quarta-feira, 24 de abril de 2013

FAZER BEM O BEM

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Em 24-04-2013, às 11hs.

Pensei muito sobre o que me ocorrera na Reunião Mediúnica, a minha reação diante da morte, meu pensamento em desistir da caminhada, era demais para mim. Percebi que morrer é difícil para aquele que morre e, a minha dor não era maior do que a sua. A dor de não poder abraçar um filho e sentir o calor do corpo onde o fluido vital permeia. Constatar que não se é mais dono de bens quaisquer, não se é dono da casa onde se residia, do automóvel que se dirigia, que, muitas vezes, levou-se uma vida inteira trabalhando para se conquistar, privando-se do gozo de se estar ao lado de quem se ama, da família, dos amigos, e, ainda, morrer sem nem ao menos ter terminado de pagá-lo.

Reconhecer que nem mesmo o seu próprio corpo lhe pertenceu, foi uma aquisição momentânea para que se pudesse trafegar na Terra: "o carro físico". Perceber que se perdeu anos de uma existência buscando uma felicidade que não estava no mundo, pois que, o mundo terreno é transitório. A verdadeira felicidade está onde nunca nos colocamos, dentro de nós mesmos. Então, vem a morte sem aviso prévio, e só se recebe pelo bem que se fez: "onde está o teu coração aí está o teu tesouro" (Jesus). Contudo, a dor por mais terrível que seja, ela é passageira.

Refleti sobre fazer o bem. Como estou praticando os Ensinamentos de Jesus? O que é ser médium? O que Deus deseja que eu faça enquanto instrumento de sua Seara? Quantas vezes tenho deixado de agir com doçura e paciência com o meu semelhante, e, comigo mesma? Sim, devemos ser tolerantes conosco, reconhecendo que somos seres imperfeitos. Contudo, compreender que ser tolerante não é ser conivente. Eu posso errar, o outro pode errar, mas, é necessário fazer desse erro algo melhor, uma lição de vida,  transformar o erro em aprendizado. Deus não permite um mal, se não por um bem maior.

O erro não acontece em nossas vidas para desanimarmos e nem para desistirmos de seguir, sentindo-nos seres inferiores, deve servir de alavanca impulsionando-nos à frente, ao Alto. Quando desanimamos frente aos obstáculos que a vida nos impõe, estamos fadados ao fracasso, é morte prematura da semente sem florescer. É preciso coragem e fé. Não a fé simplória do cotidiano, mas, a fé inabalável, a confiança de que podemos contar com Jesus em qualquer situação: "Eu sou contigo" (Jesus). Acreditar-se capaz porque Deus está consigo.

Não é preciso ser médium e nem ser Espírita para se fazer o bem. O médium nada tem de especial. "Os médiuns são almas com passado desorganizado" (Emmanuel). A mediunidade não é uma missão, e sim, uma prova a serviço da renovação do próprio médium. O médium a serviço do bem deve deixar de "brincar de ser espírita" e adquirir um domínio sobre si mesmo. Não se deixar levar pela vaidade própria do médium, nem se deixar melindrar por comentários maldosos, intrigas, inveja, maledicência, comum a todos os lugares onde encontra-se muitos reunidos.

Seguindo a orientação de Emmanuel: "Se abraçaste a mediunidade, previne-te contra o orgulho como quem se acautela contra um parasita destruídos". O orgulho, está no Livro dos Médiuns, questão 228, de todas as imperfeições morais é a que mais os maus Espíritos gostam de explorar por ser aquela que mais gostamos de ocultar, se pudéssemos esconderíamos de nós mesmos. Faz-se necessária uma conduta ética para evitar a implantação das trevas nos trabalhos mediúnicos. É preciso estar bem consigo para bem poder servir. Fazer bem o bem.

Estava passando por um conflito interno, confirmar o desencarne de alguém querido. Depois dos sonhos, prenúncio de sua partida, disse a mim mesma: "Eu sou espírita, já tenho algum entendimento sobre a vida, eis que o Espírito não morre, não devo chorar". Porém, "chorar é a expressão mais pura dos nossos sentimentos. Chorar é trazer esses sentimentos ao mundo. Deixar de chorar é impedir que esses sentimentos se manifestem". Parece que ser espírita nos dá um aval que nos liberta dos sofrimentos terreno. Eu sou alma, ser espírita não me tornou imune as dores, nem as vicissitudes da vida. É normal que eu sinta a sua partida, a diferença, hoje, está em saber como agir diante desse sentimento. A dor é involuntária, o sofrimento eu posso escolher. A Doutrina Espírita não nos liberta das dores, mas, ensina a compreendê-las, contribuindo para que consigamos transformá-las em remédio para a nossa alma.

O que me trouxe a esta reflexão sobre estar bem para bem servir, foi a seguinte passagem de uma palestra de Agnaldo Paviani, ele conta: "Uma senhora, trabalhadora de um Centro Espírita, responsável pela sopa para distribuir aos pobres, preparava a sopa como sempre, cantarolando enquanto mexia. Um dia entrou na cozinha o dirigente da Casa e disse-lhe: "a senhora precisa melhorar a sopa, há três dias estão reclamando que a sopa não está indo boa", e, saiu dando-lhe as costas. Neste instante, a senhora melindrada com o seu comentário, fechou-se e deixou de cantarolar, pensando: "a sopa está ruim, pois que arrume outra sopeira, aqui eu não trabalho mais".

Ela, no seu íntimo, não estava bem, apesar de tentar não transparecer. Se estivesse, não deixaria se magoar pelo comentário e faria, antes, uma prece pelo dirigente, continuaria o seu trabalho a cantar com amor. Que energia ela estava doando naquele alimento? Então, é preciso estar bem para se fazer o bem. Muitas vezes, sufocamos sentimentos dentro de nós e não nos apercebemos. E, ao menor agravo, estouramos, entramos em desarmonia, "fechamos a cara" e desistimos.

É preciso olhar para dentro de nós, e analisar se estamos dando o melhor que há em nós. Se estamos fazendo o bem da melhor maneira. Quem não sabe se autoperdoar facilmente cairá no poder das trevas. Fiscalizar os nossos pensamentos para atrair os Bons Espíritos. "Bater os pés", como ensina o Cristo, é não levar mágoas consigo. Se reclamo porque no dia do trabalho mediúnico chove muito, e, fica intransitável. Contrario-me com a natureza e com o motorista do carro que me "fechou" no trânsito e penso em desistir, será que estou servindo bem?

Se eu consegui a minha reforma íntima, nenhuma contrariedade irá me tirar a alegria em servir. Sei que vou seguir a vida terrena com preocupações, mas, já não me deixo contaminar por elas. Como ensina um provérbio: "As preocupações são passarinhos que pousam em nossa testa, a grande sabedoria da vida é não deixar que eles façam ninhos". Preocupações e problemas todos temos neste mundo de provas e expiações. A grande sabedoria e saber vencê-los com a alegria de quem dá o melhor de si.

Como saber se fiz bem o meu trabalho? Certeza nunca haverá. Se as pessoas estiverem  mais alegres; se o grupo estiver mais alegre; se há um maior interesse pelo trabalho, então, fiz bem o meu trabalho. "... seja qual for o talento que te enriquece, busca primeiro o bem, na convicção de que o bem, a favor do próximo é o bem irrepreensível que podemos fazer. Desse modo ainda mesmo te sintas imperfeito e desajustado, infeliz ou doente, utiliza a força mediúnica de que a vida te envolve ajudando e educando, amparando e servindo, no auxílio aos seus semelhantes, porque o bem que fizeres retornará dos outros ao teu próprio caminho, com a benção de Deus a trilhar sobre ti" (Seara dos Médiuns, pelo Espírito Emmanuel). Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração daqueles que se reunem sob o olhar do Senhor, implorando a assistência dos Bons Espíritos. Purificai, portanto, os vossos corações. Não deixai que pensamentos fúteis ou mundanos os perturbem. Elevai o vosso espírito para aqueles a quem chamais, a fim de que eles possam, encontrando em vós as disposições favoráveis, lançar em profusão as sementes que devem germinar nos vossos corações, para neles produzir os frutos da caridade e da justiça" (Sede Perfeitos, cap. XVII; 10. O Evangelho Segundo o Espiritismo).




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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.