quinta-feira, 22 de março de 2012

Aprender e Compreender



Em 20-03-2012, às 07hs

Ontem, no curso de preparação para o grupo de socorro aos suícidas, abriu-se uma discussão, após trazer uma mensagem colhida da palestra sobre a Reencarnação de Anete Guimarães, apresentado pela Rede Amigo Espírita, ela coloca que: "Espiritismo é uma filosofia, filosofia é amor ao saber, saber é conhecimento e, conhecimento, segundo Platão, significa crença verdadeira e justificada. Se não é conhecimento, não é amor ao saber, se não é amor ao saber, não é filosofia, se não é filosofia, não é Espiritismo. Logo, ser espírita não é frequentar o centro espírita, ser espírita não é tomar passe, nem mesmo distribuir sopa. Ser espírita é buscar conhecimento".

Talvez, por não ter conseguido, no momento, expressar-me compreensivelmente, apesar do esforço, agumas pessoas, respeitosamente, discordaram desta colocação feita por Anete. Segundo o grupo, é pela condição moral e, pela prática, que se conhece o espírita. O indivíduo pode não "conhecer", mas, pela sua condição moral e por praticar o "bem", é espírita. Apresentou-se como exemplo, pessoas que "conhecendo" toda a obra de Kardec, não tem bom comportamento moral cristã com o próximo. 

Para servirmos ao próximo é necessário mais que boa-vontade, muitas vezes, acreditando fazer o "bem", estamos prejudicando. Quantos, temendo ferir, calam-se diante da verdade e acabam por prejudicar inocentes? Outros, por não querer dizer "não" aos filhos, acabam por levá-los ao caminho contrário aos ensinamentos de Jesus, e lamentam amargamente no futuro. Estes acreditam que estão praticando o "bem" e, no entanto, não apercebem-se do "mal" cometido. Não compreenderam que o "não", muitas vezes, é um ato de amor e oração.  Há os que muito lêem, e nada apreende de suas leituras, ou, que dão a estas o significado que bem lhe aprover a consciência. Logo, ler a colecção toda de Allan Kardec, não pode lhe render bons frutos, nem lhe dar o atributo de epírita, pois que é necessário compreender-lhe o significado. 

Uma criança vai a escola, e desde cedo "aprende" que "dois mais dois são quatro", e não compreende a sua aplicabilidade na vida prática, por isso, muitas vezes, dizem: "detesto matemática"! É um resultado de não se compreender o que lhe foi ensinado, desprezo. Aprende-se desde cedo que, "quem "peca" não vai para o céu", mas não se compreende o "por quê", e, vai-se pecando sem a compreensão do pecado, sem nem mesmo compreender o que é o céu e o inferno. Dão-se asas aos anjos, e nem mesmo sabem quem são os anjos ou demônios. Diz-se "não" o tempo inteiro a uma criança mas não lhe faz compreender o por quê  da negação, o "não", assim, não pode render bons resultados, a criança não percebe onde aplicar, nem como aplicar quando a vida lhe oferecer fatos concretos, de decisões imediatas. E, assim, segue passando para os seus filhos o que também não soube compreender. Faz-se assim, porque foi assim que aprendeu. Só pode haver transformação interior se houver conhecimento.

O espiritismo que é ciência, filosofia e moral (religião), dispensa o "achismo" da fé cega. O Espíritismo ensina-nos a fé fundamentada, visto que é ciência. Toda prática Espírita requer saber. "Espíritas! amai-vos, este é o primeiro ensinamento; instruí-vos, este é o segundo" (O ESE, cap. VI item 5). Para ensinar é preciso antes aprender, e, não se aprende sem buscar compreender. O saber encontra-se nos livros de estudos, encontra-se nas boas palestras, nas pesquisas, na "troca" de experiências com o "outro". Sim, o "outro" ensina-nos a compreender, a refletir as nossas próprias práticas. O que acredita tudo "saber", que não precisa de estudo, nem permite o contraponto do "outro", nada sabe. O "discordar" faz parte do processo de conhecimento, pois que, para se discordar de algo é preciso algum fundamento, senão, volta-se para o "achismo", o que não é compreender. Saber é "a arte de raciocinar com método", é uma dialética.

"Estudai, comparai, aprofundai. Incessantemente vos dizemos que o conhecimento da Verdade só a esse preço se obtém. (...)" (recomendação do Espírito de Verdade).

"O Espiritismo veio para trazer luz ao Evangelho", fazendo-o compreeensível. Bastava-nos somente a melhor compreensão dos seus Ensinamentos, nas obras de Kardec, pois que, tudo mais que nos é exposto por outros célebres autores espíritas é, tão somente, a confirmação do Consolador prometido. Porém, quanto mais buscamos formas de compreender os Ensinamentos Morais, tanto mais, aperfeiçoamos o nosso saber e contribuimos para a nossa elevação moral e mental, ou seja, chegamos o mais próximos de sermos verdadeiros Espíritas, na prática do bem. Esse é o fundamento Espírita, que sejamos melhores conosco mesmos. Ensina-se mais pelo comportamento do que pelas palavras. Sedes, antes, bons exemplos. Eis o que nos diz Joana de Ângelis: "(...) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (SCHUBERT, Dimensões Espirituais do Centro Espírita, cap 13, p. 159).

Eu não havia lido ainda o livro "Memórias de um Suicída" de Yvonne Pereira, como indicou-me o amigo espiritual da Casa, Naziembique. Hoje, a partir de sua leitura, pude compreender um pouco mais sobre o meu ato suícida. Acreditava que a experiência obtida pela prática da tentativa de suicídio e as lembranças permanentes, daquele episódio fatídico, eram o bastante para o meu saber. Enganava-me. Lembrar daquela dimensão espiritual não me dava noção exata do que significara o meu ato. Pude obter maior clareza de tudo o que me foi passado ali, somente depois de estudado, ouvido as palestras que tratavam desse assunto e revendo o meu comportamento moral, os meus valores morais. Hoje, ao menos, compreendo que ainda tenho muito o que aprender da vida e da vida após a morte, pois que para o Espírito não há morte. A morte é uma transformação, ela não é o fim, mas o começo de tudo o que se tranforma.

Agradeço à Deus, nosso Pai celeste, e rendo glória ao Vosso amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso mestre maior, por ter dado-me a oportunidade desta viagem com volta, para o plano espiritual e poder dar, aqui, no plano terreno, o meu testemunho, agora fundamentado. Agradeço, em especial, ao  meu Mentor, anjo benevolente, que guiou os meus passos, conduzindo-me de regresso para uma vida com Cristo. Agradeço à Casa que me acolheu com o carinho e a paciência dos bons amigos espirituais, encarnados e desencarnados. Agradeço, imensuravelmente, ao Espírito mentor da Casa, Drº Bezerra de Meneses, pela solidariedade cristã, dando-nos, a todos trabalhadores de boa-vontade, a oportunidade de tão rico aprendizado e conhecimento da esfera espiritual. Tão memorável ensinamento, que, ainda não ficando no grupo de socorro aos suícidas, já nos valeu a grande lição, que não foi por acaso, mas, pela necessidade de cada um, em si, melhorar. Assim Seja!

Luz e Amor!



"Não vos orgulheis por aquilo que sabeis, porque esse saber tem limites bem estreitos, no mundo que habitais. Mesmo supondo que sejais uma das sumidades desse globo, não tendes nenhuma razão para vos envaidecer. Se Deus, nos seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, foi por querer que a usasseis em benefício de todos. Porque é uma missão queEle vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com o qual podeis desenvolver, ao vosso redor, as inteligências retardatárias e conduzí-las à Deus. (...)" 
(Bem-Aventurados os pobres de Espírito, cap. VII; 13, O Evangelho Segundo o Espiritismo).





domingo, 11 de março de 2012

O Difícil Ato de Dar Testemunho

 
Em 07-03-2012, às 22hs e 30mints.

Fico pensando o quanto é difícil dar o nosso testemunho, em um mundo de pessoas tão descrentes e de pouca fé. Mundo do qual faço parte, pessoas às quais me incluo. Mesmo vivenciando todas as experiências espirituais que já relatei nas várias páginas deste diário, ainda assim, sinto-me covarde. O meu orgulho e a minha vaidade quase nunca me permitiu fazer aquilo que me foi pedido pela Espiritualidade, dar o meu testemunho sobre a vida egressa.

Chamariam-me, como já fizeram muitas vezes, louca, ou, gente ruím (demônio), "pessoas que se metem com essas coisas" ... Então, quem somos nós, além de inteligência moldada por um corpo perispiritual? Espíritos encarnados em um corpo físico? É isso o que  verdadeiramente somos, parafraseando o Espírito Camilo Cândido Botelho, um ego sensível, pensante e inteligente (espírito); revestidos de uma organização astral que guarda em si, registros de tudo o que vivemos (períspirito); protegidos por um envoltório material (corpo); magnetizados por um fluido cósmico universal (energia vital).

Acreditei que ao menos no meio espírita poderia relatar minhas experiências com credibilidade, qual nada, os espíritas também não acreditam naquilo que professam, em sua maioria, hipócritas. Muitos acreditam, tão somente, em escritores renomados, desprezando os conhecimentos dos mais humildes, menos afamados. É difícil acreditar na existência de outro plano que não o terreno, até mesmo para os que experimentaram experiências do plano invisível. Muitos olhos não crêem naquilo que não vêem, e outros, até mesmo duvidam do que vêem, apenas por uma questão de cultura religiosa. 

Porém, Jesus adverte: "Se fosseis cegos, não terieis tanta culpa". De acordo o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVIII; 12, "Jesus confirma que a culpabilidade está na razão do conhecimento que se possui. Os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e que realmente eram, a parte mais esclarecida da nação, tornavam-se mais repreensíveis aos olhos de Deus que o povo ignorante". Segue: "Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhe será dado".

Há muito, comunico-me com os espíritos, antes, muito antes de conhecer a Doutrina Espírita, vivenciei algumas experiências como: EQMs (Experiência de Quase Morte): natural (19 anos) e através do suicídio (29 anos); manifestações físicas (foram as primeiras), como já relatei em outra parte do diário, a exemplo dos peixes voarem, sairem da bacia, na pia, aparecendo, depois, nas gavetas, em Semana Santa ( 07 anos); bem como, passos pela casa, portas de armários abrindo sozinha, banqueta sendo arremessada, longe, na parede (14 anos). Eu conheci a Umbanda aos 25 anos, levada pelos meus guias espirituais, onde, primeiramente, comunicaram-se. Abandonei aos 30 anos, após a tentativa de suicídio. Eu não aceitei culpar aos espíritos, ou a outrém, pelos meus atos. 

Na Umbanda não fazemos estudos doutrinários, recebemos as entidades espíritas (pretos-velhos, índios, cablocos, êres, marujos, ciganas, exus) seguindo um ritual muito peculiar aos centros de Umbanda. São pontos riscados, pontos cantados, tambores, atabaques, defumador, encenso ... e os guias descem para trabalhar, envoltos, pelo que parece aos olhos leigos, por uma forte mágia. Somente aos 45 anos, passei a conhecer a Doutrina Espírita Kardequiana. Bem antes de frequentar a Casa Espírita, eu já escrevia, mas não percebia como comunicações do além túmulo, apenas eram manuscritos meus, minhas dores da alma "Apontamentos e Desapontamentos", este era o título do meu diário, relatos que apresentava somente para a minha terapêuta, na época.

Acreditei que eram rompantes psicológicos, uma busca incessante de mim mesma. Em um surto psíquico, rasguei todas aquelas amargas páginas, como se pudesse romper a vida dentro de mim. Anos depois, quando já havia abandonado a Umbanda, terapia, etc., acreditando ser tudo ilusão de ótica, devaneios, desequilíbrio mental e emocional, ilusão torpe de não mais precisar de nada daquilo, voltei a sofrer perseguições. Vieram-me cobranças, assim, de repente, quando tudo aquilo já parecia não ter mais efeito sobre mim. Eles (os Espíritos) voltaram a me procurar, ora em sonhos, ora na vida cotidiana, vida real: "quanto tempo mais você vai precisar para falar (testemunho), mais dezenove anos? Até, enfim, encontrar a Casa do Caminho.

Hoje, no grupo de socorro ao suicídas, finalmente, pude ler a obra de  Yvonne Pereira, "Memórias de um Suicída" e lendo as primeiras páginas, vi-me em suas passagens. Logo quando cheguei a Casa, ao relatar ao amigo espiritual, Naziembique, sobre as lembranças vivas, que trago do Vale dos Suicídas, quando do meu atentado, contra a minha própria vida, ele indicou-me a leitura deste livro, mas, somente agora pude obtê-lo para estudo. Silenciei minhas experiências por acreditar que todos me achariam ridícula, louca, preferindo acreditar-me insâna do que assumir responsabilidades diante do que me foi passado e pedido: "vá e diga a todos, o mundo precisa de oração". Calei-me.

"Deus Altissímo, Pai justo e bom, não quer a morte do pecador, mas que ele viva e se arrependa". Quando relato sobre o suicídio, especialmente, a respeito do Vale dos Suicídas, conto sobre os horrores, que na Terra, não há igual, nem mesmo os amigos da seara espírita creem-me. Ocorreu-me, então, escrever, a partir da solicitação de amigos espirituais desencarnados, sobre esta e outras vivências espirituais, fundamentando-as através dos Ensinamentos de Jesus, o Evangelho, como tenho feito. Encontrei-me em situação difícil, tal qual relata Yvonne Pereira, "para redigir o trabalho dando feição doutrinária e educativa as revelações ..." (p. 7), igualmente a autora, eu não sou escritora, nem sinto-me capaz, por mim mesma, tentar a experiência. Sinto-me arrependida por não ter guardado os manuscritos, como fez Yvonne, em alguma gaveta. 

Yvonne Pereira revela que levou, então, oito anos, aguardando o futuro, até que, finalmente, foi-lhe concedida a assistência necessária para prosseguir. E, eu, aqui, desejando nunca ter desestido do caminho, talvez já tivesse desvelado esse mundo invisível, tão desejado e ao mesmo tempo temido. Comentei com meu amigo espiritual da Casa sobre poucos acreditarem nos meus relatos, apesar de espíritas. E ele, muito sabiamente, disse-me: "você pode relatar, mas não pode querer que todos acreditem". Realmente, ninguém é obrigado a acreditar-me, eu mesma busquei a negação até a última cobrança sobre o meu testemunho

Percebo neste instante, que esse tempo, o qual lastimo ter perdido, foi necessário para o meu próprio crer, para firmar minha convicção sobre o que meu foi permitido conhecer, poder dizer agora, sem medo, o que conheci de perto, pois que já me sinto preparada e amparada, um pouco mais, para tal confirmação. Antes de conhecer e procurar aprimorar o meu estudo da Codificação de Kardec, tudo parecia-me irreal, imaginário, um surto psíquico. 

Como poderia compartilhar de uma experiência, a qual nem mesmo eu compreendia e, por não compreender, ignoravá-a. Como desejar que alguém acreditasse-me, sem base para fundamentar tal experiência. Soaria loucura, talvez, estes que ainda consideram-me louca, não conhecem o fundamento doutrinário kardequiano, não conhecem o Evangelho de Jesus Cristo e Seus ensinamentos, segundo o Consolador. Hoje conhecendo um pouco mais, compreendo-os e compreendo-me. Perdoo-os e perdoo-me pela pouca fé. Como o próprio Evangelho ensina-nos, a fé cega é fanatismo; a fé esclarecida sucederá o fanatismo trazendo a fraternidade universal.

Eu não cheguei a descer ao Vale dos Suicídas, fiquei por um período, que na terra equivale aos três dias que permaneci em estado de coma, em um espaço vázio e silencioso, parecendo uma câmara, de tom alaranjado sombrio, entre os dois planos. Sentada à beira do abismo, com um dos pés voltado para dentro, já adentrando aquele "Vale de Lágrimas". Lembro-me chorando e refletindo sobre meu mal ato, num arrependimento profundo, diante de todo aquele sofrimento sem igual. 

Espíritos sombrios queriam puxar-me para dentro, escalando aquela parede rochosa, feito lobos, querendo atingir sua presa, enquanto outros imploravam-me, desesperados, suas retiradas dali. Figuras assustadoras, descabeladas, sujas, seus trajes eram mulambos escuros, trapos humanos, dementes em seus devaneios, uns pareciam não enxergar os outros. Lugar sombrio, fétido, jamais alguém que não esteve ali poderá acreditar existir tal lugar; galhos secos em troncos mortos, soltando cinzas, fumaça, lama, gemidos, horrores jamais imaginados, nem mesmo em filmes de terror. 

Ao contrário do que se imagina, não está abaixo da Terra. Está no espaço, assim como o Céu, mas, em um plano astral muito inferior. Eu me encontrava no intermediário, de onde olhava o Vale abaixo. Dali, ao ser retirada pelo meu anjo guardião, fui levada até o Portal, de onde retornei para o espaço físico, retomando o meu corpo material, no leito hospitalar. Do Portal, antes de voltar, vi-me deitada, com os aparelhos que me mantinham respirando. Alegrei-me ouvindo o meu irmão em oração, implorando-me que não desistisse da vida e o dizendo, do mais fundo do seu coração, o quanto me amava. A paz sorriu dentro de mim. Lembro-me da felicidade que senti ao despertar daquele inferno astral.

Assim, mais uma vez, independente de crenças, dou o meu testemunho, em nome de Deus. Assim Seja!

Luz e Amor!


"E Jesus lhe disse: Eu vim a este mundo para exercitar um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem, se tornem cegos. E ouviram alguns dos fariseus que estavam com ele, e lhe disseram: Logo, também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se vós fosseis cegos, não terieis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica subsistindo o vosso pecado". (João, IX; 39-41)
(Muitos os chamados e poucos os escolhidos, cap. XVIII; 11, O Evangelho Segundo o Espiritismo)












sábado, 10 de março de 2012

Caminhando com Jesus

 

Em 07-03-2012, às 11hs e 15min.

Dia 04-03, primeiro domingo do mês de março, estive na Sustentação realizada para todos os trabalhadores da casa - caminheiros. Neste dia, tive a oportunidade de, mais uma vez, estar com Dr. Agenor, médico do plano espiritual. A palestra tratava sobre o caminhar na vida com Jesus, nesse momento Dr. Agenor, chamou nossa atenção para seguimos não a vida "de" Jesus, pois que a vida de Jesus, foi o que Ele deveria viver, era a vida de um Espírito perfeito. Sendo Jesus perfeito e, nós, espíritos imperfeitos, não poderiamos seguir a vida "de" Jesus, mas seguir "com" Jesus, buscando sempre evoluir, colocando em prática os Seus ensinamentos.

Falou-nos das angústias sofridas por Jesus, que antecederam à Sua morte na Cruz: "Pai, tenho mesmo que beber deste cálice? Então, seja feita à Tua vontade e não a minha". Às vezes, encontramo-nos angustiados diante da caminhada, cheios de incertezas se fizemos o melhor, se poderiamos ter feito de outro jeito, esquecendo-nos do mais importante, é que façamos alguma coisa pelo próximo, assim, estaremos fazendo por nós mesmos. Muito antes do nosso trabalho no plano físico, os Espíritos já estão preparados para toda e qualquer eventualidade que fuja à nossa ossada. O importante do trabalho espírita é realizá-lo. Deus sabe-nos imperfeitos, e, alegra-se em tentarmos nos aperfeiçoar. Somos semi-deuses, se perfeitos, seriamos deuses.

Nós procuramos sempre ver o que há de pior em tudo; no outro, no mundo, ou até em nós mesmos, esquecendo-nos de avaliar o que há de bom em tudo que vem de Deus, pois que o Senhor é bom e justo.  Sendo assim, tudo o que acontece na face da Terra é para o progresso da Humanidade, mas, como rélis mortais que somos, não conseguimos enxergar o lado bom das coisas. Até quando nos parece o melhor, ainda assim, queixamo-nos à Deus. Se não somos capazes de compreender o que os nossos olhos vêem, como entender o que lhes é oculto? Logo, não precisamos compreender tudo, porém, crer em tudo que vem do Altissímo, como sendo o melhor.

Quando estive em aconselhamento com Dr. Agenor, encontrava-me apática, angustiada, acreditando não estar fazendo o melhor no meu trabalho. Julgavá-me incapaz, até ele me fazer compreender que o fato de não estarmos pronto, em um determinado momento, não significa incapacidade. Todos somos dotados de capacidade, apenas temos que desenvolvê-la, sendo necessário para isso, trabalho. É trabalhando que vamos nos melhorando a cada dia, pensar que não somos bons o bastante, e, que, por isso, devemos cruzar os braços diante da vida, não contribui em nada com o nosso progresso. Ou seja, bem ou mal, não importa. O importante é estar disposto para trabalhar, o mais, o tempo se encarrega. Lembrando que cada qual tem o seu próprio tempo e, o nosso tempo não é o tempo de Deus.

Mudar para melhorar-se, requer esforço, vontade firme. E mudar, muitas vezes dói. É o "polimento" que nos é dado espiritualmente, que nos causa sensação de angústia na alma, fazendo parecer que o nosso corpo físico está doente. Quando Dr. Agenor, disse-me que eu sabia que estava ficando tudo melhor agora, fiquei sem entender, naquele instante. Como pode estar melhor agora se estou sentindo-me cansada, parece-me que tudo o que produzi está se perdendo: meus sonhos, minhas conquistas de mundo, estudo, trabalho, família, afetos ... Como posso estar melhor? Não me angustiar com as mudanças que estão ocorrendo em minha vida, tão repentinamente? 

Somente depois do nosso último encontro, na Sustentação, é que pude perceber. Estou melhor porque suporto, hoje, com pouco mais de resignação e fé, as dores do mundo. Entendo, agora, que as perdas, muitas vezes, são ganhos, pois são provas que nos vem como fortalecimento para a alma. Provavelmente, no tempo em que eu possuía uma vida mais abastada, não suportaria os intempéries da vida, os quais venho sofrendo atualmente. Teria, talvez, desistido da vida, como já ocorrerá em outros tempos. No Espiritismo encontrei a força necessária para seguir em frente, com toda minha fraqueza e imperfeição, seguindo a vida "com" Jesus. 

Ao término dessa reflexão, recebi a seguinte mensagem, que muito me emocionou e compartilho com vocês, meus amigos:

"Glória à Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele muito amados. Que a luz Divina, estenda-se à todos Espíritos de Boa Vontade. Coragem! Coragem para a caminhada com Jesus. A estrada é longa, o trabalho é árduo, porém, Jesus, na sua misericórdia divina, envia-lhe os Vossos Anjos Consoladores para derramarem bálsamos de luz e de amor. Esperança! A fé deve ser o fio condutor que lhes ligará ao Senhor. Amai! Amai a tudo o que está na Terra, porque são frutos do Senhor, para lhes sacear a sede e matar-lhes a fome. Dai glória ao Senhor teu Deus, eis a Salvação; bendizei a Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Teu Reino é a glória e o poder para sempre. Que Assim Seja!" 

Irmão Firmino

Luz e Amor!


(A Fé que Tranporta Montanhas, cap. XIX; 11, O Evangelho Segundo o Espiritismo)