quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quando o coração pede o Céu atende


   

Em 05-12-2011, às 9h e 30min.

Hoje passei por uma das mais belas experiência espiritual aqui no Centro. 

"_ Nossa, que cheiro esquisito!" Perguntei a uma amiga e doutrinadora: "_ Você está sentindo?". Ela respondeu-me: "Sim, um cheiro estranho". Percebi que ora se aproximava ficando intenso, ora distanciava e sumia, para depois retornar mais intenso. "É um fedor de lixo!", exclamei. Ela concordou comigo. Logo procuramos saber se mais alguém estaria sentindo e a resposta foi negativa. Somente nós duas sentíamos aquele odor. Durante todo o trabalho de desobsessão seguiu assim. Ao término comunicamos ao coordenador do ocorrido, porém, ele pediu-me que não permitisse a comunicação posto que o trabalho havia encerrado. 

Segui para casa sentindo uma tristeza dentro de mim, acreditando que deixei de prestar um socorro por não ter confiado nos meus sentidos. Aquele odor me acompanhara. Orei, ele desapareceu e o sentimento de tristeza também. Passado oito dias, nem ao menos me lembrava do acontecido, ao encerrar o estudo do Evangelho, percebi novamente aquela presença cercando-me. O odor de lixo se fez presente, fazendo acelerar os meus batimentos cardíacos, colocando-me inquieta. Ao iniciarmos o trabalho de desobsessão daquela noite, a doutrinadora perguntou-me: "você está sentindo?". Respondi-lhe: "o cheiro de lixo? Estou." Pensei que seria só eu a sentir, fosse coisa da minha imaginação. E mais uma vez o trabalho prosseguiu sem prestarmos atendimento àquela entidade que permaneceu no salão doutrinário.

Cinco dias  se passaram após o acorrido. No curso de Estudos Mediúnico a surpresa. Um pouco antes de terminar a aula, aquele odor se fez insistentemente presente, levando-me a uma angústia profunda. Senti mudar a pulsação, minhas mãos ficaram roxas de tanto frio. Então, comuniquei o fato ao coordenador do curso, logo após o término, atendeu-nos, a mim e aquela entidade que rodeava o salão, exalando um odor insuportável de lixão. Neste momento tive a confirmação de que não era impressão, aquele cheiro desagradável era real. 

Não mais hesitei: "preciso de ajuda",  falei quase sem forças. O meu coração acelerou bem mais depressa, perdendo o compasso. As pernas pareciam perder os movimentos, enquanto que os pés foram ficando retorcidos para debaixo da cadeira. Já não conseguia mais me locomover apesar da tentativa frustrada. O doutrinador veio ao meu encontro e não pude mais sair do lugar, perdendo as forças das pernas, caí sobre elas retorcidas e sem movimentos. Agora arrastava-me apoiada sobre as mãos e, implorava: "tenho fome". Às lágrimas agora cobriam o meu rosto que tremia freneticamente. O socorro foi imediato e, aquele sofrimento, interrompido pela espiritualidade da Casa. Minha boca estava seca, a língua formigava em busca de saliva. Com as mãos ainda trêmulas tomei aquela água como se fosse a última gota, tamanho o desespero da sede. Então, retornei ao meu corpo físico, cedido, momentaneamente, para a caridade àquele espírito sofredor. 

Lembrei-me que quando seguia, uma semana antes do acontecimento, para o Centro Espírita, a caminho do trabalho, deparei-me com uma pessoa catando lixo, orei e segui adiante. Um pouco mais à frente, à porta de um mercadinho, lá estava outra, toda maltrapilha, suja, arrastando-se pela calçada, apoiada pelas mãos. As pernas não tinham movimentos. O meu coração entristeceu-se. No momento, não trazia uma moeda na bolsa para saciar a fome daquela criatura. Segui o meu caminho, sofrendo com aquela situação. "ninguém merece!". Foi então que roguei ao Senhor meu Deus, dizendo-lhe: "Senhor, não sei o mal que ela cometeu e nem me cabe julgar, mas, peço-Lhe, Senhor, tende piedade! Que os Bons Amigos Espirituais da Casa possam socorrê-la. Ninguém merece esta condição subumana, ainda que tenha sido sua a escolha". Entreguei à Deus e segui em frente para o trabalho procurando não mais pensar no que assistira. Eu a entreguei ao Céu, e Ele me devolveu para cuidá-la junto aos amigos da Casa.

Quando a alma silenciá-se em preces o Céu abre suas portas para que os anjos do Senhor venham atendê-las. Sinto ter duvidado do meu olfato, dos meus sentidos e ter demorado quinze dias para prestar-lhe socorro. Pensava que bastava apenas os Espíritos para o tratamento, que não havia mais responsabilidade da minha parte, já que estava entregue para atendimento, mas, eles (guias) disseram-me que aquela entidade ali acolhida precisava de um 'choque anímico' antes de qualquer outra intervenção. Logo, eu fui o instrumento escolhido pela espiritualidade, já que havia rogado tanto por aquela alma bendita. Glória à Deus!


Para quem desconhece o Espiritismo, "choque anímico" é a necessidade de estar em outro corpo (outra realidade) para perceber, de forma menos traumática para o espírito, que não mais possui o invólucro corpóreo e, assim, aceitar a sua nova condição (realidade), a de espírito desencarnado. Somente então, será levado para o plano espiritual pela equipe de socorro, para tratamento de acordo às suas necessidades. 

Luz e Amor!




"Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque, com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII; 1-2)

"Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra", disse Jesus. (Bem-Aventurados os Misericordiosos, cap. X; 11-13. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Retomando:

Hoje, uma amiga do estudo mediúnico procurou saber sobre esse acontecido. Disse-me que também sentiu o fedor de lixo que exalava no salão doutrinário naquele dia. Sua inquietação era em saber se aquele espírito atendido, fora o que me acompanhara, ou se, eu saberia dizer de quem se tratava, pois ela se viu perseguida por um mendigo na ocasião, pensou ter sido ele também.

Em verdade, poderia ser qualquer um deles, isso não é de grande relevância.Quando a espiritualidade, enviá-nos uma entidade para ser socorrida, ali está o representante de vários outros na mesma situação, visto que existe uma legião de espíritos e não um único. Daí a grandeza do trabalho mediúnico. Quando se atende um, na realidade está se trabalhando para a evolução de vários outros que estão ali, acompanhando o mesmo tratamento.

O trabalho espiritual tem essa dimensão. Muitas vezes acreditamos que estamos fazendo pouco. Saímos com a sensação de insatisfação: "eu poderia ter feito mais". Porém, a espiritualidade esclarece, o trabalho feito a um é aproveitado por um número inimaginável de espíritos carentes no plano espiritual. O hospital é bem maior do que podemos mensurar, e o trabalho de médiuns e Espiritualidade não se encerra ali, naquele breve atendimento prestado. Segue para um espaço infinito, pois que são muitos os desprovidos de esclarecimento e de amor. Assim Seja!

Luz e Amor!

(Em 19/12/2011, às 23h e 48min.)

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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.