domingo, 4 de novembro de 2012

Perceber, Reconhecer e Reparar





Em 06-09-2012, às 07hs.

Todos podemos evoluir, por isso habitamos o mundo de provas (oportunidades) e expiação (depuração). Se fossemos bons e perfeitos não mais estariamos no óbulo terrestre, o reformatório dos espíritos errantes. "Sede Perfeitos" (ESE. cap. XVII). Sabemos que essa perfeição absoluta, que nos igualaria a Deus, não nos é possível, senão, Deus não seria onipotente. Mas devemos entender que é preciso esforçar-nos para evoluir: "Reconhece-se o verdadeiro espírita (cristão) pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações". (idem).

A evolução é um processo gradual, porém, não é o tempo quem determina o grau de evolução do Espírito, mas, o que ele apreendeu em seus processos reencanatórios. O Espírito não regride no que evoluiu. O tempo (hora, dia, mês, ano, etc.) é uma construção social, por isso se dizer que o nosso tempo não é o de Deus. Entende-se por processo a transformação, o desenvolvimento. Sair da matéria bruta (primitiva) e tranformar-se em um produto final polido, refinado. A todo instante é nos dada a oportunidade de nos depurarmos, tirarmos o que há de mau em nós em favor do bom. Contudo, ainda podendo fazer o bem, caímos na tentação de praticar o mal, ainda que seja por omissão. Tudo isso fruto da nossa má inclinação, do nosso orgulho, pai de todos os males.

O orgulho que nos envaidece não permite que percebamos os nossos vicíos: a avareza, a malediscência, o perjúrio, a luxúria. Por orgulho maldizemos a vida e, maldizer a vida é ser malediscente com Deus, o criador da vida, que tudo fez com sabedoria e justiça. A malediscência é a pior de todas as vicissitudes. A malediscência é cruel. Fecha não somente a nossa porta para o outro, como as demais portas que lhe poderia servir de auxílio. Logo, deixamos de ser caridosos e conduzimos os demais a nossa volta, à mesma impiedade. Com Deus não fazemos diferente. Se maldizemos a vida, dizemos mal de Deus e, para aqueles que ainda não o conhece, fechamos-lhe as portas, não permitindo que ali Ele faça a sua morada. Assim, levamos conosco uma responsabilidade ainda maior, da qual teremos que um dia prestar conta, pois, se faço mal somente a mim, é comigo e Deus. Quando faço mal a um irmão, é somente a ele que terei que responder. Porém, se prejudico a humanidade é a todos que terei que reparar o mal feito: "a semadura é livre, mas a colheita é obrigatória".

O nosso livre-arbítrio é circunscrito por nossa responsabilidade. O peixe nada livre no rio, mas, somente até às margens. O homem é livre na terra, mas, só vai até onde Deus permite. E Deus não permite nenhum mal que não seja para remediar um mal maior. Sendo Inteligência Cósmica Universal, Deus nada permite que não seja com um propósito inteligente. Nada é por acaso, pois que, o acaso não é inteligente. O acaso, como dizem os Espíritos, é o nome que se dá a tudo aquilo que foge a compreensão humana. Tudo em Deus há um objetivo maior - o amor. Todos estamos na Terra por um único motivo, aprender a amar. Se tivessemos aprendido a amar, não mais estariamos neste plano, estariamos no mundo felizes, pois, a verdadeira felicidade só existe para os Espíritos que souberam amar. O maior mandamento da lei de Deus é: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Se tivessemos aprendido o amor, não precisariamos de mais nenhum outro mandamento, pois todos os demais são decomposição da Lei do Amor.

A Doutrina Espírita aponta três pilares para a evolução: a percepção, o reconhecimento e a reparação. Quando o ser humano percebe que praticou o mal é sinal que sua consciência está começando a despertar. Contudo, se deixar o orgulho, o egoísmo e a vaidade prevalecerem, estanca essa percepção e continua no caminho do mal, sem progresso moral algum. No entanto, quando percebe e reconhece o mal que fez, passa a aceitar-se como ser humano falível, imperfeito, sujeito a erros, começa a libertar-se do orgulho, está dando um grande passo para o progresso moral. Finalmente, o homem livre da máscara que esconde de si mesmo as próprias imperfeições, já é capaz de reparar o mal cometido, então, realizou-se a tranformação moral, ou, a "reforma íntima".

Com isso, não haverá mais tentação? De certo que sim. Haverá sempre tentação naquilo que o homem ainda não venceu. Mas, se estiver sustentado sobre estes três pilares, dificilmente sucumbirá às tentações. Jesus foi tentado até o último instante e venceu as tentações, pois, sabia que o Reino do Pai não era deste mundo: "Meu reino não é deste mundo. Tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jesus). Aceitou as provações para dar exemplo, porque não se ensina só com palavras, ensina-se com exemplos. Sendo exemplo. "Ide e levai o Evangelho" (Jesus).

Levar o Evangelho não é somente pregá-lo, mas, principalmente, exercitá-lo. Ser Espírita não é somente conhecer o codificação kardequiana, mas, acima de tudo, esforçar-se para praticá-la. Ser Espírita é ser cristão. Ser cristão não é carregar a cruz que Jesus carregou, pois, Deus dá a cada um somente o peso que se possa carregar. Jesus pode carregar o peso da Humanidade. À nós basta carregar o peso da nossa própria existência. Cada um fazendo por onde se melhorar, sendo exemplo, já está contribuindo, e muito, para a construção de um mundo melhor. Um mundo de Regeneração. Regenerar-se é reparar todo o mal, é fazer somente o bem: "Fora da Caridade não há Salvação". Que Assim Seja!

Luz e Amor!





 "... O dever intimo do homem está entregue ao seu livre-arbítrio: o aguilhão da consciência, esse aguilhão da probabilidade interior, o adverte e sustenta, mas, ele se mostra frequentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas, como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejarieis ver transposto em relação a vós mesmos." (Sede Perfeitos, cap. XVII; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo).



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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.