domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Homem Novo!

Vem, e eu mostrarei

Em 28-12-2012, às 23hs.

"Então é Natal, e o que você fez ...
O ano termina e nasce outra vez ...

... Que seja feliz quem
souber o que é o bem ..."


Então, é tempo de reflexão, o ano não termina, nem nasce. Nós é que renovamos, a cada ciclo, o homem velho que há em nós, trazendo à luz um novo homem. Não é deixar morrer o homem velho, mas, sim, dar-lhe a luz. "Despojai-vos do homem velho que está em vós. Renovai-vos em espírito de vosso próprio entendimento e vesti-vos de homem novo ..." (Efes., cap. IV, 23 e 30). Cada início é simplesmente a continuidade de um único tempo.

O tempo cronológico é criação do homem e não da natureza. Os primitivos guiavam-se pelo sol, pela lua, pelo vento ... Não se contava os dias, nem as horas. A natureza orientava quando era hora de plantar e hora de colher. A modernidade fez com que o homem contasse os dias para adequá-los às suas necessidades de acúmulos excedentes. Segundo estudiosos, "o dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a escuridão da noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário. A observação da periodicidade das fases lunares gerou a idéia de mês. E a repetição alternada das estações, que variavam de duas a seis, de acordo com os climas, deu origem ao conceito de ano, estabelecido em função das necessidades da agricultura".

Para Deus não existe um calendário fixo, tanto que nascemos crianças podendo sermos velhos, dando apenas seqüência ao que deixamos de cumprir no pretérito. O tempo não pára ... A vida  é um eterno segmento, visto que, jamais morremos em espírito. Morre-se  em corpo, mas, segue-se em Espírito.

Não existe Ano Novo, mas sim, Homem Novo, quando vencendo a barreira do tempo, podemos nos transformar em  Homem de Bem. " ... Nosso homem velho foi crucificado com Cristo, pelo que também juntamente com Cristo ressuscitaremos e viveremos ..." (Rom., cap.  VI). O tempo criado pelo homem é uma barreira que ele próprio se impôs, e, que, agora, tem que vencê-la. Deus não nos limita com o tempo, aguarda-nos o retorno apenas. Cada qual no seu momento. 

Desejo à todos que, transpondo a barreira do tempo, possam transformar-se num Homem Novo, no Homem de Bem. E, assim, que o ano de 2013 não seja apenas mais um Ano Novo, mas, uma Vida Nova, em Cristo. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo aquilo que queria que os outros fizessem por ele.

Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão e submete-se em todas as coisas à sua vontade.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.

O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interessse à justiça...

.... É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência e se lembra destas palavras do Cristo: "Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra". ...

... Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais." (Sede Perfeitos, cap.XVII; 3. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

 FELIZ HOMEM NOVO!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ser Capaz X Ser Capacitado



Em 17-12-2012, às 8hs e 30min.

Ora, é natural a angústia daquele que inicia um trabalho, sentir-se "incapaz". E essa angústia promover o desejo de fazê-lo desistir na primeira empreitada. "Tende bom ânimo. Eu venci o mundo." (Jesus).

Não, não sois incapazes. Deus criou seres capazes, pois que, somos feitos à sua imagem e semelhança. Deus designa missões e tarefas porque nos sabe capazes de realizá-las. Quando pedistes para retornar e cumprí-las no plano terreno, Deus somente as permitiu por vos saberdes capazes. Deus não é cruel. O Senhor não é somente soberanamente bom e justo, como é também misericordioso. Não daria à suas criaturas peso que não pudessem suportar. Jesus, vosso filho, carregou o peso da Humanidade, pois que era capaz e capacitado no amor. O amor também se aprende. E, por ainda não termos aprendido a amar é que aqui estamos, no plano de provas, de oportunidades.

Capacitação é preparação. É o que todos os bons espíritas devem procurar fazer em suas atividades mediúnicas. Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo ensinamento." (E.S.E). O médium é o intermediário entre os dois mundos: visível e invísivel. E como instrumento deve procurar qualificar-se para a sua terefa como medianeiro. Se aprende pelos estudos evangélicos, um estudo profundo, dedicado, comprometido com a tarefa assumida com o Pai Celestial. 

Não se aprende pela leitura dinâmica, está deve ser refletida, questionada, parágrafo por parágrafo para que não sobre lacunas nas entrelinhas. E, quando acreditardes tudo saber, então, recomece os estudos, porque nada aprendeu. O aprendizado é um processo, é dinâmico e gradual, não se encerra com um ponto final. Os estudos devem sempre deixar dúvidas, inquietações e não a certeza de tudo saber, pois que, tudo no mundo é incerto e, não há verdade absoluta. Nunca terás todas as respostas que procuras, mas, a compreensão necessária para o discernimento de vossas inquietações.

Aprenda a olhar com os vossos olhos. Não confies somente nos que vos se apresentam como deuses, sábios, doutores da lei. Antes, interrogue-se; duvide; pergunte; lance questões para si mesmo, e, busque as respostas que não estão no olhar do outro, confie na sua própria visão. Essa confiança surgirá quando abrir-se para o estudo daquele que busca realmente conhecer. Cada leitura trás uma nova percepção, diferenciada em cada ser. Ninguém está com a verdade. Conhecimento é troca de informações, e ninguém dá o que não tem.

"Aprender" não é conhecer. Aprender é assimilar o conhecimento de acordo como o outro passa, sem, contudo, compreender o significado do ensinamento. Aprende-se a falar, a ler, a escrever, e pouco se sabe do que se fala, se lê e se escreve. Aprende-se que "um mais um são dois", mas, é a compreensão dessa álgebra que fará saber onde, como e quando aplicá-la, onde esse cálculo fará realmente sentido. Conhecer é "apreender", é retirar a essência das coisas, é a compreensão das coisas. Essa compreensão se dá através dos estudos, do raciocínio lógico. "A fé deve ser raciocinada. A fé cega é fanatismo" (E.S.E).

Espiritismo é antes filosofia e, filosofia significa saber. Saber, é o que lhe diferencia das diversas religiões. Espiritismo não é rito, não é magia, é a busca permanente da compreensão de tudo o que há no Universo, pois que, nada nasce do acaso. Deus é "Princípio Inteligente" que rege todo o Universo, e nada fez sem um  propósito. Todo fenômeno que encontra respostas na ciência deixa de ser um fenômeno sobrenatural e, torna-se naturalmente compreensivo, como é compreensivo tudo o que vem de Deus.

Ser capaz não significa estar capacitado. Porém, estar capacitado torna-nos melhor capazes. "Tudo posso naquele que crê" (Jesus). Se crede capaz, então, és capaz. "Por mim eu quero, com Deus eu posso". Capacitar-se é preparar-se, é tornar-se melhor para executar a tarefa. Os Espíritos nada podem fazer se não encontram ambiente propício. Podem inspirá-los, se bons, para o bem, se maus, para o mal. Eles não podem tirar dos que nada tem. Utilizam-se do instrumento como este se apresenta. Auxiliam-vos, porém, sois vós quem deveis executar o oficio. E, para a execução é necessário capacitar-se. Faça acontecer. Trabalhe e estude. Não vos demoreis. Deus é paciente, mas, a vida não espera. E, quando tivereis de retornar ao espaço espiritual, que não retorneis de mãos vázias. Sois capazes, basta capacitar-se. Que assim seja!

Luz e Amor!



"Um médium pode ser fascinado e um grupo enganado, mas, o controle severo dos outros grupos, com o auxílio do conhecimento  adquirido, e a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcada pelo cunho da lógica e da autenticidade dos Espiritos mais sérios, rapidamente farão desmascarar Espíritos malfazejos e misitificadores". (Falsos Cristos e Falsos Profetas, cap. XXI; 10. O Evangelho Segundo o Espiritismo)



domingo, 25 de novembro de 2012

Valores Morais



Em 14-11-2012, às 8hs e 30mint.

Voltando-me a mim mesma, perguntei-me: "será que realmente eu fiz tudo o que podia para viver bem com a minha família?". E você? Tem certeza de que tudo fez para viver em comunhão com a sua? E com o seu semelhante, independente dos laços de sangue?

Se tivessemos feito todo o possível para viver em comunhão com o próximo, não mais estariamos reunidos neste mundo de provas e expiações. Plano onde hoje vivemos nossa  existência terrena, como oportunidade do resgate das nossas dívidas pretéritas e atuais. Logo, não somos suficientemente bons para afirmarmos "eu fiz tudo o que podia". E o que eu devia? Tem certeza de que já fez tudo o que devia? Se não me esforço o bastante para fazer todo o bem que eu devo, sigo na vida como devedor. Contudo, nem sempre é possível fazer tudo o que se deve, mas, fazer tudo o que se pode fazer é um dever. 

O dever é um princípio moral. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". (1 Coríntios 6; 12). O nosso orgulho e egoísmo sobrepõe-se aos nossos valores morais. Se buscassemos sempre viver sobre a égide do dever moral seriamos seres perfeitos: "Sede Perfeitos" (Jesus). "Valores são princípios revestidos de sentimentos afetivos". São esses princípios que devem reger o nosso agir. O dever moral é o modo como devo agir. É uma obrigação para com o outro e para consigo, com a família universal. A família não é somente um grupo focal, unida pelo sangue, mas espiritual, pois somos todos filhos de um mesmo Pai, aquele que está no céu, na terra, no ar, no oceano, nas criaturas, em tudo o que há no Universo. "Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas" (L.E., cap. I). Os nossos pais são nossos irmãos.

Então, por que muitas vezes deixamos de seguir esses princípios? 

"Na ordem dos sentimentos, o dever é muito dfícil de ser cumprido, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração" (E.S.E., CAP. XVII; 7). O valor imprime perdas e ganhos. Por que seguir valores quando se sabe ter perdas concretas? "Porque o dever do coração, fielmente observado, eleva o homem". Muitas vezes, o homem tem a consciência do dever moral, porém, falta-lhe uma formação de valores. Sabe o que deve ser feito, contudo, não possui afetividade. Nesse caso, dois sentimentos distintos podem tomar-lhe a consciência: o reconhecimento da culpa ("foi mal"), própria do homem de bem, ou, a alegria da "esperteza" ("me dei bem"), dos orgulhosos e egoístas. Não basta apenas conhecimento, este deve está sempre envolvido por sentimentos de afeto. O conhecimento por si só não faz um homem de bem. "O homem deve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele transmite à  alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento" (E.S.E, idem).

Quando escolhemos a família e o círculo de relações, com os quais queremos habitar esse mundo, é para desenvolver a afetividade. Se habitamos numa família cheia de conflitos existenciais é porque ainda não fizemos tudo o que deveriamos ter feito. A humanidade, contudo, já está se convertendo no amor, apesar da mídia não publicar. A religião divulga isso, hoje existe mais gestos de amor e fraternidade entre as pessoas. Conhecendo os Ensinamentos do Evangelho de Jesus, pude compreender que muito devo aos meus semelhantes. Todos gostariamos de se dizer vítimas. Neste plano, porém, não há vítimas, todos aqui estamos porque somos ou fomos algozes dos nossos devedores. Todos aqui estamos porque não somos bons. "Só não somos piores por falta de oportunidade" (Emmanuel).

 "As doenças físicas são de causas morais" (Allan Kardec). O ressentimento, mágoa que guardamos em nós, destrói o perispírito. O ódio nos corrói por dentro e reflete no nosso corpo físico. A Terra é um grande hospital-escola onde estamos em recuperação física e moral. Não existe castigo em Deus, existe aprendizado espiritual, educação. Senão, onde estaria a sua bondade e justiça soberana? Estamos aqui tão somente para evoluir. E, para crescer espiritualmente só há duas vias de acesso: informação e sofrimento. Quem escolhe o caminho a seguir somos cada um de nós, pelo livre-arbítrio. "A igualdade em relação a dor é uma sublime previsão de Deus, que quer que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal desculpando-se com a ignorância dos seus efeitos" (E.S.E., Cap.XVII; 7). 

O conhecimento revestido de bons sentimentos eleva a alma. "Amai-vos, este é o primeiro ensinamento; Instrui-vos, este é o segundo" (E.S.E., cap. VI; 5). Que Assim Seja!

Luz e Amor!




"A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa, porque ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas deseja que a grandeza da sua obra resplandeça aos seus olhos" (Sede Perfeitos, cap. XVII; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo).


domingo, 18 de novembro de 2012

O quê Deus quer de mim?




Em 18-11-2012, às 8hs.

Acordei pensando em um convite que recebi da Casa Espírita em que trabalho, quando passava por um momento de aflição, por Drº Bezerra de Meneses. Pensei: "Drº Bezerra, Espírito elevado que é, tem mais o que fazer do que preocupar-se comigo". Logo veio em minha mente, a mesma resposta que obtive na ocasião: "O que importa não é o Espírito que fala, mas, o que se fala". Sorri internamente: "sim, é verdade". Os Espíritos elevados têm seus mensageiros de luz. "Conhece-se os Espíritos pela comunicação e não pelo nome com que se apresenta". (L.E.).

Estava preparando-me para o Evangelho no Lar, quando busquei refletir sobre os problemas que afligem a minha alma neste momento, as incertezas, a espera do que parece não chegar, essa busca sem fim de uma resposta concreta para tudo. Silenciei-me. "O que Deus tem para mim?", indaguei. Responderam-me do plano invisível:

"O que Deus quer de mim? E, não, o que Deus tem para mim? Eis a pergunta que devemos nos fazer.

O que Deus tem reservado para todas as suas criaturas é  a felicidade eterna. Felicidade que não é deste mundo, destinada somente aos Espíritos Puros.

O que Deus quer de mim? Que aprendamos a amar: "Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". (Mateus, XXII;34-40). Não há nada mais importante neste mundo do que aprender a amar. Amar a Deus é não ferir o seu semelhante. Amar é uma ação da caridade. Jesus disse: "Não espera, faça". Se eu quero ser feliz, vou fazer ao outro o que eu gostaria que fizessem por mim, porque hoje eu conheço a doutrina espírita, porque hoje conheço os Ensinamentos de Jesus. Na antiguidade, quando a religiosidade era contemplada, dizia-se: "Fora da igreja não há Salvação". Hoje, a Doutrina Espírita, através dos Ensinamentos do Evangelho, ensina: "Fora da Caridade não há Salvação". Não importa o credo, se és o maior ou o menor, o que importa é a caridade. Tudo mais o que passamos e encontramos na vida terrena são apenas os meios que Deus se utiliza para conseguirmos vencer os nossos vícios.

Para Deus tem um propósito maior. Nada é por acaso, pois que Deus é "Princípio Intelegente". Se permite a doença é para curar a nossa arrogância. Se permite a pobreza é para curar a nossa avareza. Se permite a riqueza é para provar a nossa bondade. Se permite a fraqueza é para curar o nosso orgulho. Se permite o desepero é para ensinar a fé. Se permite o sofrimento é para ensinar a caridade. Se permite a tormenta é para auxiliar no caminho da luz. Se nos entregou o Vosso Filho é para que, envolvidos no vosso sublime amor, aprendamos o perdão. O perdão é o único remédio para  todos os males da alma. As doenças física são de causas morais. O ressentimento, fruto do orgulho ferido, guardados em nós, destrói o nosso períspirito e deixa marcas profundas no corpo material. O ódio nos arrebenta por dentro, somente o perdão nascido do amor pode curar.

Quando pratica-se o bem ao próximo é a si mesmo que se faz a caridade.  Estamos aqui, no órbe terrestre, planeta de provas e expiações, para a nossa própria recuperação e, não somente para a do outro. Trabalhamos para nós mesmos, para a nosssa própria evulução. O outro é meramente instrumento, é o meio que Deus se utiliza para o nosso benefício, bem como somos instrumentos para a elevação do outro. O orgulho e o egoísmo é que não nos permite ver os propósitos do Senhor. Reconhecer-se como meros instrumentos da vontade Divina é uma das mais belas virtudes: a humildade.

O orgulho, ao contrário, é o pai de todos os vícius: da prepotência e da arrogância. Somos prepotentes e arrogantes quando acreditamos ser graça a nossa "boa vontade" que o outro se levantou: "Se eu não fosse bom, ele estaria no chão!". Quantas vezes essa mão levantada não passa de soberba. Coloca-se o outro mais a baixo, humilha, para poder se enaltecer da caridade. Quantas vezes a mão estendida é a que atira para o fosso antes mesmo de retirar do poço. Quantas vezes a mão estendida ali permanece esperando o aperto de gratidão. E, fecha-se imediatamente na malediscência, a mais vil de todas vicissitudes, pois, fechasse todas as outras mãos.

Amar é não colocar condições, é ter boa vontade. A beleza do dia é caridade. A dor por mais terrível que seja, ela passa. O sorriso é caridade. Na caridade estão contidas todas as outras formas de amar: a benevolência, o devotamento, a indulgência, o levantamento. Devemos ter em mente que devemos ir de encontro com a miséria, ser indulgentes com o nosso semelhante. Ajudar sem julgar: "ele é drogado", "ele fuma", "ele rouba". Compreender que a justiça é Divina, não é humana. A justiça alonga todas as relações com o nosso semelhante. A justiça só é válida com amor e caridade. Fazer justiça é fazer o bem ao semelhante, o bem que procuramos.

Nós somos as respostas para tudo o que buscamos compreender e "o amor será sempre o que você fizer dele" (Sinal Verde, André Luis). O tempo não espera por ninguém. O hoje é uma dádiva e, por isso é chamado de presente. Hoje é o dia de mudar. Que Assim Seja!".

Um irmão em Cristo.




"Amar ao próximo como a si mesmo como a si mesmo; fazer aos outros como queriamos que nos fizessem", eis a expressão mais completa da caridade, porque ela resume todos os deveres para com o próximo. Não se pode ter, neste caso, guia mais seguro, do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo. Com que direito exigiriamos de nossos semelhantes melhor tratamento, mais indulgência, benevolência e devotamento do que lhe damos? A prática dessas máximas leva à destruição do egoísmo. Quando os homens as tomarem como normas de conduta e como base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade, e farão reinar a paz e a justiça entre eles. Não haverá mais ódios nem dissenções, mas união, concórdia e muita benevolência" (Amar o próximo como a si mesmo, cap. XI; 4. O Evangelho Segundo o Espiritismo).







sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Repensando o Aborto



Em 16-11-2012, às 09hs e 30min.

Em comemoração ao primeiro aniversário do Blog "Distíco Espírita", foi escolhida pelos amigos do plano invisível está postagem que melhor fala sobre a vida, ensina-nos do respeito ao processo reencarnatório. 

Estar vivo, como percebemos, é a oportunidade oferecida por Deus, de podermos reparar as nossas faltas. É poder evoluir e voltar ao Pai Celeste, como Espíritos de Luz. É a oportunidade dada por Deus à todas criaturas, pois que Deus é soberanamente justo e misericordioso. Não temos o direito de negá-la à ninguém, menos ainda, ao Senhor de todas as coisas que há no Céu e na Terra, pois que somos tão somente depositários dos bens terrenos. Negar essa oportunidade a um espírito, é negar o bem maior, a Caridade e, "Fora da Caridade não há Salvação" (cap. XV; 1-3. E.S.E.). "Jesus não faz, portanto, da caridade, uma das condições da salvação, mas a condição única". Na caridade se encerra todas as demais virtudes de um homem de bem: a humildade, a mansidão, a benevolência, a justiça, etc.

Quanto bem podemos fazer ao próximo, apenas em permitir-lhe que reencarne, doando-lhe os nossos genes que lhe servirão como tijolos para construção de sua nova morada, o corpo físico. Morada que lhe amenizará o sofrimento, pois que, o espírito desencarnado, segundo os Espíritos Benfeitores, tem sensações cem vezes maiores do que o espírito encarnado. Muitos espíritos só podem diminuir as suas dores quando lhes é permitido reencarnar, ter de volta uma nova morada corpórea, a exemplo dos espíritos suicidas. Que sublime missão Deus confia aos seus escolhidos, para ajudá-los se conduzir nessa nova jornada: "Que fizeste da criança confiada à vossa guarda?" (Honra o teu pai e a tua mãe, cap. XIV; 9. E.S.E.).

O que ganhamos desses novos inquilinos? A reparação. E, com ela, o perdão de Deus pelas nossas dívidas pretéritas e atuais. A cada bem que se faz, repara-se um mal que se fez. "O pagamento pelo bem que se faz é o bem de tê-lo feito". Quando fazemos mal ao outro é à nós mesmo que o fazemos. Quando ferimos a um irmão é a Deus que atingimos primeiro, porque somos todos suas criaturas. Lembremos ainda, que os pais também são irmãos. E como irmãos devemos ajudar uns aos outros: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", eis o maior mandamento da Lei de Deus e único, pois, nele está contido todos os demais e, se reencarnamos é por ainda não termos aprendido a amar. Dar ao outro a oportunidade de viver é viver os Ensinamentos de Jesus, é ser verdadeiramente cristão.

Que a paz e a luz do Mestre Jesus estejam sempre convosco, para que vós também sejais luz para a caminhada terrena, pois que, a vida do Espírito não se encerra aqui, no plano físico, ela segue para muito além, para o infinito, por todo o Universo Cósmico. Que Assim Seja!

Luz e Amor!

"A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo-poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu. Sede paciente, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado por Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência". (Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 7).


RELATO SOBRE O ABORTO

"O aborto é um verdadeiro genocídio que se perpetra contra milhões de pessoas não nascidas sem qualquer possibilidade de defesa" (Zalmino Zimmermman)


Em 16-11-2011 às 9 h.

Senti todas as dores daquele processo de aborto como se fora em mim. O sofrimento da mãe, o sofrimento do bebê em agonia, o útero, expandindo-se e contraindo-se, num movimento de expurgar aquela vida incompleta. A "luzinha" que chamava-lhe a atenção no final do túnel, um pontinho que ficou em sua lembrança ainda não desperta.

Era visível a dor daquele bebê ceifado da vida, chamando desesperadamente: "mamãe", agora separado daquele corpo que o gestou. Amputado de sua genitora, foi acolhido pela mãe substituta, no mundo espiritual, onde será cuidado até o novo momento da reencarnação. Apesar do arrependimento síncero, a mãe genitora não poderá tê-lo de volta, neste momento.

Segui para casa ainda comovida, com aquela percepção em minha mente. Orei agradecendo à Deus pelo trabalho daquela noite e suplicando-Lhe pela misericórdia de todas mães, que em desespero, desapartaram-se de seus filhos, e, por estes que tiveram a sua missão terrena interrompida. Quase ao pegar no sono profundo, as lembranças resurgiram em meu pensamento. Interroguei aos Céus: "por que Senhor, está tudo tão presente em minha memória?". Entendi, então, que a lição fora direcionada para mim, isto porque, era a favor do aborto antes de conhecer a doutrina espírita. Preciso aprender a perdoar por ter sido vítima desse ato e, perdoar-me por ter um dia pensado em praticá-lo.

Aprendemos muito com os sofredores que atendemos na desobsessão. São ensinamentos de vida, trocas recíprocas, onde percebemos que somos todos iguais neste plano terreno. Estando com eles e vivenciando os seus sofrimentos, por não conhecerem a Verdade e, tomando-os como lição e´ que procuramos nos melhorar moralmente, corrigindo-nos dos nossos vicios ainda latentes: o orgulho, o egoísmo e  a vaidade.

Compreendendo isto, quase adormeci. Então, disseram-me: "levanta-se, precisamos de você". Atendendo ao chamado e ao compromisso assumido com a Espiritualidade, partimos, em desdobramento, para continuar uma noite de intenso trabalho junto àqueles espíritos em busca de luz. Neste momento recebi a comunicação de A. P. C., mãe de J. P. (quem cometera o aborto aos 19 anos), hoje, mãe de C. que pôde reencarnar somente após 19 longos anos de espera.

(Os nomes não podem ser revelados em respeito aos espíritos, que mantém a sua dignidade, ainda desencarnados).

Comunicação: A questão do aborto
"Um momento de profunda dor para aquele que tem a sua vida ceifada sem antes ver a luz. Como sofre por não poder cumprir com sua missão terrena. Missão a que se propôs para sua regeneração neste mundo de expiações e provas, ou, simplesmente por amor. A separação experimentada é uma das mais violentas neste vale de lágrimas. Piedade Senhor!

Mães que lastimam a sua derrota mas ela já está feita. O reencontro para a reparação agora é inevitável. Consequência do estado de demência, da falta de lucidez, da falta de fé e da razão. Ah! mães! Se conhecessem a luz que a todos é dada pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo, saberiam da atrocidade cometida. Quem sabe criariam forças para resistir ao ímpeto do momento e, suportariam com resignação as adversidades que o mundo lhes impunha, para o seu própro benefício, eis que o Senhor é justo. Bendizei e regojizei ao Senhor por ter-lhes sido misericordioso coroando-lhes com o sofrimento no mundo, que lhes seriam breve, não fosse a falta de esclarecimento, paciência e amor.

Choras! Choras e peças comiseração ao Pai Celestial, que tudo atende quando vem do coração limpo pelo arrependimento. Choras! Clame agora pelo perdão da alma bendita agora extirpada pelas tuas mãos, pois que Deus é infinitamente misericordioso e, guarde o teu coração em paz, pois haverá o dia da reparação. Aguarde com paciência porque este dia é dado à todos, sem excessão, pois que o Senhor não deseja perder nenhuma de suas ovelhas. Creia. Assim Seja!".

A.P.C. (em 16-11-2011, às 00h 20 min.)


 "O amor ao próximo, estendido até o amor dos inimigos, não podendo aliar-se com nenhum defeito contrário a caridade, é sempre, por isso mesmo, o indício de uma superioridade moral maior ou menor. Do que resulta que o grau de perfeição está na razão direta da extensão do amor ao próximo. Eis porque Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, lhes disse: "Sede  logo perfeitos, como também vosso Pai Celestial é perfeito" (Sede Perfeitos, cap. XVII;2).

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Espíritos Sofredores: o trabalho não cessa.


Em 26-10-2012, às 18hs.

Visitei minha filha em São Paulo, terra onde nasci e vivi a minha primeira infância. Fui para "matar a saudade" e a saudade doeu mais forte em mim. A saudade estava apenas adormecida.

Não senti medo de embarcar de avião. Da janelinha vi tudo tão imenso, o céu  parecia encontrar-se com o oceano, igual quando olhamos da praia, o horizonte. Depois, as nuvens, estavamos mergulhados em nuvens, parecendo andar sobre algodão. Por algum instante senti a presença forte de Deus, parecia que iria aparecer na janelinha sorrindo e me dar um "tchauzinho". Então, sorri da minha imaginação. Após o avião estabilizar-se na subida, o meu organismo reagiu a mudança de altitude e desestabilizou-se. Senti como se estivesse saindo de uma grande cirurgia, ainda anestesiada, então, adormeci até o momento em que fomos informados que iriamos aterrissar no aeroporto de Guarulhos.

Chegando em São Paulo, ao contrário do que pensei, nada me parecia estranho apesar de não ter crescido lá. Deixei minha terra muito pequena ainda, aos 9 anos de idade. Somente o metrô deixou-me impressionada, com sensações estranhas. Senti o tempo correr como um "flasch" pela janela. O vento frio, tonturas. Cheguei a casa de minha filha passando mal. Forte dor de cabeça, que nem mesmo três analgésicos ingeridos fizeram efeito. Dormia e acordava com uma dor de cabeça insuportável, durante todos os dias que lá passei. Percebi que algo não ficava bem nas saídas de metrô, sempre as mesmas percepções estranhas e, o mal estar. Então, resolvi não me entregar as dores e sair com minha família para nos divertirmos.. Mas, ocorreu que o "estranhamento" instalou-se entre mim e minha filha.

Não conseguia entender o por quê. Estavamos tão felizes com o reencontro, e, de repente a desarmonia queria fazer parceria. Chorei constantemente, até mesmo pelas ruas. Isolei-me, sentia-me à parte daquilo tudo. Via-me estranhamente deformada em todos os espelhos e fotos. Esforcei-me tudo o que pude para não me entregar a tristeza, que não sei bem de onde nascia. Afinal, minha filha está linda, feliz, trabalhando em sua área profissional, bem instalada, bem como seu companheiro. Eu estava ali, ao lado dela, compartilhando desse momento. Não havia motivos aparentes para esta transformação, muitas vezes percebida por meu filho (genro): "está tudo bem? a senhora parece que ficou distante, pensativa .."

Visitamos a Basílica de São Bento, no centro da capital paulista. Ao adentrar a Igreja, sentia os meus passos apressados, a percepção de que as portas estavam sendo fechadas às pressas, como se houvesse perseguições, ou, como se a igreja fosse ser invadida a qualquer instante. Ouvia o ranger e o bater das portas. Essa sensação acabou somente quando deixei a igreja, então, veio um alívio, uma paz. Respirei como se tivesse livre de um cárcere.

Seguimos pelo São Bento, afligia-me cenas de pessoas, na rua, abandonadas, aleijadas, cegas, tentanto ganhar o pão de cada dia. Estas cenas que também observo na capital de Salvador, ou melhor, é própria das grandes capitais. Então, o que me afligia tanto ao ponto de entrar em desequilíbrio emocional. Queria sair de lá e não mais voltar. Queria chorar.

Percebendo que algo havia de errado comigo, consequentemente, com a minha filha: a irritação profunda que se alastrou, o choro compulsivo pelos cantos da cidade e pela casa. Não era normal para quem esperou tanto por esse reencontro. Refugiei-me no banheiro da casa. Fica bem depois de um corredor, bem distante dos demais cômodos, logo, poderia aquietar-me em oração e, assim fiz.

Sentei-me no chão em posição de meditação (yoga). Fiz o trabalho de respirar, inspirar e trocar o ar. Procurei concentrar-me em oração, entrando em sintonia com o Alto. Neste momento uma luz verde circulou o meu corpo, senti tudo saindo do meu corpo e escorrer pelo ralo. Em seguida, ainda em meditação, uma nova luz formou-se, agora de cor amarela. Foi crescendo como uma grande bola e cobriu-me o corpo por inteiro. Senti uma grande paz e conforto. Aos poucos a luz amarela foi tornando-se branca e clareou todo o ambiente. Era uma luz de um branco muito intenso. Então, senti a presença de um amigo de luz. Finalizamos com o "Pai Nosso". Deixei o ambiente harmonizada e a casa toda tornou-se harmonizada. Eu e minha filha não mais nos estranhamos. Nesta noite, em desdobramento pude ver o que havia ocorrido.

Meu guia mostrou-me, a sala da casa estava cheia de espíritos sofredores que me acompanharam pedindo ajuda. Eram muitos, esfacelados, com pescoço quebrado, de moletas, idosos, jovens, homens e mulheres, maltrapilhos, famintos. Vi-me ali, cercada por eles, vi nitidamente tratar-se da sala da casa da minha filha. Eu não estava com a roupa de dormir. Trajava uma roupa branca. Disse-lhes: "Eu não posso ajudar vocês aqui, o que vou fazer meu Deus?". Então,  uma luz intensa fez-se presente, era o meu anjo guardião, de braços abertos, logo atrás de mim. Acolhendo a todos aqueles espíritos necessitados, disse-lhes: "ela não pode ajudá-los agora, aqui não é o lugar, venham!". E levou à todos. Acordei. O meu pescoço doia muito como se estivesse quebrado. Uma voz interior disse-me: "acalme-se e volte a dormir, vai passar". E passou. Finalmente, tudo passou e pude aproveitar o último dia do passeio em harmonia com a minha filha. Graças à Deus!

Luz e Amor!



"Mas quando vier o filho do Homem na sua majestade, e todos os anjos com ele, então, se assentatrá sobre o trono de sua majestade; E serão todas as gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros, como o pastor que aparta dos cabritos as ovelhas ... Então dirá o rei aos que hão de estar à sua direita ... Estava nu e cobriste-me, estava enfermo e visitaste-me, estava no cárcere, e viestes ver-me... Na verdade vos digo, que quantas vezes vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes..." (Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 01. O Evangelho Segundo o Espiritismo).                  


domingo, 4 de novembro de 2012

Perceber, Reconhecer e Reparar





Em 06-09-2012, às 07hs.

Todos podemos evoluir, por isso habitamos o mundo de provas (oportunidades) e expiação (depuração). Se fossemos bons e perfeitos não mais estariamos no óbulo terrestre, o reformatório dos espíritos errantes. "Sede Perfeitos" (ESE. cap. XVII). Sabemos que essa perfeição absoluta, que nos igualaria a Deus, não nos é possível, senão, Deus não seria onipotente. Mas devemos entender que é preciso esforçar-nos para evoluir: "Reconhece-se o verdadeiro espírita (cristão) pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações". (idem).

A evolução é um processo gradual, porém, não é o tempo quem determina o grau de evolução do Espírito, mas, o que ele apreendeu em seus processos reencanatórios. O Espírito não regride no que evoluiu. O tempo (hora, dia, mês, ano, etc.) é uma construção social, por isso se dizer que o nosso tempo não é o de Deus. Entende-se por processo a transformação, o desenvolvimento. Sair da matéria bruta (primitiva) e tranformar-se em um produto final polido, refinado. A todo instante é nos dada a oportunidade de nos depurarmos, tirarmos o que há de mau em nós em favor do bom. Contudo, ainda podendo fazer o bem, caímos na tentação de praticar o mal, ainda que seja por omissão. Tudo isso fruto da nossa má inclinação, do nosso orgulho, pai de todos os males.

O orgulho que nos envaidece não permite que percebamos os nossos vicíos: a avareza, a malediscência, o perjúrio, a luxúria. Por orgulho maldizemos a vida e, maldizer a vida é ser malediscente com Deus, o criador da vida, que tudo fez com sabedoria e justiça. A malediscência é a pior de todas as vicissitudes. A malediscência é cruel. Fecha não somente a nossa porta para o outro, como as demais portas que lhe poderia servir de auxílio. Logo, deixamos de ser caridosos e conduzimos os demais a nossa volta, à mesma impiedade. Com Deus não fazemos diferente. Se maldizemos a vida, dizemos mal de Deus e, para aqueles que ainda não o conhece, fechamos-lhe as portas, não permitindo que ali Ele faça a sua morada. Assim, levamos conosco uma responsabilidade ainda maior, da qual teremos que um dia prestar conta, pois, se faço mal somente a mim, é comigo e Deus. Quando faço mal a um irmão, é somente a ele que terei que responder. Porém, se prejudico a humanidade é a todos que terei que reparar o mal feito: "a semadura é livre, mas a colheita é obrigatória".

O nosso livre-arbítrio é circunscrito por nossa responsabilidade. O peixe nada livre no rio, mas, somente até às margens. O homem é livre na terra, mas, só vai até onde Deus permite. E Deus não permite nenhum mal que não seja para remediar um mal maior. Sendo Inteligência Cósmica Universal, Deus nada permite que não seja com um propósito inteligente. Nada é por acaso, pois que, o acaso não é inteligente. O acaso, como dizem os Espíritos, é o nome que se dá a tudo aquilo que foge a compreensão humana. Tudo em Deus há um objetivo maior - o amor. Todos estamos na Terra por um único motivo, aprender a amar. Se tivessemos aprendido a amar, não mais estariamos neste plano, estariamos no mundo felizes, pois, a verdadeira felicidade só existe para os Espíritos que souberam amar. O maior mandamento da lei de Deus é: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Se tivessemos aprendido o amor, não precisariamos de mais nenhum outro mandamento, pois todos os demais são decomposição da Lei do Amor.

A Doutrina Espírita aponta três pilares para a evolução: a percepção, o reconhecimento e a reparação. Quando o ser humano percebe que praticou o mal é sinal que sua consciência está começando a despertar. Contudo, se deixar o orgulho, o egoísmo e a vaidade prevalecerem, estanca essa percepção e continua no caminho do mal, sem progresso moral algum. No entanto, quando percebe e reconhece o mal que fez, passa a aceitar-se como ser humano falível, imperfeito, sujeito a erros, começa a libertar-se do orgulho, está dando um grande passo para o progresso moral. Finalmente, o homem livre da máscara que esconde de si mesmo as próprias imperfeições, já é capaz de reparar o mal cometido, então, realizou-se a tranformação moral, ou, a "reforma íntima".

Com isso, não haverá mais tentação? De certo que sim. Haverá sempre tentação naquilo que o homem ainda não venceu. Mas, se estiver sustentado sobre estes três pilares, dificilmente sucumbirá às tentações. Jesus foi tentado até o último instante e venceu as tentações, pois, sabia que o Reino do Pai não era deste mundo: "Meu reino não é deste mundo. Tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jesus). Aceitou as provações para dar exemplo, porque não se ensina só com palavras, ensina-se com exemplos. Sendo exemplo. "Ide e levai o Evangelho" (Jesus).

Levar o Evangelho não é somente pregá-lo, mas, principalmente, exercitá-lo. Ser Espírita não é somente conhecer o codificação kardequiana, mas, acima de tudo, esforçar-se para praticá-la. Ser Espírita é ser cristão. Ser cristão não é carregar a cruz que Jesus carregou, pois, Deus dá a cada um somente o peso que se possa carregar. Jesus pode carregar o peso da Humanidade. À nós basta carregar o peso da nossa própria existência. Cada um fazendo por onde se melhorar, sendo exemplo, já está contribuindo, e muito, para a construção de um mundo melhor. Um mundo de Regeneração. Regenerar-se é reparar todo o mal, é fazer somente o bem: "Fora da Caridade não há Salvação". Que Assim Seja!

Luz e Amor!





 "... O dever intimo do homem está entregue ao seu livre-arbítrio: o aguilhão da consciência, esse aguilhão da probabilidade interior, o adverte e sustenta, mas, ele se mostra frequentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas, como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejarieis ver transposto em relação a vós mesmos." (Sede Perfeitos, cap. XVII; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo).



Coragem a partir do Sofrimento





Em 29-10-2012, às 17hs.

Deus não permite um sofrimento que não se possa suportar. Acredito verdadeiramente nisso e, por isso, não desisto de mim, apesar da vida parecer, muitas vezes, pesada sobre os meus ombros. Sei que não é mais pesada do que a cruz que Jesus carregou - a Humanidade. E, no mais, Deus é tão bom e misericordioso que me deu um anjo poderoso para guiar-me. Um amigo benevolente que me inspira a seguir em frente e leva-me, muitas vezes, em sua asas para que eu possa repousar e recomeçar com bom ânimo: "O meu reino não e deste mundo. Tende bom ânimo! Eu venci o mundo." (Jesus). 

Se entre tantos o Senhor escolheu-me para esse pesar, é porque confia que sou capaz de vencer essa provação. Sabendo que a qualquer momento pensaria em desistir, providenciou  um anjo poderoso que vela por mim. Quando cansada de tudo, abre-me suas asas e leva-me até os braços do Senhor. Do alto, vejo tantos sofrimentos ainda bem maiores do que o meu, então, bendigo a misericórdia divina.

Muitas vezes, ouvi pessoas dizerem-me: "Por que você não desiste? Isso é vaidade e Deus castiga". "E se você morrer com essas cirurgias?". Respondo à mim mesma: "Estarei feliz porque nunca desisti. Morrerei feliz por ter acreditado até o fim". Penso que sofre muito mais quem desiste sem antes ter tentado. Se soubessemos do resultado, onde estaria a fè? De que me serveria seguir apenas lastimando a minha sorte se nada fizesse para mudá-la? 

Castigo! Não existe castigo. Existe educação, aprendizado e sofrimento. Essas são as duas vias para o crescimento espiritual: educação e sofrimento. Acredito em consequências de nossas escolhas. Se soubermos discernir entre o bem e o mal, estaremos num bom caminho; se imprudentes, colheremos os frutos da nossa imprudência. A medida certa para tudo é sempre o bom senso. A evolução das ciências só é possível porque Deus deseja que a humanidade evolua. Se a ciência evoluiu, se existe a oportunidade para melhorar, por que não tentar? Se Deus não quisesse o melhor para mim, não me daria nem mesmo a oportunidade de eu existir. Se Deus confia em mim, que nada sou, por que eu não confiaria em Deus, que é o Senhor de todas as coisas?

Um dia, entrando no centro cirúrgico, o médico comentou comigo: "Você é a única paciente que vem para o centro cirúrgico sorrindo". Respondi-lhe: "É porque confio no Senhor! No Senhor Jesus, médico de todos os médicos e quem verdadeiramente opera, e, no senhor doutor, instrumento de Deus. Que nada pode sem a permissão Divina.". Eu sempre rogo ao Senhor: "Meu Deus, ainda diante das maiores dores permita que eu nunca deixe de sorrir, e, que ao sorrir eu possa mostrar um pouco do vosso amor". Então, entre lágrimas, sigo sorrindo. Ainda, uma equipe espiritual acompanha-me em todos os momentos, em nome de Deus.

Dr. Tibúrcio é um médico do plano espiritual que me ajudou a pensar a vida. Pude vê-lo, ouvi-lo e sentir o toque suave de suas mãos, seu carinho, na cirurgia espiritual realizada no Centro Espírita. Levei um ano procurando ele entre os médiuns por não saber tratar-se de um Espírito corporificado. Jamais o encontrei entre os encarnados. Era de fato um Espírito. Acompanhou-me durante todos os atendimentos. Nunca vi alguém tão doce, iluminado, lindo, e de expressão tão suave. Transmitia uma paz intensa que parecia transbordar da própria essência Divina. Que emoção ao lhe descobrir Espírito! E como desejo vê-lo novamente!

"Não lastime, agradeça ao Senhor por poder recomeçar. Quem nessa vida teve oportunidade de recomeçar tantas vezes? Poucas. Então, comece mudando o seu pensamento, agradeça!", disse-me ele. Foram treze cirurgias no rosto, passaria por mais uma. Reconstrói, destrói ....Começa, recomeça... Então, chorava as perdas. Não fora somente o rosto amputado, foram os meus sonhos todas as vezes ceifados juntos. Aprendi que sonhos a gente reconstrói. Tentei reconstruir tantas vezes, e, mais uma vez volto para o zero e recomeço tudo novamente. Nesse dia chorava, "não quero mais sonhar, não quero colecionar frustrações e mais frustrações!". Senti medo de voltar a acreditar e, literalmente, "quebrar a cara",  por isso passei a desistir sem nem mesmo tentar. Perdi a alto auto-estima. Perdi a coragem que impulsiona para a vida. Pensei: "Minha genitora estava certa em querer interromper a minha vida em seu ventre, por que insisti em nascer? Que vida é está em que os meus sonhos não vingam?".

Quando perdemos a fé, estagnamos. Ficamos parados à beira do caminho, vendo a vida passar. A vida não pára, ela é dinâmica. A vida é um processo contínuo. Por isso não há morte para o Espírito. Há dois únicos momentos em que nada podemos fazer na vida, no ontem e no amanhã. A vida não espera por nós, lá adiante. E o passado não volta jamais para que façamos o que deixamos de fazer, lá atrás. Então, por que não arriscar agora? Viver é correr riscos. Os riscos são inerentes à vida, são ocasiões em que medimos a nossa força e coragem, fortalecemos a nossa convicção e a nossa fé.

Arriscar não de forma imprudente, desmedida, irracional. A coragem como fruto da fé não pode ser cega. A fé cega é fanatismo, a coragem desmedida é loucura. O medo é um freio para a insanidade. Sem atritos não há freios. Um automovél, por exemplo, desacelera quando encontra atritos. Sem atritos o carro desliza, "derrapa". A prudência é o atrito que desacelera nossos impulsos na vida: prudência X impulsos. Sem prudência a nossa vida "derrapa". O impulso não é um ato racional, voluntário, é um "deslize". Estamos em atrito conosco mesmos, todas as vezes que, desconhecendo a vontade do Pai, desejamos impor as nossas vontades próprias, esquecendo que: "Deus impõe condições, não se submete a elas." (ESE, cap. VII; 09). Deus tem um propósito para cada um de seus filhos, não conhecer Seus desígnios induz a nossa coragem. Se conhecessemos a vontade Divina onde estaria o mérito da fé? Deus é o nosso freio, é a nossa prudência, é a nossa consciência desperta. Quando perdemos o contato com Deus, deslizamos pela vida sem saber onde vamos parar.

O sofrimento é resultado da nossa pouca fé na misericórdia Divína. A dor é involuntária, mas, o sofrimento é do tamanho da nossa fé, é uma escolha nossa. Como ensina o Evangelho, o sofrimento não está na coisa em si, mas, nas consequências do que fazemos destas coisas. O sofrimento não está na miséria, mas no que se faz da miséria; não está no berço onde antes havia vida e agora encontra-se vázio, mas do que se faz desta perda, de como trabalha-se essa perda. O sofrimento não está nas relações afetivas interrompidas, mas, nas frustrações das expectativas que se construiu a partir delas. É o nosso orgulho que não nos permite lidar racionalmente com essas frustrações. O sofrimento está em não se saber lidar com as situações que fogem a nossa vontade. Por isso devemos tratar antes as causas das coisas e não os efeitos que estas produzem. Se percebo as causas, aceito-as como causas e busco repará-las, consigo transformar esse sofrimento em aprendizado e, consequentemente, fortaleço-me. "Paz é conquista interior"(Joanna de Ângelis).

O meu sofrimento não estava na perda da mandíbula, com ou sem, sofreria do mesmo modo, pois, já me encontrava amputada na fé. A perda da mandíbula não foi causa, e sim, efeito. Talvez, por já ter sido abortada em outra existência e ter sofrido a tentativa de mais um aborto nesta. Talvez, por sentir que minha genitora tenta abortar-me, sem perceber, de sua vida, todas às vezes que juntas estamos. Então, por guardar mágoas profundas, sem deixá-las transparecer, sentir raiva pelo desafeto materno, resultou em um sofrimento interno avassalador.. Eu perdi a mandibula como resultado desse meu sofrimento. A "raiva" presa entre os meus dentes, fez crescer um tumor que arrebatou da minha face a mandibula. Os sentimentos não exteriorizados buscam um canal para eclodir, daí nascem as doenças físicas. As doenças físicas são antes no corpo etéreo.

Até conhecer a doutrina espírita foi dificil conceber esse raciocínio, aceitar. Agora que entendo que mãe e pai também são nossos irmãos e que podem até ser nossos mais odiosos inimigos espirituais, que a nossa família verdadeira são todos os membros de um único Universo. Compreender que a raiva é natural ao ser humano, assim como o amor, e que não é "pecado" sentir raiva dos pais quando nos ferem a alma. Mas, contudo é preciso saber perdoar, especialmente a si mesmo por  sentir esta raiva, já que somos humanos e imperfeitos. Pudesse antes ter compreendido todo esses ensinamentos da Doutrina Espírita, não estaria, hoje, tratando das sequelas deixadas pelas mágoas no meu corpo físico.

Coragem, para viver é preciso coragem. Coragem para dizer que tenho direito de estar aqui, que a vida é um presente de Deus, que ninguém tem o direito de abortar. Coragem para recomeçar, n-ésimas vezes, até quando Deus tiver propósitos sobre a minha vida, ainda que eu os desconheça. Eu só precisava mudar os meus pensamentos e abrir o meu coração e a mente para os Ensinamentos do Evangelho, como prescreveu-me Dr Tibúrcio. A coragem estava dentro de mim, todo o tempo, como o amor está dentro de todos nós, a todo tempo, pois, Deus nos criou trazendo o amor  inerente à alma. Portanto, cabe-nos a cada um procurar os caminhos para desenvolvê-los: o amor e a coragem.

Eu não entrei para o Espiritismo, ele está em mim, na minha forma de pensar e agir. Eu penso a vida como um processo reencarnatório. Eu creio em um Deus soberanamente bom e justo, acredito na comunicação com os Espíritos, acredito-me Espírito e busco nos Ensinamentos Evangélicos o meu desenvolvimento moral cristã. Acredito na relação de causa e efeito como respostas para o sofrimento humano. Não foi o Espiritismo que me fez acreditar nessas coisas, foram essas coisas que habitavam dentro de mim, fizeram-me Espírita, e, hoje, com a fé mais elevada, tenho a coragem necessária para aceitar-me Espírita. Que Assim Seja!

Luz e Amor!     


         
  "Aos médiuns que obtém boas comunicações são ainda mais repreensíveis por persistirem no mal, pois escrevem frequentemente a sua própria condenação e se não estivessem cegos pelo orgulho, reconheceriam que os Espíritos    se dirigem a eles mesmos...

... Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito  lhes será dado. O primeiro pensamento de todo espírita síncero deve ser o de procurar, nos conselhos dados pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga respeito..." 

(Muitos os Chamados e Pouco os Escolhidos, cap. XVIII; 12. O Evangelho Segundo o Espiritismo).
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Rejubilar


 Em 23-08-2012, às 10hs.

O céu parecia em festa. Passei o dia com essa sensação vibrando dentro de mim. Estava tão leve, cantando louvores a Maria de Nazaré, sentimento enaltecedor de missão cumprida. Mas como posso estar irradiando alegrias, quando um irmão acabara de desencarnar? Sim, um irmão se libertou do cárcere terrestre e agora repousa no seio de Deus.

À sua volta, uma equipe de Espíritos auxiliares emanavam fluídos de paz e amor fraterno. Preces ecoavam em uníssono. Os amigos espirituais fizeram-se presentes, para o acolher nesse momento transitório. Segundo os ensinamentos kardequiano, "no momento da morte o perispírito se liberta mais ou memos lentamente do corpo. Nos primeiros instantes, o Espírito não entende sua situação: não se crê morto porque se sente vivo; vê o seu corpo de um lado, sabe que é seu, mas não entende porque está separado dele. Este estado perdura enquanto existe alguma ligação entre o corpo e o perispírito" (L.E., questão 257). 

Não era espírita, pois que, não acreditava na comunicação com o mundo invisível. A sua descrença era oriunda dos conceitos adquiridos em suas multiplas jornadas terrena. Era muito mais uma resistência em quebrar paradigmas do que, propriamente, falta de fé. Se assim não fosse, teria dificultado o seu desligamento do invólucro corpóreo, o que não aconteceu, favorecendo o desenlace. Seguiu sereno, confiante na nova vida que o aguardava.

"A morte, para os homens, é apenas a separação momentânea, no plano material" (ESE). Nós, encarnados, muito mais por egoísmo do que amor, desejamos, firmemente, manter os nossos entes queridos, por maior tempo, presos em seus corpos físicos. Enquanto que, os Epíritos, cientes de sua condição de espírito livre, anseiam por libertar-se do corpo físico. Encarnado, o espírito perde a lembrança da sua real condição de espírito liberto, mas, ao deixar o invólucro corpóreo é igual a um passarinho livre da gaiola, voa de encontro a natureza. O Espírito é, em seu estado natural, livre.

"As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a terra tem por fim, não apenas proporcionar-lhes uma prova de simpatia, mas também ajudá-los a se libertarem das ligações terrenas, abreviando a perturbação que segue sempre à separação do corpo, e tornando mais calmo o seu despertar" (ESE). Contudo, nossa prece é muito mais dirigida em proveito próprio, do que desprendimento da alma. Nossa prece é imbuida de egoísmo e orgulho, revestida de ingratidão, pois, quando não atendida, ao invés de louvarmos em agradecimento ao Pai celestial, maldizemos a nossa sorte. Somos egoístas e ingratos o suficiente para não compreendermos a misericórdia Divina. 

Deus é soberanamente bom e justo, mas, acima de tudo, misericordioso. Não permite um sofrimento que não seja para um bem maior. Nesse momento de duras provas, a prece é a aliada mais importante. A prece é o bálsamo que refrigera a alma e cura as feridas. Momento em que a alma se eleva, abrindo caminho para que os Bem Feitores Espirituais possam atuar em auxílio, com a permissão do Pai.

Quando recebi a mensagem, pedindo a uma amiga que se guardasse das preocupações do dia a dia, pois, sua família viria precisar do seu auxílio, não atendi a solicitação. Pensei: "Nossa! Quem sou eu para prevenir sobre a morte de alguém?". Desejei mudar os pensamentos e vibrar pelo restabelecimento do amigo, mas, só conseguia pedir: "Senhor, seja feita a Tua vontade". A perceção era a de que ele desencarnaria em breve. Lutei e relutei contra a idéia, no sentido de dar apoio a família. Nos primeiros dias que se seguiram após a cirurgia, o amigo reagiu bem, o que me fez acreditar ter feito bem em ocultar a mensagem recebida: "Viu! Se tivesse dado o recado iria enchê-la de angústia desnecessária". 

Passaram-se oito dias: "Amiga, ele retornou para o centro cirúrgico, está em coma induzido, o que você pressente?". Não lhe neguei: "o mesmo que você também pressente".  Ela concordou, mas, relutante, disse-me que continuaria a rezar para que Deus lhe desse mais uma chance. Então, respondi-lhe: "Sabemos que a vida não acaba aqui, no outro plano também temos a chance de evoluir. Que seja feita a vontade do Pai."  Todos temos dia para nascer e dia para retornar ao Pai, pois, a vida pertence ao Pai. Ficamos no órbe terrestre até cumprirmos as nossas penas. Seria justo ao Senhor, revogar a nossa sentença após tê-la cumprido? O meu coração silenciou.

Coloquei-me em comunhão com os Bons Amigos, do plano espiritual. Olhei para o horizonte e evoquei a oração que o Senhor nos ensinou: "Pai Nosso ...  livra-nos Senhor de todo mal que ainda trazemos em nossa alma, livra-nos do egoísmo e da ingratidão que não nos permite conhecer a Tua misericórdia, porque o Teu Reino é o poder e a glória para sempre. Amém!"

Nesse interim, veio-me a oração da Ave-Maria. Não me encontrava mais em mim, o corpo diminuia e a voz tornara-se rouca, fraquinha e baixa, quase um murmúrio. Pude perceber uma freira de hábito branco: "Receba, pois, Maria de Nazaré, mãe santissíma, que acolhe a todos que deixam este vale de lágrimas, esse irmão, em sua nova morada. Seja sempre feita a vontade do Pai que está no Céu. Perdoa o egoísmo daqueles que ainda não compreendem os Ensinamentos do Vosso filho, Jesus. Interceda, pois, junto ao Vosso filho, Maria de Nazaré, por esse irmão, para que seja acolhido em Teu Reino Celestial. Dai força e consolo para os que ficaram, pois, a vida não se encerra aqui. Agradecemos ao Universo por, em sua harmonia esplendorosa, ter permitido a esse irmão, cumprir a vontade do Pai, em sua existência terrena. Amém!". Agora, já liberto do envólucro corpóreo, assistia a tudo e recebia uma nova energia. Seguiu em paz com os irmãos, sob um manto de luz.

Voltei. "Amigo, ele desencarnou!". "Sim", respondeu-me. "Enquanto, aqui na terra, choramos e lamentamos sua partida, o céu rejubila-se por recebê-lo, afinal, cumpriu as suas provas e agora recebe o repouso merecido. Continuará a zelar pelos seus familiares, mas, agora, em outro nível, em nome do Senhor. Que Assim Seja!"

Luz e Amor!



 "... A fé robusta confere a perseverança, a energia e os recursos necessários para a vitória sobre os obstáculos, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. A fé vacilante produz a incerteza, a hesitação, de que se aproveitam os adversários que devemos combater; ela nem se quer procura os meios de vencer, porque não crê na possibilidade de vitória". (A Fé que Transporta Montanhas, cap. XIX; 2. O Evangelho Segundo o Espiritismo)








quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Nada acontece por acaso

"Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus."  (2 Coríntios 6)
Em 01-08-2012, às 22hs e 58mints.

O que é a casualidade? É tudo o que não podendo se explicar, coloca-se na conta do acaso. Igualmente como se fazia no princípio, quando não se tendo conhecimento científico para os fenômenos naturais, buscava-se a  explicação no sobrenatural. O sobrenatural são acontecimentos que não encontram explicação nas leis naturais. Tudo o que é fundamentado pelas leis naturais é considerado normal, pois está dentro das regras. Deve-se ter o cuidado de não confundir "normal" com "comum". Comum é tudo que ocorre com uma certa frequência. Um fenômeno pode ser normal e não ser comum, como, por exemplo, a chuva de granizo em determinada região. Esse fenômeno encontra explicação nas leis físicas, porém, não acontece com frequência.

O Espiritismo encontra explicação científica, logo, não é um fenômeno sobrenatural. E, é comum, apesar de muitos negarem a influência dos Espíritos na vida terrena. Todos os Ensinamentos do Evangelho encontram explicação na ciência. Apenas, não procuramos conhecer àquele a quem dizemos amar e propomo-nos a seguir, Jesus. Repetimos diversas vezes o que nos é passado ao longo dos tempos, mas, não procuramos fundamentar os nossos conhecimentos nos Ensinamentos por Ele deixado. Aceitamos o que nos é passado como verdade sem ao menos procurar conhecer a Verdade. Deus nada fez por um acaso, pois que é "Princípio Inteligente Universal". Tudo em Deus tem um propósito - o progresso moral. O acaso, como já nos foi ensinado pelos Espíritos, não é inteligente, contrariando a lei das causas e efeitos.

Hoje pensei em ir para uma atividade e, fui levada para outra. Então, dei-me conta de que estamos sempre no momento certo onde devemos estar, ainda que desconheçamos os motivos. Eu me programei para participar de um coral no Centro Espírita e, acabei participando de um grupo de estudos, em um outro Centro Espírita. O tema abordado pelo palestrante foi: "Não se pode servir a Deus e a Mamon", cap. XVI; 7-13. E.S.E.

O porque ir ao coral? Queria me desestressar de problemas anteriores, que eu mesma provoquei em minha vida, por vaidade e orgulho.  Como diz o ditado: "Quem canta seus males espanta", ditado popular. Não, quem busca compreender os seus males, dele se liberta. De que me adiantaria cantar e fingir alegria, por apenas alguns instantes? O problema talvez fosse, nestes instantes, esquecido, mas, os erros não são para serem esquecidos e sim, refletidos. "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende, mas a tristeza do mundo opera a morte" (N.T. 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios, cap. 7; 10).

Passamos por três importantes processos para corrigir uma falta: perceber, reconhecer e reparar. Não basta perceber que erramos, e, por orgulho, negar o erro. Nem tão pouco reconhecer o erro, e, nada fazer para repará-lo. Todos estamos sujeitos aos erros, o importante é vigiar-se. Vigiar-se é admitir que somos seres falíveis e, que, por isso, devemos ficar atentos as nossas más inclinações. Esquecer que somos imperfeitos e colocar a culpa em Deus como justificativa, implica em invigilância e no persistir do erro. Não é preciso, contudo, desesperar-se, mas, reparar o mal feito. Não se repara um erro buscando esquecê-lo, porém, compreendendo-o. Fugir parece a solução mais fácil, no entanto, prende-nos em nossas dívidas, não só as materiais, bem como, espirituais e moral: "Entreis pela porta estreita, por que larga é a porta da perdição". É bem mais fácil passar pela porta larga, mas, a salvação está na elevação espiritual e moral, o que requer esforço maior para se conseguir. Salvar é elevar-se.

Então, ao chegar em casa para o culto do "Evangelho no Lar", abri o Evangelho, aleatoriamente, no mesmo capítulo. Seria obra do acaso? Não. Antes, são respostas para as causas do meu sofrimento. O meu sofrimento de agora, encontra-se em ter escolhido servir antes a vaidade que a Deus. Não compreendia que a riqueza é uma prova, a mais arriscada, pela fascinação que exerce. Não entendia que a riqueza é para o progresso e não somente para uso pessoal, pois que, não somos possuidores dos bens terrenos, apenas, depositários de Deus, e, de tudo temos que prestar conta ao Senhor. O dinheiro "desmascara" as pessoas. As pessoas trazem em si suas tendências mais secretas e o dinheiro revela essas tendências.

Por que Deus permite ao incapaz os meios de riqueza? Simplesmente, como forma de exercer o livre-arbítrio e a bondade. Quando Deus quer, também retira-lhe a riqueza, dependendo do uso que se faz dela. "A tua fatalidade é o bem, como atingí-la é uma escolha"  (Vida Feliz,  de Joanna de Ângelis). Todos estamos fadados ao bem. Deus não deseja o mal de nenhum de seus filhos, tudo é uma questão das escolhas que fazemos. O "ter" não é um mal, todo o problema está no apego. O sofrimento, assim, é causado por não se saber discernir sobre o necessário e o supérfluo. O necessário é o essencial (essência), o supérfluo é o acessório, que, muitas vezes, ultrapassa a medida do bom senso. Então, faz-se dívidas e mais dívidas, para se obter o supérfluo, despertando a avareza, o egoísmo e a vaidade adormecidos na alma.

Deixa-se de se fazer o bem por medo de ser explorado. Esquece-se que é preciso primeiro ajudar para depois se perguntar quem é. Deixa-se de se sentir amado e de amar, pois que, acredita-se que todos em volta, ali estão, por interesse. Nega-se até mesmo uma palavra de esperança, ignorando-se que as boas palavras é como um passe magnético, emana boas energias e vale muito mais do que uma esmola que se tira do que sobra do supérfluo.

É preciso refletir, como ensina Emmanuel (Vinha de Luz), "O que a gente faz da religião (Deus) em nossa vida". Onde está a religião quando trato o meu semelhante como um lazarento? Quando deixo de fazer todo o bem que posso, para acumular riquezas, que só me servem nesse mundo terreno? "Porque sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. (...) Quem para isto nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito". (...) Porque todos deveremos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal". (N.T. 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios, cap. 5; 1-10). No entando, buscamos a glória na aparência e não no coração.

Eu, para não desagradar a alguém que me cercava de tudo o que o dinheiro podia comprar, deixei de matar a fome de muitos irmãos,  com o meu supérfluo, com as sobras de alimentos que depois iriam para o lixo, onde muitos desafortunados matam a sua fome, pois, não queria contrariar o meu amado. O relacionamento acabou, sobrou-me muitos presentes: vestidos, sapatos, acessórios, etc. e, não tenho, ao menos, onde desfilá-los. Nem mesmo valem o preço que gastei e, muito menos pagam as dívidas que contraí para andar ao seu lado, "à sua altura". Ele é um profissional renomado e bem sucedido, porém, não me permitia doar nada a ninguém nas ruas, nem mesmo as sobras. Dizia-me que não tinha que alimentar os vícios dos outros. Eu ficava triste com sua atitude, não concordava, mas, aceitava. A minha vontade primeira era matar-lhes a fome, sem me importar com os motivos de estarem naquela situação. Iriam ou não se drogar, era com eles e Deus. Fazer o bem era com a minha consciência.

Contudo, a fraqueza moral que trazemos inerentes a alma, fez-me servir antes as paixões mundanas. Ainda com a alma em prantos neguei a Deus. Quando negamos um bem a um irmão, é a Deu a quem negamos. Não era espírita na ocasião, o que não justifica, mas, tinha em mim, apesar das minhas faltas, o desejo de caridade. Sempre acreditei que o que pensava e fazia era comigo e Deus. Lembro-me de quando, aos quinze anos, pela primeira vez, assisti um mendigo comendo restos do lixo, entrei em pranto convulsivo: Como pode um ser humano viver em condições tão desumanas? Eu queria mudar o mundo. Um amigo abraçou-me e, disse-me: "Você não pode sofrer assim. Como ele, existem muitos". Eu nunca havia visto algo tão deprimente assim. Então, doía-me sair do restaurante levando quentinhas com sobras de comidas e não poder ceder a quem, provavelmente, nada havia comido naquele dia, mas, eu neguei .... diversas vezes eu neguei, para não lhe contrariar.

Por que refletir sobre esse meu comportamento passado? Pensar no que sentia aos meus quinze anos de idade, e, comparar com as minhas atitudes de outrora? Porque eu não vivo, verdadeiramente, a essência da minha alma. Apesar de conhecer os Ensinamentos de Cristo e, trazer na alma o sentimento de compaixão, ainda encontro-me vacilante entre o bem e o mal. Será que agora posso afirmar que não mais serei tentada pelo supérfluo? O necessário me basta? Sou melhor hoje? Eu ainda não saberia responder com certeza a essas perguntas. Por isso a necessidade de vigilância e oração. Constantemente, pedimos provas que não somos capazes de vencê-las. Às vezes, relutamos não compreendendo porque Deus nos nega muito de nossos desejos. Tudo tem uma razão de ser e com certeza, é para um bem maior.

Deixar de ir cantar no coral não foi uma casualidade. Tem explicação no Espiritismo, nos Ensinamentos do Evangelho, "os Espíritos influenciam muito mais na nossa vida do que imaginamos" (L.E.). Eu precisava ouvir aquelas mensagens, tanto no grupo de estudos, quanto no Evangelho do Lar, para perceber os meus erros e repará-los, tornando-me verdadeiramente cristã. "Conhece-se o verdadeiro espírita por seu esforço em melhorar-se". Somente se pode melhorar conhecendo as causas do sofrimento, e, isso só é possível através deste ensinamento: "Conhece-te a ti mesmo". A Doutrina Espírita faz-nos pensar sobre os nossos comportamentos pretéritos e atuais, convidando-nos a uma "reforma íntima". O Evangelho Segundo o Espiritismo torna a nossa fé cega em sabedoria, em fé raciocinada. Impulsiona-nos a conhecer o verdadeiro Mestre, Jesus, e segui-lo pelo amor. A maior riqueza é a instrução. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



                                                                              (Servir a Deus e a Mamon, cap. XVI; 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo)