quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Verdadeiro Espírito do Natal

 
Em 25-12-2011, às 8hs e 50min.

"Glória à Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade". Damos graças ao Senhor, é nosso dever e nossa Salvação, eis que é o Senhor de todas as coisas que há no Céu e na Terra.

Passei a semana inteira pensando em uma mensagem de Natal, que pudesse transmitir à todos vocês. Encejava mostrar-lhes o significado desse dia tão especial, onde as preces parem ecoar numa única voz, em todo o Universo, pela dimensão que tem esse dia e, pelo que disperta nos corações dos homens de boa vontade - a fraternidade.

Porém, nada aconteceu de especial. Nenhuma inspiração espiritual, nem ao menos poética. Nada! Ao invés de acontecimentos natalícios, um anjo ... sei lá, tocando trombetas no céu anunciando a chegada do Mestre Salvador, assistia a todo instante na TV, notícias trágicas, desastres, infortúnios, lágrimas ... Aquele incêndio na favela, em São Paulo. As chamas e labaredas tornando cinza o Natal daquela gente esquecida da humanidade, chorei suas vítimas. Pensei: "que Natal para essa gente!". Orei por aquelas pessoas que perderam o pouco que tinham e, pelas quais (duas), perderam a vida terrena, de maneira tão trágica. Em uma das entrevistas, emocionei-me com o gesto de uma das moradoras atingida pelo incêndio: "consegui salvar tudo, mas não posso comemorar o Natal, sabendo que existem pessoas que perderam tudo". Senti a sua solidariedade ao resignar-se, fraternalmente, com aqueles que eram os seus próximos.

Em seguida, recebi uma mensagem, via e-mail, de uma pessoa muito especial, entitulada: TRISTEZA.  Gelei antes mesmo de abrí-la. Respirei fundo e li em suas linhas o desejo revelado de morte. Dizia: "Não teremos mais Natal, num ato impensado, pedi demissão do emprego, como sou "burro", não vou receber nem salário desemprego e, as promessas de trabalho desapareceram, o que me dói é fazer, assim, minha família sofrer, pensei em abreviar meus dias ...". Chorei junto com as suas lágrimas, então, respondi-lhe o e-mail, na tentativa de restituir-lhe o equílibrio espiritual e a paz, com a seguinte mensagem, à mim enviada, pelos amigos espirituais:

"Amado irmão,

Sua tristeza também é minha. As suas lágrimas também são minhas. Você não está só, estaremos sempre ao seu lado, apoiando-lhe. Não importa que não seja o Natal que você planejou. Não se sinta culpado, nem burro. Vivemos num mundo de provações e tudo o que temos que passar ninguém passa por nós. Seu filhos são maravilhosos, são a luz da sua vida, anjos a te guiar. Confie em Deus acima de tudo. Ele não abandona jamais os vossos filhos. 

Ao invés de lastimar ou entristecer-se, aproveite esta oportunidade e agradeça por tudo, pelo sofrimento, pelas dores, pelo fracasso, pela luta e por poder recomeçar. Você é forte, é iluminado pois você é bom, faz o bem e, Deus, que é justo, tudo vê. Aguarde confiante meu irmão querido, que tudo irá ficar bem, acredite. A fé é paciente, não se desespere jamais, nem pense em abreviar suas dores abreviando os seus dias, porque o sofrimento aqui é passageiro, por outro caminho, ele dura uma eternidade. Acredite-me, eu já passei por isso. "Se quer mudar sua vida, comece mudando o seu pensamento". Mantenha-o firme, eleve-o à Deus. Não perca jamais a esperança. Creia, Ele está do seu lado sempre.

Não importa sua situação financeira, irei passar o final de ano com vocês como haviamos planejado, choraremos juntos se assim for preciso, mas acharemos, em Deus, uma forma de abrandar os males que você está enfrentando. Lembre-se: 

Natal é bem mais que mesa farta, que roupas novas, presentes ... Natal é nascer em Cristo, e devemos buscar renascer todos os dias de nossas vidas. Natal é momento de reflexão sobre nossa relação com o Aniversariante do dia, de nos confraternizarmos conosco mesmo, perdoarmos à nós mesmos, pelas nossas fraquezas e, assim, encontrarmos-nos com o Cristo que está dentro de cada um de nós. Aproveite este momento de sua vida para ensinar novos valores aos seus filhos, sabemos o quanto são inteligentes e compreensíveis. Passe essa mensagem para eles, para que eles percebam o verdadeiro significado do Natal, tenho certeza que Deus ficará feliz em você conseguir transformar sua dor em sabedoria. Que o Senhor lhe abençoe meu irmão e traga paz para o seu coração aflito".

(Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 1- 2)

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventuradosos que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino do Céu (Mateus, v;5,6 e 10).

Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurado os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis. (Lucas, VI:20, 21).

Finalmente, na manhã de hoje  (25/12/2011), ouvi a seguinte mensagem ao despertar: "Agora você já pode escrever sua mensagem de Natal, pois agora você já viveu o Natal". Mas como? Eu não havia ainda vivido o Natal? Respondeu-me: "Sim, você vivera sempre o Natal como muitos o vivem, na certeza da mesa farta, nas vestes novas, na casa arrumada, decorada para receber somente a família. Você viveu na opulência das conquistas mundanas, ainda que, muitas vezes, o seu coração voltasse vázio das festividades, sem você comprendê-lo. Hoje, você pode escrever sobre o Verdadeiro Espírito de Natal, pois que agora, você compreende porque o seu coração ficava no vázio das buscas incontidas, da insatisfação das preces não atendidas e dos desejos não realizados". 

O Natal significa nascimento, e, como nada acontece nesse mundo sem um propósito Divino, eis que nasceu o Salvador. As aspirações do mundo, muitas vezes, faz-nos dar um sentido errôneo aos desígnios de Deus. Natal significa nascer em Cristo, ou, renascê-Lo em nossos corações. Nesse dia, os sinos celestiais ecoam, fazendo-se ouvir em todo o Universo. A Estrela Guia faz-se presente iluminando a todas criaturas, nesse mundo de provas e expiações, mostrando o caminho único para a Salvação, JESUS.

Então, todos os corações unidos neste sentido, fazem da Terra a Sua manjedoura. Porém, há corações que apartaram-se em buscas outras, que fogem o verdadeiro sentido cristão do Natal, cumprindo  interesses do mundo: "Não se pode servir à Deus e a Mamon". Eis, então, a causa das calamidades e dores terrenas. O Senhor Deus, deseja livrar o mundo da miséria e da opressão.  Deseja resgatar todo o seu rebanho. Senão pelo amor, pela dor, porque é no sofrimento que a alma silencia-se em verdadeira comunhão com Deus. Na hora das tribulações, vêem-se quem são os vossos filhos resignados. Aqueles que amam ao seu próximo, aqueles que esquecem-se de si mesmos em favor daqueles que sofrem. Pois, para amar à Deus, é preciso amar ao seu semelhante: "Amarás ao Senhor teu Deus, sobre todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo".

Ao perceber as dores do mundo, através das tragédias e das perdas de entes queridos, chora as lágrimas dos que tudo perdeu. Compadece-se, em oração. No entanto, esquecendo-se de que aqueles que padecem, são os eleitos de Deus, diz-se: "acabou meu Natal!... "Homens de Boa Fé, o Natal foi celebrado!

Quem entendeu essas palavras, compreendeu o prisma natalino.

O Natal foi a lágrima que se derramou pelo o outro. Foi o lençol, o agasalho que se doou. Foi o alimento que saciou a fome daquele que nada tem. Foi a prece feita em cada lar, em segredo, por aqueles que partiram. Se ainda nos sensibilizamos com as dores do mundo, esquecendo-nos de nós mesmos, é porque o Amor Divino se faz presente. Trazer esse Amor para dentro de cada um de nós, sendo solidário com o próximo, é nascer em Cristo. Eis o Verdadeiro Espírito de Natal.

Luz e Amor!


"Nas grandes calamidades, a caridade se agita, e veêm-se generosos impulsos para reparar os desastres. Mas, ao lado desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam desapercebidos, de pessoas que jazem num miserável catre, sem se queixarem. São esses os infortúnios discretos e ocultos, que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que venham pedir assistência ... É assim que esta mãe verdadeiramente cristã vai formando sua filha na prática das virtudes ensinadas pelo Cristo. É espírita? Que importa?" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 4. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Manifestações Físicas


Recife, 1979

Haviamos vindo de Juazeiro/BA. A casa parecia uma mansão, a princípio parecia-nos tudo "normal". Iriamos começar uma vida nova. Meus pais passavam por um conflito conjugal.

Logo fizemos amizade com a vizinhança, eramos todos adolescentes. Estudava em um escola alguns Kms próximo. Dava para ir andando, curtindo o novo bairro. Mas, aquela casa ... O quintal tinha uma espécie de lama, embranquiçada, não secava nunca e parecia que em algum momento iria nos engolir, uma espécie de "areia movediça". Pouco podiamos usar o quintal, a não ser uma estreita faixa que dava para a dispensa escura, onde seguia um corredor que dava na frente da casa. Não sabia por que aquela dispensa atraía-me.

Pareciamos felizes na nova morada, era muito linda a casa. O que não era lindo eram as portas do armário abrindo sozinha! Aquilo assustava a todos. Ocorria geralmente a noite. Ouviamos, a partir das 18hs, passos pela casa. Ao anoitecer, acabavamos ficando sempre na companhia um do outro, para não ficarmos sozinhos com aquela companhia invisível. Minha mão logo apresentou um quadro de desequílibrio emocional. A casa a irritava, aquele quintal que não secava, aquela lama borbulhante.

Estudava no turno vespertino, Colégio Estadual Alberto Torres, chegando em casa precisamente às 18 hs. Acompanhava-me uma tristeza enorme, uma inércia. Então, antes de adentrar a casa, sentava-me na varanda a chorar de tamanha angústia, porém, sem nada entender. Quem chamou-me a atenção foi o vizinho da frente, que ficava a me olhar. Indagou-me um dia: "porque você quando chega, fica horas na varanda chorando?" . Respondi: "Não sei. Estou bem, mas quando estou próxima de casa sinto uma tristeza!". Observou, também, porque eu não entrava pela porta da frente, sempre seguia o corredor que passava pela dispensa, e entrava pelos fundos. Disse-lhe que era para ninguém me ver chorando.

A noite, muitas vezes, o meu lençol subia, descobrindo-me os pés, assustada agarrava o lençol e cobria a cabeça, acreditava que assim não veria nada. Mas, continuava a sentir... Tinhamos no quarto um ventilador, que ficava sobre uma banqueta no quarto, próximo da porta. Certa dia, a noite já avançava, ao deitarmos e apagar as luzes, quase pegando no sono profundo, eis que a banqueta foi arremessada para o canto da parede, um estrondo ecoou por toda a casa. Logo, meus pais vieram correndo ver o ocorrido, pensando ser ladrão. O ventilador mantinha-se em pé como se estivesse com a banqueta, funcionando normalmente. A pergunta: "Quem entrou aqui?".

As crises de minha mãe aumentaram, e a minha depressão também. Quando menstruada, entrava em crise dita "TPM", mas também não entendia, ficava na dispensa escura, chorava, lembro-me bater a cabeça na parede de tanto sofrimento, sozinha em silêncio para que ninguém percebesse e não me chamassem de "louca". Uma outra vizinha, moradora da casa ao lado do corredor da dispensa, chamou-me a atenção, juntamente com o vizinho que me via chorar.  Foi, então, que diante do meu sofrimento relatado, contaram-me que ali, naquela dispensa, havia sido assassinado o dono da casa, por volta das 18 hs, quando chegava do trabalho. Na parede ainda havia a marca dos projéteis, detalhe que ainda não tinha me dado conta.

Pouco meses depois, deixamos a casa. Minha mão quase enlouquecida e, eu com a minha "crise de TPM" acelerada. Lembro-me do dia, já na nova morada, em Caruaru/PE, estavamos recente. Meus pais continuavam a brigar. Em uma de suas brigas, eu estava na cozinha, cortando carne para o almoço, quando de um momento para outro, comecei a chorar, com muita raiva, passei a furar a tábua de carne com a faca, descontrolada, com uma força maior do que eu, segui em direção de meu pai para lhe apunhalar. Gritava feito animal abatido, grito que se fez ouvir a metros de distância da casa, chamando a ateção de quem passava. Num esforço tamanho, meu pai, bem mais forte do que uma menina de quatorze anos, conseguiu, finalmente, "domar-me".

Não sei como, dormi horas seguidas depois de muito chorar sem compreender o que houverá acontecido. Apartir daí, todos tratavam-me como "problemática" e passaram à temer minhas crisese, eu, nesses  momentos, ao perceber sua aproximação, trancava-me no quarto ou, normalmente na dispensa no fundo da casa. Lá, em crise e sozinha, arranhava-me, mordia-me, puxava os cabelos, ou usava ferramentas, como martelo, deixando meu corpo roxeado. Às vezes penso, que era para me punir por ser uma "menina má". Meus pais nunca prestaram atenção no que ocorria comigo, apenas a minha irmã mais velha, e o meu irmãozinho caçula, demonstravam carinho e preocupação comigo.

Tornei-me adulta assim. Aos dezoito anos, lembro-me de irmos para Ilha de Itaparica, eu, meu noivo, minha irmã mais velha (também médium) e o seu noivo, acamparmos, num feriado. Escolhemos armar as barracas no alto das pedras, onde podiamos ver o mar de cima. O dia foi lindo, era verão. A noite estava estrelada e o vento soprava calmamente. Ouvia-se o barulho do mar batendo nas pedras. Então, sentamos todos próximos as barracas, a conversar. Acendemos um fogareiro, e, comecei a brincar de fazer o fogo dançar, gostava de vê-lo seguir minhas mãos, subindo e descendo, de um lado para o outro, enquando vinha em minha mente palavras que nem mesmo conheço, "mantras".

Todos pareciam enfeitiçados pelo movimento do fogo. Concentrados. Meu noivo foi o primeiro a se manifestar: "pare com isso, estou ficando com mêdo!". Comecei a rir e a movimentá-lo mais ainda. Num instante, sem que ninguém estivesse preparado, o tempo fechou. A noite ficou escura, raios cobriam o céu. Uma tempestade surgida, não se sabe de onde, pairava sobre as nossas barracas, querendo arrastá-las. O mar tornou-se revolto atingindo-nos no alto das pedras. Corremos todos para suas barracas na tentrativa de amarrá-las bem firme para o vento não as levar. Aos poucos, a tempestade cessou. 

Dormiamos, quando de repente, meu noivo pulou do colchão gritando alucinadamente, em desespero abriu a barraca e disparou noite a fora. O outro casal acordou com o grito, saindo para ver o que houve. Pusemos-nos a procurá-lo pela praia deserta, encontrando-o chorando, atordoado. Acusou-me de trazido os mortos. Contou-nos que viu um amigo que havia morrido naquela praia, afogado, há anos e que o corpo não fora encontrado. Tinha olhar de pavor pelo que viu e, raiva por minha "brincadeira". Confesso que nem eu mesma esperava tal manifestação. Foi realmente assustador, mas, como sentir-me culpada? Não tive a intenção e nem me considero "bruxa", ainda confessando que elas me atraem. Ao amanhecer, estava mais calmo, e o dia continuou lindo!

Somente tomei conhecimento sobre as manifestações físicas, a partir da leitura do "Livro dos Médiuns" de Allan Kardec, cap. XIV, item 160-161, que trata dos efeitos físicos, médiuns facultativos, o qual eu não me incluo, são os que têm consciência do seu poder de produzir fenômenos físicos e o fazem de forma voluntária. E, no meu caso, médiuns involuntários ou naturais, cuja a influência se exerce a seu mau grado. Não têm consciência do poder que possuem e, muitas vezes, não percebem o fenômeno como algo extraordinário. Manifestam-se em todas as idades e, frequentemente, em crianças ainda muito novas, como no meu caso, aos sete anos de idade.

Outro esclarecimento oportuno, também retirado do "Livro dos Médiuns" de Allan Kardec, cap V, Manifestações Espíritas Espontâneas, como: ruídos, barulhos, perturbações, arremessos de objetos, como ocorridos em Recife, por exemplo. As manifestações físicas, segundo Kardec, têm por finalidade chamar-nos a atenção e convencer-nos da presença de uma força superior a dos homens. Kardec, chama-nos a atenção: os Espíritos Superiores não se ocupam com essa ordem de manifestações; servem-se de espíritos inferiores para produzí-las. São espírito muito mais levianos do que maus, que se riem dos terrores que causam.

Porém, existem alguns casos de espíritos cuja a intenção é por-se em comunicação com certas pessoas, quer para darem um recado, ou pedir algo para si mesmo, como preces, outros ainda pedem para que se cumpram compromissos que não se pode cumprir, outros por interesse do próprio repouso, reparar um mal que praticou quando em vida. Kardec nos afirma que é um erro ter-se medo. Sua presença é inoportuna, mas não perigosa. Há os que desejam se ver livres deles e acabam ao contrário, mantendo-os próximos, pois eles se divertem com as pertubações que causam. É preciso ignorá-los, rir-se deles, assim acabam se cansando e, não atigindo seu objetivo, partem.

Outro ponto importante que Allan Kardec aborda neste capítulo, item 91, é que esses fenômenos ainda operados por espíritos inferiores, são frequentemente provocados por Espíritos de ordem elevada, com o objetivo de demonstrar aos mais incrédulos, a existência de seres incorpóreos e de uma potência superior ao homem. Os incrédulos preferem lançar os fenômenos espíritas á conta da imaginação, muito cômoda e que dispensa outras.

Allan Kardec coloca que "Desde que se nota um efeito qualquer, ele tem necessariamente uma causa. Se uma observação fria e calma nos demonstra que esse efeito independe de toda vontade humana e de toda causa material; se, demais nos dá evidentes sinais de inteligência e de vontade livre, o que constitui o traço mais característico, forçoso será atribuí-lo a uma inteligência oculta (...) Cada um deve estar em guarda, não somente contra narrativas que possam ser, quando menos, acoimadas de exagero, mas também contra as próprias impressões, cumprindo não atribuir origem oculta a tudo o que não compreenda".

Despertei hoje, 23-12-2011, não sei dizer o por quê, com uma vontade enorme de contar-lhes estes acontecimentos. São inspirações que vêm sempre, depois de noites que passo trabalhando em desdobramento. Saltei da cama para contá-las nas páginas do meu diário. Ocorreu-me agora, que ao despertar, coloquei um monte de àgua, da boca para fora. Ao acabar de digitar, e, fazer-me essa pergunta, senti a presença deles a me dizer que, hoje, estão bem. Talvez vocês julguem-me esquizofrênica, eu não admiraria. Parecem sulrealistas minhas histórias, eu também já preferi ignorá-las e aceitar-me como "louca", fantasiosa.

Hoje posso afirmar: Espíritos existem, nós somos provas de suas existências. Há um plano singular, uma nova existência, além do túmulo. Refletindo um pouco mais, parece-me mais claro o que disse-me o meu Mentor, quando comecei a frequentar o Centro Espírita: "a nossa missão é acolher os desencarnados e conduzí-los à sua nova morada". Eu seria o seu instrumento no plano terreno. O meu coração endurecido, para reconhecer a existência e a importância do trabalho espírita, dificultou a nossa jornada na Terra, mas, Ele, nunca desistiu de mim. Assim Seja!

Luz e Amor!




"Meus bens amados, eis chegados os tempos em que os erros explicados se transformarão em verdades.  Nós vos ensinaremos  o verdadeiro sentido das parábolas. Nós vos mostraremos a correlação poderosa, que liga o que foi ao que é. Eu vos digo, em verdade; a manifestação espírita se eleva no horizonte, e eis aqui o seu enviado, que vai resplandescer como o sol sobre o cume dos montes" (Bem-Aventurado os puros de coração, cap. VIII; 18. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

A importância dos Estudos Doutrinários na Prática Mediúnica

Em 22-12-2011, às 14hs e 30 min.

"O Livro destinados aos trabalhadores da Casa do Caminho, em nome de Dr. Bezerra de Meneses é uma semente de amor,  para disseminação dos ensinamentos da doutrina espírita na prática. Receba-o pois como quem recebe das mãos do Mestre, um Manual de Boas Práticas, relevante ao desenvolvimento do trabalho na Casa Espírita.

Não olvides da necessidade diária de um bom estudo de suas práticas. Não se furte do tempo precioso para a boa leitura e reflexão do que é exposto nessa belíssima obra, de nossa mais cara irmã em Cristo e divulgadora do ensinamentos práticos do Campo Espírita, Suely Caldas Schubert. O livro que a todos os trabalhadores foi entregue, não é somente um presente da Espiritualidade, mas uma ferramenta de trabalho que os Espíritos de Boa Vontade dispõem para esclarecimento de sua missão no plano terreno.

Por isso, em nome da Caridade Santa, não o guarde na estante ou esqueça-o sobre uma mesa de algum cômodo escondido. Tome-o como um companheiro fiel para o bom desempenho de sua missão na Seara Espírita. Não passe apenas os olhos em suas páginas dedicadas ao enlace com a Espiritualidade, sem fazer uma reflexão morosa e sincera de seu conteúdo, exposto da forma mais singela e pura, extraindo-lhe todo conhecimento necessário para o bom trabalho. 


Extraia dessa semente de amor, o substrato para alimentar sua alma nessa jornada de caridade e bem-aventurança, sem esquecer de distribuir, com os mais necessitados, o sumo do Amor Divino, para alimentar-lhes a alma de fé e esperança. 


Que esta obra possa inspirar a todos, a elevação de uma consciência moral e a homogeneidade de sentimentos voltados para o exercício do bem, condições supremas para o bom fluir e andamento do serviço espiritual". 

"Espíritas! Amai-vos, este é o primeiro ensinamento: Instruí-vos, este é o segundo" (E. S. E., cap.VI, item 5)".

Mensageiros da Paz

Luz e Amor!

"Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade e disse: "Vinde a mim, todos vós que sofreis!" ... Homens fracos, que vos limitais às trevas vossa inteligência, não afasteis a tocha que a clemência divina vos coloca nas mãos, para iluminar vossa rota e vos reconduzir, crianças perdidas, ao regaço de vosso Pai". (O Cristo Consolador, cap. VI; 5. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Leis Morais

Em 20-12-2011, às 8 hs.

Refletindo sobre o estudo do Evangelho realizado noite anterior, veio-me a vontade infindável de dissertar sobre o tema abordado: Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos (cap. IX; 9-10). Partilhavamos sobre a cólera como um desvio da alma, ou seja, a cólera é inerente ao espírito, diferente do defeito físico, o qual não se pode corrigir, a cólera pode e deve ser trabalhada para a evolução espiritual.

A explosão da cólera não depende do desenvolvimento do corpo, pois que o espírito já trás em si o vício. Um homem adulto, com um corpo robusto, pode manter-se manso e pacífico diante de situações extremas, apesar do seu porte físico, enquanto que uma criança franzina, em tenra idade, pode manifestar-se surpreendentemente colérica. Então, os pais devem atentar-se para o comportamento de seus filhos desde sempre, observando-lhes a nuance comportamental a fim de corrigir-lhes, na medida do possível, esse mal que lhe acarretará grandes consequências , senão nesta existência, em uma outra futura.

Aos pais serão cobrado: "o que fizeste da criança que lhes confiei?". Pais, não hesitem em dizer "não". O "não", na hora certa e bem aplicado, é uma forma de oração. Quisá, a forma mais sublime de amor. Provavelmente, no primeiro instante, não seja bem compreendida e aceita por aquele que o recebe, no entanto, surtirá, no futuro, um efeito benéfico para ambos. Lembrai, porém, que ser firme não significa ser rude, áspero, agressivo. Impõe-se muito mais pela sutileza das palavras do que no gritar. Sede exemplo de paciência e doçura com aqueles que lhes foram confiados, nesse mundo de provas e expiações, para que isso possa  se refletir em sua caminhada neste mundo terreno.

Hoje, com a Revolução Científica-Informacional, os pais têm encontrado dificuldades em conceber aos seus filhos noções de valores morais e éticos. Poderia referir-me aqui, a valores religiosos, mas, a verdadeira religião, ela é moral, as demais, são construções sociais pautadas em interesses de cada sociedade em seu tempo. Tiverdes o princípio moral ensinado pelo Cristo Jesus, eis que não entraries em conflitos religiosos, ainda com todas as transformações ocorridas em todas as sociedades. Manter-se-ia fiel ao Evangelho, segundo Nosso Mestre e Divino,  Jesus Cristo.

A família, bem como a religião, é também uma construção social. Molda-se de acordo com a sociedade presente. Ou seja, a instituição familiar acompanha as trasformações sociais. A cada mudança social, firma-se um novo conceito de família, por isso, fala-se hoje em novas formas de família e não mais de famílias "desestruturadas". No período colonial, a forma de família era a patriarcal, moldada nos costumes de uma sociedade machista, onde a mulher era propriedade, bem como os filhos também o era. Numa sociedade escravagista, de senhores de terra, tudo lhe era propriedade, inclusive os negros escravos, que eram vistos como "coisas". 

No decorrer do tempo, com as várias transformações sofridas na sociedade e as diversas lutas sociais, a família não apresenta mais um núcleo linear: pai, mãe e filhos, apresenta-se das mais distintas formas, pois que a mulher e os filhos já não são tidos como propriedades, o que é uma grande evolução, porém, a mãe perdeu um papel fundamental devido, na atualidade, ser ela, frequentemente, a provedora, a "chefe" da família, e não mais dispor de tempo necessário para o acompanhamento do desenvolvimento dos seus filhos, muitas vezes delegando poderes a outrém. O que deve ser levado em consideração, nesta fase de transição, é a qualidade desse "tempo" disponível a educação dos filhos, nada justifica negligenciá-la. 

A família e a religião perpassam as tranformações sociais. A moral ensinada pelo Evangelho, no entanto, deve se manter inabalada, assim como, a fé cristã. Ter fé significa ser fiel. A fé cristã é a fidelidade aos Ensinamentos do Cristo sobre todas as coisas. O mundo pode e deve necessariamente mudar, porém, a fé cristã deve manter-se inalterada. 

O Espiritismo vem para trazer, através dos Espíritos de boa vontade, o esclarecimento sobre as Leis Morais deixadas por Nosso Senhor Jesus Cristo. Leis estas que, aos poucos, foram sendo substituídas pelos interesses de uma sociedade materialista. O Espiritismo vem tentando remover esses interesses mundanos através da Lei do Amor. Deus não deseja perder nenhuma de suas ovelhas, este é o trabalho dos Espíritos: inspirarmos a Lei Divina para que não nos percamos dos propósitos do Senhor, que não é somente a evolução material, o conhecimento científico, quais são necessários para acolhermos, neste mundo, o grande número de espíritos que surgem, mas, acima de tudo, desenvolver no homem a inteligência, pois que o espírito é inteligência, e esta deve estar voltada para o bem universal. É neste ponto que a Humanidade se perde quanto aos valores morais. Perde-se a consciência moral cristã quando deixa-se dominar pelas imposições do mundo, pela ganância de poder, pela aquisição excedente de bens materiais, bens terrenos, esquecendo-se do compromisso assumido perante o Pai que está no Céu - a caridade.

A ciência e a moral devem andar de mãos dadas rumo a evolução da Humanidade. Enquanto os homens não se atentarem para isso, essas noções de valores morais irão se perdendo pelo caminho. Então, nós Espíritos de boa vontade, procuramos em nome de um Senhor Único e Soberano, moldar esses padrões comportamentais adquiridos, nos padrões morais ensinados pelo Cristo. É preciso, pois, conhecer o Evangelho e praticar o Evangelho para se tornar um verdadeiro cristão. Conhecer a Verdade para que os valores do mundo não lhes corrompa a alma. O homem que deixa de conhecer, o faz por comodidade. Conhecer implica responsabilidade, então, prefere-se ignorar o conhecimento para seguir sem culpa de seus atos. Atos que mais adiante lhes serão cobrados, quer queira quer não, porque o Senhor que tudo sabe e tudo vê, é Justo. Quando chegada a hora final, tudo que lhe foi dado em confiança, lhe será cobrado. Ninguém foge à Justiça Divina. E, Justiça Divina não é "castigo", é a reparação dos maus atos praticados, quando esquece-se das Leis Morais. Que Assim Seja!

 Um espírito Amigo 


"Segundo a idéia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança ... Em vez de se considerar culpado, atribui a falta do seu organismo, acusando assim à Deus pelos seus própprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições" (Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 9-10).




sábado, 17 de dezembro de 2011

Fazer o bem pelo bem de fazer

Em 16-12-2011, às 22hs.

Estou feliz e eternamente agradecida pelas comunicações e esclarecimentos recebidos a respeito da mediunidade. Entendi que isso é o que menos deve importar para o verdadeiro cristão, ser Espírita ou  ser de qualquer outra religião. A base de todo trabalho deve ser a Caridade, fazer o bem, esta sim, deve ser a preocupação de todo espírita. Quanto a nomes e reconhecimento, isso é inerente a alma humana, espíritos ainda em evolução. Os que já atingiram determinado grau evolutivo em nada se preocupam com títulos de nobreza, ou, em expor-se à congratulações: "Que a mão direita não saiba o que faz a esquerda".

Ontem recebi a visita de Joana do Sol, o Êre que me acompanha. Passei por uma semana de grande perturbação. Tudo parecia querer dar errado no meu dia. Precisa entregar, na Faculdade, um trabalho como nota para o semestre que se encerra. O trabalho foi feito em equipe. Eu e minha amiga sofremos a mesma perseguição, sem darmos conta das influências malévolas que nos cercavam: "Vigiai e Orai". Ela é também médium, apesar de afastada dos trabalhos espíritas. No último dia do prazo para apresentação do trabalho à Faculdade, tudo saiu da ordem. Os nossos computadores travaram, não nos permitindo concluí-lo no tempo hábil. 

A apresentação para a turma foi um fiasco quase que total. Minha amiga parecia outra pessoa. Falava descompensadamente, quase que briga com o mestre da disciplina. Nesse ínterim, nós duas quase também brigávamos. Fui para casa completamente aborrecida, decepcionada com a apresentação e culpava a amiga por ter negligenciado com o compromiso assumido comigo, já que nós duas éramos o grupo. Procurei ao máximo lembrar da Doutrina Espírita, dos ensinamentos do Evangelho: indulgência, perdão, paciência para com o próximo e consigo mesmo, já que não somos totalmente inocentes nos nossos atos. Se ela havia negligenciado, eu havia deixado, talvez, por conta de outras responsabilidades assumida, um peso maior para ela carregar.

Ao chegar em casa explodi. Dei-me conta do quanto estou longe de ser boa cristã, apesar do esforço em melhorar o meu comportamento e pensamentos. Esqueci da indulgência e desabafei colocando em evidência todas as pequenas faltas da minha amiga. Senti raiva, estava colérica. Confesso que não me reconhecia. Estava com ódio da minha melhor amiga e parceira de caminhada. Uma das pessoas que mais amo por sua doçura e amizade. O professor havia nos dado mais um dia para a entrega do trabalho escrito corrigido. Sentei-me ao computador entristecida por que não poderia estudar para uma outra avaliação que ocorreria no mesmo dia do prazo de entrega, era tudo ou nada, teria que sacrificar uma das disciplinas. Isso fez com que minha raiva pela amiga, ainda mais aumentasse. Para completar, passei o dia sem a bendita "internet". 

No momento em que tentava desesperadamente "correr atrás, não do prejuízo", e sim de uma resposta positiva, entrei em debate com uma voz que tentava a todo custo desmotivar-me. Dizia-me: "é culpa dela, agora ela não vai fazer a prova de amanhã e prejudicou você". Eu parava os meus pensamentos e procurava corrigí-lo: "não, ela não teve culpa, eu também tenho dificuldades com informática". Eu ao menos posso contar com a minha filha, e ela nem isso. De repente o computador travou, não conseguia formatar o trabalho, as tabelas e gráficos misturavam-se. Desesperei-me totalmente, horas a fio, para perder tudo, não! Chamei por minha filha, que vinha ajudando-me durante todo o processo, para a minha surpresa, ela recusou-se a ajudar-me, ainda vendo a minha angústia e dificuldade. O prazo está encerrando. Então, numa manifestação animalesca, xinguei como há muito não xingava. Esmurrei o teclado quase jogando a máquina no chão. Chorei e exclamei: 'culpa dela!'. Passava das 23 horas quando consegui finalizar o trabalho. Na hora de enviar nada de internet. Imprimi tudo e fui levá-lo pessoalmente ao professor na academia.

Orei muto durante a noite, estava arrependida do meu gesto e envergonhada, mas, fugia ao meu controle. Acordei ainda com resquício daquela mágoa e tristeza por ter que abandonar uma disciplina no final depois de enfrentar os mais variados problemas para concluí-la. No ônibus, coloquei-me a ler algum dos textos referentes a avaliação, queria de alguma sorte poder fazê-la. Para meu desconsolo, um sono tomou conta de mim. Resolvi então não mais lutar contra todos aqueles intempéries. Senti-me sem forças. Para melhorar a minha situação, no caminho da Faculdade, subindo uma ladeira que dá para o fundo da mesma, tropecei na calçada e partiu minha sandália. Tive que subir arrastando um dos pés, como se fosse "manca". Exclamei: "ninguém merece!"

Sentei-me a pensar em que jeito daria, pois, no momento estava sem dinheiro, sem cartão de crédito, teria que fazer alguns pagamento com vencimento naquele dia, e com um pé de sandália partido. Sentei-me e lembrei que havia colocado na bolsa, já na saída de casa, uma "xuxa" de cabelo. Então serviu certinho para segurar a sandália no pé. Fui ao colegiado do curso para entregar o trabalho e para minha felicidade a funcionária da xerox  prontificou-se a consertar a sandália com grampeador, visto que era recorrente essa "prestação de serviço". Problema resolvido, segui para a sala de aula, no caminho encontro com a minha querida amiga, sentamos para conversar sobre o ocorrido, pedimos desculpas uma para a outra reconhecendo as nossas falhas, foi quando ela relatou-me o que lhe havia acontecido. 

Disse-me que na mesma noite em que que me debatia com aquela voz impertinente e insistente em casa, ela, em sua casa, fazia o mesmo, sendo que para ela a entidade apresentou-se em desdobramento. Estava bebendo e queria que ela também bebesse, ela recusara e repreendeu-a com veemência o que irritou a entidade, atirando-lhe a bebida na cama. O computador dela também bloqueou a senha, deixando-a impossibilitada de completar o trabalho e enviar-me como o combinado. Sabendo do meu trabalho na desobsessão e, acreditando que naquela noite estaria trabalhando, enviou a entidade na intenção do socorro. 

Naquele instante em que fazíamos as pazes conosco mesmas, fiquei com a visão turva, senti uma forte tontura, entre nós duas apareceu uma parede de água, como uma queda d'água. E, como um bálsamo, as nossas dores foram suavizadas. Abraçamo-nos calorosamente, perdoando-nos uma a outra. Como havíamos desistido da avaliação final, estávamos indo embora, já na saída aparece-nos uma colega perguntando: "Vocês não vão fazer a prova? A professora entregou para fazermos em casa e entrega-la amanhã!". Voltamos correndo as duas, ela pelas escadas da frente e eu, pelas de saída. Conseguimos pegar as provas e riamos abraçadas.  "Conseguimos amiga, conseguimos!".

Na saída da Universidade, ela deu-me uma balinha e colocou outra no jardim. Deu-me uma vontade enorme de colher florzinhas do campo e, assim, fiz com a ajuda dela. Não preciso dizer quem estava comigo o tempo todo, ajudando-me, Joana do Sol. Seguiu comigo pelo shopping, e, depois para casa onde, finalmente, manifestou-se. As florzinhas eram para a limpeza minha e da casa. Aquela entidade, que procurou nos atrapalhar a vida, havia sido recolhida e levada para tratamento no Centro. Como minha guardiã e amiga, o Êre, protegia-me o tempo todo não permitindo que me prejudicasse. Deixou-me um recado muito especial, o qual desejo repartir com vocês:  

"Diga para 'das mães' que não fique triste por nós êres não sermos aceitos na Casa Espírita. Nós espíritos que trabalhamos para o bem, fazemos o trabalho mesmo que ninguém nos reconheça. Fazemos o bem pelo bem de fazê-lo".

Compreendi que a minha tristeza pelo preconceito sofrido na Casa, anteriormente, é fruto da minha imperfeição. Eu estou procurando evoluir e compreendi, neste momento, que os Espíritos evoluído não ficam tristes por não poderem trabalhar em um Centro, seja Espírita, seja de Umbanda. Os Espíritos são livres. Eles continuam seu trabalho na Seara Espírita sem nenhuma interrupção pela sua negação, fruto da ignorância e orgulho de alguns medianeiros. Entristecem-se sim, é verdade. Mas, por aqueles que se dizem espíritas e não procuram conhecer para poder compreender o plano espiritual. De certo, entenderiam que no plano astral não há entre os trabalhadores esta distinção, todos trabalham em conjunto em prol de uma humanidade mais fraterna.

Joana do Sol permanece ao meu lado, trabalhando em silêncio e feliz, assim como os demais guias da Umbanda que me acompanham por longa data, antes mesmo de tornar-me "filha-de-santo". Na verdade esse é um ritual adotado pela Umbanda, porém, não me tornei "filha-de-santo", sou filha de Deus como todos os guias espirituais que me acompanham, e, com eles quero continuar seguindo a minha caminhada em busca da evolução espiritual, fazendo todo o bem que eu puder, e, hoje, tenho consciência que juntos podemos muito mais, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Compreendo, também, através dos ensinamentos doutrinários, que Joana do Sol não precisa apresentar-se somente como criança, essa foi uma de suas existências passada. Na Umbanda era necessário que fosse assim, hoje, na Casa Espírita, compreendemos que é Espírito, e que Espírito, mesmo deixando a vida corpórea na infância, tende a se tornar um Espírito evoluído e não precisa mais se apresentar como criança. Assim, também, ocorre com os "pretos-velhos". Eles não mais são escravos velhos, já o foram em outra existência, agora são Espíritos trabalhando para o bem. Compreendo, hoje, através do Espiritismo, que Espíritos não tem idade e nem cor. Somos todos essência do amor divino, somos todos Espíritos aprendendo o amor. Saravá Umbanda!

Que Assim Seja!

Luz e amor!

Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve  afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo.
 (Bem-Aventurados os Misericordiosos, cap. X; 14. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

sábado, 10 de dezembro de 2011

Sustentação Anual

 

"O Cristo não vos disse o que se refere a essas virtudes de caridade e amor? Por que deixastes de lado os seus divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras, o coração às suas doces máximas? Eu desejaria que se votasse mais interesse, mais fé às leituras evangélicas; mas abandona-se esse livro, considerando como texto quimérico, mensagem cifrada; deixa-se no esquecimento esse código admirável. Vossos males provém do abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes sobre a abnegação de Jesus, e  meditai-as" (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 12. O Evangelho Segundo o Espiritismo).              


 Em 10-12-2012, às 2 hs e 30 min.

Prece deixada por Apoena para os trabalhadores da Casa:

"Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

O que mais podemos fazer diante da grandeza desse Universo, a não ser agradecer ao Mestre Jesus por nos dar esse momento de Glória nesse mundo de provas e expiações. Como duvidar de Sua exixtência diante de tamanha e rara beleza.

Irmãos, em tudo o que fizer coloquem amor. É o amor que dá sentido a todas as coisas. Um gesto sem amor é apenas um gesto; uma palavra sem amor é uma palavra vázia; uma prece sem amor é palavra vázia que não alcança o céu.

Pratiquem o amor.  A caridade é amor, o perdão é amor, a benevolência é amor, a indulgência é amor, enfim, todo o bem que se fizer ao próximo é amor. E, o amor é a maior Lei Divina.


Sejam espíritas na prática do amor incondicional. Amem o Evangelho porque nele está contido todas as demais leis que se resumem na Lei Maior que é o Amor".

Que Assim Seja!


Senti forte emoção ao chegarmos no local da Sustenção. A lua cheia resplandecia no Céu. Já não estava mais sozinha. Eis que Apoema acompanhava-me. Colocou-se em posição de guardião, em silêncio profundo. Pude perceber tão somente as ondas molhar meus pés num suave vai e vem das águas. Poucos, talvez, tenham percebido a sua presença naquele trabalho, mas sei que a espiritualidade da Casa sabe que esteve lá. O espaço estava todo tomado pelos preto-velhos, índios, caboclos e ciganos. Apoema acompanhou atentamente todo o desenvolvimento do trabalho daquela hora. Deixou em mim a sensação de paz e leveza da alma. Uma paz que a algum tempo busco dentro de mim.

Não pude manifestar a sua presença porque os cuidados são neste dia para os caminheiros. Mas ele permaneceu ali, majestoso, como um convidado muito especial. Fora a primeira vez que o recebo. Desejoso em deixar sua mensagem, seguiu para sua aldeia espiritual feliz pelo trabalho realizado. Os Espíritos adiantados não se prendem a exposição de sua presença. Para eles o que importa é praticar o bem sem que ninguém os veja, ou saibam de quem partiu a caridade. Mas, como médium da Casa, não posso guardar para mim uma mensagem tão bonita e renovadora de energia, ainda que cumprindo com as regras do Centro.

Logo que Apoema se retirou chegou o meu guia ou "santo-de-cabeça" (Umbanda). Senti primeiro a passagem de um preto-velho, logo depois sua chegada suave, foi cumprimentado pelo Mentor da Casa, Pai João, e, em pouco tempo partiu deixando uma alegria incontestável em meu ser. Retornei ao meu corpo físico nos braços de Pai João. Então, permaneci em mim, para os cuidados requeridos. Sinto-me renovada, literalmente "sustentada" para continuar a seguir o meu caminho. De retorno a minha casa, percebi a presença de Sutão das Matas, em silêncio, acompanhou-nos em retorno aos nossos lares. Permaneceu comigo até que eu caísse num sono tranquilo para refazimento da minha energia vital. Assim Seja!

Luz e Paz!




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Preconceito Religioso


Em 16-08-2011, às 09hs

Entristeceu-me muito o que ouvi, ontem, de uma Entidade Espiritual, no Centro Espírita. Senti como manifestação de preconceito o que me foi dito: "é coisa de quem vem da Umbanda/Candomblé, acreditar que êre trabalha".

Eu sei que existe preconceito em todos os lugares, incluindo os Centros Espíritas. Há os que avaliam a evolução dos Espíritos pelo nome honroso com que se apresentam muito mais do que pela comunicação de que são portadores. Assim também ocorre com os médiuns. O médium é "bom" de acordo com o nome da entidade que se lhe apresenta, se é renomada então o médium é o "cara". Como enganam-se os que assim pensam. É na humildade dos gestos, na simplicidade das palavras que muitas vezes moram as grandes verdades, é onde se encontra a maior forma de oração.   

"As crianças nos trazem alegria e o poder da honestidade, da pureza infantil. Aparentemente frágeis, têm muita força na magia e atuam em qualquer tipo de trabalho. Essa vibratória serve também para elevar a autoestima do corpo mediúnico, após atendimentos em que foram transmutados muita tristeza, mágoa e sofrimento" (livro Umbanda Pé no Chão, RAMATIS, psicografada por Norberto Teixeira).

"Amigos, conhece-se o Bom Espírito pela sua comunicação"

"Lembrando de que este comportamento parte daqueles menos evoluídos e ignorantes, encarnados e desencarnados, pois que, entre os Espíritos elevados, conhecedores de sua condição na Seara Espírita, não procedem nesse agir.  Somos todos importantes para a construção de uma Humanidade melhor, em um nome do Único Altíssimo. Abaixo, estamos todos em evolução. Não há superior nem inferior no plano terrestre. Há os que já compreenderam os Ensinamentos; os que procuram compreender e os que ignoram completamente. Porém, a nenhum é dado o direito de intitular-se superior, pois que a todos é dado, em igualdade, o direito de evoluir. Pode aquele que sabe um pouco mais, buscar ensinar aos que nada compreendem, pois que Deus não deseja perder nenhuma de suas ovelhas. E o nosso compromisso maior, no mundo de provas e expiações é evoluir ajudando a evoluir: "Fora da Caridade não há Salvação". 

A caridade aplica-se não só em dar esmola, o que é fácil de se fazer, mas, em Evangelizar. Evangelizar é resgatar para a Seara Divina as "ovelhas desgarradas", ovelhas que se perderam pelo caminho. Esse é o labor do verdadeiro espírita independente de sua crença ou religião.

É importante que todos os espíritas procurem compreender, como coloca Kardec, que todos os que chegam a Casa Espírita, encarnados e desencarnados, jovens, velhos, filósofos, médicos, obsessores e sofredores, mistificadores ou brincalhões, enfim, todos sem excessão, ali comparecem com a permissão Divina por necessitarem de Caridade, e a verdadeira caridade não olha a quem servir. Serve à todos sem distinção. Irmãos: "Amai-vos uns aos outros". Dê ao outro o tratamento que gostaria de receber. Para que humilhar a quem já está no chão? O planeta Terra já possui dores suficientes, para que aumentá-las ainda mais?" (Espírito Protetor).

A dúvida que trazia sobre a mediunidade na Umbanda e a mediunidade Espírita esclareceu-se, infelizmente, de uma maneira muito triste e lastimável para  mim. As "verdades" (dos que acreditam tudo saber) muitas vezes são assim, deixam-nos triste, em desalento. Conversávamos sobre existir ou não diferença na mediunidade. O amigo esclarecia-me de não haver essa "diferença" entre Umbanda e Kardecismo, no trabalho espírita. Eu segurava as comunicações por que venho da Umbanda e há todo um ritual, o que não acontece no Centro Espírita. É diferente essa nova realidade para mim, a forma de se trabalhar, o ambiente, o rito, a falta dos pontos cantados e riscados. Eu, como médium, por exemplo, nunca apliquei passe, sempre foram os guias que me acompanham que o fizeram. Parece tudo tão distante de mim, ou,  mais próximo, ainda não sei. 

Quando fui levada para a Umbanda não precisei dizer nada, nem os búzios. Desde o primeiro instante a entidade espiritual, Obaluaiê ("santo-de-cabeça") manifestou-se e "falou" por si só. Eu apenas aceitei, entregando ao trabalho: a voz, o corpo, o pensamento. Nunca estudei sobre os Orixás, nem procurava saber sobre nada do que envolvia os trabalhos. Acreditei que sabiam o que estavam fazendo e sentia-me apenas instrumento de trabalho, bem como me sinto aqui nesta Casa. Sempre fui médium consciente, perceber, entregar-me conscientemente ao trabalho, porém, sem o domínio de mim mesma. Duvidar, sempre! Eu não sou de aceitar tudo como verdade incontestável, sempre estou cheia de indagações. Vou e volto, faço ressalvas, adoto algumas medidas, revejo meus conceitos e, assim, sigo a minha caminhada. Dizem que sou "inconstante", apenas sofro de constantes "metamorfoses", penso que todo ser humano precisa rever suas posições, tudo muda o tempo todo. Se assim não fosse, então, teríamos que prosseguir no erro para não voltar atrás?

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier).

Um dia uma entidade da Casa e amigo, disse-nos: há pessoas jovens com espírito "velho" e há aquelas que são eternas crianças em processo de evolução. Talvez por isso, sinto-me ridícula, entrei para a fase adulta da vida, e não atingi a maturidade do espírito. A presença de Crispina (êre), hoje, parece veio confirmar a minha falta de evolução espiritual, segundo a entidade que nos assistiu no momento. Na Umbanda ela foi sempre reverenciada por seu trabalho, apesar de suas brincadeiras de criança. Joana do Sol é o seu nome.

Hoje, no trabalho, quando aquela consulente portadora de autismo procurou ajuda na Casa, fiquei em oração, como de costume."Quando nada se pode fazer, ore em silêncio" (Mentor). Eu nunca havia permitido passagem aos guias da Umbanda no Centro Espírita, pelas minhas dúvidas. Creio que seja melhor abster-me das manifestações enquanto elas perdurarem. As entidades da Umbanda: índios e caboclos, chegam gritando, com seus gestos quase sempre intempestivos, sempre parecendo em guerra, ou querendo varrer o mundo (Cessitaquara, Sutão das Matas, Aimoré). Neste instante em que escrevo, veio-me a lembrança de Iracema, que saudades! "... Na mata virgem, oh! meu Jesus, nasceu Iracema aos pés da Cruz". É linda a sua chegada, uma das mais doces, junto a Oxum (Odoiá! mamãe Oxum). Sei o quanto é difícil controlar as sensações, a euforia e a necessidade que eles possuem em trabalhar, mas, já me foi dito no primeiro encontro que no Centro Espírita não pode ser dessa forma. Teremos que evoluir juntos para depois as comunicações. Eu respeito as diretrizes da Casa, mas não comungo de nenhuma forma de preconceito contra qualquer crença ou religião. Cada qual de acordo com as suas necessidades.

Então, justamente naquele atendimento, quando me vi sem a presença do meu amigo e orientador espiritual, que me acompanhou por quatro meses seguidos, na Casa, ajudando-me na doutrina, e, com quem problematizava sobre a mediunidade na Umbanda e no Kardecismo, eis quem me surpreende o Êre. Não fui capaz de segurá-la, foi uma "explosão" de emoção e depois ....  Ela está acostumada ao trabalho e o faz muito bem com sua alegria e vivacidade, e, eu aprendi a amar. São os ibejis que trazem aos médiuns, na Umbanda, a revitalização energética após os trabalhos pesados das entidades espirituais que ali se apresentam. E, ouvir dessa entidade: "Êres não trabalham nesta Casa, porque não são espíritos evoluídos", bem como: "médium que dá passagem a Êres não é evoluído, e por isso não merece confiabilidade para os trabalhos", e ainda, "na minha equipe você não trabalha", então, fez-me entristecer. Ainda que seja regra da Casa, todos Espíritos, independente do seu grau de evolução, devem ser atendidos.

Neste instante deixei de me sentir apta para o trabalho, e como sempre penso, se não for para o bem de alguém, se não for para ajudar aquele que necessita de amparo, prefiro que Deus, na sua justiça e sabedoria infinita, retire-me a minha tão imperfeita mediunidade. Se for para, como "instrumento enferrujado" que sou, trazer o "tétano", ao invés da "cura", rogo a Deus que aparte de mim a mediunidade que me confiou. Sei que pode parecer piegas, orgulho ferido, vaidade, visto que sou um ser imperfeito e em processo de aprendizagem, e que desconheço sobre mediunidade, porém, existe algo que ainda é bom em mim, a capacidade de respeitar a fé do outro, a comoção pelas lágrimas daquele que chora em desespero. Quem sabe Deus não possa me mostrar um outro lugar, para que eu possa atuar como sua serva?

Desculpa-me Crispina! Eu não resisto à sua presença, minha pequena, e torno-me tão criança quanto a ti, mas podemos evoluir juntas, médium e erê, se assim o Senhor Jesus desejar.  Luzes minha pequena grande amiga, Joana do Sol. Salve!

Eu e os meus amigos espirituais da Umbanda acreditamos nos trabalhos dos ibejis. Sabemos que eles "brincam trabalhando" e "trabalham brincando", e que são grandes renovadores de nossos sentimentos. Quanto a serem categorizados "espíritos não evoluídos", não nos importa, pois que para a espiritualidade o que importa verdadeiramente é a caridade, o bem que se faz, e o desejo de evoluir, o que já é um grande passo para a evolução. Allan Kardec coloca que todos os espíritos devem ser recebidos pelos espíritas. Não se pode dizer; este não entra por que é inferior ou não evoluído, pois que, são os que mais necessitam de ajuda, de caridade. Por isso a minha primeira grande decepção com a Casa, ou melhor, com médiuns que, como na Umbanda, bem como em outras religiões, também sentem preconceito contra determinadas manifestações espíritas. Médiuns que, de certa maneira, ainda são influenciados pela arrogância e presunção de tudo saber, sem nada conhecer, por que não existe uma verdade absoluta. 

Sei que não foi a Espiritualidade quem agiu com tamanho preconceito, só se eu não conhecesse os pretos-velhos, na Umbanda. Sei o quanto são doces apesar da rudeza das suas palavras. Confio na sua elevação moral, não lhe caberia tal gesto. Porém, o médium não está livre de interferências malévolas em suas comunicações, bem como também não estou livre de um interpretação errônea motivada pela vaidade. É preciso o bom senso, e este me diz que, desistir novamente só vai atrasar a minha própria evolução. No entanto, ficar não significa aceitar tudo como verdade, nem fingir que não ouvi o que ouvi, assim é desacreditar de mim mesma. "A felicidade não está em não sentir dor, tristeza, mas em suportá-la".

Seguirei as orientações de um amigo muito especial, enquanto debruçava-me em soluços:

"Não duvide dos seus guias, não duvide de você. Ouça o seu coração. Tome sim, defesa do que acredita, os êres trabalham sim. Aqui não há superiores, todos estamos em evolução. Uns em um grau mais adiantado, outros ainda em adiantamento, mas todos melhorando-se, somente. Não se coloque assim, como uma figueira seca: frondosa mas que não dá frutos. Lute pela Humanidade. Lute pelo verdadeiro Espiritismo, onde a Caridade serve a todos, desde o mais pequenino. 'Que a vossa fé seja mais forte que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, pois a fé que não desafia o ridículo dos homens, não é a verdadeira fé'. Não aceite a fé sem comprovação, essa filha cega da figueira. Segui os nossos conselhos, mas consciente dos fins que vos propagamos e dos meios que vos indicamos para atingí-los. Credes e esperai, sem fraquejar"  (Um Espírito Protetor, em 18-08-2011; às 11 hs e 20 min).

O preconceito existente contra qualquer crença ou religião denota uma falta de evolução espiritual. Poderia ir ainda mais distante, qualquer tipo de preconceito contra etnia, raça, cor, opção sexual, gênero, etc., implica na falta de Caridade, de respeito às diferenças, falta de amor ao próximo, falta de amor à Deus, por que aquele que não ama as suas criaturas e não ama as suas Leis, não pode amar ao Senhor: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo", essa é a Lei do Amor.

O preconceito contra a Umbanda e o Candomblé advém da falta de esclarecimento, falta de conhecimento e da manifestação de uma cultura ultrapassada, ainda arraigada na alma humana. O preconceito contra as religiões de matizes africanas é a clara demostração de rejeição ao negro e as suas crenças ou crendices. É comum ouvir de pessoas "brancas", ditas cultas, eruditas que "essas coisas são coisas de preto", "coisas de gente  menor", ou, "uma pessoa com boa formação não se deixa levar por essas histórias de Espíritos". Eu já ouvi e sofri na pele esse tipo de descriminação contra a religião, seja ela: Umbanda, Candomblé, ou, mesmo o Espiritismo.

A falta de informação nos meios que se dizem Umbandistas contribui para o proliferação dessa cultura, bem como, em outros centros religiosos, onde ocorrem manifestações mediúnicas. Quando se trata de Exu, o misticismo é ainda maior. Os meus grandes amigos na Umbanda são os Exus. Sim,  Exus (laroiê Exu, laroiê Lebara). Exu é um Orixá, irmão de  Ogum, conhecedor de magias. Lebara é sua esposa. As pomba-giras (Pan Gira) são, na maioria, ciganas em evolução espiritual, por isso, trabalham para o bem, diga-se de passagem, são muito lindas! Maria Madalena, Marias Padilhas, todas eu admiro, respeito e permito a comunicação quando no trabalho da Umbanda. São guardiãs no terreiro de Umbanda. Todo inicio de trabalho canta-se para Exu, primeiramente. Por serem muito temidos, são eles que tomam conta da cancela. Em outras encarnações, muitos foram militares, ou trabalhadores que se fizeram respeitar por sua rigidez e força, e são conhecedores do astral inferior.

Muitos, do próprio culto, costumam confundir Exu com Espíritos malévolos que se apresentam nos terreiros. Estes são espíritos que abusaram do livre-arbítrio e trazem em si todo tipo de maldade, são os obsessores, vadios, marginais, zombeteiros que circulam pelo plano astral baixo, os quais tratamos, também, na desobsseção nos Centros Espíritas.

Os médiuns que sintonizam com esses espíritos não tem noção da real situação. No mais, não se pode confundir "Umbanda" (arte de curar), que trabalha para o bem e não sacrifica animais, com "Quimbanda" (magia negra). O mal existe em todos os lugares abaixo do Céu, em cima da Terra. Infelizmente, existem pessoas que, pelo desejo de vingança, fazem alianças inconfessáveis com o plano inferior, causando mal a si mesmo e para sua mediunidade, que é para o bem, tanto quanto para os consulentes. Muitos utilizam-se de nomes de entidades da Umbanda para serem respeitados e, assim, atuarem com maior liberdade em seu propósitos perniciosos. Na Umbanda a Caridade é também a lei maior.

Segundo o Espírito Ângelo Inácio, pelo médium Robson Pinheiro, em sua obra "Aruanda",  muitos Espíritos podem ser socorridos através do diálogo amável ou tratamento espiritual, que os fará acordar para uma nova existência. Outros há, que necessitam de choque anímico mediúnico dos denominados médiuns de terreiro. Através desse contato intenso com o ectoplasma do médium, são atendidos em suas necessidades. Há ainda, os que são muito endurecidos, tornando-se extremamente violentos, estes experimentam uma maneira de despertar através da ação dos caboclos guerreiros que fazem uma verdadeira limpeza energética nos perípiritos das entidades obsessoras, dando-lhes uma melhor aparência perispiritual, modicando o seu ser interior. Somente, então, serão encaminhados para o diálogo fraterno, na desobsessão dos Centros Espíritas,

"Na Umbanda, o processo obsessivo mais violento é solucionado por caboclos guerreiros por serem entidades temidas e respeitadas pela falange de espíritos conturbados e marginais do astral inferior (...) são muitas vezes conduzidos para as puxadas numa casa umbandista (...) depois são encaminhados para a reunião espírita, recebendo o amparo e o esclarecimento, de acordo com sua necessidade de assimilação." (Pinheiro. Aruanda, cap. 12).

Há de se concordar que, se os espíritos endurecidos, fossem levados diretamente para a desobsessão nos centros espíritas, provavelmente, os médiuns não atingissem os resultados esperados. Testemunho a favor, pois que, já vivenciei esses tratamentos no terreiro de Umbanda, digo-lhes mais, no Candomblé eles recebem tratamento ainda mais rigoroso por serem ainda mais primitivos e, por isso, mais violentos. Daí, não se poder dizer que uma religião é detentora da verdade.

No plano espiritual trabalha-se em conjunto. Todo o Universo trabalha em harmonia. Entre os Espíritos  existe, de acordo com o grau de elevação, diferentes ordens de Espíritos (L.E., questão 96), mas, não há superior, nenhum sobrepuja o outro. Cada Espírito conhece o seu trabalho e respeita o outro. Não confundir "superioridade" (preeminência/vantagem) com "hierarquia" (graduação). Os homens na Terra é que se preocupam em mostrar-se superior, detentor do saber. No plano espiritual, todos respeitam-se reciprocamente e, procuram cumprir, cada qual, a sua tarefa de acordo com o desígnio do Senhor.

"Meus amigos, agradecei a Deus, que vos permitiu gozar a luz do Espiritismo. Não porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-vos a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos torna melhores cristãos. Fazei, pois, que ao vos vendo, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa, porque todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam". Que Assim Seja!

Luz e Amor!



 Fora da Caridade não há Salvação

"Meus filhos, na máxima: Fora da Caridade não há Salvação, estão contidos os destinos do homem sobre a Terra e no Céu. Sobre a terra, porque a sombra desse estandarte, eles viverão em paz; e no Céu, porque aqueles que a tiverem praticado encontrarão graça diante do Senhor".
(Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 10. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quando o coração pede o Céu atende


   

Em 05-12-2011, às 9h e 30min.

Hoje passei por uma das mais belas experiência espiritual aqui no Centro. 

"_ Nossa, que cheiro esquisito!" Perguntei a uma amiga e doutrinadora: "_ Você está sentindo?". Ela respondeu-me: "Sim, um cheiro estranho". Percebi que ora se aproximava ficando intenso, ora distanciava e sumia, para depois retornar mais intenso. "É um fedor de lixo!", exclamei. Ela concordou comigo. Logo procuramos saber se mais alguém estaria sentindo e a resposta foi negativa. Somente nós duas sentíamos aquele odor. Durante todo o trabalho de desobsessão seguiu assim. Ao término comunicamos ao coordenador do ocorrido, porém, ele pediu-me que não permitisse a comunicação posto que o trabalho havia encerrado. 

Segui para casa sentindo uma tristeza dentro de mim, acreditando que deixei de prestar um socorro por não ter confiado nos meus sentidos. Aquele odor me acompanhara. Orei, ele desapareceu e o sentimento de tristeza também. Passado oito dias, nem ao menos me lembrava do acontecido, ao encerrar o estudo do Evangelho, percebi novamente aquela presença cercando-me. O odor de lixo se fez presente, fazendo acelerar os meus batimentos cardíacos, colocando-me inquieta. Ao iniciarmos o trabalho de desobsessão daquela noite, a doutrinadora perguntou-me: "você está sentindo?". Respondi-lhe: "o cheiro de lixo? Estou." Pensei que seria só eu a sentir, fosse coisa da minha imaginação. E mais uma vez o trabalho prosseguiu sem prestarmos atendimento àquela entidade que permaneceu no salão doutrinário.

Cinco dias  se passaram após o acorrido. No curso de Estudos Mediúnico a surpresa. Um pouco antes de terminar a aula, aquele odor se fez insistentemente presente, levando-me a uma angústia profunda. Senti mudar a pulsação, minhas mãos ficaram roxas de tanto frio. Então, comuniquei o fato ao coordenador do curso, logo após o término, atendeu-nos, a mim e aquela entidade que rodeava o salão, exalando um odor insuportável de lixão. Neste momento tive a confirmação de que não era impressão, aquele cheiro desagradável era real. 

Não mais hesitei: "preciso de ajuda",  falei quase sem forças. O meu coração acelerou bem mais depressa, perdendo o compasso. As pernas pareciam perder os movimentos, enquanto que os pés foram ficando retorcidos para debaixo da cadeira. Já não conseguia mais me locomover apesar da tentativa frustrada. O doutrinador veio ao meu encontro e não pude mais sair do lugar, perdendo as forças das pernas, caí sobre elas retorcidas e sem movimentos. Agora arrastava-me apoiada sobre as mãos e, implorava: "tenho fome". Às lágrimas agora cobriam o meu rosto que tremia freneticamente. O socorro foi imediato e, aquele sofrimento, interrompido pela espiritualidade da Casa. Minha boca estava seca, a língua formigava em busca de saliva. Com as mãos ainda trêmulas tomei aquela água como se fosse a última gota, tamanho o desespero da sede. Então, retornei ao meu corpo físico, cedido, momentaneamente, para a caridade àquele espírito sofredor. 

Lembrei-me que quando seguia, uma semana antes do acontecimento, para o Centro Espírita, a caminho do trabalho, deparei-me com uma pessoa catando lixo, orei e segui adiante. Um pouco mais à frente, à porta de um mercadinho, lá estava outra, toda maltrapilha, suja, arrastando-se pela calçada, apoiada pelas mãos. As pernas não tinham movimentos. O meu coração entristeceu-se. No momento, não trazia uma moeda na bolsa para saciar a fome daquela criatura. Segui o meu caminho, sofrendo com aquela situação. "ninguém merece!". Foi então que roguei ao Senhor meu Deus, dizendo-lhe: "Senhor, não sei o mal que ela cometeu e nem me cabe julgar, mas, peço-Lhe, Senhor, tende piedade! Que os Bons Amigos Espirituais da Casa possam socorrê-la. Ninguém merece esta condição subumana, ainda que tenha sido sua a escolha". Entreguei à Deus e segui em frente para o trabalho procurando não mais pensar no que assistira. Eu a entreguei ao Céu, e Ele me devolveu para cuidá-la junto aos amigos da Casa.

Quando a alma silenciá-se em preces o Céu abre suas portas para que os anjos do Senhor venham atendê-las. Sinto ter duvidado do meu olfato, dos meus sentidos e ter demorado quinze dias para prestar-lhe socorro. Pensava que bastava apenas os Espíritos para o tratamento, que não havia mais responsabilidade da minha parte, já que estava entregue para atendimento, mas, eles (guias) disseram-me que aquela entidade ali acolhida precisava de um 'choque anímico' antes de qualquer outra intervenção. Logo, eu fui o instrumento escolhido pela espiritualidade, já que havia rogado tanto por aquela alma bendita. Glória à Deus!


Para quem desconhece o Espiritismo, "choque anímico" é a necessidade de estar em outro corpo (outra realidade) para perceber, de forma menos traumática para o espírito, que não mais possui o invólucro corpóreo e, assim, aceitar a sua nova condição (realidade), a de espírito desencarnado. Somente então, será levado para o plano espiritual pela equipe de socorro, para tratamento de acordo às suas necessidades. 

Luz e Amor!




"Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque, com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII; 1-2)

"Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra", disse Jesus. (Bem-Aventurados os Misericordiosos, cap. X; 11-13. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Retomando:

Hoje, uma amiga do estudo mediúnico procurou saber sobre esse acontecido. Disse-me que também sentiu o fedor de lixo que exalava no salão doutrinário naquele dia. Sua inquietação era em saber se aquele espírito atendido, fora o que me acompanhara, ou se, eu saberia dizer de quem se tratava, pois ela se viu perseguida por um mendigo na ocasião, pensou ter sido ele também.

Em verdade, poderia ser qualquer um deles, isso não é de grande relevância.Quando a espiritualidade, enviá-nos uma entidade para ser socorrida, ali está o representante de vários outros na mesma situação, visto que existe uma legião de espíritos e não um único. Daí a grandeza do trabalho mediúnico. Quando se atende um, na realidade está se trabalhando para a evolução de vários outros que estão ali, acompanhando o mesmo tratamento.

O trabalho espiritual tem essa dimensão. Muitas vezes acreditamos que estamos fazendo pouco. Saímos com a sensação de insatisfação: "eu poderia ter feito mais". Porém, a espiritualidade esclarece, o trabalho feito a um é aproveitado por um número inimaginável de espíritos carentes no plano espiritual. O hospital é bem maior do que podemos mensurar, e o trabalho de médiuns e Espiritualidade não se encerra ali, naquele breve atendimento prestado. Segue para um espaço infinito, pois que são muitos os desprovidos de esclarecimento e de amor. Assim Seja!

Luz e Amor!

(Em 19/12/2011, às 23h e 48min.)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tomando consciência sobre a mediunidade consciente


"Bem longe, de mim distante
Onde irá, onde irá meu pensamento...
... Quem dera saber agora
Se cumpriste o juramento ..."

REFLEXÃO
Em 31-05-2011, às 18hs

O meu sofrimento reside em considerar-me um mau espírita. Todos os ensinamentos parecem-me apontar para mim os meus defeitos, os meus vícios. Eu recebo para mim cada palavra dita, ainda quando está é dirigida a alguma entidade que se apresente. Trago a lembrança de tudo, ou quase tudo, do que é dito, bem como toda a impressão deixada pelo transe mediúnico. Percebo todo o sofrimento e dor quando se trata de um espírito sofredor. Sinto-me envergonhada, humilhada e às vezes constrangida, quando advém de um embusteiro ou zombeteiro que tenta se divertir ou atrapalhar os trabalhos, deixando-me, nas muitas ocasiões, com vontade de não mais retornar ao Centro. Sinto-me assim porque vejo em mim, nas minhas faltas uma porta aberta para essas manifestações.

Trago também a sensação de paz, harmonia e leveza da alma em se tratando dos Bons Espíritos. Sinto-me  confortada com os bons conselhos. A mesma luz que os acompanham envolve-me. Na mesma medida, acompanha-me a sombra, a dor, o sarcasmo dos espíritos inferiores ou sofredores. Nesse momento, percebo que não somos superiores em nada. Estivessemos no lugar do "outro", no momento do "outro", fariamos o mesmo ou até pior. Muitas vezes, estes são o retrato de nossa alma. Dizer então, a este permito a comunicação, porque é "bom", "iluminado", a esse não porque é "inferior", selecioná-los, para mim, é tarefa muito difícil.

Sempre acreditei que são os que mais sofrem, os mais renegados por seus vícios, são os que merecem e precisam da minha atenção. Penso que quando permito a estes a comunicação, ainda que contrárias ao amor, em alguns momentos, palavras sem nexo, vil, vulgar, sofridas, ainda assim, estou ajudando-os. Apenas sofro com as lembranças e sensações que ficam depois das comunicações. Diante das comunicações permitidas, é em mim e não nos que se apresentam, que percebo o orgulho, a vaidade e o egoísmo, vícios inerentes a alma a alma humana. Engana-se, pois, quem acredita ser somente bondade e, por isso, receber somente boas comunicações e boas influências. Mesmo ficando muito mal de início, percebo que com as comunicações desses espíritos dito inferiores, aprendo muito. Sou capaz de enxergar o quanto estou longe da evolução, da perfeição, provavelmente, terei que reencarnar diversas outras vezes para corrigir a minha moral.

Não sinto orgulho por ser médium, nem sinto vaidade com as boas comunicações, nem mesmo privilegiada com a mediunidade. Reconheço nela a minha pequinez e o peso do compromisso assumido com o Pai que está no Céu. Ser médium consciente parece-me um peso a mais, uma dívida a mais. A responsabilidade, em buscar melhorar-me, é ainda maior. Preciso melhorar-me moralmente para poder auxiliá-los em sua evolução. Ninguém pode dar o que não possui, nem pode ser espelho para o outro se os vícios embassam a alma. Não há um peso e duas medidas. Por outro lado, entendo que não deixo de ser humana porque sou espírita. O bem e o mal existem, idependentes de quem você seja, da religião que abraçe ou da doutrina que segue. Às vezes tentando acertar erramos feio, doído, mas é para a nossa própria evolução. E eles, os desencarnados, nos são instrumentos em reciprocidade. Daí perceber o quanto somos iguais diante do Pai Celeste, um depende do outro como instrumento de regeneração e de evolução na Terra, plano de provas e expiações.

Os Espíritos Guardião, ou Mentores Espirituais, ou, ainda, Espíritos de Luz, nem sempre interferem nessas manifestações, deixa-nos à mercê da nossa condição humana, do nosso livre-arbítrio, creio para o nosso próprio bem, para que, entre o bem e o mal, aprendamos a trilhar o nosso próprio caminho. Porém, os Bons Amigos, como Espíritos Iluminados que são e com a missão que lhes cumprem, trazem-nos os bons conselhos, as boas inspirações, o alento da alma, revigoram as nossas energias com o bálsamo consolador, bálsamo que a nós fortalece e não nos deixa desistir da caminhada. Assim Seja!

Luz e Amor!


"A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos. É a irmã de caridade que vos conduz para Deus. Ah, deixai o vosso coração enternecer-se, diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes. Vossas lágrimas são um bálsamo que derramai nas suas feridas. E quando, tocados por uma doce simpatia, conseguis restituir-lhes a esperança e a resignação, que ventura experimentais!..." (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, cap. XIII; 17. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cirurgia Espiritual


Completo 46 anos: "hoje não sinto mais solidão, encontrei-me dentro de mim, e lá estão todos vocês, quem eu amo". Aprendi com os ensinamentos de Chico Xavier, nesta caminhada, a não amar pela beleza, pois que um dia ela acaba, nem amar pela admiração, pois que um dia acabamos nos decepcionando. Devemos amar apenas por amar, pois esse é o amor que nunca acaba, o amor que não se explica, o amor incondicional.

Depois de breve reflexão ao acordar, colocar-me em sintonia com os Bons Amigos Espirituais, acreditar que eu sou Luz, eu sou Amor, eu sou Paz, veio-me a intuição de escrever sobre a Cirurgia Espiritual. Por que? Talvez por que foi o momento em que me encontrei e mudei o meu pensamento, ou, ao menos tenho buscado mudá-lo. Este conselho a mim foi dado por Drº Tibúrcio, médico no plano espiritual, que junto a sua equipe, cuidou de reequilibrar o meu perispírito na Casa do Caminho antes da minha cirúrgia física de remoção da prótese facial. Confesso que hoje sinto-me mais inteira do que quando com a prótese.

A Casa do Caminho é um grande  Hospital-Escola. Temos o plano superior, muito iluminado por uma imensa nuvem de luz que cerca todo o salão doutrinário e os centros de atendimento. Temos o plano terreno e, uma esfera um pouco mais abaixo, onde há sombras e muito sofrimento. Não associem a isto,  o céu e  o inferno, não. Essa esfera a que me refiro é aqui, neste mesmo plano, onde estamos todos em tratamento e aprendizado.

É possível observar em alguns médiuns que na Casa trabalham, além do envóltório físico, uma vasta luz que ilumina os seus corpos, sem forma muito definida, em movimentos que hora alongam-se e outra retraem-se suavemente. Se lhes tirassemos o material corpóreo, seria tal qual desnudarmos o perispírito. Esta visão me foi possível no Centro Cirúrgico da Casa, e nos demais atendimentos que a Casa oferece. Existem  ainda os que não estão ligados ao invólucro corpóreo, são apenas energias luminosas que tem a forma humana, porém sem os traços físicos peculiar aos encarnados, às vezes, apresentam-se como pontos de luz girando para todos os lados de maneira uniforme.

As luzes no ambiente ora são de um branco intenso, chegando a doer nos olhos de quem a vê, mantendo-os fechados; ora são violeta, está é mais suave, acalma. O silêncio e o perfume de uma fragância sem igual, completam o cenário desse imenso e sublime hospital espiritual.

Na hora da cirurgia uma equipe espiriual apresenta-se em volta do paciente,  seja no plano terreno, seja no plano espiritual. Não é um único espírito que trabalha, pude contar na  intervenção realizada, mais de três, junto com Drº Tibúrcio. Têm movimentos suaves e precisos, pude perceber o calor saindo de suas mãos. Participam também, seus auxiliares no plano terrestre, os médiuns, acompanhados cada qual por seu mentor ou guia espiritual, lembrando que os médiuns são apenas instrumentos de trabalho na Seara Espírita.

Quando tocou-me o abdômen, onde encontrava-me, há algum tempo, com sangramento intenso pelo reto, sem nada constar nos exames clínicos, não senti cortar-me. Senti um aquecimento no local, em todas as sessões a que fui submetida, quatro no total. Na segunda sessão, ao sair do Centro, senti uma forte cólica, tive a nítida percepção de que um líquido escorria pelas minhas pernas. Ao verificar constatei que fora apenas impressão. Na terceira sessão, a minha urina apresentou-se incolor. No último atendimento, saí sem nenhuma impressão. Devo dizer-lhes que não mais tive aquele sangramento.

Quanto ao meu rosto, já pude perceber o corte, além do aquecimento. Era nítida a incisão. Foi tudo muito rápido, mas apavorei-me diante daquela percepção. Algo mexeu lá dentro da minha alma. Caí num choro compulsivo, quase descontrolado, queria segurar-lhe as mãos: "não, não me corte, meu rosto... meu rostinho...". A Espiritualidade retirou-se em silêncio como havia entrado, e seus auxiliares cuidaram dos curativos. Corri deseperada para casa. A angustia era tamanha, soluçava pelo caminho. Dirigi-me ao espelho, precisava verificar o meu rosto: "Meu Deus! Ele me cortou!". Ainda olhando no espelho, constatado de que não havia corte físico, não acreditava. Sentia arder o local. Chorava incessantemente... e aqueles curativos ... Neste momento minha filha chegou, pedi que olhasse para mim, ela confirmou, não há corte algum. Dormi aos prantos. 

Nesse momento senti que uma mão segurou a minha, e, tocou a minha cabeça pedindo para que dormisse, então, dormi. Acordei bem, mas não deixei de me sentir fisicamente convalescer. Estava  num estado de letargia completa e com muita sensibilidade local. Só cessou depois de dois dias.

Na sessão seguinte não me senti sendo cortada, mas como se estivesse machucada, semelhante a alguém  tocando uma ferida aberta. Os curativos foram trocados, sendo um colocado no mesmo lugar da incisão, e outro dois em pontos diferentes e assim aconteceu nas demais seções. No terceiro atendimento, pela primeira vez, a Espiritualidade falou comigo. Estava mais calma, já não chorava como nas primeiras. Sua voz era serena e doce, confortou-me a alma. Tocou-me o abdômen, senti aquecer. Depois acariciou o meu rosto, afagando a minha cabeça. Todo aquele gesto de amor, deixou-me em uma paz profunda e com a certeza que estava curada. Fora a primeira vez também, que me permitira permanecer com o olhos abertos. Nas anteriores, pediu-me que os fechassem e ficasse em oração. 

Perguntou-me como estava me sentindo. Respondi-lhe não mais sentir doer a face, dor que já vinha incomodando-me a alguns meses ao mastigar e ao deitar-me. Perguntei-lhe o por quê do meu sofrimento, havia sido submetida a doze cirurgias, e agora, seria a mais uma para retirada definitiva da prótese. Então, muito docemente respondeu-me: "Não posso responder-lhe, apenas alegre-se, são poucos os que podem recomeçar". Prosseguiu: "Se deseja melhorar, comece mudando os seus pensamentos. Agradeça à Deus por suas dores, alegre-se ao invés de lastimar", e retirou-se em silêncio, deixando em mim,  um silêncio ainda maior, que calou a minha alma, calou o meu ser. Então, pude me ouvir, contatar a minha dor mais profunda e, resgatar-me de dentro de mim, daquele abismo no qual me coloquei por ignorância. Encontrei-me, enfim.

Não contive as lágrimas. Era um misto de alegria do reencontro e dor,  pelo tempo subtraído. Alegria por saber que existem aqueles que se preocupam comigo e, dor por não conseguir disvencilhar-me da vaidade e do egoísmo. A dor pelo desejo íntimo de mudar as escritas de Deus, ainda sabendo-O infinitamente justo e misericordioso. No entando, desejando que tudo tivese sido diferente. 

Eu hoje sei que sou bem mais do que um rosto bonito, perfeito. Não sou menos por me faltar a mandíbula esquerda. Neste momento, sinto-me até mais. Que olhem e apontem o meu defeito físico. É no rosto, é para todo mundo ver, eu já não mais me importo, porque já não mais me vejo, ou, sinto-me assim, faltando um pedaço. Nunca estive tão inteira. A reconstrução, de todas a que mais me valeu, foi a reconstrução interior. Foi a reforma íntima que consegui com o auxilio dos irmãos espirituais e com a  benção de Deus, pois nada nos acontece sem a Vossa permissão. O que Ele quer de mim, não sei. Mas aprendi a dizer-lhe sempre: "Senhor, sou tua serva, o que queres que eu faça? Eu farei". Aprendi a agradecer-Lhe, imitando a Jesus, Vosso Filho, eis que sou filha também, dizendo-lhe: "Senhor, faça segundo a tua vontade e não a minha".

Agradeço aos amigos da Casa, encarnados e desencarnados; a toda a equipe espiritual que ali atuam em prol da Humanidade. Sei que não faço nada, sou apenas instrumento a ser polido e, que desejo firmemente não voltar de mãos vázias ao Pai Celestial, porque deu à mim, bem mais do que mereço. Quanto a Cirurgia Espiritual, ela continua além dos portões da Casa. A equipe espiritual acompanha-nos em nossa casa, dando-nos toda a assistência necessária para o nosso refazimento físico e espiritual. A água fluidificada é bálsamo para as nossas dores. A água é um bem universal, serve-nos para tudo e está disponível na natureza  gratuitamente. Façamos pois, mais uso desse bem milagroso, tenhamos a certeza, está sempre fluidificada pelas mãos Divina. É o combustível imprescíndivel para o bom funcionamento da máquina humana.

Não vos esqueceis de abrir a porta da vossa casa ao vosso Mestre Jesus, para que Ele possa  vos  visitar,  junto a vossa família, aplicando o Evangelho no Lar. Assim Seja!

Luz e Amor!


Bem-Aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (Mateus, 5; 4).

Bem-Aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, V; 9).
(Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 1-2. O Evangelho Segundo o Espiritismo).