quinta-feira, 2 de outubro de 2014

RENOVAÇÃO



Em 25/09/2014; às 08:00hs.

Cada dia que amanhece é um convite para recomeçar. A vida se renova a cada instante, o que agora é, em um segundo já não mais será, tornou-se passado. A vida se movimenta. A vida é dinâmica, está em movimento constante e, por isso, renova-se a todo instante. A vida está sempre mudando. Renovação é tornar Nova a Ação. É fazer um novo começo. "Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer" (Emmanuel, Ceifa de Luz)

O dia de hoje é uma dádiva dos Céus, um presente de Deus para que possamos renovar nossas ações. Renovar não é negar o velho, mas, dar um novo significado. Somente o presente pode oferecer algo de novo. O passado é o que já foi, deve ficar para trás onde está flexionado. O futuro é uma incógnita, um segredo de Deus em nossa vida. Somente no presente a vida pode se realizar. O passado não volta, é o hoje renovado. O futuro é a nossa ação que se renova a cada dia, pois, o propósito da vida é progredir.

A vida não é um movimento linear uniforme, porque a mudança não é linear. A mudança ocorre o tempo todo em movimentos sinuosos. A mudança ocorre na ação. A ação é um processo criativo que acontece de dentro para fora. A reação é querer consertar o que não tem remendo. É um movimento contrário onde se desprende um maior gasto de energia, sem nada mudar. Confrontar é olhar de frente. Porque idealizamos, passamos a combater a realidade em vez de movimentar-nos com a realidade. A realidade é um processo, e não se pode segurar um processo, é ficar preso, por isso, muita gente fica presa ao passado, não se permite seguir no movimento da vida. 

Sem aceitar as mudanças, fica-se preso a um problema. É preciso sair do problema (ir para fora) e construir algo novo e não se prender ao problema. Nós é quem criamos o problema, porque estamos muito identificados com o nosso Ego. É o nosso Ego que nos dificulta soltar do problema e criar algo novo. O super apego ao Ego é que nos impossibilita renovar. O orgulho nada mais é que a super valorização do Ego, pai de todos os vícios.

A vida é auto-organização. Sentir a vida é um trabalho interior, é preciso autoconhecimento, identificar-se como pessoa de verdade com qualidades e fraquezas. A percepção está no nosso modo de olhar. O problema em si não é o problema, mas é a forma de se olhar para o problema. É preciso mudar nosso olhar para a vida e representar a vida de uma nova forma. É preciso sentir a vida e compreender que a morte é parte do corpo, e não separada do corpo. Transformação é morte. Morre-se para transformar-se em outra coisa. Transformação é mudar na essência, tocar na raiz de forma irreversível. Mudança não é transformação. A transformação é mais profunda, se dá quando se esgota toda as possibilidades de mudança. A morte nos trás a lucidez de que somos Espíritos imortais.

Quem ingressa no Espiritismo é naturalmente levado a transformação moral, pois é a Doutrina do Evangelho de Jesus, busca-se não ser mais violento, nem ingrato, nem maledicente, leviano ou infiel, qualidade de um Espírito Elevado. Quando se busca viver os ensinamentos de Jesus, o homem velho morre, transforma-se em um novo homem. Um homem renovado é um homem com novas ações. Renasce para a vida. Compreende que tudo o que existe de visível e palpável é ilusório, por isso, transitório. Mas, o que não se vê, o Espírito, é perene. A vida que anima o corpo não perecerá porque não veio do corpo, mas, já existia antes do corpo. O que veio do corpo, com o corpo perecerá. 

"O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pelas generalidades das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que para ele os tempos são chegados". (A Gênese, Allan Kardec, cap. XVIII, item 25).

O orgulho, a vaidade, o egoísmo são frutos da falta desse conhecimento. Todos esses vícios, segundo os Benfeitores Espirituais, nasceram da necessidade de sobrevivência, ou seja, do instinto de conservação. O homem, temendo a morte por não compreender a existência da vida espiritual, colocou nos bens materiais a essência da vida. O homem por medo de morrer de fome, de frio, passou a acumular bens terrenos e a brigar por eles. Passou a olhar o outro como inimigo e a lutar entre si para defender seu território. O medo da morte passou a conduzir o homem no mundo tornando-o avarento, egoísta e cruel.

Allan Kardec questiona os Espíritos (L.E. questão 704): "_ Deus, dando ao homem a necessidade de viver, fornece-lhe sempre meios?". Os Benfeitores Espirituais respondem-lhe: "_ Sim, e se não os encontra é porque não os compreende. Deus não poderia dar ao homem a necessidade de viver sem dar-lhe os meios, por isso faz a terra produzir para fornecer o necessário a todos os seus habitantes, porque só o necessário é útil; o supérfluo não o é jamais".

Contudo, o homem evoluiu do instinto para o sentimento. O homem do nosso tempo, da Era dos Espíritos, precisa abandonar essa visão de mundo e deixar de sofrer por coisas supérfluas. O Espiritismo vem mostrar que a verdadeira essência da vida é o Espírito, ou seja, que a verdadeira essência do ser está nele mesmo, e ele buscá-a, desesperadamente, fora de si, causando o seu próprio sofrimento. Deus é amor. Deus como amor não deixou o sofrimento para nenhum de seus filhos amados. Deus não deixou dor e nem tormento, e se os permite é para honra e glória do Seu nome.

O homem, filho rebelde e ingrato, sem buscar conhecer os ensinamentos do Pai, e confiar nos seus propósitos, é quem criou as dores do mundo. Ainda assim, Deus, soberanamente bom e justo, na sua infinita misericórdia, deseja resgatar-nos a todos, convidando-nos a nos abraçar como irmãos. O próprio Cristo coloca-se na condição de irmão, filho do mesmo Pai, quando nos ensina, em oração "Pai Nosso, que estais no Céu ...". Jesus mostra que somos uma família universal. Se olhássemos para o outro como irmão e não como ameaça, viveríamos a paz.

Como esclarece Santo Agostinho (Revista Espírita),"não há mais do que uma única e mesma família sobre a Terra, como não há senão um único Pai no Céu". Para que a vida coletiva possa vingar, é necessário que os integrantes do grupo social tenham fortemente arraigados em si a noção de que as relações sociais somente serão satisfatória se o homem respeitar o outro com quem ele se relaciona. "Amai-vos uns ao outros como eu vos amei" (Jesus).

O nosso Pai é Deus, devemos honrá-Lo e amá-Lo com sinceridade. No entanto, lamentamos e reclamamos da vida, colocando-nos na condição de vítimas, sendo profundamente ingratos com Deus, nosso Pai. Esquecemos que Deus só permite um mal se por um bem maior. A ingratidão é fruto do orgulho que não nos permite enxergar a generosidade do Pai Altíssimo. Ser grato é ser humilde, é reconhecer que somos Espíritos imperfeitos e pequenos diante da grandeza de Suas obras. Jesus foi o maior modelo de humildade e mansidão. A gratidão é uma virtude que devemos buscar.

Gratidão não é somente retribuição. Gratidão é antes um sentimento de reconhecimento e amor, como ensina Joanna de Ângelis (Psicologia da Gratidão). Devemos ser gratos antes mesmo de receber, mantendo a alegria. Devemos manter o bom ânimo e alegrarmo-nos no Senhor, para que as coisas aconteçam, e não somente quando as coisas tenham acontecido. Jesus nos ensina: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33). Quando Deus não permite realizar o desejo de um filho é porque Ele tem um outro propósito. "Porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8). Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (idem).

O Espiritismo convida-nos a rever nossos conceitos e aprender com Jesus os meios de renovar as nossas ações, modificando os nossos instintos ainda tão arraigados em nosso ser, e elevarmo-nos à condição de verdadeiros cristãos, como irmãos em Cristo que somos. A Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma porta aberta para a Renovação do Espírito. Jesus convida-nos, através do Evangelho, a nossa Reforma Íntima. Ensina a sermos como Ele, exemplo de amor e humildade, buscando o caminho do bem. Ensina a gratidão como reconhecimento do amor de Deus, uma virtude que nos conduz a caminho da esperança. Porque em esperança somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, esperamos o que não vemos, com paciência esperamos (Romanos 8) Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Orgulhosos! Que fostes, antes de serdes nobres e poderosos? Talvez mais humildes que o último de vossos servos. Curvai, portanto, vossas frontes altivas, que Deus as pode rebaixar, no momento mesmo em que as elevais mais alto. Todos os homens são iguais na balança divina; somente as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os corpos foram feitos da mesma massa. Vossos títulos e vossos nomes em nada a modificam; ficam no túmulo; não são eles que dão a felicidade prometida aos eleitos;a caridade e a humildade são os seus títulos de nobreza".
(Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, cap. VII; 11. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.