Em 11-01-2013, às 8hs
O que permite ao homem mudar não é o que vem de
fora, mas, o que trás dentro de si mesmo, um poder intransferível, já que não
se pode impor a ninguém e nem proibir a ninguém. Porém, mutável e consolador,
do qual somos únicos responsáveis diante de Deus. Somente Deus o conhece no seu
íntimo, somente a Deus cabe julgá-lo. Deseja mudar? Comece pelo pensamento.
"É no pensamento que o homem goza de uma liberdade sem limites, porque não
conhece entraves. Pode-se deter-lhe o voo, mas não aniquilá-lo". (L.E.
questão 823).
"Sem a evolução do ser pensante, a existência de uma vida terrena seria uma crueldade sem objetivo". Rever conceitos não é ser volúvel e mudar de idéia não significa não ter personalidade. Conceitos são construídos socialmente atendendo as necessidades de respostas para tudo o que o homem busca compreender. Não havendo verdade absoluta, pois que, a vida em sociedade é construída sob contextos distintos, e, há que se atentar a cada tempo e a cultura de um povo, para se construir novos conceitos é preciso desconstruir os pré-existentes.
E, desconstruir não significa anular o que já existe, mas, considerar as possibilidades de mudanças decorrentes das transformações sociais. A vida é um processo, é dinâmica, é movimento. Estar vivo dentro de um contexto histórico é mover-se de acordo com as transformações ali realizadas, do contrário é parar no tempo, é tornar-se inativo. Estar inerte é está sem vida, e essa não é a condição do Espírito. Aquele que nada busca compreender fica apenas repetindo velhas opiniões. Repete fórmulas porque não as compreendem, porque apenas aprendeu a reproduzir idéias. Como bem colocou Joanna de Ângelis, "A humanidade não usa nem a razão, quem dirá a inteligência".
"Não sei como entender-me, pois não faço o bem que desejo, mas o mal que aborreço (...) embora notando que o amor ao bem está comigo, mas o realizá-lo não está" (Rom., cap. VII; 15-25). Mudar velhos conceitos não é uma tarefa muito fácil, requer um olhar minucioso e atento para dentro de si mesmo, se permitir conhecer-se. Se eu não conheço o que está dentro de mim, como posso mudar alguma coisa fora de si? Como posso definir o que é bom e o que é mau, se não compreendo quem eu sou e o que está em mim?
Para transformar os velhos conceitos é preciso antes uma análise de si mesmo, e permitir que eles fluam para que se possa conhecê-los. O bom e o ruim são muito subjetivos para se formar um conceito preciso. O que é bom para um pode não sê-lo para outro. São valores, e, sendo valores estão revestidos de sentimentos. Um determinado comportamento pode não ser aceito por um povo, em determinada época, mas, em outra época, um novo povo pode acreditar que é o mais adequado e adotá-lo. Ou seja, os conceitos podem muito bem serem revistos. O que não se pode acreditar é que o mal possa em algum tempo ter sido o bem. O mal é mal em qualquer tempo e sob quaisquer justificativas. Assim, como o bem sempre será o bem.
"Ser" é o que está dentro de cada um de nós, latente em nossa alma. Se Deus nos fez à sua imagem e semelhança, logo, "eu sou amor", "eu sou luz", "eu sou paz". "O Deus, que fez o mundo e todas as coisas que nele existem, sendo Senhor do Céu e da Terra, não mora em templos fabricados pela mão do homem, porque n'Ele vivemos, estamos, e nos movemos" (Atos. cap. XVII, 16-34). "Estar" é um momento transitório, é tudo o que eu posso mudar em mim: "eu estou com ódio"; "eu estou com inveja"; "eu estou maledicente". Eu não "sou" mal, eu "estou" mal. Como modificar? "...se bem com o espírito sirvo à lei de Deus, com a carne eis que sirvo tão-só à lei do pecado" (Rom., cap. VII; 15-25). Recomeçar com Jesus (L.E. questão 625). "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça". Preocupar-se com o desenvolvimento espiritual é o motivo principal da reencarnação.
Os termos "bom" e "mau" são subjetivos. O que vai determinar o que é bom e o que é ruim é a forma como o indivíduo percebe. O que é bom para um pode não ser para o outro. Um determinado comportamento pode ser aceito por um povo, em determinada época ou cultura, como bom, no entanto, em outra época, um outro povo pode acreditar que não é o mais adequado e rejeitá-lo. Isso não faz um povo melhor do que o outro, era o seu tempo, a sua cultura, era o necessário para o seu desenvolvimento moral. Por exemplo: o uso da "burca" em países muçulmanos, não faz desse povo um povo "mal", apenas, diferente. Era a compreensão que se tinha em determinado momento histórico. Allan Kardec coloca: "As condições de existência do homem mudam segundo os tempos e os lugares (...) essa diversidade está na ordem das coisas, ela está conforme a lei de Deus (...) cabe à razão distinguir as necessidades reais das necessidades artificiais ou de convenção". (L.E. questão 635).
O "bem" e o "mal" são de ordem moral. "O bem é sempre bem e o mal é sempre mal". A todo momento somos chamados para o bem e para o mal, escolher é o nosso livre-arbítrio. O mal depende da vontade, o homem é mais é culpável, à medida que sabe o que faz". (L.E., questão 637). O bem é uma condição moral, é um dever. Como devo agir com a sociedade. Como devo agir com as outras pessoas. "É a regra para se conduzir bem". Portanto, moral é a distinção entre o bem e o mal. "fazer o bem é se conformar com a lei de Deus, e fazer o mal é infringir essa lei". (L.E.questão 629-630). Segundo Paulo, "Lei não escrita com tinta, mas com espírito de Deus vivo; não nas tábuas de pedra, mas na carne do coração" (II Cotíntios, cap. III).
Há pessoas que por não compreenderem os símbolos que permeiam toda uma existência, nem mesmo se dão conta do quanto de pré-conceitos existem dentro de si. Você já se perguntou se realmente não tem preconceitos contra o seu semelhante? Muitos dirão que não têm preconceitos, levantaram bandeiras sociais a favor da igualdade, mas nem param para analisar os seus pensamentos, o quanto estão revestidos de preconceitos. Quando dizemos, por exemplo: "esse cabelo é bom, aquele é ruim", nada mais estamos repetindo: "essa pessoa é boa, está é ruim", porque assim foi convencionado.
Os conceitos de "cabelo bom" e "cabelo ruim" surgem para justificar a superioridade do homem branco sobre o homem negro, ou, de uma etnia sobre a outra. Não compreendendo esse símbolo, seguimos reproduzindo o mesmo comportamento nos dias atuais e levantando a bandeira da igualdade. Hipocrisia? Não, ignorância. E, os próprios negros acabam buscando um padrão de beleza e de comportamento do “homem branco”, para sentir-se melhor aceito socialmente, infelizmente, reforçando essas pré-noções existentes, pois, a partir daí, começam a reproduzir padrões comportamentais de uma pseudo-superioridade contra os próprios semelhantes patrícios. Reproduzem-se, sem perceber, valores morais carregados de preconceitos.
O cabelo foi associado à raça para justificar a superioridade dos
brancos sobre os negros. Tudo o que está no "homem branco" é bom, tudo
que está no "homem negro" é ruim. Até mesmo porque, de forma repudiável,
naquele tempo, o negro não era considerado humano e sim "coisa". Assim
sendo, estabeleceu-se: cabelo "bom" para os brancos e cabelo "ruim" para
os negros. Contudo, não existe cabelo "bom", nem cabelo "ruim", existem
cabelos liso e crespo, ou seja, existem cabelos diferentes, porque
existem biótipos diferentes.
Bem como, o conceito de raças: "raça
ariana" (pura); raça negra (impura) é um conceito criado
socialmente, para separar povos e nações. Assim, distinguem-se os povos brancos sendo bons, “puros”, e os povos
negro-mestiços sendo ruins “impuros”. O que é bom pertence a raça branca (cabelo
bom), o que é ruim pertence a raça negra (cabelo ruim). Associam-se
características puramente físicas ao Espírito, que é divinamente moral em sua
constituição. Logo, são conceitos arbitrários a lei moral, infringi a lei de Deus. "Todos os homens são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem a um mesmo fim". (L.E. questão 54).
Como desejar que ocorra transformação no
mundo exterior enquanto não se desconstruir os valores internos? É preciso
mudar primeiro o Espírito, o “eu” que habita cada massa corpórea individual. E,
depois, as mudanças exteriores irão acontecendo como resultado da transformação
de cada ser que o habita. Essa transformação íntima só é possível através do amor.
"O amor resume todas as leis e os profetas" (Jesus). Jesus
veio para fazer cumprir a lei do amor. Veio desfazer idéias equivocadas
antes dele. Não era a compreensão exata, mas, necessária para aquela
época. Jesus veio trazer a luz, os ensinamentos. Jesus veio ensinar o
amor, que é Deus. Nós não utilizamos o amor, nesse universo que é a vida
moral. E, por isso, reencarnamos para aprender a amar. "Amar à Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo"
(Jesus). O amor é a caridade na sua essência. Jesus coloca a caridade
não como uma das condição para a Salvação, mas, a única: "Fora da
caridade não há Salvação" (E.S.E., cap. XV; 3). O amor é soberano e quem
desejar ser soberano precisa aprender a amar. Que Assim Seja!
Luz e Amor!
"O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos, mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento"
(Amar ao próximo como a si mesmo, cap XI; 8. O Evangelho Segundo o Espiritismo)
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"(...) Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Joanna de Ângelis.