segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

INVEJA E COBIÇA

Em 27-01-2014, às 12hs.



“A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A 
caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males, 
que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os 
homens de boa vontade que virão depois de vós"  

(SÃO LUÍS, 1858. Revista Espírita).


A inveja é um dos tristes vícios que mais causa tristeza, especialmente, em quem sente. Inveja não é cobiça. A cobiça é o desejo de querer algo que não se tem, mas, que não se incomoda que o outro tenha. Admiração é prezar o talento do outro em conquistar algo. A inveja não é nenhuma coisa e nem outra, é não querer que o outro tenha aquilo que se deseja e, que não se tem talento suficiente para conseguir.

Não existe, assim, "inveja branca" ou "inveja boa", como se costuma acreditar. Existe sim, segundo teóricos, graus de inveja: (1) leve - quando eu gosto do que você tem; (2) médio - eu quero o que você tem, incomoda-me, mas, não vivo em função disso e; (3) grave - o outro não merece ter, então, passo a viver em função disso. Este é considerado uma patologia, a qual merece maiores cuidados. A inveja não é natural, é um vício adquirido. A fome, por exemplo, é natural, o indivíduo para sua subexistência terrena precisa alimentar-se. A gula, no entanto, é uma patologia, uma doença que precisa ser tratada, pois, tem várias causas, desde a oralidade (psicologia) e, pode acarretar sérios danos físicos ao indivíduo, como a obesidade.

A inveja e tantos outros vícios são causadores de infelicidade e sofrimento. Descartes (Paixões da Alma, art. 182) define como inveja: "uma perversidade de natureza, que faz certas pessoas ficarem contrariadas com o bem que veem acontecer aos outros homens". O filósofo romano Cícero, considerou que “a inveja é a amargura que se sofre ao ver a felicidade alheia”. Vejamos o quão profundo é o ensinamento de Jesus sobre a inveja contido na parábola que se segue: 

"Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. – Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. – Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. – Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família – dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom?" (Trabalhadores de Última Hora, cap. XX. E.S.E.).

Provavelmente, se o patrão tivesse pago um valor menor aos trabalhadores da última hora, os da primeira não tivessem reclamado, o que indica claramente um sentimento de inveja, ou seja, achar injusto que o outro receba. 

Desde cedo somos todos propensos à inveja, apenas não entendemos ou conhecemos o seu significado. Muitas vezes, confundimos com outro sentimento negativo, que também causa tristezas, o ciúme. Os irmãos brigam entre si, em muitos casos, mais movidos pela inveja do que pelo ciúme, como gostam de acreditar as mães: "é ciúme!". Logo, as mães devem estar atentas a estes vícios (ciúme ou inveja) e buscar, como ensina o Evangelho de Jesus, "cortar o mal pela raiz", através da boa educação, não a educação que torna o homem instruído, mas, a que o torna um homem de bem. Como ensina o Espírito Fénelon, livro dos Espíritos, questão 917: "A educação se bem entendida, é a chave do progresso moral". 

O progresso moral é uma virtude que se conquista pelo esforço, como nos esclarece Allan Kardec: "aquele que a possui a adquiriu pelo seus esforços nas vidas sucessivas, ao se livrar pouco a pouco de suas imperfeições" (E.S.E. - Introdução). É possível vencer a inveja através da prática da benevolência, do querer bem ao outro. Jesus ensina: "Amai-vos uns aos outros" (E.S.E.). 

Esclarecem os Benfeitores: "Os Espíritos que perturbam a nossa relativa felicidade, erroneamente chamados de obsessores, a fim de nos ver nivelados ao seu estado de inferioridade moral, agem pela inveja" (L.E.). Sentir prazer quando o outro perde o que se quer ter, ou, se doer de angústia pela vitória do outro é sentir-se incapaz de viver a própria a vida, resultado do egoísmo. O egoísmo é a fonte de todos os vícios: o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme que o magoam a todo instante (L.E. Q. 917). O amor é a fonte de todas as virtudes.

Eu posso controlar a minha inveja a partir do momento que passo a admitir que aquilo me incomoda.  Logo, o primeiro passo para qualquer transformação é o reconhecimento de si mesmo: "Conhece-te a ti mesmo". Muitos são capazes de dizer-se prejudicado por "olho gordo" ou "mau-olhado", poucos, porém, são incapazes de reconhecer que sofrem com a felicidade do outro. Antes de culpar os outros pelo próprio fracasso, é necessário olhar para si mesmo e perceber se não é você mesmo o causador de seus infortúnios. Para combater o "mau-olhado", Jesus ensina: Vigiai e Orai. Vigiai os próprios pensamentos e as más inclinações. Maus pensamentos atraem espíritos inferiores, o bom pensamento é oração que eleva-nos à Deus e afasta todo o mal, de encarnado e desencarnados.

É possível administrar a inveja pela medida do "suficiente", não querer mais do que se pode ter, ou do que se pode ser. Trabalhe o seu próprio talento através da generosidade. Toda conquista se dá pelo trabalho, cobiçar somente não basta, é preciso esforço para se conseguir realizar. É preciso sonhar, idealizar e realizar, ou seja, acreditar no sonho e torná-lo ideal e realizável - palpável. Deus não disponibiliza os bens senão pelas necessidades, não físicas, e sim morais, de cada ser para o seu próprio aprendizado e evolução. Todos têm talento próprio, não é preciso desejar o que é do outro. Pode-se até cobiçar algo que não se tem, mas não querer tirar o que o outro tem. "Deus é justo e não condena senão aquele cuja existência é voluntariamente inútil e vive na dependência do trabalho dos outros. Ele quer que cada um se torne útil, segundo as suas faculdade" (L.E. Q. 643). Que Assim Seja!

Luz e amor!



"Toda moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinamentos, mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna. Bem-aventurados, diz ele, os pobres de espírito, quer dizer: os humildes, porque deles é o Reino dos Céus; Bem-aventurados os mansos e pacíficos; Bem-aventurados os misericordiosos. Amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que desejaríeis que vos fizesse; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas se quereis ser perdoados; fazei o bem sem ostentação; julgai a vós mesmos antes de julgar os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar. Orgulho e egoísmo, eis o que não cessa de combater. Mas ele faz mais do que recomendar a caridade, pondo-a claramente como a condição absoluta da felicidade futura". (Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 3. E.S.E.)





terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NATAL E FAMÍLIA




                                                                                                       
                                      


Em 21-12-2013; às 13hs e 45mint.

Hoje acordei refletindo sobre o Natal. Comemoramos o nascimento do nosso irmão maior, Jesus Cristo, o Salvador. Conquanto, é sabido pelos historiadores que Jesus não nascera em Dezembro, e sim em Março. Sabe-se que a festa natalina é uma festa cristã, instituída pelos homens, atendendo aos interesses da Igreja Católica. Enfim, não é esse o cerne da questão. Fiquei pensando como o Natal aproxima as pessoas num misto de comoção e alegria. O Espírito do Natal envolve-nos à todos, em quase todos os cantos do planeta Terra.

Paira no ar um encantamento, uma magia que contagia as pessoas, em especial as famílias. Tanto dizer que Natal é uma festa em família. Pessoas cruzam a ponte aérea para rever os parentes distantes. Gasta-se o décimo terceiro salário com presentes que identificam cada ente querido, como se fosse para si mesmo. Todas as lembranças parecem querer renascer em nossas mente: a infância, a adolescência. Lembra-se do cheiro, o perfume. Faz-se uma retrospectiva de tudo de bom que já se viveu: as brincadeiras, àquela festa .... àquela briga, sim, até mesmo as brigas são revistas. A partida, o reencontro, tudo envolto num sentimento de confraternização e de reparação. Sim, acredito que foi Jesus quem inspirou o Natal com o propósito da reparação, do amor ao próximo: "Amar ao próximo como a si mesmo".

Quem mais próximo de nós senão a nossa própria família? Tudo começa na família. O casal une-se e forma seu núcleo familiar. Quantos Espíritos reencarnam a partir dessa união?

Esclarecem-nos os amigos Benfeitores, escolhemos a família em que iremos reencarnar. A reencarnação é a oportunidade da reparação concedida pelo Pai Celeste aos seus filhos amados. Muitas vezes não compreendemos porque estamos no meio de pessoas que parecem não ter nenhuma afinidade conosco, e, termos que acreditar que foi uma escolha nossa. Acreditar que escolhemos nascer em uma família menos abastada economicamente. Aceitar que decidimos nascer em uma família conflituosa, ou, em famílias não mais nucleares (pai, mãe e filhos), ou, até mesmo, sermos adotados ou gerados "in vitros",  aprender a conviver com membros de outra família e tê-la por família, por fim, aprender a amá-la. 

É, o amor se aprende. Nascemos em famílias as quais escolhemos, para aprendermos a amar aqueles irmãos que, em vivências pretéritas, não conseguimos amar. E se alguém pensa ainda: "Deus que me livre de tê-la por família!", apressa-se em conciliar-se com seus irmãos e pais, considerando que os nossos pais são antes nossos irmãos em Cristo, senão, fatalmente, quando o Espírito liberto lembrar que não cumpriu sua missão junto àqueles entes, voltará novamente para aprender a amar ao seu inimigo. A família é assim, a reunião de Espíritos devedores entre si, inimigos de co-existências passadas. Como toda regra tem sua exceção, há Espíritos unidos pelo amor para ajudar na evolução do grupo familiar, nem todos são necessariamente desafetos passados. Em toda família existe alguém que busca promover a paz e a união de todos. Espíritos já evoluídos, mas, que retornam para auxiliar na evolução de Espíritos afins.

Se não conseguimos amar aqueles que nos são tão próximos, como a nossa família terrena, então, como poderemos almejar amar a nossa família universal? O Natal faz germinar esse sentimento de amor fraterno e universal. O aproximar de um Novo Ano conspira para essa comunhão universal. É comum fazermos novos planos: "este ano tudo será diferente". Mas, o ano só será realmente diferente se fizermos a diferença. Se mudarmos intimamente o que não está bom em nós. Não se pode fazer um ano melhor, se não se consegue transformar os erros  passado em virtudes. São os erros que nos ensinam e não os acertos. Consertar as nossas próprias falhas já é uma missão bastante difícil de se cumprir, não precisamos nos deter em consertar as dos outros, basta sejamos exemplos pelas nossas virtudes e tudo mais em torno se transformará por si mesmo. Tudo no Universo está em plena harmonia, somente os homens perdem o eixo porque perdem a concentração em si mesmos. Estamos aqui para nos aperfeiçoar e evoluir, essa é a missão mais sublime de cada ser no plano terreno. Evoluir-se contribui para a evolução de todo o Universo.

O amor ao próximo é uma virtude, os grandes filósofos da Antiguidade já declaravam que a virtude se aprende. O ano só pode ser melhor se consigo dar o melhor que há em mim. O amor é o melhor que existe em mim. Não há quem não possa doar o melhor de si para o outro: "Fora da Caridade não há Salvação" (E.S.E.). Caridade não é oferecer esmola aos pobres. Doar amor, isto sim é caridade. Todos somos dotados em potencial dessa semente plantada pelo Pai Celeste, todos podemos ofertar amor, porque todos somos feitos à sua semelhança e Deus é amor. O amor está contido no sorriso que exprime a paz, nas palavras doces que apazigua, nas mãos estendidas que sustenta, no abraço que conforta, no beijo que seca uma lágrima e, até mesmo, no silêncio profundo. O silêncio, quando não significa  a omissão do bem, é uma forma de amor. "Vá e reconcilie-se com o seu inimigo" (Jesus), isso é caridade.

O Natal é um dia especial que o Senhor nos oferta para aspirarmos esse eflúvio de amor, que emana do Reino Celestial, com o propósito de celebrarmos a vida. Deus é vida e, a vida é amor. Aprendamos a amar ao menos, os mais próximos de nós, os que mais nos se assemelham, porque esse é o grande desafio a ser vencido. O que mais nos incomoda no outro é aquilo que nos faz lembrar de nós mesmos, do que fomos e do que ainda somos. Se algo no outro nos irrita profundamente é porque ainda trazemos os resquícios desse mal. O problema, assim, não está no outro, o problema está em si. Quando se estiver superado todo o mal, ele já não mais nos atinge. Jesus, como Espírito superior, jamais se ofendeu com nossas faltas, pois que, Ele já as havia superado. Sequer precisava reencarnar como homem, porém, assim escolheu para nos ensinar a amar.

A mágoa é falta de caridade, é não respeitar o momento do outro. Ninguém é diferente do outro, nem melhor e nem pior. As diferenças somente existem no plano terreno, no plano espiritual existem estágios de aprendizagem e evolução, como ensina os amigos espirituais. As lições de vida é que são distintas, não os indivíduos. Somos todos feitos da mesma essência do Pai Celestial. Então, neste Natal, tente mais uma vez, abrace seu irmão, celebre a paz em família. Perdoe!

Há pessoas que desistiram dessa oportunidade de confraternização por considerar que é "hipocrisia", poispassada as festas, retornam-se as brigas. Nada mais triste do quer ser sozinho, não ter ao menos com quem brigar. O conflito é necessário para que ocorram as transformações, sejam pessoais ou sociais. Sempre existirá conflitos onde se reúnam duas ou mais pessoas com idéias diferentes, uma quererá sobrepor a outra. Isolar-se é não se permitir essas mudanças. "Senhor, quantas vezes devo perdoar ao meu irmão?". E responde Jesus: "Não sete, mais setenta vezes sete" (E.S.E.). Sua família pode não ser perfeita, porque nada é perfeito, mas é o melhor lugar para se estar. Comemorar o nascimento de Jesus, é refletir sobre os seus ensinamentos. Começar um Ano Novo é renovar em si, transformar-se nos ensinamentos de Jesus. Que Assim Seja!

FELIZ NATAL!

Luz e Amor!



"Jesus enviou seus doze apóstolos, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: Não vades aos Gentios, e não entreis nas cidades dos Samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e nos lugares para onde fordes, pregai dizendo que o reino dos céus está próximo". (Mateus, cap. X; 5-7).

(Não coloqueis a candeia sob o alqueire, cap. XXIV; 8. O Evangelho Segundo o Espiritismo).