sábado, 17 de dezembro de 2011

Fazer o bem pelo bem de fazer

Em 16-12-2011, às 22hs.

Estou feliz e eternamente agradecida pelas comunicações e esclarecimentos recebidos a respeito da mediunidade. Entendi que isso é o que menos deve importar para o verdadeiro cristão, ser Espírita ou  ser de qualquer outra religião. A base de todo trabalho deve ser a Caridade, fazer o bem, esta sim, deve ser a preocupação de todo espírita. Quanto a nomes e reconhecimento, isso é inerente a alma humana, espíritos ainda em evolução. Os que já atingiram determinado grau evolutivo em nada se preocupam com títulos de nobreza, ou, em expor-se à congratulações: "Que a mão direita não saiba o que faz a esquerda".

Ontem recebi a visita de Joana do Sol, o Êre que me acompanha. Passei por uma semana de grande perturbação. Tudo parecia querer dar errado no meu dia. Precisa entregar, na Faculdade, um trabalho como nota para o semestre que se encerra. O trabalho foi feito em equipe. Eu e minha amiga sofremos a mesma perseguição, sem darmos conta das influências malévolas que nos cercavam: "Vigiai e Orai". Ela é também médium, apesar de afastada dos trabalhos espíritas. No último dia do prazo para apresentação do trabalho à Faculdade, tudo saiu da ordem. Os nossos computadores travaram, não nos permitindo concluí-lo no tempo hábil. 

A apresentação para a turma foi um fiasco quase que total. Minha amiga parecia outra pessoa. Falava descompensadamente, quase que briga com o mestre da disciplina. Nesse ínterim, nós duas quase também brigávamos. Fui para casa completamente aborrecida, decepcionada com a apresentação e culpava a amiga por ter negligenciado com o compromiso assumido comigo, já que nós duas éramos o grupo. Procurei ao máximo lembrar da Doutrina Espírita, dos ensinamentos do Evangelho: indulgência, perdão, paciência para com o próximo e consigo mesmo, já que não somos totalmente inocentes nos nossos atos. Se ela havia negligenciado, eu havia deixado, talvez, por conta de outras responsabilidades assumida, um peso maior para ela carregar.

Ao chegar em casa explodi. Dei-me conta do quanto estou longe de ser boa cristã, apesar do esforço em melhorar o meu comportamento e pensamentos. Esqueci da indulgência e desabafei colocando em evidência todas as pequenas faltas da minha amiga. Senti raiva, estava colérica. Confesso que não me reconhecia. Estava com ódio da minha melhor amiga e parceira de caminhada. Uma das pessoas que mais amo por sua doçura e amizade. O professor havia nos dado mais um dia para a entrega do trabalho escrito corrigido. Sentei-me ao computador entristecida por que não poderia estudar para uma outra avaliação que ocorreria no mesmo dia do prazo de entrega, era tudo ou nada, teria que sacrificar uma das disciplinas. Isso fez com que minha raiva pela amiga, ainda mais aumentasse. Para completar, passei o dia sem a bendita "internet". 

No momento em que tentava desesperadamente "correr atrás, não do prejuízo", e sim de uma resposta positiva, entrei em debate com uma voz que tentava a todo custo desmotivar-me. Dizia-me: "é culpa dela, agora ela não vai fazer a prova de amanhã e prejudicou você". Eu parava os meus pensamentos e procurava corrigí-lo: "não, ela não teve culpa, eu também tenho dificuldades com informática". Eu ao menos posso contar com a minha filha, e ela nem isso. De repente o computador travou, não conseguia formatar o trabalho, as tabelas e gráficos misturavam-se. Desesperei-me totalmente, horas a fio, para perder tudo, não! Chamei por minha filha, que vinha ajudando-me durante todo o processo, para a minha surpresa, ela recusou-se a ajudar-me, ainda vendo a minha angústia e dificuldade. O prazo está encerrando. Então, numa manifestação animalesca, xinguei como há muito não xingava. Esmurrei o teclado quase jogando a máquina no chão. Chorei e exclamei: 'culpa dela!'. Passava das 23 horas quando consegui finalizar o trabalho. Na hora de enviar nada de internet. Imprimi tudo e fui levá-lo pessoalmente ao professor na academia.

Orei muto durante a noite, estava arrependida do meu gesto e envergonhada, mas, fugia ao meu controle. Acordei ainda com resquício daquela mágoa e tristeza por ter que abandonar uma disciplina no final depois de enfrentar os mais variados problemas para concluí-la. No ônibus, coloquei-me a ler algum dos textos referentes a avaliação, queria de alguma sorte poder fazê-la. Para meu desconsolo, um sono tomou conta de mim. Resolvi então não mais lutar contra todos aqueles intempéries. Senti-me sem forças. Para melhorar a minha situação, no caminho da Faculdade, subindo uma ladeira que dá para o fundo da mesma, tropecei na calçada e partiu minha sandália. Tive que subir arrastando um dos pés, como se fosse "manca". Exclamei: "ninguém merece!"

Sentei-me a pensar em que jeito daria, pois, no momento estava sem dinheiro, sem cartão de crédito, teria que fazer alguns pagamento com vencimento naquele dia, e com um pé de sandália partido. Sentei-me e lembrei que havia colocado na bolsa, já na saída de casa, uma "xuxa" de cabelo. Então serviu certinho para segurar a sandália no pé. Fui ao colegiado do curso para entregar o trabalho e para minha felicidade a funcionária da xerox  prontificou-se a consertar a sandália com grampeador, visto que era recorrente essa "prestação de serviço". Problema resolvido, segui para a sala de aula, no caminho encontro com a minha querida amiga, sentamos para conversar sobre o ocorrido, pedimos desculpas uma para a outra reconhecendo as nossas falhas, foi quando ela relatou-me o que lhe havia acontecido. 

Disse-me que na mesma noite em que que me debatia com aquela voz impertinente e insistente em casa, ela, em sua casa, fazia o mesmo, sendo que para ela a entidade apresentou-se em desdobramento. Estava bebendo e queria que ela também bebesse, ela recusara e repreendeu-a com veemência o que irritou a entidade, atirando-lhe a bebida na cama. O computador dela também bloqueou a senha, deixando-a impossibilitada de completar o trabalho e enviar-me como o combinado. Sabendo do meu trabalho na desobsessão e, acreditando que naquela noite estaria trabalhando, enviou a entidade na intenção do socorro. 

Naquele instante em que fazíamos as pazes conosco mesmas, fiquei com a visão turva, senti uma forte tontura, entre nós duas apareceu uma parede de água, como uma queda d'água. E, como um bálsamo, as nossas dores foram suavizadas. Abraçamo-nos calorosamente, perdoando-nos uma a outra. Como havíamos desistido da avaliação final, estávamos indo embora, já na saída aparece-nos uma colega perguntando: "Vocês não vão fazer a prova? A professora entregou para fazermos em casa e entrega-la amanhã!". Voltamos correndo as duas, ela pelas escadas da frente e eu, pelas de saída. Conseguimos pegar as provas e riamos abraçadas.  "Conseguimos amiga, conseguimos!".

Na saída da Universidade, ela deu-me uma balinha e colocou outra no jardim. Deu-me uma vontade enorme de colher florzinhas do campo e, assim, fiz com a ajuda dela. Não preciso dizer quem estava comigo o tempo todo, ajudando-me, Joana do Sol. Seguiu comigo pelo shopping, e, depois para casa onde, finalmente, manifestou-se. As florzinhas eram para a limpeza minha e da casa. Aquela entidade, que procurou nos atrapalhar a vida, havia sido recolhida e levada para tratamento no Centro. Como minha guardiã e amiga, o Êre, protegia-me o tempo todo não permitindo que me prejudicasse. Deixou-me um recado muito especial, o qual desejo repartir com vocês:  

"Diga para 'das mães' que não fique triste por nós êres não sermos aceitos na Casa Espírita. Nós espíritos que trabalhamos para o bem, fazemos o trabalho mesmo que ninguém nos reconheça. Fazemos o bem pelo bem de fazê-lo".

Compreendi que a minha tristeza pelo preconceito sofrido na Casa, anteriormente, é fruto da minha imperfeição. Eu estou procurando evoluir e compreendi, neste momento, que os Espíritos evoluído não ficam tristes por não poderem trabalhar em um Centro, seja Espírita, seja de Umbanda. Os Espíritos são livres. Eles continuam seu trabalho na Seara Espírita sem nenhuma interrupção pela sua negação, fruto da ignorância e orgulho de alguns medianeiros. Entristecem-se sim, é verdade. Mas, por aqueles que se dizem espíritas e não procuram conhecer para poder compreender o plano espiritual. De certo, entenderiam que no plano astral não há entre os trabalhadores esta distinção, todos trabalham em conjunto em prol de uma humanidade mais fraterna.

Joana do Sol permanece ao meu lado, trabalhando em silêncio e feliz, assim como os demais guias da Umbanda que me acompanham por longa data, antes mesmo de tornar-me "filha-de-santo". Na verdade esse é um ritual adotado pela Umbanda, porém, não me tornei "filha-de-santo", sou filha de Deus como todos os guias espirituais que me acompanham, e, com eles quero continuar seguindo a minha caminhada em busca da evolução espiritual, fazendo todo o bem que eu puder, e, hoje, tenho consciência que juntos podemos muito mais, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Compreendo, também, através dos ensinamentos doutrinários, que Joana do Sol não precisa apresentar-se somente como criança, essa foi uma de suas existências passada. Na Umbanda era necessário que fosse assim, hoje, na Casa Espírita, compreendemos que é Espírito, e que Espírito, mesmo deixando a vida corpórea na infância, tende a se tornar um Espírito evoluído e não precisa mais se apresentar como criança. Assim, também, ocorre com os "pretos-velhos". Eles não mais são escravos velhos, já o foram em outra existência, agora são Espíritos trabalhando para o bem. Compreendo, hoje, através do Espiritismo, que Espíritos não tem idade e nem cor. Somos todos essência do amor divino, somos todos Espíritos aprendendo o amor. Saravá Umbanda!

Que Assim Seja!

Luz e amor!

Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve  afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo.
 (Bem-Aventurados os Misericordiosos, cap. X; 14. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.