sexta-feira, 26 de junho de 2015

MÉDIUNS: SOLDADOS DE CRISTO (médium e mediunidade)



Em: 25/06/2015; às 16:00 hs.


Nestes dias em que tenho permanecido em casa por conta do tratamento de reconstrução da face, afastada do meu trabalho, da Faculdade, e das atividades no Centro Espírita, tenho me perguntado frequentemente: _Como tenho tratado a minha mediunidade? 

O Divino tem uma maneira muito peculiar de reciclar nossa visão planetária. Essa "pausa", em tudo na minha vida, tem me permitido lançar um novo olhar sobre as minhas atitudes comigo mesma. Parece que foi necessário distanciar-me de tudo para tomar consciência do que verdadeiramente sou, e o que represento neste Universo, e, assim, poder ter o domínio sobre mim. 

Nós aprendemos a "reagir" e não a "agir" às situações. Agir é ir no sentido da situação. Reagir é um movimento contrário a situação, é como remar contra a maré, desprende-se maior energia. Somos seres ativos e não passivos no Universo, não estamos aqui só para receber, mas, para fazer acontecer. Somos atores protagonistas da nossa própria existência.

Eu percebo neste processo de reconstrução da face uma nova oportunidade de vida, um novo recomeço. E, quero fazer melhor. As mudanças externas são resultados da nossa mudança interior. Assim, como as causas dos nossos sofrimentos físicos são antes morais, como revela-nos o Espírito Emmanuel. Tudo se dá de dentro para fora, apesar de acreditarmos, não raramente, o contrário, e, dessa forma, passamos a necessitar do que está fora. Somente passamos a perceber esta verdade quando conseguimos interrogar com sinceridade a nossa própria consciência, praticando o que Santo Agostinho nos ensinou: "Conhece-te a ti mesmo" (L. E., questão 919) e, retiramo-nos do papel de vítima.

Tenho estado inquieta, pareço pequena demais para acomodar o que está dentro de mim. Preciso expandir-me. Nesta inquietude, voltei a perceber a presença dos Amigos Espirituais ou Guias, como queiram tratar, da Linha da Umbanda, na qual, à princípio, fui confirmada (batizada). São sonhos com as Entidades da Umbanda, desdobramentos, uma estranha necessidade em revê-los, ou, rever minha condição de médium. Sei que nada é por acaso, porém, desconheço os desígnios de Deus. Hoje, trabalhando num Centro Espírita, não posso esquecer a minha ancestralidade nagô. 

A mediunidade, no entanto, não depende da nossa ancestralidade, ou de nossas crenças, ou religião. Ser ou não ser Espírita, não importa! Nem todo médium é espírita. Mas, todo espírita é, em algum grau, médium. Em outras palavras, não existe mediunidade da Umbanda e mediunidade do Espiritismo, essa secção é dada por aqueles que ainda desconhecem os fundamentos das Leis Divinas. Todos somos convidados ao trabalho. Todos temos uma função no Universo, pois que, Deus é Inteligência Cósmica. O que não tem função no Universo, não tem espaço no Universo. (ver parábola da figueira seca).

Conforme nos esclarece Divaldo Franco (médium e palestrante espírita), a mediunidade é uma faculdade da alma humana, assim como a inteligência. Sendo inerente a alma humana, somente os homens a possui. Segundo o palestrante, nascemos médiuns ou podemos desenvolver a mediunidade sutil, mas não a ostensiva. Existe, ainda, a mediunidade compulsória. A mediunidade exige disciplina para cumprir os propósitos a que se destina. A mediunidade segue um grau de evolução. É preciso abnegação e dedicação para atingir a evolução mediúnica. A evolução mediúnica não está associada a evolução do Espírito, visto que é orgânica. Logo, tanto intelectuais como os mais rudes podem possuí-la.

A mediunidade é uma prova, e prova significa aprender. É a oportunidade de aprender, de evoluir reparando as faltas cometidas em existências pretéritas. Logo, a mediunidade é para o bem. Quem deixa de fazer o bem, ainda que por ignorância, não deixa de ser responsabilizado pelos seus atos. Entretanto, Deus, na sua justiça soberana, sabe a medida de todas as leis. 

Os médiuns encontram no Espiritismo a compreensão e o suporte necessário para o seu desenvolvimento na Seara do bem, através do Evangelho do Cristo, ensinamentos de alta elevação moral. 

O Espírito Erasto chama a atenção para a missão dos espíritas:

"Oh, verdadeiros adeptos do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora que deveis sacrificar os vossos hábitos, os vossos trabalhos, e as vossas futilidades, à sua propagação" (E. S. E, cap. XX; 4).

Na Umbanda não é diferente. Os médiuns são chamados a soldados de Cristo

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, inclusive os médiuns que não venceram a vaidade, os médiuns não são seres especiais. São os próprios Guias Espirituais quem nos esclarecem: "no plano terreno, ninguém é superior". Todos estamos aqui para o progresso moral. "Somos os artífices de nós mesmos, a Doutrina já nos assegura; e construir é viver em plenitude os compromissos que esposamos" (Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001). 

Dessa forma, não há problema algum com a mediunidade ou "mediunato", palavra citada pelo Espírito de Joana D'Arc, no Livro dos Médiuns (Allan Kardec, 1861), que significa "Missão Mediúnica", não só no significado, mas no exemplo. Mediunidade é uma benção, não é um problema. O problema quase sempre é o médium. 

Na tentativa de desmistificar e esclarecer um pouco sobre a ideia equivocada que ainda algumas pessoas menos informadas têm sobre a mediunidade, e o preconceito gerado contra os Trabalhadores Espirituais da Linha da Umbanda, e por extensão, aos seus médiuns, ou "cavalos", como são denominados, venho buscar contribuir com uma belíssima explanação do Espírito Tranca Ruas (Exú), através do seu médium, Luiz Carlos Okabayashi (NUC-J, 2014). 

Tudo o que é ortodoxo se fecha para o novo, e, é preciso abrir-se para as transformações sociais. Devemos deixar o sectarismo religioso. É preciso estar aberto para toda esfera do conhecimento. Não estamos mais no século dezoito, e, este é um momento importante, em que devemos rever os nossos comportamentos e assumir uma nova postura no trabalho do bem, principalmente, no segundo milênio, porque as forças que se mantinham oculta, segundo Tranca Ruas, as forças dos Magos Negros, estarão presentes. Estamos vivendo esse período negro. A Umbanda vem como força de vanguarda para lutar contra essas forças.

"Todos tem deveres a cumprir. O último dos pedreiros não concorre para construir o edifício tão bem como o arquiteto?" (L.E. questão 559). 

Segundo o Espírito Pai Antônio, a Umbanda foi pensada em cima de um contexto social, cultural e ético do Brasil. Muitos são os agrupamentos espirituais que respondem dentro da Umbanda por nomes simbólicos e apresentam-se através da roupagem do arquétipo dos Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Boiadeiros, Ciganos, Exús e Crianças. Outros grupos de Espíritos também precisam ser considerados, por exemplo: Elementais, Elementares e Encantados. (NUC-J, 2014). 

O Espírito Tranca Ruas (2014), esclarece que o Espírito antes de reencarnar ainda não tem nada de mediunidade, ele tem compromisso. O Espírito recebe um corpo, pois, ninguém reencarna sem um corpo preparado. O Espírito tem o comprometimento para ser utilizado, e o corpo será moldado. Neste momento, Espíritos estão sendo chamados para conduzir-lhe a caminhada mediúnica. São estes: os Espíritos de Frente ou, de Cabeça (Orixás), o Mentor Espiritual (Anjo da Guarda), e os Amigos Espirituais ou Guias de Trabalho (Socorristas). 

Agora, além da oportunidade, o médium tem a responsabilidade da mediunidade, muitos Espíritos irão participar. Então, esta oportunidade voltada para si, agora é uma obrigação, não é um dever. Quando você é responsabilizado pelo órgão judicial, você tem a obrigação de cumprir, e não é um dever, isso é uma responsabilidade. Junto a Justiça Maior, a responsabilidade agora é uma obrigação, diante de todo compromisso que você está assumindo. (Tranca Ruas: 2014).

Os Espíritos de Frente (Orixás de cabeça) são dois: um positivo e um negativo. Denominam-se Orixá de frente e Adjunto (de lado). Somente para esclarecimento: Orixás na Umbanda são emanações divinas, não incorporam. É a linha de vibração que o médium está ligado. De acordo com alguns estudiosos da Umbanda, os "falangeiros" ou "Caboclos" aproveitam as energias dos Orixás para o trabalho. O médium, em transe mediúnico (estado alterado de consciência), vai buscar lá na sua existência passada, na África (ancestralidade). 

Na Umbanda o "animismo" é positivo. Animismo não é mistificação, é a manifestação da alma do médium. Manoel Philomeno de Miranda considera que, mesmo nas melhores comunicações, cinquenta por cento da comunicação mediúnica é do Espírito, e cinquenta por cento é do próprio médium, mesmo entre os médiuns considerados "bons médiuns". O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, vai nos trazer que, "o bom médium é aquele que nunca se deixou enganar". Mistificação é fraude ou embuste, ou seja, o médium finge a comunicação, ou, um Espírito se faz passar por outro indevidamente.

Segundo Tranca Ruas (NUC-J, 2014), Olorum (Deus) irradia sete virtudes básicas (fé, amor, conhecimento, justiça, lei, evolução e geração), energias primas que são representadas pelas sete divindades (Orixás). Cada criatura na sua essência está ligada a uma destas virtudes. O Guia de Frente é decidido segundo a necessidade do médium na programação reencarnatória. Porém, no caminho evolutivo poderemos necessitar caminhar em outras virtudes, dessa forma, o Guia de Frente pode mudar.

O Mentor Espiritual é o que conduzirá sua tarefa mediúnica (nem sempre se manifesta). Os Trabalhadores Espirituais ou Amigos Espirituais unem-se com o propósito de trabalho conjunto, isto não significa que se o médium falhar, ele o seguirá. 

Quando se forma o Agrupamento Espiritual para preparar antecipado o corpo do médium, o médium faz parte desse grupo. O médium deve para a comunidade, ao seu próximo. A mediunidade é uma proposta para servir. O médium, assim, é um servidor e a mediunidade é a sua oportunidade de servir. Logo, a mediunidade deve ser entendida como "coisa santa", pois, é uma ferramenta que nos é dada por Deus.

Segundo Tranca Ruas alerta:

"Quantos não são os médiuns que acreditam, porque falharam naquele agrupamento, que aqueles Espíritos estão lhe acompanhando; "_ meus guias, meus pretos-velhos, estão comigo". Acreditam que os Guias Espirituais vão compactuar com a ociosidade, o orgulho e a vaidade. Os bons se afastam, dando lugar àqueles que o médium tem preferência em conviver. Falta-lhe bom senso! Quando é que um Guia vai ser "seu"? Isto é orgulho e vaidade. Como acreditar que alguém vai estar ao seu lado quando você não merece. Faça jus ao compromisso que você assumiu, e terá a companhia dos Bons Espíritos".

O Anjo da Guarda, todos nós temos. Contudo, ele não é um para cada um. Há Espíritos que tutelam milhares, outros centenas, outros dezenas. A depender da missão, existem muitos Anjos da Guarda para acompanhar um único Espírito. São Espíritos elevadíssimo, servem de Mentores por anos, décadas, séculos e milênios, a depender da missão. Se o médium tem tanta assistência assim, então a sua missão é grande, Os médiuns gostam de acreditar que há muitos Mentores à sua volta, faça por merecer, e terá! Trabalhe, arreigasse as mangas, ofereça o seu coração, e terá muitos mentores, não faça nada disso que eles estarão bem longe de você. A mediunidade é coisa séria! (Tranca Ruas: 2014).


Os Espíritos Superiores "comunicam-se voluntariamente com aqueles que procuram a verdade de boa fé e que têm alma desligada dos laços terrenos para compreendê-la. Distanciam-se daqueles que se animam só de curiosidade ou que a influência da matéria afasta da prática do bem" (L. E., livro II, cap. I). Na verdade, não são os Benfeitores que se afastam. O bem nunca se retira, é o mal que o distancia.

O Espírito Tranca Ruas argumenta que o compromisso vem junto com o trabalho que vai ser proposto no grupo em que o médium vai trabalhar, na comunidade ou individualmente. Ele esclarece que por isso há tantos médiuns perturbados, ou, em Casas de Manicômios, porque faltaram com a responsabilidade junto ao que receberam do Divino.

Mediunidade não se dá a esmo e sem motivos. A necessidade da criatura movimenta as forças maiores do Alto para lhe dar um corpo, para lhe dar um grupo, para lhe abrir um caminho. Não siga este caminho, não atenda a sua responsabilidade e agora você terá um compromisso na Justiça Maior, e pagará por isso. Isto é mediunato, não é brincadeira! (Tranca Ruas; 2014).

O médium, uma vez sendo conhecedor de sua mediunidade, deverá se preparar em três etapas: (1) pela consciência; (2) pela educação mediúnica  e, (3) pelo preparatório (individual ou em grupo). 

Não diga o médium "_ eu não sabia". Todo aquele Grupo Espiritual procurou-lhe em sonhos, advertiu-lhe, colocou-se na frente, em seu caminho, avisando-lhe. O médium tem percepção do Mundo Espiritual onde está, independente de sua condição moral ou Espiritual. O problema é que fechamos os olhos, somos muitos egoístas, fugimos das responsabilidades (Tranca Ruas: 2014). Errar por não saber é perdoável, saber e não fazer não tem desculpas!

Atualmente, os médiuns são conduzidos pelos grupos espirituais que os orientam para receberem informações no Mundo Espiritual, com auxílio da Projeção Astral (desdobramento). Para que isto ocorra, é necessária a preparação íntima do médium, colocando-se vibratoriamente em condição. 

"Sei que sou um Espírito imperfeito e muito endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e burilar-me, perante as Leis de Deus". (Francisco Cândido Xavier)

Depois da consciência, vem a Educação Mediúnica. Se o médium não tiver aprendizado para conduzir, o que não é fácil como se imagina, a educação mediúnica faz-se necessária. A educação mediúnica é um esforço pessoal. Exige em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educação moral e, como consequência, o exercício e a vivência na conduta cristã. 

A conduta moral é condição sine qua non para o trabalho mediúnico. Como recomenda Joanna de Ângelis: "Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Leis Morais da Vida, de Divaldo Franco, cap. 60). 

Como advertem os Espíritos, não basta dizer-se cristão, nem tão pouco sentar-se à mesa para participar do banquete celeste. É necessário, antes de tudo, e como condição expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a lei segundo o espírito, pois essa lei se encontra inteira nestas palavras: Fora da Caridade não há Salvação. Jesus disse: "Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos" (E. S. E. cap. XVIII; 2).

O médium tem a responsabilidade de se preparar, sem a qual acaba por se tornar joguete nas mãos dos Espíritos perturbadores. Não estude, a responsabilidade é sua. Não se prepare, a responsabilidade é sua. Você é quem vai responder! (Tranca Ruas:2014). Jesus já nos alertava: "A cada um será dado segundo as suas obras" (Mateus 16; 27). Contudo, em Deus não há castigo, somente aprendizado.

Conforme o Espírito Tranca Ruas, nestes preparatórios muitos médiuns se perdem. A vaidade e o orgulho no médium quase sempre os arrastam por caminhos dolorosos. As trevas utilizam-se dessa vulnerabilidade na moral do médium, provocando discórdias, intrigas, ou seja, a desunião no grupo.

Para Tranca Ruas, não é impossível de o médium se preparar sozinho, mas as chances são de um em um milhão. Ele adverte que o melhor meio de preparar-se para o desenvolvimento natural da mediunidade é o seu burilamento íntimo e o equilíbrio mental. O trabalho em grupo é chamado pela Espiritualidade de "Terapia de Grupo". Quase sempre somos reprovados!

O grupo é necessário, mas, o problema é que não nos curvamos às disciplinas exigidas. Não temos responsabilidade, e, ainda, sofremos as algemas de todos os sentimentos que nos afastam do bem. A pretexto de verdades ou opiniões que defendem orgulhosamente, tornam-se instrumentos da discórdia e trabalhadores das trevas. (Tranca Ruas:2014).

Os médiuns exigem disciplina dos companheiros, mas quando submetidos a ela, acabam arrumando uma desculpa e, afastam-se! Segundo Tranca Ruas, orgulhosamente, afasta-se das tarefas de um grupo quase sempre sem responsabilidade alguma. Esquecem-se por completo a própria responsabilidade na tarefa. Dessa forma, o médium acaba por ficar encarcerado no próprio orgulho, e algemado nas suas vaidades (Tranca Ruas:2014).

Quantos não são os médiuns que se perdem desde o começo! Não sabem utilizar a virtude da humildade. Sentem-se "reis". Apresentam-se como reis, em grupos, e esperam assim ser reconhecidos, e quando são chamados à "faxina" acham que não fazem parte daquele grupo e procura outro. Os médiuns acabam por assim dizer, pulando de galho em galho, acreditando que estão sendo conduzidos por seus Mentores, o que afirma Tranca Ruas, é mentira! (idem).

Parafraseando Tranca Ruas (2014) o bom médium é aquele que trabalha em qualquer lugar, submete-se com humildade ao trabalho. Há conveniências, é verdade, mas, o plano Espiritual o conduz, e, quase sempre, não é necessário. Contudo, o médium gosta de dizer:  "_ o meu Mentor vai me levar para outra casa", o que é uma inverdade. 

Quanto ao Mecanismo Mediúnico, o Espírito Tranca Ruas (2014) chama a atenção para o fato de que, há quarenta anos já não mais reencarnam "médiuns inconscientes". Os Guias Espirituais precisam de médiuns ativos, participando da tarefa e assumindo maiores responsabilidades no trabalho mediúnico. Afirma que em cada um milhão de médiuns, apenas um é inconsciente, porque hoje existe consciência e antes não, hoje existe responsabilidade, e antes não. Pode haver alguns levados a semi-inconsciência, em momentos necessários. (NUC- J; 2014).

O Espírito Tranca Ruas chama a atenção para a Comunicação Mediúnica. Ele coloca que a mediunidade é um fato, uma realidade, porém, sútil. O médium precisa sintonizar vibratoriamente com o Guia Espiritual, sem o qual não haverá comunicabilidade. (NUC-J, 2014).

Como nos esclarece Tranca Ruas, temos duas glândulas na cabeça: a pineal e o hipotálamo. A glândula pineal está localizada no centro do cérebro, na altura dos olhos. O hipotálamo fica próximo ao "céu da boca". Na glândula pineal encontramos o cristal de Apatita. Os cristais de Apatita formam verdadeiras cadeias de ressonância magnética. Fazem a sintonia fina com o Universo Espiritual. Porém, o elemento mental individual atua como filtro que determina a faixa em que vamos vibrar.


Nós temos o corpo físico e o corpo espiritual. Quando um Espírito se aproxima existe um deslocamento do corpo perispiritual (desdobramento), fenômeno natural, há, também, ´deslocamento do "duplo etéreo" (o que não importa neste momento). Para atuar sobre as duas glândulas, este Espírito irá impregnar todo corpo áurico em conjunto (corpo físico, perispírito) e, vai envolver o corpo perispiritual, que é o que lhe interessa.

Impregnando essa glândula com o seu magnetismo, se o Espírito se curvar, como os pretos-velhos fazem, o médium irá se curvar também. Se girar, o médium gira também. Essa indução, segundo Tranca Ruas (2024), é devido ao hipotálamo. O hipotálamo é o centro das sensações humanas. (NUC-J, 2014).


A glândula  pineal é como uma antena de rádio, enviando e recebendo pensamentos. É a conexão entre o plano físico e Espiritual, uma fonte de energia etérica que ativa poderes sobrenaturais. A glândula pineal, é por assim dizer, a sede da alma, ponto de acesso as elevadas dimensões, estimulando nossa mente superior e desenvolvendo potenciais intelectuais. Quanto mais conhecimentos você têm, mais você acelera seu processo de Despertar Espiritual.

A dinâmica mediúnica revela um estado alterado de consciência, portanto, em autêntico estado de Transe Mediúnico. O transe mediúnico, por ser uma condição fisiológica e absolutamente hígida, ou seja, saudável, necessita de avaliação cuidadosa. É um fenômeno natural, porém, complexo. Por isso, o médium deverá fazer parte de um grupo mediúnico onde possa ser orientado. (Tranca Ruas:2014).


Conforme explicita o Espírito Tranca Ruas, o médium pode estar correspondendo ao envolvimento fluídico da Linha, expressando uma manifestação corporal (Acoplamento Psicomotor), ou seja, física, mas, pode estar mentalmente desligado da sintonia com o Trabalhador Espiritual. 


Os Espíritos não querem isso, pois, que, isto qualquer pessoa pode. Isto é só uma expressão corporal, uma manifestação corporal, sem nenhum contato mental com o Trabalhador Espiritual. O Espírito deseja, espera o contato mental (Acoplamento Mental). O acoplamento mental tem um bloqueio e o bloqueio é do médium, que precisa ser vencido para que se estabeleça uma sintonia. (Tranca Ruas: 2014).


Segundo Tranca Ruas esclarece, não existem formas para provocar essa sintonia, tais como: banhos ou iniciações, ou qualquer outro procedimento. O Acoplamento Psicomotor ocorre no hipotálamo, não sobre a hipífise, e isso é natural. Para os Espíritos é somente um exercício. É preciso estar em sintonia com o seu Guia. O Guia Espiritual necessita dessa sintonia com o médium, para que haja comunicabilidade entre ambos. Sem sintonia o médium jamais irá manifestá-lo. 
Mediunidade é Sintonia. 


Se o médium não conseguir mudar sua vibração abrindo portas mentais ao Guia, jamais haverá contato entre ambos. Portanto, a primeira regra é buscar sintonia com seu Guia Espiritual. Os médiuns costumam preocupar-se com a manifestação corporal, mas, esquecem do verdadeiro e principal motivo do exercício mediúnico: a harmonia junto ao Trabalhador Espiritual, para que haja a devida comunicabilidade. Não havendo comunicação, esse médium ficará sempre em constantes dúvidas, desânimo, e decepções. Conquanto, devemos estar certos de que estarão eles, os Mentores Espirituais, fazendo sempre o melhor para que consigamos. 

"Sinta a manifestação do Guia, o que ele deseja é você!" (Tranca Ruas: 2014). É o médium quem lhe dá os acordes de acordo com os seus conhecimentos e, principalmente, com sua conduta moral. O bom médium é aquele que busca ser fiel a comunicação recebida, ainda que toda comunicação seja passível de interferência da personalidade do médium (personalismo).


Todo médium estará em constante provação. Será testado em sua fé, bom ânimo, seriedade e responsabilidade. Não baixe a guarda, pois eles estarão como sempre: esperando a oportunidade de manifestarem-se. Vigiai e Orai (grifo meu). Não olvides ao melindre das trevas! (NUC-J, 2014).


O médium deve atentar-se, de acordo com Tranca Ruas, para os Espíritos perturbadores que tentarão desequilibrar o médium para o trabalho, conturbar o seu dia. O preparo deve ser antes do ambiente de trabalho. Segundo ele nos mostra, muitos dos Espíritos perturbadores conhecem-nos melhor que nós a nós mesmos. Assim, tramam a nossa queda para que possamos permanecer sob seu jugo. A maior parte deles não surgiram nesta vida, caminham conosco durante centenas ou milhares de anos. Compactuamos com eles os erros, e eles agora querem-nos de volta.

Cada médium tem o peso do seu compromisso passado, tanto maior, quanto maior foi seu comprometimento, é uma relação diretamente proporcional. Cada médium carrega o peso de seu carma passado. Tranca Ruas adverte-nos: na Terra não há Santos! Quanto maior a perturbação (influência) para que o médium não realize o trabalho mediúnico, mais compromissado está o médium com estes Espíritos.


A proteção externa do Templo é grande, porém, a corrente mediúnica pode abrir portas à influências externas. A corrente mediúnica não é protegida pelos médiuns. A guia não estoura na corrente mediúnica por forças externas, mas por forças internas. O médium em desarmonia abre portas ao ambiente vibracional negativo, comprometendo o trabalho, e recebe grandes cargas energéticas maléficas. São geralmente problemas pessoais trazidos para dentro da corrente mediúnica (gira). (Tranca Ruas: 2014).


Segundo esclarecimento, o médium deve ser consciente de que quando nos conflitos pessoais e na desarmonia dentro do grupo, ele não somente prejudica, mas coloca em risco todo o trabalho em que está participando. O preparo não é só não ingerir determinados alimentos, como carnes vermelhas, ou deixar de fazer sexo. Devemos lembrar do que Jesus ensinou: o mal não é o que entra pela boca, mas o que dela sai. A prioridade é o seu pensamento, seu comportamento, sua vibração, somente depois considere os demais.


No sexo, quando por amor, não há perda de energias, é troca. O problema é quando não há amor, e os pensamentos são de mágoas, ressentimentos, vingança, isso pode se desdobrar no trabalho mediúnico. Ou seja, o problema não é o ato em si, mas o que ele esconde. O fumo, por exemplo, todas às vezes que o médium, mesmo que relativamente, se desdobra, como esclarece Tranca Ruas (2014), libera ectoplasma. No trabalho, o médium é levado a liberar ectoplasma. E, em todo trabalho mediúnico, a menor quantidade que seja de ectoplasma é muito importante.

Todo ectoplasma apresenta-se na sua pureza, semelhante a uma seda, um pouco mais fosco, um cetim. Ele brilha. Quando tem sua tonalidade alterada ele não presta, não serve, deve ser então retirado do trabalho. Quando o médium fuma, está contaminando o ectoplasma que está trabalhando. Até antes de completar seis horas, ele não poderá ser um doador num trabalho de cura. Não poderá trabalhar na cura, porque seu ectoplasma não serve para nada, nem mesmo para descarrego, está contaminado. O magnetismo das Entidades, que já sabendo, irá conter aquele ectoplasma. O médium, dessa forma, vai dar trabalho para limpeza, ao invés de ajudar. (Tranca Ruas: 2014).

A bebida alcoólica tem um agravante a mais em relação ao cigarro, o entorpecimento, a alteração do sistema nervoso (o cigarro também causa). Logo, quando o médium não está "bem" deve ficar na consulência para não interferir no trabalho mediúnico. Vamos compreender esse "bem":

Tranca Ruas esclarece que quando o médium esforça-se por melhorar, está buscando a sua reforma íntima, está totalmente empenhado em sair daquela perturbação, este deve ser mantido no trabalho mediúnico. Porém, aquele médium que está em dificuldade de concentração porque se compraz na situação, não se esforça em melhorar, ao contrário, quer dar ouvidos as conversações ruins (fofocas), este deve ser retirado. Ele coloca: "_ o paciente nós não escolhemos, mas o trabalhador nós desejamos. Aquele que não tem nada com o trabalho, o que fazer ali?".

Fazendo um adendo, este território mental, como explica o médico neurocientista, Dr. Sérgio Felipe de Oliveira (2015), não é metafísico, o pensamento é biofísico ou psicobiofísico, são ondas magnéticas, elas entram em sincronicidade ou não, a depender do padrão vibratório. Ele é criado, logo, é uma estrutura e, forma-se uma psicosfera. Através do pensamento construímos a nossa realidade. A nossa realidade é uma construção de atitudes. O "Karma" é atitude. Se você muda de atitude, você sai do "Karma" e muda sua realidade. Em outras palavras, a escolha é sempre nossa!

"A mediunidade é como uma árvore, a copa está para o além, mas precisa ter raiz, que é o que você realiza no mundo. A raiz é a sua identidade. O primeiro Espírito que você precisa receber é você mesmo. Você precisa ocupar o seu espaço, a sua missão, aquilo que você tem que fazer. Se você ocupa seu espaço, nada ocupa este espaço. Agora, se você não ocupa seu espaço, não domina suas faculdades, não caminha onde tem que caminhar, não resolve aquilo que você tem que resolver, aí o espaço fica aberto para o alheio e você fica vulnerável" (Dr.Sérgio Felipe: 2015). 

Em outras palavras, se você não tem o domínio de si, você abre espaço para o outro exercer este domínio, como são os casos de obsessão.

Todos somos chamados para o trabalho: "Vós sois o sal da Terra". É Jesus quem nos convida. Nós é quem vamos dar sabor ao nosso trabalho, "se o sal for insípido, com que se há de se salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens" (Mateus 5, 13). 

Médiuns, servir com alegria, pois, "meu jugo (minha lei) é leve...". A lei é de amor. Assim, Jesus coloca-se ao nosso lado: "No mundo tereis grandes aflições. Tende bom ânimo. Eu venci o mundo". (Jesus). Seja alegre e espontâneo para executar a vontade do Pai Celeste. Tenha bom ânimo e alegria para que a transformação aconteça, e não espere acontecer para que possa se alegrar. É a alegria e o bom ânimo que fazem as coisas acontecerem. 

O trabalho mediúnico é renovação, prática no bem, oportunidade para reparar o mal. Não basta se arrepender, é preciso reparar as nossas faltas. A mediunidade é a oportunidade ofertada por Deus, como uma chuva de bençãos sobre o nosso arrependimento. Que Assim Seja!

Luz e Amor!





"Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retendo o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará". (Novo Testamento. 1 Tessalonicenses 5; 15-24)

terça-feira, 16 de junho de 2015

TOMANDO POSSE DE MIM MESMO!



Em 14/06/2015; às 19:00 hs.

Dedicamos a maior parte da nossa existência, ou, até mesmo, uma existência completa, destruindo o que de melhor há em nós, a nossa própria essência. Levamos anos e anos afirmando conceitos quase sempre equivocados, pela ignorância dos nossos responsáveis, pela rigidez de nossos mestres, ou, ainda, por uma cultura religiosa moralista sobre as Leis Divinas e, ficamos mergulhados em "mistérios", quase nunca revelados. Mas, somos poderosos! Se podemos nos colocar em determinada condição, temos o poder também de nos retirarmos dela. 

Não há mistérios na lei de Deus, ela é sábia, eterna e imutável (L. E., cap. I). Existe sim, várias interpretações, quase sempre equivocadas, sobre essa lei. O conhecimento sobre si mesmo é que revela a sabedoria do Criador. Muitos declaram amor à Deus, porém, poucos procuram conhecer a sua Lei. Todas as leis da Natureza são leis Divinas. Em outras palavras, a lei de Deus é uma só, ensinada por Jesus - a Lei do Amor - e nesta máxima estão contidas todas as demais. São as diversas interpretações dadas pelos homens, para satisfazer à interesses próprios, que a tornou de difícil compreensão, ao longo da história da Humanidade.

A Igreja Católica sempre esteve ligada ao Estado, desde a monarquia, tanto que somente era permitido ao clero aprender o latim. A missa era celebrada em latim, os homens comuns não tinham acesso a esse conhecimento. Então, tudo o que era pregado como certo pela Igreja não poderia ser jamais contestado, já que o homem vivia na ignorância. E, assim, reis e clero detinham o poder e o controle da vida social e religiosa. O homem preso na ignorância é mais fácil de dominar. Por isso, também, queimavam-se obras e pessoas que se insurgiam contra a Igreja - a  chamada "Inquisição".

Jesus, até onde sabemos, nunca escreveu nada, todos seus ensinamentos eram esclarecidos aos apóstolos através de parábolas. São quarenta parábolas no Novo Testamento. Ele nunca disse: "você está certo", ou, "você está errado", ou "faça assim" ou "faça assado". Jesus não apontou, não julgou e não condenou a ninguém, apenas foi exemplo de virtude e amor. O entendimento das suas palavras era de acordo com a evolução moral de cada um. Jesus apontou-nos a direção, mas, deixou-nos livres para fazer o nosso próprio caminho. 

Todos temos o poder de conduzir a nossa própria vida: "_ Vós sois deuses, podeis fazer o que faço e até mais" (Jesus). Na verdade, é uma força de expressão de Jesus, nós precisamos "ter" Deus, e não "ser" Deus. Deus é onipotente. Conquanto, quem tem Deus, pode fazer tudo e até mais do que fez Jesus. Jesus se coloca ao nosso lado nessa caminhada: "_ Eu sou contigo".

O objetivo da reencarnação é o nosso progresso espiritual. Esta é a nossa verdadeira missão na Terra, evoluir. Não é o "salvacionismo". Se não conseguimos nem mesmo dar conta da nossa própria existência, como querer salvar o mundo? Acreditar que a nossa missão na Terra é salvar o outro é pura presunção, vaidade, tolice. "Um cego não guia outro cego, senão, os dois caem no buraco" (E.S.E.). É preciso antes de cuidar do outro, aprender a cuidar de si mesmo.

Nós aprendemos a mentir desde cedo, por medo de parecermos maus. Conquanto, quando anulamos a nossa própria essência, pensando em agradar ao outro, caímos no vazio existencial. Deixando de ser o que somos, acabamos nos mutilando por nada, pois, não há como agradar à todo mundo. Nem mesmo Deus agradou. A melhor maneira de agradar o outro é fazer-se respeitado, é sendo autêntico. Assim, não precisamos mentir para esconder a verdade sobre o que somos e sentimos. Querer "agradar" é uma dependência afetiva, faz-no permanecer na infância espiritual ("você precisa me amar"). Ser querido e elogiado é muito bom, e faz bem para o "Ego", faz-nos sentir grandes como pessoa. Mas, não deve promover uma dependência para o Espírito, pois, o ser é bem maior do que se imagina.

Somos Espíritos livres, somos indivíduos, e, devemos nos posicionar no mundo como tal. Cada ser é perfeito na sua imperfeição. Nós aprendemos a internalizar as coisas do mundo e não mais externamos o que verdadeiramente somos. Dessa forma, ficamos cheios de idéias mal focadas, assumimos uma postura moral, e até física, diante da vida, para agradar o que está fora, e, com isso, permitimos que nos levem a melhor parte de nós, o poder de ser o que verdadeiramente somos.

É preciso compreender, como esclarece Luiz Gasparetto (2011), que nós não temos compromisso com a alma do outro: nem da mãe, nem do pai, nem dos filhos, nem irmãos ou, de quem quer que seja, que nos relacionamos. O nosso compromisso é com a nossa própria alma, nossa própria essência, e não com o coração de ninguém. O nosso compromisso é com as atitudes que assumimos com o outro, com a vida, com a nossa vontade interior. O nosso compromisso é com aquilo que nos faz bem. O nosso compromisso é com aquilo que o coração manda. Até em ajudar o outro, o meu coração tem que ser tocado, e não simplesmente fazê-lo por medo de ser castigado por Deus, ou, não ir para o Céu. São conceitos sobre o bem que nos foram passados, e, que, muitas vezes, por culpa ou medo, acabamos aceitando, contrariando o nosso Ser, caindo no vazio profundo.

Como explica Gasparetto (2011), este vazio é da alma. É parte da sua essência que se perdeu. Essa parte fica solta no mundo espiritual, mas, não deixa de ser sua. E quando você decide buscar essa parte perdida em alguma situação ou relação, essa parte retorna para si. Tudo o que me pertence, volta para mim. Contudo, essa busca é uma decisão do Espírito. É no mundo interno que fazemos grandes transformações. Contudo, para que estas transformações ocorram é preciso colocar Deus no coração. "Deus só faz por mim, quando coloco Deus em mim".

Comumente, permitimos ao outro levar o melhor de nós: a nossa alegria de viver; nossos sonhos; a nossa coragem; a nossa verdade, sempre com o intuito de agradar, ressaltando que, quem quer agradar deseja algo em troca, por isso, quase sempre acabamos frustrados e sofrendo. Não sofremos por causa do outro, sofremos pela frustração das nossas expectativas em receber esse "algo" em troca: o reconhecimento, a submissão, a admiração, etc. Ou seja, o outro não nos faz sofrer, como algumas pessoas querem acreditar, é o ego ferido a causa do sofrimento. O sofrimento nasce da ilusão criada pela mente sobre o outro, ou, sobre alguma coisa. Essa ilusão chama-se "ideal".

Idealizamos as nossas relações, idealizamos a nossa própria vida: "eu tenho que ser isso",  ou, "eu tenho que ter aquilo", tudo seguindo um modelo de perfeição, porque somente assim seremos aceitos. Esquecemos que aqui na Terra nós não "somos", nós "estamos", e que tudo vai passar, somente nós iremos permanecer, porque a vida é eterna. Idealizamos um futuro já frustrando o presente, porque o futuro ainda não existe, não se pode tocar, não se pode mudar, e seguimos deixamos um passado frustado, porque ainda não aprendemos a viver apenas o hoje, o agora. O presente é o único momento real em que podemos fazer alguma coisa real acontecer.

Como o ideal é aquilo que gostaríamos fosse, logo, não é o real, geramos uma frustração imensa dentro do ser, e, com ela, todos demais sofrimentos regidos: pela culpa, pelo fracasso, pela rejeição, pela mágoa, pela solidão, pela depressão, até culminar em doenças físicas, que é o resultado de todos estes sofrimentos. Deixar de ser o que se é na real - essência de tudo, mutila a alma da gente.

Para curar-se do sofrimento é necessário voltar a se enxergar como Espírito único em si mesmo. A individualidade da alma é uma das premissas básicas que fundamenta a tese reencarnatória da Filosofia Espírita. Segundo a Doutrina Espírita esclarece, os Espíritos são distintos não só pelas diferentes experiências ao longo da evolução, como pela singularidade que Deus imprimiu em cada um no ato da criação.

Na questão 150, do Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Benfeitores Espirituais: 

"_ A alma depois da morte conserva a sua individualidade? 

"_ Sim, não a perde jamais. Que seria ela se não a conservasse?" (L. E. cap. III).

Quando compreendermos que o amor do outro é do outro, e que o meu amor é meu, quando entendermos que as relações afetivas (casamento, maternidade, amizade) não nos faz proprietários do outro, e que o outro não deixa de existir enquanto indivíduo, sofreremos bem menos, pois, passaremos a respeitar o princípio da individualidade, que é a base da lei Natural, tudo na Natureza é singular. Um filho, por exemplo, não é propriedade da mãe ("meu filho"), por maior amor que ela lhe tenha. O filho é um Espírito livre, que nasceu para o mundo. A mãe apenas serviu-lhe de canal para esta existência. Como Espírito livre, o filho precisa seguir seu próprio caminho, isso não é ingratidão. Por outro lado, a mãe não precisa ser perfeita, basta ser um Espírito bom, com suas imperfeições.

Hoje, diante desta reflexão, decidi ir em busca de partes que se perderam de mim, no espaço,  devido a minha ignorância, deixando este vazio imenso, que nem mesmo a cirurgia de reconstrução de face conseguiu preencher. Decidi fazer valer a minha reencarnação, já que o Universo gastou muito tempo e energia para que eu aqui estivesse. Decidi parar com o idealismo e deixar de lutar contra o real, tudo tem uma realidade para poder funcionar. Idealizar só não basta, é preciso fazer a ideia funcionar através do trabalho, o resto é ilusão.

Dessa forma, decidi tomar posse de mim, romper com a ilusão.

Hoje, eu quero firmar esse compromisso com o meu Ser, e com o Universo:

"Eu quero  voltar para mim, eu quero ser bom para mim.
Eu quero ser justa com a minha natureza, com a minha verdade.
Eu quero ser uma pessoa realista, que não me ofendo e nem me deformo, que me respeito, me conduzo e me promovo.
Eu quero a paz comigo, não quero mais conflitos.
Eu largo o ideal que eu sempre lutei. 
Eu largo essa moral, esses valores que não se enquadram com minha natureza, minhas qualidades, minhas forças.
Eu me absolvo de tudo que me culpei, de tudo que tive vergonha de mim, que me xinguei, me bati.
De tudo que o mundo trouxe para mim, para mim ficar contra mim.
Hoje vou inverter tudo isso, porque sei o preço que paguei. 
Eu sei sempre quando tenho que fazer coisas boas, e faço, eu reconheço.
Eu faço coisas boas para mim, para a vida, para a sociedade e, também, para o outro.
Eu sei que não estou e nem sou perfeita e nem quero ser. 
Eu estou me conhecendo caminhando e, quero caminhar ao meu lado, a meu favor. 
Quero estar comigo todos os momentos positivamente. 
Quero liberar aquilo que tinha medo, eu quero me expor, me mostrar.
Quero me libertar do medo de fazer, de ser, o medo do amanhã.
Quero confiar na minha natureza Espiritual.
Quero reatar com as forças que me alimentam, com o meu entendimento.
Eu quero me libertar para ser espontâneo, para ser Eu.
Eu quero estar comigo, me apoiando, aperfeiçoar meus canais, meu crescimento.
Não quero mais me condenar, quero experimentar, eu gosto de experimentar.
Eu quero errar, eu preciso errar porque é errando que se aprende. 
Em cada erro estarei lá me encorajando pelo valor que eu tenho de tentar, pela coragem, pela intenção sempre maravilhosa de viver, de querer melhorar, crescer, conquistar.
Eu não vou ser e vou sair dos modelos, desculpem-me as pessoas, eu não vou preencher a expectativas de ninguém.
Eu não vou perder tempo com essas adaptações ridículas que me adapta ao orgulho dos outros e as besteiras ilusórias da sociedade e me desadapta da vida Espiritual e das fontes das bençãos que me alimentam.
O futuro quem me garantirá é o Espírito, e não as pessoas ou a sociedade.
O futuro, seja aonde eu estiver, em que situação eu estiver, quem me garante as bençãos da ajuda é o Espírito, e não as pessoas.
E, também, não quero mais fazer isso com ninguém, não me interessa.
Não quero enquadrar ninguém, rotular ninguém, criticar ninguém.
Não quero saber dessa energia nem em mim, nem nos outros.
Cada um, por pior que por si seja, também está na mesma situação que eu estava, eu vou relevar.
A minha energia começa a funcionar hoje.
Hoje estou invertendo, hoje estou mudando, hoje estou me abençoando.
Hoje eu estou passando para o meu lado.
Não há defeitos em mim, não há mal em mim, eu não aceito nenhum mal.
Eu não me deixo mais negativar.
Eu me positivo cada vez mais, porque desse positivo eu crio o positivo.
Eu não vou mais trabalhar pelas catástrofes, eu não trabalho mais pela solidão, pelo abandono.
Eu vou jogar esses papéis fora, e vou ficar na função de forma autêntica, na forma de alma, na forma de verdade.
E, se aquela função interior não der, eu vou largar e buscar outra função.
Eu não vou me largar pelas coisas.
O mundo nada pode contra mim, porque estou a meu favor.
Quanto mais estou em meu favor, as forças Espirituais crescem e se manifestam poderosas em meu favor, e para as pessoas que estão ao meu lado.
O bem que me atinge, atinge as pessoas ao meu lado.
Por tudo isso, é bom estar ao meu lado.
Abençoo-me e reconheço-me em tudo o que sou.
Abençoo tudo que é bom".

(Espírito Calunga, pelo médium Luiz Gasparetto (2011)).


Que Assim Seja!

Luz e Amor!




"Mas os fariseus, quando viram que Jesus tinha feito calar a boca aos saduceus, se ajuntaram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, perguntou-lhe: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Jesus lhe disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao seu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contém toda a lei e os profetas" (Mateus, XII: 34-40)

(Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 4. O Evangelho Segundo o Espiritismo)








terça-feira, 9 de junho de 2015

O BEM É AQUILO QUE NOS FAZ SENTIR BEM



Em 08/06/2015; às 22:00 hs

Enquanto aguardo a próxima etapa do meu tratamento de reconstrução facial, já agendada para meado deste ano, resolvi passar alguns dias em companhia da minha família. Fiquei com minha filha alguns dias, e depois com minha mãe, irmã e sobrinhos. O acolhimento foi muito caloroso, contudo, não passei muito bem.

Estou vivendo um processo de reabilitação. Senti um enorme "estranhamento" após as cirurgias de face, fiquei realmente muito perturbada, emocionalmente fragilizada. Foram muitas as mudanças, cheguei a me perder de mim mesma. Desejei até mesmo resgatar um tempo que já não existe mais - os meus dezenove anos, que já vai bem longe..."tão longe, de mim distante, onde irá, onde irá meu pensamento...". Eu reconstruí a face mutilada, porém, não me encontrava mais nela. Eu voltei a parecer com a Lena, na plenitude de sua juventude, mas não mais a reconhecia dentro de mim.

Eu tentei voltar ao passado e resgatá-la. Então, viajei para tempos distantes buscando encontrá-la, mas ela já não estava mais ali, e, eu chorei desesperadamente... Entrei num sofrimento tão profundo, porque eu não percebia o quanto era profunda a mutilação, que de tão profunda, cirurgia alguma poderia me trazer de volta.

Busquei o velho álbum de fotografias. Cortei os cabelos como alucinada, (TOC - Transtorno Obssessivo Compulsivo). Eu queria achá-la de qualquer forma. Colori os cabelos, ela precisava voltar! Então, para quê cirurgia de reconstrução, se nada mais há o que reconstruir? Passou... A vida passou e eu estava presa no tempo, esperando o dia de voltar a existir em uma existência que já não mais me pertencia.

Não tenho sentido vontade de nada, encontro-me atônita. O espelho tornou-se meu inimigo número hum. Ele revela uma imagem fantasmagórica, já que eu não estou mais ali. É como a casca do ovo sem a clara e sem a gema, vazia. Cada vez que olho-me no espelho, sinto-me apenas uma fotografia apagada pelo tempo. Uma fotografia que revela muitas lembranças, mas, apenas, uma fotografia. O conflito agora é preencher o vazio que tomou o lugar do meu Ser. É me posicionar novamente no mundo, já que eu não sou mais ela, apesar do rosto reconstruído. É o meu próprio reconhecimento. 

Por este motivo, não passei bem, nem mesmo junto à minha família, ainda com todo acolhimento, sinto-me sangrando. Na verdade, eu só aceitei passar estes dias junto a ela, somente para agradá-la. Eu queria mostrar que estava bem, mesmo porque, Deus tem revelado sua misericórdia sobre mim, que não me permito ficar triste, lastimar. Procuro pensar, apenas, o que Ele quer que eu faça com tudo isto. Acredito que quando não estamos felizes, é porque estamos fazendo algo de errado. O bem é aquilo que nos faz sentir bem. O bem não é agradar ao outro, mas é ser autêntico. E, eu não podia ser eu mesma naquele momento, porque nem mesmo sei mais quem eu sou. Sinto-me um passarinho fora do ninho.

Hoje, ocorreu-me a lembrança da minha tentativa de suicídio. Quando já estava para descer o "Vale dos Suicidas" e fui resgatada, e que meu Anjo Protetor, estendendo-me a mão, disse-me: " _ Deus tem algo de muito bom reservado pra você, sua missão não acabou ainda". Então, aceitando a mão estendida, retirei-me daquele lugar de sofrimento eterno e retornei à vida.

Compreendo que Deus nunca desiste de nós, até no instante que poderia significar o último, Ele oferece ainda a mão estendida e, dá-nos a oportunidade de abraçar a vida e seguir em frente. Se Deus não desiste de nós, então, porque desistir de si mesmo? É como se hoje, meu Mentor estivesse me repetindo aquelas mesmas palavras, com a mão estendida, convidando-me novamente para a vida. "Todos podem estende-lhe as mãos, mas só você pode se retirar do abismo".

Autoestima significa "estimar a si mesmo". Neste estágio em que me encontro, sei que é passageiro, não consigo ainda interagir com o que vejo ou sinto da vida que ficou. Como interagir com o vazio, se interação é troca? Estou aguardando finalizar o processo de reconstrução, pois, neste momento, nada posso fazer a não ser esperar que o tempo me aponte o caminho.

Enquanto aguardo, vou pensando como sair dessa situação em que me coloquei, pois, se me coloquei também posso me retirar. Enquanto a gente não se retira da situação de vítima, a gente não caminha, não muda nada. Analisar o que fazer das decisões já tomadas, já que não existe decisão certa ou errada, mas, necessária para o nosso desenvolvimento, e, enfim, sentir-me bem. Viver bem é, acima de tudo, uma sincera decisão interior! Que Assim Seja!

Luz e Amor!




"Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem-amados! Cultivai esta árvore da vida, cujos frutos proporcionam a vida eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância os seus frutos divinos. Deixai-a assim como o Cristo vo-la deu: não mutileis. Sua sombra imensa quer estender-se por todo o universo; não lhe corteis a ramagens. Seus frutos generosos caem em abundância, para alentar o viajor cansado, que deseja chegar ao seu destino.. Não os amontoeis, para guardá-los e deixá-los apodrecer, sem servirem a ninguém. "São muitos os chamados e poucos os escolhidos""

(Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos, cap. XVIII; 16. O Evangelho Segundo o Espiritismo)