Em 20-03-2012, às 07hs
Ontem, no curso de preparação para o grupo de socorro aos suícidas, abriu-se uma discussão, após trazer uma mensagem colhida da palestra sobre a Reencarnação de Anete Guimarães, apresentado pela Rede Amigo Espírita, ela coloca que: "Espiritismo é uma filosofia, filosofia é amor ao saber, saber é conhecimento e, conhecimento, segundo Platão, significa crença verdadeira e justificada. Se não é conhecimento, não é amor ao saber, se não é amor ao saber, não é filosofia, se não é filosofia, não é Espiritismo. Logo, ser espírita não é frequentar o centro espírita, ser espírita não é tomar passe, nem mesmo distribuir sopa. Ser espírita é buscar conhecimento".
Talvez, por não ter conseguido, no momento, expressar-me compreensivelmente, apesar do esforço, agumas pessoas, respeitosamente, discordaram desta colocação feita por Anete. Segundo o grupo, é pela condição moral e, pela prática, que se conhece o espírita. O indivíduo pode não "conhecer", mas, pela sua condição moral e por praticar o "bem", é espírita. Apresentou-se como exemplo, pessoas que "conhecendo" toda a obra de Kardec, não tem bom comportamento moral cristã com o próximo.
Para servirmos ao próximo é necessário mais que boa-vontade, muitas vezes, acreditando fazer o "bem", estamos prejudicando. Quantos, temendo ferir, calam-se diante da verdade e acabam por prejudicar inocentes? Outros, por não querer dizer "não" aos filhos, acabam por levá-los ao caminho contrário aos ensinamentos de Jesus, e lamentam amargamente no futuro. Estes acreditam que estão praticando o "bem" e, no entanto, não apercebem-se do "mal" cometido. Não compreenderam que o "não", muitas vezes, é um ato de amor e oração. Há os que muito lêem, e nada apreende de suas leituras, ou, que dão a estas o significado que bem lhe aprover a consciência. Logo, ler a colecção toda de Allan Kardec, não pode lhe render bons frutos, nem lhe dar o atributo de epírita, pois que é necessário compreender-lhe o significado.
Uma criança vai a escola, e desde cedo "aprende" que "dois mais dois são quatro", e não compreende a sua aplicabilidade na vida prática, por isso, muitas vezes, dizem: "detesto matemática"! É um resultado de não se compreender o que lhe foi ensinado, desprezo. Aprende-se desde cedo que, "quem "peca" não vai para o céu", mas não se compreende o "por quê", e, vai-se pecando sem a compreensão do pecado, sem nem mesmo compreender o que é o céu e o inferno. Dão-se asas aos anjos, e nem mesmo sabem quem são os anjos ou demônios. Diz-se "não" o tempo inteiro a uma criança mas não lhe faz compreender o por quê da negação, o "não", assim, não pode render bons resultados, a criança não percebe onde aplicar, nem como aplicar quando a vida lhe oferecer fatos concretos, de decisões imediatas. E, assim, segue passando para os seus filhos o que também não soube compreender. Faz-se assim, porque foi assim que aprendeu. Só pode haver transformação interior se houver conhecimento.
O espiritismo que é ciência, filosofia e moral (religião), dispensa o "achismo" da fé cega. O Espíritismo ensina-nos a fé fundamentada, visto que é ciência. Toda prática Espírita requer saber. "Espíritas! amai-vos, este é o primeiro ensinamento; instruí-vos, este é o segundo" (O ESE, cap. VI item 5). Para ensinar é preciso antes aprender, e, não se aprende sem buscar compreender. O saber encontra-se nos livros de estudos, encontra-se nas boas palestras, nas pesquisas, na "troca" de experiências com o "outro". Sim, o "outro" ensina-nos a compreender, a refletir as nossas próprias práticas. O que acredita tudo "saber", que não precisa de estudo, nem permite o contraponto do "outro", nada sabe. O "discordar" faz parte do processo de conhecimento, pois que, para se discordar de algo é preciso algum fundamento, senão, volta-se para o "achismo", o que não é compreender. Saber é "a arte de raciocinar com método", é uma dialética.
"Estudai, comparai, aprofundai. Incessantemente vos dizemos que o conhecimento da Verdade só a esse preço se obtém. (...)" (recomendação do Espírito de Verdade).
"O Espiritismo veio para trazer luz ao Evangelho", fazendo-o compreeensível. Bastava-nos somente a melhor compreensão dos seus Ensinamentos, nas obras de Kardec, pois que, tudo mais que nos é exposto por outros célebres autores espíritas é, tão somente, a confirmação do Consolador prometido. Porém, quanto mais buscamos formas de compreender os Ensinamentos Morais, tanto mais, aperfeiçoamos o nosso saber e contribuimos para a nossa elevação moral e mental, ou seja, chegamos o mais próximos de sermos verdadeiros Espíritas, na prática do bem. Esse é o fundamento Espírita, que sejamos melhores conosco mesmos. Ensina-se mais pelo comportamento do que pelas palavras. Sedes, antes, bons exemplos. Eis o que nos diz Joana de Ângelis: "(...) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (SCHUBERT, Dimensões Espirituais do Centro Espírita, cap 13, p. 159).
Eu não havia lido ainda o livro "Memórias de um Suicída" de Yvonne Pereira, como indicou-me o amigo espiritual da Casa, Naziembique. Hoje, a partir de sua leitura, pude compreender um pouco mais sobre o meu ato suícida. Acreditava que a experiência obtida pela prática da tentativa de suicídio e as lembranças permanentes, daquele episódio fatídico, eram o bastante para o meu saber. Enganava-me. Lembrar daquela dimensão espiritual não me dava noção exata do que significara o meu ato. Pude obter maior clareza de tudo o que me foi passado ali, somente depois de estudado, ouvido as palestras que tratavam desse assunto e revendo o meu comportamento moral, os meus valores morais. Hoje, ao menos, compreendo que ainda tenho muito o que aprender da vida e da vida após a morte, pois que para o Espírito não há morte. A morte é uma transformação, ela não é o fim, mas o começo de tudo o que se tranforma.
Agradeço à Deus, nosso Pai celeste, e rendo glória ao Vosso amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso mestre maior, por ter dado-me a oportunidade desta viagem com volta, para o plano espiritual e poder dar, aqui, no plano terreno, o meu testemunho, agora fundamentado. Agradeço, em especial, ao meu Mentor, anjo benevolente, que guiou os meus passos, conduzindo-me de regresso para uma vida com Cristo. Agradeço à Casa que me acolheu com o carinho e a paciência dos bons amigos espirituais, encarnados e desencarnados. Agradeço, imensuravelmente, ao Espírito mentor da Casa, Drº Bezerra de Meneses, pela solidariedade cristã, dando-nos, a todos trabalhadores de boa-vontade, a oportunidade de tão rico aprendizado e conhecimento da esfera espiritual. Tão memorável ensinamento, que, ainda não ficando no grupo de socorro aos suícidas, já nos valeu a grande lição, que não foi por acaso, mas, pela necessidade de cada um, em si, melhorar. Assim Seja!
Luz e Amor!
"Não vos orgulheis por aquilo que sabeis, porque esse saber tem limites bem estreitos, no mundo que habitais. Mesmo supondo que sejais uma das sumidades desse globo, não tendes nenhuma razão para vos envaidecer. Se Deus, nos seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, foi por querer que a usasseis em benefício de todos. Porque é uma missão queEle vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com o qual podeis desenvolver, ao vosso redor, as inteligências retardatárias e conduzí-las à Deus. (...)"
(Bem-Aventurados os pobres de Espírito, cap. VII; 13, O Evangelho Segundo o Espiritismo).