segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Espíritos Sofredores: o trabalho não cessa.


Em 26-10-2012, às 18hs.

Visitei minha filha em São Paulo, terra onde nasci e vivi a minha primeira infância. Fui para "matar a saudade" e a saudade doeu mais forte em mim. A saudade estava apenas adormecida.

Não senti medo de embarcar de avião. Da janelinha vi tudo tão imenso, o céu  parecia encontrar-se com o oceano, igual quando olhamos da praia, o horizonte. Depois, as nuvens, estavamos mergulhados em nuvens, parecendo andar sobre algodão. Por algum instante senti a presença forte de Deus, parecia que iria aparecer na janelinha sorrindo e me dar um "tchauzinho". Então, sorri da minha imaginação. Após o avião estabilizar-se na subida, o meu organismo reagiu a mudança de altitude e desestabilizou-se. Senti como se estivesse saindo de uma grande cirurgia, ainda anestesiada, então, adormeci até o momento em que fomos informados que iriamos aterrissar no aeroporto de Guarulhos.

Chegando em São Paulo, ao contrário do que pensei, nada me parecia estranho apesar de não ter crescido lá. Deixei minha terra muito pequena ainda, aos 9 anos de idade. Somente o metrô deixou-me impressionada, com sensações estranhas. Senti o tempo correr como um "flasch" pela janela. O vento frio, tonturas. Cheguei a casa de minha filha passando mal. Forte dor de cabeça, que nem mesmo três analgésicos ingeridos fizeram efeito. Dormia e acordava com uma dor de cabeça insuportável, durante todos os dias que lá passei. Percebi que algo não ficava bem nas saídas de metrô, sempre as mesmas percepções estranhas e, o mal estar. Então, resolvi não me entregar as dores e sair com minha família para nos divertirmos.. Mas, ocorreu que o "estranhamento" instalou-se entre mim e minha filha.

Não conseguia entender o por quê. Estavamos tão felizes com o reencontro, e, de repente a desarmonia queria fazer parceria. Chorei constantemente, até mesmo pelas ruas. Isolei-me, sentia-me à parte daquilo tudo. Via-me estranhamente deformada em todos os espelhos e fotos. Esforcei-me tudo o que pude para não me entregar a tristeza, que não sei bem de onde nascia. Afinal, minha filha está linda, feliz, trabalhando em sua área profissional, bem instalada, bem como seu companheiro. Eu estava ali, ao lado dela, compartilhando desse momento. Não havia motivos aparentes para esta transformação, muitas vezes percebida por meu filho (genro): "está tudo bem? a senhora parece que ficou distante, pensativa .."

Visitamos a Basílica de São Bento, no centro da capital paulista. Ao adentrar a Igreja, sentia os meus passos apressados, a percepção de que as portas estavam sendo fechadas às pressas, como se houvesse perseguições, ou, como se a igreja fosse ser invadida a qualquer instante. Ouvia o ranger e o bater das portas. Essa sensação acabou somente quando deixei a igreja, então, veio um alívio, uma paz. Respirei como se tivesse livre de um cárcere.

Seguimos pelo São Bento, afligia-me cenas de pessoas, na rua, abandonadas, aleijadas, cegas, tentanto ganhar o pão de cada dia. Estas cenas que também observo na capital de Salvador, ou melhor, é própria das grandes capitais. Então, o que me afligia tanto ao ponto de entrar em desequilíbrio emocional. Queria sair de lá e não mais voltar. Queria chorar.

Percebendo que algo havia de errado comigo, consequentemente, com a minha filha: a irritação profunda que se alastrou, o choro compulsivo pelos cantos da cidade e pela casa. Não era normal para quem esperou tanto por esse reencontro. Refugiei-me no banheiro da casa. Fica bem depois de um corredor, bem distante dos demais cômodos, logo, poderia aquietar-me em oração e, assim fiz.

Sentei-me no chão em posição de meditação (yoga). Fiz o trabalho de respirar, inspirar e trocar o ar. Procurei concentrar-me em oração, entrando em sintonia com o Alto. Neste momento uma luz verde circulou o meu corpo, senti tudo saindo do meu corpo e escorrer pelo ralo. Em seguida, ainda em meditação, uma nova luz formou-se, agora de cor amarela. Foi crescendo como uma grande bola e cobriu-me o corpo por inteiro. Senti uma grande paz e conforto. Aos poucos a luz amarela foi tornando-se branca e clareou todo o ambiente. Era uma luz de um branco muito intenso. Então, senti a presença de um amigo de luz. Finalizamos com o "Pai Nosso". Deixei o ambiente harmonizada e a casa toda tornou-se harmonizada. Eu e minha filha não mais nos estranhamos. Nesta noite, em desdobramento pude ver o que havia ocorrido.

Meu guia mostrou-me, a sala da casa estava cheia de espíritos sofredores que me acompanharam pedindo ajuda. Eram muitos, esfacelados, com pescoço quebrado, de moletas, idosos, jovens, homens e mulheres, maltrapilhos, famintos. Vi-me ali, cercada por eles, vi nitidamente tratar-se da sala da casa da minha filha. Eu não estava com a roupa de dormir. Trajava uma roupa branca. Disse-lhes: "Eu não posso ajudar vocês aqui, o que vou fazer meu Deus?". Então,  uma luz intensa fez-se presente, era o meu anjo guardião, de braços abertos, logo atrás de mim. Acolhendo a todos aqueles espíritos necessitados, disse-lhes: "ela não pode ajudá-los agora, aqui não é o lugar, venham!". E levou à todos. Acordei. O meu pescoço doia muito como se estivesse quebrado. Uma voz interior disse-me: "acalme-se e volte a dormir, vai passar". E passou. Finalmente, tudo passou e pude aproveitar o último dia do passeio em harmonia com a minha filha. Graças à Deus!

Luz e Amor!



"Mas quando vier o filho do Homem na sua majestade, e todos os anjos com ele, então, se assentatrá sobre o trono de sua majestade; E serão todas as gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros, como o pastor que aparta dos cabritos as ovelhas ... Então dirá o rei aos que hão de estar à sua direita ... Estava nu e cobriste-me, estava enfermo e visitaste-me, estava no cárcere, e viestes ver-me... Na verdade vos digo, que quantas vezes vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes..." (Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 01. O Evangelho Segundo o Espiritismo).                  


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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.