Refletindo sobre o estudo do Evangelho realizado noite anterior, veio-me a vontade infindável de dissertar sobre o tema abordado: Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos (cap. IX; 9-10). Partilhavamos sobre a cólera como um desvio da alma, ou seja, a cólera é inerente ao espírito, diferente do defeito físico, o qual não se pode corrigir, a cólera pode e deve ser trabalhada para a evolução espiritual.
A explosão da cólera não depende do desenvolvimento do corpo, pois que o espírito já trás em si o vício. Um homem adulto, com um corpo robusto, pode manter-se manso e pacífico diante de situações extremas, apesar do seu porte físico, enquanto que uma criança franzina, em tenra idade, pode manifestar-se surpreendentemente colérica. Então, os pais devem atentar-se para o comportamento de seus filhos desde sempre, observando-lhes a nuance comportamental a fim de corrigir-lhes, na medida do possível, esse mal que lhe acarretará grandes consequências , senão nesta existência, em uma outra futura.
Aos pais serão cobrado: "o que fizeste da criança que lhes confiei?". Pais, não hesitem em dizer "não". O "não", na hora certa e bem aplicado, é uma forma de oração. Quisá, a forma mais sublime de amor. Provavelmente, no primeiro instante, não seja bem compreendida e aceita por aquele que o recebe, no entanto, surtirá, no futuro, um efeito benéfico para ambos. Lembrai, porém, que ser firme não significa ser rude, áspero, agressivo. Impõe-se muito mais pela sutileza das palavras do que no gritar. Sede exemplo de paciência e doçura com aqueles que lhes foram confiados, nesse mundo de provas e expiações, para que isso possa se refletir em sua caminhada neste mundo terreno.
Hoje, com a Revolução Científica-Informacional, os pais têm encontrado dificuldades em conceber aos seus filhos noções de valores morais e éticos. Poderia referir-me aqui, a valores religiosos, mas, a verdadeira religião, ela é moral, as demais, são construções sociais pautadas em interesses de cada sociedade em seu tempo. Tiverdes o princípio moral ensinado pelo Cristo Jesus, eis que não entraries em conflitos religiosos, ainda com todas as transformações ocorridas em todas as sociedades. Manter-se-ia fiel ao Evangelho, segundo Nosso Mestre e Divino, Jesus Cristo.
A família, bem como a religião, é também uma construção social. Molda-se de acordo com a sociedade presente. Ou seja, a instituição familiar acompanha as trasformações sociais. A cada mudança social, firma-se um novo conceito de família, por isso, fala-se hoje em novas formas de família e não mais de famílias "desestruturadas". No período colonial, a forma de família era a patriarcal, moldada nos costumes de uma sociedade machista, onde a mulher era propriedade, bem como os filhos também o era. Numa sociedade escravagista, de senhores de terra, tudo lhe era propriedade, inclusive os negros escravos, que eram vistos como "coisas".
No decorrer do tempo, com as várias transformações sofridas na sociedade e as diversas lutas sociais, a família não apresenta mais um núcleo linear: pai, mãe e filhos, apresenta-se das mais distintas formas, pois que a mulher e os filhos já não são tidos como propriedades, o que é uma grande evolução, porém, a mãe perdeu um papel fundamental devido, na atualidade, ser ela, frequentemente, a provedora, a "chefe" da família, e não mais dispor de tempo necessário para o acompanhamento do desenvolvimento dos seus filhos, muitas vezes delegando poderes a outrém. O que deve ser levado em consideração, nesta fase de transição, é a qualidade desse "tempo" disponível a educação dos filhos, nada justifica negligenciá-la.
A família e a religião perpassam as tranformações sociais. A moral ensinada pelo Evangelho, no entanto, deve se manter inabalada, assim como, a fé cristã. Ter fé significa ser fiel. A fé cristã é a fidelidade aos Ensinamentos do Cristo sobre todas as coisas. O mundo pode e deve necessariamente mudar, porém, a fé cristã deve manter-se inalterada.
O Espiritismo vem para trazer, através dos Espíritos de boa vontade, o esclarecimento sobre as Leis Morais deixadas por Nosso Senhor Jesus Cristo. Leis estas que, aos poucos, foram sendo substituídas pelos interesses de uma sociedade materialista. O Espiritismo vem tentando remover esses interesses mundanos através da Lei do Amor. Deus não deseja perder nenhuma de suas ovelhas, este é o trabalho dos Espíritos: inspirarmos a Lei Divina para que não nos percamos dos propósitos do Senhor, que não é somente a evolução material, o conhecimento científico, quais são necessários para acolhermos, neste mundo, o grande número de espíritos que surgem, mas, acima de tudo, desenvolver no homem a inteligência, pois que o espírito é inteligência, e esta deve estar voltada para o bem universal. É neste ponto que a Humanidade se perde quanto aos valores morais. Perde-se a consciência moral cristã quando deixa-se dominar pelas imposições do mundo, pela ganância de poder, pela aquisição excedente de bens materiais, bens terrenos, esquecendo-se do compromisso assumido perante o Pai que está no Céu - a caridade.
A ciência e a moral devem andar de mãos dadas rumo a evolução da Humanidade. Enquanto os homens não se atentarem para isso, essas noções de valores morais irão se perdendo pelo caminho. Então, nós Espíritos de boa vontade, procuramos em nome de um Senhor Único e Soberano, moldar esses padrões comportamentais adquiridos, nos padrões morais ensinados pelo Cristo. É preciso, pois, conhecer o Evangelho e praticar o Evangelho para se tornar um verdadeiro cristão. Conhecer a Verdade para que os valores do mundo não lhes corrompa a alma. O homem que deixa de conhecer, o faz por comodidade. Conhecer implica responsabilidade, então, prefere-se ignorar o conhecimento para seguir sem culpa de seus atos. Atos que mais adiante lhes serão cobrados, quer queira quer não, porque o Senhor que tudo sabe e tudo vê, é Justo. Quando chegada a hora final, tudo que lhe foi dado em confiança, lhe será cobrado. Ninguém foge à Justiça Divina. E, Justiça Divina não é "castigo", é a reparação dos maus atos praticados, quando esquece-se das Leis Morais. Que Assim Seja!
Um espírito Amigo
"Segundo a idéia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança ... Em vez de se considerar culpado, atribui a falta do seu organismo, acusando assim à Deus pelos seus própprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições" (Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 9-10).
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