos compartimentos, encontramos, ao fundo, um grupo de senhoras negras, todas sentadas em silêncio, cabeça baixa, cobertas por lenço, comendo uma espécie de fruta que tinha aparência de "chuchu", mas com o sabor azedo de "biribiri", o cheiro me causa repulsa só de lembrar, não sei o por que, mas já o senti antes. O senhor que me acompanhava sentou-se junto a elas e começou a comer o fruto. Mantive-me em pé e resisti em comer, porém, uma das senhoras pediu que me sentasse e, pegando, em uma cestinha de vime, o fruto, cortou um pedaço e entregou-me. Era um ritual. Acordei cansada.

Tem sido assim frequentemente, após os trabalhos de desobsessão que ocorrem na Casa Espírita, continuo trabalhando em desdobramento, junto a Espiritualidade, por outros lugares, visitando mortos, recolhendo espíritos que sofrem, enxugando lágrimas mundo à fora, confirmando, assim, o que me foi dito por meu mentor: "conduzimos os espíritos desencarnados para os seus respectivos centros de acolhimento", eu, sou o seu instrumento no plano terreno. O por quê? Não saberia responder, mas abrindo o Evangelho Segundo o Espiritismo, recebi a seguinte mensagem, a qual dividirei com vocês a seguir, para reflexão desta noite. Assim Seja!

Luz e Amor!

"Deveis a esses de que vos falo o socorro de vossas preces: eis a verdadeira caridade. Não deveis dizer de um criminoso: "É um miserável, deve ser extirpado da Terra; a morte que se lhe inflige é muito branda para uma criatura dessa espécie". Não, não é assim que deveis falar! Pensai no vosso modelo que é Jesus. Que diria Ele, se visse esse infeliz ao seu lado? Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente muito necessitado, e lhe estenderia a mão. Não podeis na verdade, fazer o mesmo, mas pelo menos podeis orar por ele, dar-lhe assistência espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. O arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso próximo, como o melhor dentre os homens. Sua alma, transviada e revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajude-o pois, a sair do lamaçal, e orai por eles" (Amar ao próximo como a si mesmo, cap. XI; 14. O Evangelho Segundo o Espiritismo).


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Passando a Limpo o Trabalho de Desobsessão



Em 04-11-2011, às 18hs e 50min.

Passei o dia inquieta. Senti vontade de desistir da responsabilidade assumida com Cristo - a desobsessão. Neste momento estou sentindo-me fracassada. Foi assim que saí ontem do trabalho, com a sensação de que, por algum motivo, falhei. O pior de tudo é não saber onde, assim, poderia corrigir-me.

O que este trabalho requer de mim, médium? Como considerar falsa ou verdadeira as comunicações se não sabemos com quem estamos tratando? Quem são esses espíritos? Fico angustiada temendo enganar-me e, que, essas comunicações possam ser "delírios meus". Então estarei louca? Pareço não dizer coisa com coisa. Será que pode existir alguém com uma imaginação assim, tão fértil? Nossa mente será capaz de realizar tamanha proeza?

"Animismo", essa é a palavra a qual procuro para justificar minha angústia. Quando o que sinto e que falo vem de outro Espírito? Quando são reflexos da minha própria alma (consciência) errante? Quem pode ler a consciência humana? São apenas elucubrações na tentativa alucinada em elucidar o que se cala em minh'alma aflita.

Tudo começou quando na mediúnica (desobsessão), o doutrinador inqueriu uma comunicação "extra", de ordem pessoal, exatamente no momento em que eram chamadas as fichas de atendimento. Não sei bem a quem atendi, a única coisa que percebo é que houve uma forte interferência na comunicação. Duas vozes paralelas queriam ocupar o meu pensamento, num mesmo espaço de tempo. Uma sobresaiu-se à outra, não consegui, no entanto, desvencilhar-me daquela interferência magnética que se prolongou e se projetou, durante o trabalho às demais comunicações.

No momento após a comunicação inferida, o doutrinador comentou comigo que a comunicação solicitada não correspondia com a manifestada por mim, a partir de então, fiquei confusa, ouvindo, de instante em instante, aquela voz promovendo brigas. Queria todo o tempo provocar o doutrinador consulente, chamando-o de "covarde". Dizia: "você não é o todo poderoso, porque não veio você mesmo à mim?". Seguia: "pensa que é Deus?"; "você não pode comigo"; "você não me pega". Meio a minha angústia, essa comunicação prosseguiu intercalando-se com as demais até o encerramento do trabalho.

Ao despedir-me do doutrinador consulente, gelei a alma num frio de morte. Um ódio terrível e de súbito tomou-me por inteiro, não podendo controlar a comunicação. Era ele, o seu obsessor, quem interferiu nas comunicações no trabalho dessa noite. Queria ajuste de contas, acusando-o de tê-lo deixado no escuro em que se encontrava, motivo de seu ódio. Repetia a todo instante: "ele pensa que é Deus, ele não é Deus não!". Continuou contraindo-se todo: "que ódio da escuridão em que ele me colocou"; "ele não é Deus, ele não me pega". 

Fui chamada a atenção pelo coordenador dos trabalhos por ter permitido a comunicação quando o trabalho já havia encerrado, mas, o que fazer? Eu não esperava que ele (obsessor) voltaria com aquela força toda diante do seu "algoz". Então, o sentimento de fracasso, de falhar como médium somente aumentou em mim, tomando conta do meu ser. Aquele comportamento do doutrinador consulente é inadequado para o trabalho de desobsessão. Deve-se respeitar aqueles que estão ali, levados pela Espiritualidade, antes mesmo do trabalho começar e jamais interferir com os nossos problemas pessoais. Não que, o trabalhador da Casa não seja atendido em suas nessidades, mas, existe hora para cada um, e, para o trabalhador existe, ainda, o aconselhamento com a Espiritualidade, disponibilizado, a qualquer tempo, pelo Centro Espírita.

Conversei com um amigo mais experiente na Casa, ele falou-me que era completamente normal sentir-se assim, às vezes, diante das expectativas que traçamos no início dos trabalhos e das responsabilidades assumidas com a Espiritualidade. Falou-me que, provavelmente, ao contrário do que eu estava sentindo, tenha sido o meu melhor dia de trabalho. O trabalho talvez tenha sido difícil e não tenha se encerrado ali, naquele momento. Possivelmente prosseguiria durante a noite, durante o meu sono.

Fiquei um pouco mais tranquila e confesso tive uma noite de paz, de sono profundo. Senti no descanso necessário o refazimento das minhas energias. Porém, durante o dia, as lembranças retornaram junto com as incertezas. Comecei, então, a ler o livro "Obsessão e Desobsessão", de Suely Caldas, 3ª parte, item 12 - Tipos de Espíritos comunicantes, caí em prantos ao perceber que as comunicações não são frutos de uma mente fértil ou doentia do médium. Existem sim, espíritos com os mais diversos tipos de comprometimentos mentais; das mais diferentes espécies de sofrimentos da alma; portadores de dores infindáveis e inimagináveis aos olhos daqueles que não conhecem a doutrina espírita. Chorei de comoção e resignação, removendo de dentro de mim, a idéia de abandono da causa. O meu medo de enganar, mistificar, brincar com a fé de outrem, freia o ímpeto da minha vaidade.

O que esse trabalho requer de mim, médium, a responsabilidade de ser fiel as comunicações e manifestações espirituais. Quanto ao grau de pureza, de intenção de verdade daquele comunicante, não cabe a mim julgar. Os mentores permitem cada comunicação de acordo com as necessidades de cada um. E, muitas vezes, a necessidade é a do próprio médium, do doutrinador, ou, até mesmo do grupo, para melhorá-los a cada trabalho. Dificilmente alguém estará completamente preparado para o trabalho, falta-nos vigilância e oração constante, não a que nos sai pela boca, mas a que advém do coração. Falta-nos a fé inabalável. 

Luz e Amor!



"Sedes bons e caridosos: eis a chave dos céus, que tendes nas mãos. Toda a felicidade eterna se encerra nesta máxima: "Amai-vos uns aos outros". A alma não pode elevar-se às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo, não encontra felicidade e consolação senão nos impulsos da caridade" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 12. O Evangelho Segundo o Espiritismo").

domingo, 22 de janeiro de 2012

A felicidade é um estado de espírito


Em 10-12-2011, às 02h e 30mint.

Todos nascemos para a felicidade. As aflições são construções nossas. Quando poderiamos tornar a vida leve, livre, solta, a tornamos um peso, um fardo difícil de carregar, impregnando nosso perispírito de insatisfações, no desejo de uma vida melhor. Gastamos a nossa preciosa energia em buscas que nada acrescentam a nossa existência, a não ser, a torpe ilusão de uma pseudo felicidade, pois que, a verdadeira felicidade não é deste mundo.

Como sermos felizes se procuramos a felicidade onde nunca nos colocamos? Sempre distante, separada de nós mesmos? Deveriamos, ao invés disto, colocarmo-nos onde a felicidade verdadeiramente se encontra, dentro de nós, e não nos posicionarmos de encontro dela, fora de nós, numa busca incessante. A felicidade está onde nós nos colocamos.

Se analisarmos com cuidado e verdade, percebemos que ao chegar aos quarenta anos desejando voltar aos vinte. E por quê? Porque é a fase dos sonhos, da construção de nós mesmos. Estamos com toda energia no ápice. Antes, espelhamo-nos em quem está mais perto de nós, nossos pais. Daí vamos nos moldando de acordo com o que esperam de nós, até nos tornarmos senhores de nós, entrando para a fase adulta. Como sonhamos ser felizes! 

Vejam, "construção de nós mesmos". O que nos faz mudar? Perder a direção? Começamos a procurar a felicidade onde os outros nos parecem tê-la encontrado. Olhamos o amor que o outro conquistou; a realização pessoal do outro; a realização profissional do outro; a posição que o outro alcançou socialmente. Idealizamos a partir do "outro" um novo "eu". Então, mergulhamos no vázio da busca desnecessária dessa tal felicidade. Vázio, por que não mais a buscamos em nós, a colocamos à nossa frente, no outro, ficando com uma enorme lacuna, a qual precisamos preencher a todo custo, a todo instante, sem conseguirmos, pois a retiramos de dentro de nós, a demovemos para o outro  e para o mundo.

Onde eu me perdi? Perdemos-nos quando desejamos nos encontrar no outro, ou, nas coisas do mundo, que não nos pertencem, pois que somos apenas depositários dos bens terrenos. Perdemos-nos, pois, desejamos nos completar no amor que está no outro, acreditando que somos "metade". Ninguém é metade de ninguém. Somos inteiros, únicos. Não existe "cara-metade" ou "metade-da-laranja". É bem verdade que não escolhemos a quem amar, mas podemos sim, decidir ser feliz ou sofrer. O verdadeiro amor concebe a paz, é livre. O amor que faz sofrer está doente, precisa ser tratado como toda e qualquer doença. 

O Espírito aspirando a felicidade e a liberdade, encontrando-se preso ao corpo, cansa-se desse esforço desmedido e inútil, causando a aflição da alma (E.S.E.), o corpo sofre sua influência, o que causa o desapontamento da vida, tornando-nos infelizes. É quando olhamos para trás, desejando encontrar aquele ser próprio e intransferível, senhor de si: nós mesmos. Olhamos para trás desejando encontrar aquela felicidade própria, intransferível: nós mesmos. Ficamos tantas vezes inquietos, atormentados, pensando até mesmo que não nascemos para a felicidade, enquanto que a felicidade está na paz do dever cumprido, na paz do coração. A felicidade está em Deus e Deus está dentro de cada um de nós.

Eu pude perceber que a felicidade é possível quando senti essa paz no meu coração. A paz de fazer o bem, quando atendo aos irmãos sofredores. Senti a felicidade dentro de mim, após o trabalho na desobsessão, no Centro Espírita. Neste momento sinto o meu espírito livre para cumprir com seu dever na Terra, e essa sensação de dever cumprido, deu-me a felicidade que tanto buscava  minha alma inquieta. Assim Seja!

Luz e Amor!


Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas ao Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruirem sobre a felicidade que vos é reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantém cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou. (Bem-Aventurado os Aflitos, cap. V; 25. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A complexidade do Trabalho de Desobsessão


Em 11-01-2012, às 10hs.

Caros irmãos, cuidado para não simplificar o que é bem mais complexo. Não há verdade absoluta, ainda mais em se tratando da alma humana. Bem é verdade, em tese, que todos somos donos do nosso corpo, da nossa consciência, da nossa vontade. Mas, fosse tão simples assim, não precisaríamos de hospitais psiquiátricos ou clínicos, ou mesmo, de Centros Espíritas. A medida de tudo deve ser sempre o bom senso!

É preciso lembrar que o trabalho espírita começa antes no plano invisível, depois na Casa Espírita (SCHUBERT, Dimensões Espirituais do Centro Espírita). Cada espírito acolhido recebe pois, antes do atendimento no Centro Espírita, o atendimento da Espiritualidade de acordo com suas necessidades e merecimentos. Cada espírito recebe um tratamento distinto, assim como acontece no plano terreno, "cada caso é um caso". E, nada acontece sem a permissão do Pai Celestial. Há em cada comunicação uma finalidade e uma afinidade entre o médium e o espírito comunicante. Nada é feito ao acaso pelo plano espiritual, tudo já está definido muito antes do trabalho começar no plano terreno.

O médium deve sim, selecionar as comunicações e ter, em si, a consciência de que o carro físico lhe pertence, devendo preservá-lo, moral e fisicamente. Contudo, ocorrem necessidades que independem da vontade do médium e ultrapassam o conhecimento humano, entidades agressivas podem querer agredir doutrinadores, e o médium, pode sim, perder o controle, porém, a equipe técnica domina mecanismos que os protegem de qualquer ameaça física. Uma manifestação violenta pode fazer com que o médium perca o controle, ainda que este seja capacitado ou "disciplinado", nenhum médium, por melhor que seja, está livre de tais manifestações espíritas, porém, jamais perderá a atenção da equipe socorrista.

Existem espíritos em estado tão grave de abstinência que não desejam estar ali, não desejam o socorro, pois, nem mesmo o vê como socorro, de tão grande a sua demência pela perda do contato com o corpo físico, o choque anímico o desperta e, o desespera ainda mais severamente, tornando-os extremamente violentos, mesmo com atendimento prévio no plano astral, são capazes de lançar o médium no chão. No entanto, nenhum espírito, em qualquer estado que se encontre,  penetra o templo sem a supervisão e o consentimento dos mentores da Casa.  Cada médium possuiu ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa (Schubert D. E. do C. E. cap. 14, p. 167).

Neste caso, é necessário o preparo do doutrinador na assistência daquele irmão em sofrimento: conhecimento doutrinário, fundamentado na Codificação Kardequiana; conhecimento do Evangelho de Jesus; autoridade moral, essencial para legitimar os argumentos que apresenta o comunicante; fé, não advinda apenas do crer, mas do saber, fé-esclarecida, e, amor acima de tudo, somente com amor se é capaz de se fazer ouvido, no mais, paciência, tolerância, sensibilidade, vigilância, humildade e prudência. Como recomenda Joana de Ângelis "(...) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio".

Imaginemos uma criança de 9-10 anos, mergulhada na ilusão das drogas psicodélicas e em abstinência. Cinco homens, com o dobro do seu peso não são capazes de controlar o seu surto psíquico. Porque acreditar que após o desencarne a situação mudaria? Não. A morte do corpo físico não liberta o espírito do que lhe está registrado no períspirito. A dor, o sofrimento, o ódio, ou, a alegria, a paz e o amor, acompanha-o, bem como, qualquer outro vício constituído em sua permanência terrena, de forma cem vezes ainda mais perceptível para o espírito desencarnado. Logo, a sua manifestação trará consigo refluxos da sua existência corpórea. O Espírito livra-se do invólucro corpóreo, mas, mantém a consciência presa ao seu eflúvio. No plano espiritual é lhe dado o primeiro atendimento para amenizar a sua dor moral; o contado com sua nova existência é dado através do choque anímico pelo médium, na Casa Espírita.

Convém lembrar que existem vários tipos de faculdades mediúnicas, entre essas, a "psicopraxia", liberdade de movimentar por completo o corpo do médium, mesmo sobre o controle do médium. Então, condicionar as comunicações, unicamente, ao comportamento moral ou "educação" do médium é querer tornar simples o que é muito mais complexo. Por que mais complexo? Porque envolve um conjunto de desejos e recordações recalcados referentes ao mesmo impulso inconsciente, o que torna complicado, intrincado as comunicações mediúnicas. Logo, não é tão simples acreditar que a boa educação do médium, ou o seu conhecimento teórico possa evitar, em alguns casos,  as manifestações violentas. É óbvio que não sendo regra geral, é preciso avaliar sua ocorrência. Há casos em que o médium é quem precisa de socorro espiritual, e esse lhe é dado sempre, pela equipe socorrista. Cabe aqui, a medida do bom-senso, o pré-julgamento é inadequado ao bom trabalho espírita. 

Generalizar é uma forma sutil de se dizer dono da verdade, porque essa atitude impede de se olhar cada indivíduo como um ser único, um pequeno universo. É dizer que tudo é a mesma coisa, e, o Universo não funciona assim. O Universo é um grande organismo, cada indivíduo é uma célula desse grande organismo. Cada célula tem a sua função específica. Entretanto, para o bom funcionamento do todo, faz-se necessário a unicidade do conjunto. Tanto no espaço como na Terra, no mundo invisível ou dos encarnados, somente trabalhando em uníssono é possível universalizar.

Luz e Amor!


"Que remédios, pois, poderiamos dar aos que foram atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só ifálivel: a fé, voltar os olhos para o céu. se no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito, ante as quais se esvaem os poucos dias de sombras do presente" (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 19. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Homenagem da Casa do Caminho a Senhora Kardec


Homenagem as Mulheres na figura de Amélie Gabrielle Boudet

Encontrava-me aflita sem saber se deveria ou não postar esta mensagem de Madame Rivail. Temia por sua veracidade, apesar de singela e de grande sutileza o tom, que me tocou a alma no momento. Envolvi-me de coragem e, ao encontrar conforto no Evangelho, decidi por transcrevê-la. Afinal, não importa de qual Espírito partiu, o que devemos levar em consideração é o conteúdo da mensagem, e este é rico de nobreza e humildade, próprio de um Espírito Elevado. Livra-me Senhor, do orgulho e da presunção, que a Sua luz se faça presente. Amém!

"Jamais sufoqueis, portanto, em vossos corações, essa emoção celeste, nem façais como esses endurecidos egoístas que fogem dos aflitos, para que a visão de suas misérias não lhes pertube por um instante a feliz existência. Temei ficar indiferentes, quando puderes ser úteis! A tranquilidade conseguida ao preço de uma indiferença culposa é a tranquilidade do Mar Morto, que oculta na profundeza de suas águas a lama fétida e a corrupção" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 17. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

A Reunião Doutrinária de hoje (22/11/2011), homenageou as mulheres, representadas na figura de Amélie Gabrielle Boudet, esposa de Allan Kardec, sinto não trazer o nome do palestrante da noite, mas trago a lembrança do abraço de agradecimento da doce "Mimi", final da reunião. 

Na hora em que se abriu os trabalhos, senti um forte sopro atravessar meu corpo, estava sentada ao lado da mesa principal, no mesmo instante o vídeo se antecipou ao palestrante e apresentou a homenageada, Madame Rivail. Na verdade, não assisti ao vídeo, parecia que tudo soava longe dos meus ouvidos, estava envolvida por um forte fluido de emoção. Então, senti o meu corpo encolher como se diminuisse de tamanho, com um pouco de curvatura dorsal; as mão se juntaram sobrepondo uma à outra, delicadamente, como tão  delicadas e pequenas eram as mãos.

Senti-me fortemente emocionada com as palavras arroladas pelo palestrante, olhava-o com uma ternura imensa, e, de súbito, veio-me uma vontade de escrever em agradecimento, mas contive-me, poderia ser tão somente a emoção do momento, um desejo íntimo meu, resguardado no âmago de minh'alma. Afinal, poderia uma sumidade apropriar-se de um veículo tão despreparado quanto o meu? Nem mesmo havia ouvido falar de tamanha celebridade no campo espírita.

Ao encerrar a palestra, na hora do passe coletivo, senti fortemente a sua presença emanando luzes àquele ambiente fraterno, coberto da mais pura emoção por todos os presentes: encarnados e desencarnados. Desejei levantar-me, e na frente de todos, abraçá-lo em agradecimento, mais uma vez, contive o meu impulso, e ela, docemente, parecia compreender a minha resistência. Porém, algo mais forte impulsionou-me em direção ao palestrante já à porta. Pediu-me para transmitir-lhe aquele cumprimento, foi então que o palestrante, voltando-se à mim, abraçou-me parecendo reconhecer aquela presença espiritual, neste momento, com os olhos marejados de lágrimas e uma voz revestida de emoção, chamou-a de doce Mimi e disse: "você continua seu trabalho Mimi, Deus ilumine o seu caminho" e abraçou-a eternecido. Emocionei-me como se já o conhecesse, se a  conhecesse, enfim, foi lindo!


Em 23-11-2011, às 9hs.
Aniversário de Madame Rivail

"A homenagem à mim prestada neste dia, não seja para mim, mas para a doutrina que ora se difunde por toda a Humanidade, eis que somos todos tão somente instrumentos na Seara Divina.


Tudo à mim inspirado é também possível à ti , pois que sois possuidores da mesma semente que em mim germina, o amor. Semente Universal distribuida em igualdade à todas as criaturas para a regeneração do mundo. Nenhuma haverá de se perder porque essa é a vontade do Pai que está no Céu.


A luta pelos irmãos da África continua porque lá o que mais mata é a fome, e, não há nada mais triste aos olhos do Senhor, do que o desligamento por inanição. Oh! almas Benditas, que laboram por aquele povo sofrido mas não esquecidos pelo Senhor,  a luta continua árdua, incansável, para a irradicação desse mal que assola o Universo, pela falta de caridade: "Fora da Caridade não há Salvação".


Irmãos espíritas, amem! Amem muito. O amor é igual a planta, quanto mais lhe quebra os galhos e  distribui-se, ramos novos se desenvolvem, deixando-a mais viçosa. Assim é o amor, quanto mais o distribuimos mais nos renovamos, ganhando mais vida. Então, amem infinitamente ao teu próximo, em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo, sem temer os espinhos, e o mundo florescerá de Amor".

em nome de Amélie Boudet

(Mensagem recebida por mim, após Reunião Doutrinária, em homenagem ao nascimento de Amélie Gabrielle Boudet, esposa de Allan Kardec, na Casa do Caminho. Após palestra, fui levada a abraçar e a agradecer ao palestrante, em nome de Mimi).

Luz e Amor!


"Meus amigos, agradecei a Deus, que vos permitiu gozar a luz do Espiritismo. Não porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-vos a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos torna melhores cristãos. Fazei, pois, que ao vos vendo, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa, porque todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam" (Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 10. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Atenção no Socorro

    

                       Em 19-10-2011, às 09hs.

O trabalho de desobsessão da noite passada deixou-me bastante conturbada. Apesar dos passes aplicados, não tive uma noite tranquila, nem a paz, como ocorre frequentemente após os trabalhos, quando estes ocorrem de forma efetiva, partipativa, homogênea. O que aconteceu? O doutrinador dormiu na hora do atendimento de emergência.

Percebi a hora em que ele chegou. Meus pés e tornozelos pareciam invadidos por formigas, pude sentir, em mim, as suas  mordidas. Ficou tentando afastá-las, procurava algo para acertá-las. Olhou para o doutrinador que dormia sem nada perceber e exclamou dentro de mim: "ele não sabe o que é ter os pés mordidos por formigas!". Irritou-se profundamente. Seu pensamento era o de atirar o doutrinador longe. Logo, uma janela se abriu, pude ver a cadeira sendo atirada longe e o doutrinador batendo com a cabeça no chão. Neste momento, quebrando a regra de que os médiuns não devem doutrinar o espírito comunicante, coloquei-me a conversar intimamente com a entidade sofredora. Contei com o auxílio do meu Mentor, que sempre está ao meu lado.

Disse-lhe que os amigos espirituais iriam aplicar-lhe um bálsamo reconfortante e as dores de suas feridas iriam desaparecer. Logo senti que o socorro foi dado, porém, ele não perdoara aquele doutrinador, que diante da gravidade de seu sofrimento, dormia indiferente, sem prestar-lhe o socorro devido. Sua idéia era de matá-lo por ignorar sua dor. Tornou-se, de repente, para minha surpresa, muito violento, mal pude conter as suas vibrações. Queria à todo custo vingar-se da falta de atenção do socorrista doutrinador.

Precisei, então, valer-me de todo meu fluido vital para bloquear-lhe a passagem. Os meus músculos enrijeceram-se. Estava difícil a comunicação mesmo com a ingerência dos amigos espirituais da Casa. Neste momento, o coordenador passou chamando por outro amigo sofredor, então, o doutrinador finalmente despertou do sono podendo estabelecer a comunicação com a entidade presente. O estado emocional do irmão sofredor estava completamente alterado, e, este, partiu para cima do doutrinador com violência, dizendo: "vou matá-lo".

Precisamos da ajuda do coordenador para intervir na comunicação, caímos no salão, agarrados como animal furioso, ferido. Depois tudo acalmou-se, no entanto, levei comigo as impressões daquele atendimento. Agitei-me muito durante o sono, parecia não conseguir dormir. Então, ouvi quando uma voz disse-me: "eu não sou assim, ruim, mas as dores e a falta de atenção irritaram-me ao extremo". Agradeceu-me e partiu. Logo, a voz do meu Mentor se fez presente: "durma, ele agora está bem". Pude, assim, dormir profundamente.

No caminho da faculdade, assaltou-me as lembranças daquele episódio lastimável, porém, compreensivo. Afinal, quando estamos acometidos por uma grave doença, que nos impossibilita a ação, e dependemos daqueles que nos assistem, esperamos o mínimo de atenção e cuidado. Lembrei-me de quando estive em um leito de hospital, sem  nenhum acompanhante para ajudar-me na hora da dor. No leito, imóvel após uma cirurgia, necessitando de auxílio, e sem poder ao menos chamar a enfermeira. É irritante sim, principalmente para quem traz inerente a alma o vício da impaciência e do orgulho e, que, por isso não compreende a justiça Divina: "será dado a cada um de acordo com as suas necesidades".

"Irmãos, sejam atentos durante o trabalho de desobsessão. É preciso de atenção e indugência para com aqueles que sofrem e buscam a caridade. ... uma faísca do Vosso amor pode abrasar a Terra. Deixai-nos beber nesta inesgotável fonte de amor e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós como um grito de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre as montanhas, nós Vos esperamos de braços abertos, oh Poder, oh Bondade, oh Beleza, oh Perfeição. Deus, dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até Vós. Dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão, dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa Divina e Santa Imagem.


Irmãos, sejamos em Cristo esta centelha de amor. Não deixamos apagar a chama da Caridade. Nada acontece que não tenha uma razão de ser. Aprendamos, pois, com os nossos erros, com as nossas faltas. Que a luz se faça presente, agora e sempre, por Cristo, Senhor Nosso. Amém"

Espírito Protetor


"A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. O homem de gênio, que persegue a realização de um grande empreendimento, triunfa se tem fé, porque sente em si mesmo que pode e deve triunfar, e essa certeza íntima lhe dá uma extraordinária força". (A Fé Transporta Montanhas, cap. XIX; 12. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Caridade Espiritual e A Caridade Material


 "Qual será então a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre o beneficiado, que lhe exige de qualquer maneira testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição ao exaltar o preço dos sacrifícios que suportou por ele. Oh, para esse, não há nem mesmo a recompensa terrena, porque está privado da doce satisfação do ouvir bendizerem o seu nome, o que é um primeiro castigo para o seu orgulho. As lágrimas que estanca, em proveito da sua vaidade, em lugar de subirem ao céu, recaem sobre o coração do aflito para ulcerá-lo. O bem que faz não lhe aproveita, desde que o censura, porque todo benefício exprobado é moeda alterada que perdeu o valor" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII;3. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Em 09-12-2012, às 08hs.

"As palavras estão sendo ditas sem antes avaliar-lhes o peso sobre a quem as recaem. Toda palavra deve ser antes pesada e medida para não humilhar e nem ferir a quem as recebe. Não importa a quem seja direcionada, deve sempre ser doce e afável, ela irá atingir o destinatário. Não é a palavra atirada como uma rocha que irá despertá-lo, mas, o sentimento síncero em que a palavra está revestida, irá despertar-lhe a consciência adormecida.

Quanto mais doce e sútil a palavra, melhor o seu efeito. A afabilidade toca o coração endurecido, porque o que é doce a alma atraem bons sentimentos e acalma. A reflexão só é possível através da calma. A aspereza, ao contrário, afugenta, desperta a fúria contida, atiça o pigarro, ao invés de uma reflexão, instiga o conflito e, quem se encontra em conflito não é capaz de refletir sobre sua ação. A elevação da consciência vem da paz interior e não do conflito da alma.

Assim, quando uma mensagem é trazida pelos Bons Espíritos, esta deve atingir primeiro ao intermediário da comunicação - o médium. O médium humilde, consciente de que não é possuidor de nenhum poder extraordinário que o eleve acima dos consulentes, saberá refletir sobre cada palavra e se auto-avaliará, no sentido de buscar ser um melhor instrumento de trabalho na Seara Espírita. Porém, são poucos os que tomam para si mesmos, as lições das mensagens recebidas, pelo orgulho e vaidade inerentes a alma, neste plano de regeneração. Deixam-se, muitas vezes, serem levados pela soberba. Desejam corrigir aos outros antes mesmo de corrigirem-se a si mesmos.

Conhece-se o Espírito pelas suas palavras e não pelo nome com que se apresentam. Espíritos Superiores não trazem palavras que ferem a alma daquele que, por si só, já se encontra no chão. Ainda dizendo as verdades necessárias, estas são passadas de maneira doce e sútil, de forma que, os que estão próximos nem se apercebem, evitando maior humilhação de quem já se encontra humilhado. "Faças ao teu próximo o que gostarias que fizessem por ti". Antes, calar-se, do que deferir palavras que denigram ou ofendam, pois sabe-se que o tempo, de uma forma ou de outra, lhe trará a verdade.

Há médiuns que por emprestarem seu carro físico à entidades renomadas, acreditam-se "deuses" ou eleitos "seres perfeitos", o que aqui, neste plano de provas e expiações, não há. Somos todos espíritos em evolução. Daí a necessidade permanente de Vigiar e Orar. Alguns médiuns, acreditando-se "donos da verdade", têm afastado consulentes e trabalhadores que poderiam servir melhor hoje a causa espírita e a Casa. A arrogância, fruto da ignorância e sintoma de inferioridade, com que alguns médiuns incorporam as "suas verdades", muito mais do que as dos Bons Espíritos, ao invés da consonância, promovem a dissonância e incredulidade da doutrina espírita.

Reporto-me também, aos dirigentes da Casa, lembrai-vos: a caridade primeira deve ser a espiritual. Pensando em realizações de obras sociais, o que é caridade também, mas não primordial na Casa Espírita, deixam-se levar pela necessidades de arrecadar bens materiais, afugentando, sem perceber, pobres almas, carentes de conforto espiritual, apesar de desprovidos economicamente. Buscando e cobrando auxílio econômico e material para as grandes obras sociais, esquecem-se que, muitos que ali estão, nem mesmo tem do que se alimentar, deixando-lhes ainda sofrer de inanição espiritual, o que é mais grave. Existem aqueles que se servem até do que se tem sobrando, sem se importar com os que nada tem. Porém, existem os que nada possuem, e o pouco que dão é o muito do que se tem. A cobrança de auxílio pela Casa, torna injustiçado aquele que nada dá, por que nada tem. São tão humildes em reconhecer a sua miséria e, não querendo dispor daquilo com que não pode contribuir, de tão digna que é a alma desses pequeninos, em sua pobreza, retiram-se da Casa sem nada pedir.

Poderia dizer-lhes: "a vaidade tocou-lhe a alma e o fez retirar-se", mas, foi a humildade inerente a sua alma. A humildade de pensar que há outros ainda mais necessitados e que, não podendo nada acrescentar, não ira lhes tirar. Retira-se como se a sua miséria fosse um fardo pesado para o outro carregar. Há os que são blindados por orgulho e vaidade, que tudo possuem e nada oferecem, não sendo atingidos pelas cobranças dos dirigentes. Mas, é nos mais humildes que se deve pensar antes de lançar palavras desmedidas, que pesam. A caridade social deve ser pensada sim, contudo, a caridade espiritual deverá sempre ter um peso e uma medida superior na Casa Espírita. O desejo de relizações de grandes obras sociais, que trará grande respaldo social, não deve esgotar o reforço espiritual, que trará a Casa um esplendor de Caridade e Luz. Que Assim Seja!"

Um Espírito Protetor

Luz e Amor!


Continuando o Trabalho de Desobsessão


Em 05-01-2012, às 6hs e 30min.

Quando retornei do trabalho de desobsessão do Centro, vi-me envolvida por uma forte dor de cabeça, um mal-estar que causava-me ânsia de vômito profunda. Tomei um banho frio e orei, não resolveu. Dormi o primeiro sono, levantei-me atordoada. Fiz o Evangelho no Lar, como de costume, às quartas-feiras, 20hs. A dor de cabeça permaneceu, ainda estando medicada, com analgésico e oração.

Então, resolvi deitar-me. Continuei o meu trabalho no plano espiritual. Não sei bem o por quê, mas, freqüentemente, o trabalho não se encerra no Centro Espírita, trago "dever-de-casa" para cumprir. Desdobro-me, junto a espiritualidade, prosseguindo com o trabalho de socorro espiritual, recolhendo e acolhendo os espíritos em sofrimento, conduzindo-os aos cuidados da espiritualidade. Muitas vezes, trago a lembrança dos lugares e situações em que estive trabalhando.

Lembro-me, nitidamente, durante o sono, ter encontrado com uma pessoa, barbaramente assassinada, em condições até hoje não reveladas, há mais de 20 anos. Fora encontrada estrangulada em um matagal deserto, em Patamares, deixando órfãos um casal de filhos, ainda crianças. Já havia recebido uma comunicação dela, por volta de seu desencarne. Na época, ainda não trabalhava a minha mediunidade, mas, em uma visita à mãe em sofrimento, pude sentí-la ao lado de sua genitora. Pediu-me para lhe dizer que não sofresse tanto, pois a deixava triste, e, que logo estariam juntas novamente. Pouco tempo depois, a senhora desencarnou.

Esta noite, falou-me da preocupação que a mantém ligada à sua sobrinha e afilhada, pela qual nutro grande afeto, minha enteada (filha de coração). O carinho é recíproco, talvez tenhamos sido mãe e filha em outra existência. Sua madrinha e tia, a quem me reporto, pareceu-me bem, não identifiquei nenhuma marca da violência sofrida quando do seu assassinato, apesar de vestir luto, lembro-me bem que estava de preto. Disse-lhe que não podia ficar perto de sua sobrinha, ainda que por cuidado, isso fazia-lhe mal, precisava seguir. Mas ela prosseguiu dizendo estar preocupada com a sobrinha.

Em seguida, abriu-se um novo cenário, via-me junto à minha enteada, brigávamos. Estava tão zangada com ela que queria acertar-lhe com uma vassoura. Neste momento, olhava para mim e interpelava-me: "vai me bater?". Então, eu chorava e ela vinha abraçar-me, dizendo: "não quero me separar sem antes dizer o quanto lhe amo, talvez, não tenhamos mais tempo". Então, respondi-lhe: "eu não vou morrer agora". Falou-me, então: "vou morrer antes de você, estou doente" e, abraçou-me fortemente dizendo: "eu te amo". Novamente, sua madrinha fez-se presente, como se tivesse a lhe esperar.

Ah! preciso parar para respirar, a emoção está banhando a minha face nesse momento. Por que é tão real as sensações? Tão nítida as imagens? E as lágrimas que correm no meu rosto enquanto escrevo! Conheço-a desde os seus nove anos de idade, quando casei-me com o seu pai, hoje, um dos meus melhores amigos e pai de minha filha, jamais levantei as mãos para ela, a não ser para dar-lhe carinho ou, conduzí-la em segurança. Esse amor, estende-se até os dias atuais.

Ainda conhecendo um pouco mais sobre o espiritismo; sabendo da existência de outras vidas: passada, presente e futura, pensar em separação nesta condição, é inconcebível. Ela é jovem, doce, meiga, inteligente e, irradia felicidades. É provável que tenhamos vivido essa separação no passado, mas, como o próprio nome diz, é passado, passou. Nos reencontramos e somos muito querida, uma pela outra, nesta atual existência. 

Ela está partindo sim, para a Itália, onde tem sido muito feliz, onde encontrou o seu verdadeiro amor. Sua tia e madrinha, parece-me, foi atendida pela espiritualidade, neste momento, para que siga o seu novo caminho em paz, porque todos precisamos de paz, encarnados e desencarnados. Dei o abraço de felicitação pelo casamento, enviado por ela à afilhada, senti mais uma vez a sua presença. Creio que finalmente partiu. Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Como desencarnados, quando vagueáveis no espaço, escolhestes a vossa prova, porque vos consideráveis bastante fortes para suportá-la. Por que murmurais agora? Vós, que pedistes a fortuna e a glória, o fizeste para sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de alma e corpo contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, mais gloriosa a vitória, e que, se saísses triunfantes, mesmo que a vossa carne fosse lançada sobre um monturo, na ocasião da morte, ela deixaria escapar uma alma esplendente de alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento" (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 19. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mutirão pela Paz


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Em 04-01-2012, às 08hs e 25min.

Participei ontem do mutirão de desobsessão, realizado pela Casa do Caminho, em prol dos espíritos mais necessitados, que aguardavam acompanhamento espiritual, organizado por Dr. Bezerra de Meneses, Mentor Espiritual da Casa. O trabalho foi árduo mas muito gratificante, pois quando fazemos caridade ao próximo é a nós mesmos que ajudamos.

A equipe socorrista estava presente, auxiliando-nos no atendimento de vários sofredores, em sua maioria, sem consciência de sua nova condição de espírito desencarnado, traziam suas dores que antecederam o seu desenlace do carro físico, mantendo-se presos a uma existência passada. Eram grande e intensa as suas dores, entre eles havia aquele que não tinha condição de ser ouvido por conta da confusão mental em que se encontrava, era extremamente grave o sua debilidade emocional. Completamente perturbado, debatia-se descontroladamente na maca em que fora recolhido, mau conseguia balbuciar qualquer palavra, apenas gemidos saiam de sua boca. Fora recolhido de imediato pela equipe socorrista e  levado para tratamento intensivo no plano espiritual.

Senti forte dor de cabeça no momento do atendimento espiritual, porém, recusei a transfusão de energia magnética do socorrista passista. O médium precisa aprender, entre outras coisas que o trabalho ensina, a se auto-reenergizar, o que não é tarefa fácil, mas, necessária para o desenvolvimento mediúnico. Trazemos em nosso psique, os nossos sofrimentos registrados, e estes, muitas vezes, misturam-se com os daqueles a quem damos socorro.

Contudo, a desobsessão é um grande aprendizado, uma grande troca de energia, e dela, devemos tirar as mais belas lições, entre elas, a de que somos todos iguais, neste plano de provas e expiações. Através dos sofrimentos e das faltas do outro, percebemos os nossos próprios sofrimentos e faltas, inerentes à nossa alma. Logo, quando fazemos caridade ao outro, primeiro estamos fazendo caridade à nós mesmos. Como posso ajudar a curar o outro sem antes me curar? Como posso transmitir-lhe boa energia, se não cuidar de ter uma boa energia fluindo dentro de mim? Por isso, algumas impressões nos são deixadas para que fiquemos atentos, vigilantes sempre. Essas impressões logo se dissipam, pois, a equipe socorrista também atende aos médiuns, num trabalho de auto-desobsessão.

O trabalho, assim, se processa em círculo, envolvendo á todos numa esfera fluidica universal. Eis porque da necessidade da homogeneidade de pensamento e silêncio profundo na hora em que se inicia a atividade espiritual, para que não se rompa esse círculo e, todos saiam beneficiados. Quando o ciclo é interrompido durante o processo de desobsessão, o trabalho torna-se custoso, difícil para a equipe espiritual, pois esta precisa, urgentemente, reconstruir o campo magnético que foi rompido, para que não escape do ambiente nenhuma energia fluidica ali constituida. Muitos espíritos que se encontram nesse ambiente, procuram "brechas", saídas para escaparem, porque muitos não aceitam o socorro, ou não desejam tratamento, preferindo permanecer na escuridão da ignorância. 

O grupo a ser atendido é previamente selecionado pela Espiritualidade, bem como os médiuns que irão atendê-lo. Nada acontece no plano terreno sem que antes tenha sido programado, antecipadamente, pelo plano espiritual. O atendimento é de acordo com  a finalidade e afinidade entre médiuns, socorristas e socorridos. E necessário que tudo esteja em perfeita sintonia, estabelecendo-se, assim, uma comunicação adequada e confiável entre a equipe de encarnados e desencarnados, facilitando o desenvolvimento do trabalho e contribuindo para um melhor acolhimento aos necessitados de socorro. A prece, neste momento, é remédio indispensável para o refazimento de todos os envolvidos no trabalho.

A prece é transmissão do pensamento. Quando dirigida à Deus, é atendida pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnos. Quando dirigida aos Bons Espíritos também vão para Deus, porque nada se pode realizar sem a permissão de Deus. Quando o pensamento se dirige para algum ser, encarnado ou desencarnado, na terra ou no espaço, estabelece-se uma corrente fluidica de um para o outro, transmitindo o pensamento, assim como o ar transmite o som.

O som propagá-se em um espaço delimitado, o pensamento propagá-se no fluido universal se ampliando para o infinito. Através da prece, o homem atrai o concurso dos Bons Espíritos, que vêm sustentar nas suas aspirações, e inpirar-lhes os bons pensamentos. Assim, o homem adquire força moral para vencer as dificuldades e voltar-se para o caminho da retidão, quando dele se afastou, desviando de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas (Pedi e Obtereis, cap. XXVII; 9-11. O Evangelho Segundo o Espiritismo). Assim Seja!

A fé cega é fanatismo. 
A fé-esclarecida sucederá o fanatismo.

Luz e Amor!