terça-feira, 21 de outubro de 2014

CHORAR FAZ BEM, SORRIR FAZ UM BEM MAIOR AINDA

                                     


Em 20/10/2014; às 20 hs e 30 min.

A vida quase sempre nos mostra situações em que a emoção fala mais alto do que qualquer palavra que possa expressar os nossos sentimentos. A lágrima e o sorriso são as mais puras expressões da alma. Através delas podemos demonstrar nossas mais profundas e incontestáveis emoções. A dor, a alegria, a saudade, a tristeza, a raiva, a ingratidão, o chegar, o partir, o abandono. A emoção é o degrau que pode fazer subir ao Céu ou descer ao Inferno da nossa existência. O Céu não está em cima das nuvens, junto com as estrelas, como alguns supõem, nem o inferno se coloca abaixo de nossos pés. O Céu e o Inferno coexistem em um mesmo espaço, na consciência de cada ser. Cada um carrega o seu próprio inferno e paraíso astral (L.E., questão 1011).

"Cada criatura constrói na própria mente e no próprio coração o paraíso que a erguerá ao nível sublime da perfeita alegria, ou o inferno que a rebaixará aos mais escuros antros de sofrimento" (Emmanuel). 

As dores, os sofrimentos são como as tempestades, passam. É preciso lembrar que Jesus está no comando e pede-nos: "Não temas as coisas de meu Pai". A felicidade, ainda que relativa, e o sofrimento são resultados das nossas escolhas atuais ou pretéritas. Jesus também chorou, muitas vezes, de tristeza, vendo a humanidade se desinteressar pela verdade, e recolheu-se em oração.

Chorar faz bem. A intensidade da lágrima é proporcional a emoção do momento e lava-nos a alma. Não tem contra-indicação chorar, é necessário enfrentar a situação. Há os que concordam que chorar é sinal de força, de ter coragem de viver aquela emoção. O confronto com as próprias emoções ajuda na transformação. Chorar é a "dor do crescimento". Não devemos, com isso, alimentar a tristeza, mas procurar compreendê-la, e isso só é possível se a deixamos fluir em nosso ser para que dê lugar a reflexão. Assim, a tristeza é percebida como algo saudável, pois que serve para o despertar e a valorização da condição moral e espiritual. Essa inquietação já representa emancipação da alma.

A lágrima não expressa somente tristeza ou dor. Chora-se de alegria diante do nascimento de uma criança, do enlace conjugal, quando se conquista algo tão almejado. Chora-se diante da beleza da natureza, quando observa-se a grandeza de Deus em tudo o que existe, quando silenciamos e entramos em contato profundo com o nosso Anjo Protetor, e, então, somos tomados de emoção. A lágrima, seja de dor, de tristeza ou de alegria, serve para nos lembrar que somos todo emoção. A emoção é um movimento que nos leva a uma reforma íntima. É o abalo moral que nos faz pensar sobre o que verdadeiramente somos. A emoção é para que se mova, e não para que se fique parado, contido nela.

Cientificamente, chorar faz bem para a saúde orgânica. Segundo pesquisadores, a lágrima tem um componente químico que produz efeito analgésico, e um outro componente que produz bem-estar e alívio semelhante a morfina, a leucina encefalina, produzida pelo encéfalo. Quem chora tem menos propensão aos problemas cardíacos, porque libera o ar que compromete a artéria do coração. Estudos comprovam que chorar limpa os olhos (glândula lacrimal), ajudando a melhorar a visão. Constatou-se, também, que chorar diminui o índice de Manganês no organismo. A diminuição do Manganês no organismo trás sensação de alívio e bem-estar. 

Se chorar faz bem, sorrir faz um bem maior ainda. Sorrir, e não gargalhar de tudo e de todos, fazendo pouco caso das situações, como expressão de sarcasmo. Sorrir como sinal de fé e esperança. A fé é o melhor remédio para as dores da alma (E.S.O.). Sorrir é caridade, doando-se amor àqueles que sofrem e choram. Sorrir com o coração aberto, transbordando a luz que é você. Sorrir é tão sublime, que para descrever com maior precisão a beleza e os benefícios que trás o sorriso, transcrevo de Meimei, Sorriso, psicografia de Francisco Cândido Xavier: 

SORRISO

"Onde estiveres, seja onde for, não olvides estender o sorriso, por oferta sublime da própria alma. 
Ele é o agente que neutraliza o poder do mal e a oração inarticulada, que inibe a extensão das trevas. 
Com ele, apagarás a plantação o fogo da cólera, cerrando a porta ao incêndio da crueldade. 
Por ele, estenderás a plantação da esperança, soerguendo almas caídas na sombra, para que retornem à luz. 
Em casa, é a benção da paz, na lareira da confiança. 
No trabalho, é música silenciosa incentivando a cooperação. 
No mundo, é chamamento de simpatia. 
Sorri para a dificuldade e a dificuldade transformar-se-à em socorro de tua vida. 
Sorri para a nuvem, e ainda mesmo que a nuvem se desfaça em chuva de lágrimas nos teus olhos, o pranto será conforto do Céu, a fecundar-te os campos do coração. 
Não te roga o desesperado solução do enigma de sofrimento que lhe persegue o destino. Implora-te um sorriso de amor, que remove as forças, para que prossiga em seu atormentado caminho. 
E, em verdade, se os famintos e os nus te pedem pão e agasalho, esperam de ti, acima de tudo, o sorriso de ternura e compreensão que lhes acalme chagas ocultas. 
Não condenes as criaturas que se arrogaram aos precipícios da violência e do crime. Oferece-lhes o sorriso generoso da fraternidade, que ajuda incessantemente, e voltar-se-ão, renovadas, para o roteiro do bem. 
Sorri, trabalhando e aprendendo, auxiliando e amando sempre. 
Lembra-te de que o sorriso é o orvalho da caridade e que em cada manhã, o dia renascente no Céu é um sorriso de Deus".

Então, deixe a emoção fazer vibrar o seu coração. Sorria e chore de emoção, você está vivo!
Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"A dor é uma benção que Deus envia a seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo-poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no Céu. Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei da caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência". 
(Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos, cap. IX; 7. O Evangelho Segundo o Espiritismo).










terça-feira, 14 de outubro de 2014

A FELICIDADE ESTÁ EM DEUS


Em: 07/11/2014; às 20 h e 30 min.

Encontrar o "verdadeiro" amor e ser feliz é o que todos almejamos na vida. No entanto, ao que parece, só sofrimentos encontramos. A Terra parece um lugar de sofrimentos, enganos e dor. As pequenas alegrias que vivemos são passageiras. Bem não saciamos um desejo, e este já não nos alegra mais. Estamos sempre insatisfeitos com o que conquistamos e com vazio espiritual. Sempre em completo estado de ansiedade por acontecimentos que nem sempre se concretizam. Estamos sempre nos antecipando aos fatos, e desejosos que tudo se resolva em um único tempo, o mais breve possível, de tão intensa a nossa necessidade de satisfação. Somos extremamente imediatistas que desacreditamos do futuro que Deus nos reserva e nos aguarda. Então, nos desesperamos.

O amor é a purificação dos sentimentos, o refinamento das emoções, a lapidação dos instintos. Somente os Espíritos evoluídos possuem este sentimento. Esse amor que acreditamos buscar e que nos faz sofrer de tal forma ao ponto de cometer atrocidades, não é o "verdadeiro" amor. Paixão não é amor. Amor é o sentimento puro, livre de qualquer imperfeição, o qual ainda não alcançamos na Terra. Os Espíritos não podem aspirar à perfeita felicidade enquanto não estão puros: toda mancha lhes impede a entrada nos mundos felizes (E.S.E., cap. V; 10).

Os Espíritos imperfeitos estão no estágio das emoções. Joanna de Ângelis coloca "nós somos totalmente emoção", e a emoção sabota a razão. Paixão é uma emoção e, emoção não é sentimento, emoção é um mover moral (abalo moral). Logo, está ligada ao "Ego" e não ao "Eu". Quando desejamos matar ou morrer pela "perda" de um grande amor, não é pela pessoa amada que o queremos, é pelo abalo moral. O "Ego" é atingido pela frustração dos nossos inconfessáveis desejos. O Ego ferido sofre em alvoroço (emoção), agita-se. Esse movimento está muito longe de ser um sentimento sublime. O amor é sereno, nada o abala.

Quanto mais materialista o Espírito, mais contrário é seu movimento em direção ao verdadeiro amor, ou seja, mais distante está do sentimento. No plano terreno, ainda somos Espíritos muito ligados à matéria, somos apegados ao nosso corpo físico e a tudo que a ele esteja ligado, por isso, ainda agimos mais pela emoção do que pela razão. O verdadeiro amor é racional e não passional. A razão é do "Eu" (espírito), a emoção é do "Ego". Logo, mata-se por orgulho, vaidade e egoísmo, e nunca por amor. O verdadeiro amor vive e deixa viver.

Os Espíritos mais primitivos só têm instinto. O instinto está diretamente associado à lei de conservação, segundo os Benfeitores Espirituais, daí a expressão "instinto de sobrevivência" ou, "de conservação", e, a causa de todos os vícios: o orgulho, o egoísmo e a vaidade. O Espírito primitivo ainda não reconhece sua existência fora da matéria, por isso, luta para manter sua existência corpórea à todo custo, precisando aniquilar o outro, ele aniquila. Não se vê como Espírito imortal. Porém, todos, um dia, deverão alcançar a perfeição moral e conhecer o amor, o sentimento mais sublime, próprio dos Espíritos Puros. 

A Terra, sendo um plano de provas e expiações é um lugar ainda onde permeiam o sofrimento e a dor. A Terra é o lugar perfeito para trabalhar as nossas imperfeições. Como "hospital-escola", a Terra é o reformatório das almas. É o espaço onde os Espíritos reencarnam para tratar o amor doente (paixão) e se educar para a felicidade eterna. Nós reencarnamos para aprender o amor. Se tivéssemos aprendido a amar não mais precisaríamos encarnar. Deus não criou seus filhos para o sofrimento, e sim, para a felicidade eterna. Somos nós quem criamos o nosso sofrimento, por ainda não conseguir compreender os ensinamentos do Pai. E, aqueles que não são causadores de seu próprio sofrimento, experimentam-o para honra e glória do Senhor.

Jesus não precisava reencarnar entre os homens, pois, já era um Espírito Puro. Encarnou no corpo de um homem para honra e glória do Pai. Assim, também, é nos dado algum sofrimento ou dor, não por castigo, mas para que o nome do Pai seja exaltado. "Aquele que quiser ser o maior, seja o que vos sirva. Porque todo o que se exalta será humilhado; e todo o que se humilha será exaltado" (Lucas, XIV: 1, 7-11). Jesus foi exemplo de humildade e mansidão, servindo ao Pai, para que todos aqueles que seguissem os seus ensinamentos fossem salvos no amor de Deus. "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele" ( João 14:21).

Sofremos porque buscamos o supérfluo. Almejar não é o mesmo que buscar. Almejar é ansiar, desejar ardentemente (dicionário da língua portuguesa). Almejamos a felicidade e o amor, mas, não fazemos por encontrar a felicidade e o amor,  mas, ir ter o supérfluo. Deus está sempre nos mostrando a vida que devemos ter e fazer. No entanto, não prestamos atenção aos sinais deixados por causa da nossa ânsia em ter. Temos a pseudo ilusão de que a felicidade consiste em "ter", e não nos damos o trabalho de fazer como ensina o filósofo da Antiguidade e reforça Santo Agostinho: "Conhece-te a ti mesmo". A felicidade não está no que não se tem. O maior de tudo não é o que possuímos, o mais importante é o que somos e o que fazemos de nós mesmos. Todos somos centelhas Divina, somos amor.

Preciso é amadurecer o nosso sentimento. Amadurecer não significa somente tomar as decisões acertadas, mas, aprender a lidar com as decisões tomadas. Muitas vezes, estamos carregados de desejos inúteis, que se tornaram um fardo, fazendo-nos sentir pesados e cansados. Então, porque não se livrar desse fardo, que só causa frustração e mata o Espírito? Porque não atender ao chamado do Cristo: "Vinde a mim todos os que andais em sofrimento e, vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus, XI; 28-33).

A macieira carregada de belos frutos é linda, mas, se não forem arrancados a tempo, os galhos se quebram com o peso dos frutos, morre-se os frutos e a árvore também. Bem assim, é o homem, é preciso a cada tempo arrancar o peso de si, ainda que lhe pareça bonito, e libertar-se do fardo da ilusão para que não morra. Deus dará o auxílio necessário para que ele se fortaleça e fique de pé.

É preciso colocar Deus em nossa vida para ser feliz. O homem não deve esquecer-se jamais de que está no mundo inferior, onde só é retido pelas suas imperfeições. A cada vicissitude, deve lembrar que, se estivesse num mundo mais avançado, não teria de sofrê-la, e que dele depende não voltar a este mundo, desde que trabalhe para se melhorar (E.S.E., cap. V; 6). A verdadeira felicidade está em Deus. Deus é amor. E por amor, enviou-nos o vosso Filho, para que não conhecêssemos as trevas. Ninguém tem amor maior do que este. Assim, Jesus é a luz, o sinal que devemos seguir. O seu mandamento: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Toda moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Assim, Jesus coloca a caridade como condição única da felicidade futura (E.S.E., cap. XV; 3).

Nós também somos fonte de amor porque somos feitos da emanação Divina. Logo, a felicidade está em nós e não fora de nós. Não a encontramos porque não nos colocamos onde ela verdadeiramente está. Disse Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai (...) quem me vê a mim vê o Pai (...)" (João 14: 6-7). Quando aceitamos Jesus, estamos em Deus e o seu amor se manifesta em nós. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus (Romano 8:15).

A verdadeira felicidade não é deste mundo, mas, da vida eterna. Jesus já ensinou isso: "Meu Reino não é deste mundo. Tende bom ânimo, eu venci o mundo". A vida material se extingue. Tudo material não existe, é ilusão, se findará com o corpo físico que não mais terá necessidade alguma de ter. Não se pode alcançar o que não existe. Fica-se atrás... atrás... mas tudo se transforma, por isso, não conseguimos encontrar satisfação na Terra, a não ser ilusória. Somente o que não se vê é o que verdadeiramente existe. A verdadeira felicidade, a que tanto almejamos, só existe no mundo que não vemos, mas, que é o real, e, por isso, podemos alcançar, o Mundo dos Espíritos Puros, onde a felicidade e o amor reinam soberanos. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Bem-Aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus" (Mateus, V:8).
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII; 1)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

RENOVAÇÃO



Em 25/09/2014; às 08:00hs.

Cada dia que amanhece é um convite para recomeçar. A vida se renova a cada instante, o que agora é, em um segundo já não mais será, tornou-se passado. A vida se movimenta. A vida é dinâmica, está em movimento constante e, por isso, renova-se a todo instante. A vida está sempre mudando. Renovação é tornar Nova a Ação. É fazer um novo começo. "Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer" (Emmanuel, Ceifa de Luz)

O dia de hoje é uma dádiva dos Céus, um presente de Deus para que possamos renovar nossas ações. Renovar não é negar o velho, mas, dar um novo significado. Somente o presente pode oferecer algo de novo. O passado é o que já foi, deve ficar para trás onde está flexionado. O futuro é uma incógnita, um segredo de Deus em nossa vida. Somente no presente a vida pode se realizar. O passado não volta, é o hoje renovado. O futuro é a nossa ação que se renova a cada dia, pois, o propósito da vida é progredir.

A vida não é um movimento linear uniforme, porque a mudança não é linear. A mudança ocorre o tempo todo em movimentos sinuosos. A mudança ocorre na ação. A ação é um processo criativo que acontece de dentro para fora. A reação é querer consertar o que não tem remendo. É um movimento contrário onde se desprende um maior gasto de energia, sem nada mudar. Confrontar é olhar de frente. Porque idealizamos, passamos a combater a realidade em vez de movimentar-nos com a realidade. A realidade é um processo, e não se pode segurar um processo, é ficar preso, por isso, muita gente fica presa ao passado, não se permite seguir no movimento da vida. 

Sem aceitar as mudanças, fica-se preso a um problema. É preciso sair do problema (ir para fora) e construir algo novo e não se prender ao problema. Nós é quem criamos o problema, porque estamos muito identificados com o nosso Ego. É o nosso Ego que nos dificulta soltar do problema e criar algo novo. O super apego ao Ego é que nos impossibilita renovar. O orgulho nada mais é que a super valorização do Ego, pai de todos os vícios.

A vida é auto-organização. Sentir a vida é um trabalho interior, é preciso autoconhecimento, identificar-se como pessoa de verdade com qualidades e fraquezas. A percepção está no nosso modo de olhar. O problema em si não é o problema, mas é a forma de se olhar para o problema. É preciso mudar nosso olhar para a vida e representar a vida de uma nova forma. É preciso sentir a vida e compreender que a morte é parte do corpo, e não separada do corpo. Transformação é morte. Morre-se para transformar-se em outra coisa. Transformação é mudar na essência, tocar na raiz de forma irreversível. Mudança não é transformação. A transformação é mais profunda, se dá quando se esgota toda as possibilidades de mudança. A morte nos trás a lucidez de que somos Espíritos imortais.

Quem ingressa no Espiritismo é naturalmente levado a transformação moral, pois é a Doutrina do Evangelho de Jesus, busca-se não ser mais violento, nem ingrato, nem maledicente, leviano ou infiel, qualidade de um Espírito Elevado. Quando se busca viver os ensinamentos de Jesus, o homem velho morre, transforma-se em um novo homem. Um homem renovado é um homem com novas ações. Renasce para a vida. Compreende que tudo o que existe de visível e palpável é ilusório, por isso, transitório. Mas, o que não se vê, o Espírito, é perene. A vida que anima o corpo não perecerá porque não veio do corpo, mas, já existia antes do corpo. O que veio do corpo, com o corpo perecerá. 

"O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pelas generalidades das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que para ele os tempos são chegados". (A Gênese, Allan Kardec, cap. XVIII, item 25).

O orgulho, a vaidade, o egoísmo são frutos da falta desse conhecimento. Todos esses vícios, segundo os Benfeitores Espirituais, nasceram da necessidade de sobrevivência, ou seja, do instinto de conservação. O homem, temendo a morte por não compreender a existência da vida espiritual, colocou nos bens materiais a essência da vida. O homem por medo de morrer de fome, de frio, passou a acumular bens terrenos e a brigar por eles. Passou a olhar o outro como inimigo e a lutar entre si para defender seu território. O medo da morte passou a conduzir o homem no mundo tornando-o avarento, egoísta e cruel.

Allan Kardec questiona os Espíritos (L.E. questão 704): "_ Deus, dando ao homem a necessidade de viver, fornece-lhe sempre meios?". Os Benfeitores Espirituais respondem-lhe: "_ Sim, e se não os encontra é porque não os compreende. Deus não poderia dar ao homem a necessidade de viver sem dar-lhe os meios, por isso faz a terra produzir para fornecer o necessário a todos os seus habitantes, porque só o necessário é útil; o supérfluo não o é jamais".

Contudo, o homem evoluiu do instinto para o sentimento. O homem do nosso tempo, da Era dos Espíritos, precisa abandonar essa visão de mundo e deixar de sofrer por coisas supérfluas. O Espiritismo vem mostrar que a verdadeira essência da vida é o Espírito, ou seja, que a verdadeira essência do ser está nele mesmo, e ele buscá-a, desesperadamente, fora de si, causando o seu próprio sofrimento. Deus é amor. Deus como amor não deixou o sofrimento para nenhum de seus filhos amados. Deus não deixou dor e nem tormento, e se os permite é para honra e glória do Seu nome.

O homem, filho rebelde e ingrato, sem buscar conhecer os ensinamentos do Pai, e confiar nos seus propósitos, é quem criou as dores do mundo. Ainda assim, Deus, soberanamente bom e justo, na sua infinita misericórdia, deseja resgatar-nos a todos, convidando-nos a nos abraçar como irmãos. O próprio Cristo coloca-se na condição de irmão, filho do mesmo Pai, quando nos ensina, em oração "Pai Nosso, que estais no Céu ...". Jesus mostra que somos uma família universal. Se olhássemos para o outro como irmão e não como ameaça, viveríamos a paz.

Como esclarece Santo Agostinho (Revista Espírita),"não há mais do que uma única e mesma família sobre a Terra, como não há senão um único Pai no Céu". Para que a vida coletiva possa vingar, é necessário que os integrantes do grupo social tenham fortemente arraigados em si a noção de que as relações sociais somente serão satisfatória se o homem respeitar o outro com quem ele se relaciona. "Amai-vos uns ao outros como eu vos amei" (Jesus).

O nosso Pai é Deus, devemos honrá-Lo e amá-Lo com sinceridade. No entanto, lamentamos e reclamamos da vida, colocando-nos na condição de vítimas, sendo profundamente ingratos com Deus, nosso Pai. Esquecemos que Deus só permite um mal se por um bem maior. A ingratidão é fruto do orgulho que não nos permite enxergar a generosidade do Pai Altíssimo. Ser grato é ser humilde, é reconhecer que somos Espíritos imperfeitos e pequenos diante da grandeza de Suas obras. Jesus foi o maior modelo de humildade e mansidão. A gratidão é uma virtude que devemos buscar.

Gratidão não é somente retribuição. Gratidão é antes um sentimento de reconhecimento e amor, como ensina Joanna de Ângelis (Psicologia da Gratidão). Devemos ser gratos antes mesmo de receber, mantendo a alegria. Devemos manter o bom ânimo e alegrarmo-nos no Senhor, para que as coisas aconteçam, e não somente quando as coisas tenham acontecido. Jesus nos ensina: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33). Quando Deus não permite realizar o desejo de um filho é porque Ele tem um outro propósito. "Porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8). Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (idem).

O Espiritismo convida-nos a rever nossos conceitos e aprender com Jesus os meios de renovar as nossas ações, modificando os nossos instintos ainda tão arraigados em nosso ser, e elevarmo-nos à condição de verdadeiros cristãos, como irmãos em Cristo que somos. A Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma porta aberta para a Renovação do Espírito. Jesus convida-nos, através do Evangelho, a nossa Reforma Íntima. Ensina a sermos como Ele, exemplo de amor e humildade, buscando o caminho do bem. Ensina a gratidão como reconhecimento do amor de Deus, uma virtude que nos conduz a caminho da esperança. Porque em esperança somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, esperamos o que não vemos, com paciência esperamos (Romanos 8) Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"Orgulhosos! Que fostes, antes de serdes nobres e poderosos? Talvez mais humildes que o último de vossos servos. Curvai, portanto, vossas frontes altivas, que Deus as pode rebaixar, no momento mesmo em que as elevais mais alto. Todos os homens são iguais na balança divina; somente as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os corpos foram feitos da mesma massa. Vossos títulos e vossos nomes em nada a modificam; ficam no túmulo; não são eles que dão a felicidade prometida aos eleitos;a caridade e a humildade são os seus títulos de nobreza".
(Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, cap. VII; 11. O Evangelho Segundo o Espiritismo)