sábado, 13 de julho de 2013

TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA

 "Trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, na sua vinda, encontre a sua obra acabada" (E. S. E.)

Em 12-07-2013, às 22hs e 30 min.

Comecei a refletir sobre a importância da mediunidade com Cristo, após assistir uma palestra com Divaldo Franco (Qualidade na Prática Mediúnica), onde ele disse a seguinte frase, que muito me emocionou: "o médium sofre por amor", até então, eu não havia entendido a profundidade e a beleza de se ser médium. O médium experimenta todas as sensações do Espírito comunicante: o frio, a fome, a dor, a asfixia, a convulsão e o próprio momento do desencarne, através do "choque anímico".

O choque anímico, como coloca Divaldo Franco, é "remorrer". O Espírito sofredor, inconsciente de sua nova condição, experimenta pelo "acoplamento" de seus fluídos com o  do médium, através do choque anímico, o momento do seu desencarne para perceber-se Espírito desencarnado, em outras palavras, ele "morre" novamente. Daí, então, ele é conduzido pela equipe espiritual a uma determinada colônia, onde receberá o tratamento de acordo com a sua necessidade. Assim, o trabalho mediúnico se constitui em caridade e aprendizado tanto para médium como para o Espírito comunicante. O Espírito desencarnado continua a evoluir, pois que, Deus deseja que todos cheguem à perfeição relativa.

Jesus já alertava: "A cada um será dado segundo as suas obras" (Mateus 16; 27). Os médiuns não são seres especiais. Como nos descreve Emmanuel: "os médiuns são almas com passado desorganizado". Por isso, a mediunidade não é prêmio, nem é castigo, é um compromisso já assumido com Deus, na erraticidade - 'intervalo entre a reencarnação'. Em Deus não há castigo, somente aprendizado. A mediunidade é uma prova, e prova significa aprender. É a oportunidade de aprender, de evoluir, reparando as faltas cometidas em existências pretéritas. Logo, a mediunidade é para o bem. Quem deixa de fazer o bem, ainda que por ignorância, não deixa de ser responsabilizado pelos seus atos. Entretanto, Deus, na sua justiça soberana, sabe a medida de todas as leis. Os médiuns encontram no Espiritismo a compreensão e o suporte necessário para o seu desenvolvimento na Seara do bem, através do Evangelho segundo Cristo, ensinamentos de elevação moral.

O Espírito desencarnado, não conhecendo a imortalidade da alma, sofre por ódio e vingança, tornando-se cada vez mais endurecido. Não compreende que quanto mais envolvido por esses sentimentos negativos, mais desce ao plano astral inferior, afastando-se, assim, dos bons amigos espirituais, não podendo mais se comunicar diretamente com estes. Os Espíritos Superiores "comunicam-se voluntariamente com aqueles que procuram a verdade de boa fé e que têm alma desligada dos laços terrenos para compreendê-la. Distanciam-se daqueles que se animam só de curiosidade ou que a influência da matéria afasta da prática do bem" (L. E., livro II, cap. I). Na verdade, não são os Benfeitores que se afastam. O bem nunca se retira, é o mal que o distancia.

Neste momento, então, faz-se necessário a presença do médium, como intermediário ou "medianeiro", para que se estabeleça a comunicação com os Espíritos superiores. Isto porque, sua onda vibratória é mais próxima a do desencarnado devido à sua imperfeição. Mesmo os Espíritos mais endurecidos e cruéis não são esquecidos da misericórdia divina. Quando há o arrependimento sincero e o desejo da reparação, eis que o Senhor envia-lhe o resgate oportuno. O médium auxilia neste resgate como instrumento de comunicação. A clareza e fidelidade da mesma são de acordo com a afinação do médium. É o médium quem dá-lhe os acordes de acordo com os seus conhecimentos e, principalmente, com sua conduta moral. O bom médium é aquele que busca ser fiel a comunicação recebida, ainda que toda comunicação seja passível de interferência da personalidade do médium (personalismo).

O doutrinador tem papel fundamental no trabalho mediúnico. Ele representa, de acordo com Divaldo Franco, o "terapeuta espiritual", já que ninguém convence ninguém a uma doutrina. O doutrinador é antes um "ser inspirado", não alguém treinado para ensinar. A inspiração lhe vem da Espiritualidade. Logo, o doutrinador também é médium, não ostensivo, mas médium intuitivo. A conduta moral é condição sine qua non para o trabalho de desobsessão. Como recomenda Joanna de Ângelis: "Quem se faz instrutor deve valorizar o ensino aplicando-o em si próprio" (Leis morais da vida, de Divaldo Franco, cap. 60). Aquele que ensina deve antes aprender. O doutrinador deve possuir cinco aptidões básicas, segundo Hermínio de Miranda, em sua obra "Diálogo com as sombras": formação doutrinária sólida, fundamentada na Codificação de Kardec; conhecimento do Evangelho de Jesus; autoridade moral e; fé, não apenas do crer, mas  do amor (SCHUBERT, S. C. Dimensões Espirituais do Centro Espírita, cap. 13).

Igualmente ao médium ostensivo, o doutrinador também assumiu, perante ao Pai celestial, o compromisso de servir ao próximo e, deve agora cumprí-lo com amor e devoção. Deve considerar que só se pode persuadir alguém a mudar através do amor incondicional, ou seja, livre de qualquer interesse pessoal. O doutrinador, consciente de sua responsabilidade, preza para não faltar ao compromisso assumido, não com a Casa Espírita, nem com o Espiritismo, mas com Jesus. Deve compreender que da sua ausência no trabalho decorre a quebra de harmonia da equipe.

Como adverte os Espíritos, não basta dizer-se cristão, nem tão pouco sentar-se à mesa para participar do banquete celeste. É necessário, antes de tudo, e como condição expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a lei segundo o espírito, pois essa lei se encontra inteira nestas palavras: Fora da Caridade não há Salvação. Jesus disse: "Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos" (E. S. E. cap. XVIII; 2).

O Espírito Erasto chama a atenção para a missão dos espíritas: "Oh, verdadeiros adeptos do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora que deveis sacrificar os vossos hábitos, os vossos trabalhos, e as vossas futilidades, à sua propagação" (E. S. E, cap. XX; 4).

Pregar o Evangelho não é falar do Evangelho, mas, dar-lhe o testemunho através da prática, como fazia Jesus. O trabalho mediúnico deve, assim, compor a pauta principal e não ser considerado uma atividade aleatória, a qual se comparece na falta de outra. Deve-se também estudar a doutrina, conhecê-la para que a fé seja uma fé fundamentada, como o é os ensinamentos de Jesus. A fé cega, alerta-nos os Espíritos, é fanatismo. A fé esclarecida sucederá o fanatismo trazendo a fraternidade universal: "Espíritas, amai-vos, este é o primeiro ensinamento: Instruí-vos, este é o segundo" (E. S. E. cap. VI; 5).

"A mediunidade é um compromisso de alta significação, que através da diretriz espírita é ministério de enobrecimento. Portanto deve ser exercida com responsabilidade e prudência". O bom espírita deve lembrar que responsabilidade também é amor. O trabalho voluntário não constitui vínculos empregatícios, porém, demanda comprometimento. Se na Casa Espírita, comprometimento com a caridade. É preciso deixar de "brincar de ser espírita" e, sê-lo verdadeiramente. Nós somos aquilo que pensamos, logo, devemos agir de acordo com o que acreditamos ser. Ser espírita é ser cristão. "Deus faz a enumeração dos seus servidores fiéis. E já marcou pelo dedo os que só tem aparência do devotamento, para que não usurpem o salário dos servidores corajosos" (Espírito da Verdade, E. S. E., cap. XX; 5). 

Após o encerramento do trabalho na Casa Espírita, o médium, tanto ostensivo como intuitivo (doutrinador), deve ser cônscio de que este trabalho prossegue no plano espiritual. Os Espíritos atendidos, como adverte sabiamente Divaldo Franco, não saem da desobsessão direto para a erraticidade, seguem para as diversas colônias espirituais de acordo com a sua necessidade, permanecendo ali em tratamento. 

Deve-se, assim, manter-se em silêncio e oração, sempre! Em respeito aos Espíritos doentes e aos Espíritos superiores que lá comparecem. Além do que, muito dos trabalhadores serão convocados pelos Benfeitores para prosseguir no trabalho, no plano espiritual, agora liberto do corpo que repousa, necessitando manter, assim, a psicosfera em harmonia. Um trabalho ainda mais sublime e edificante para aqueles que já compreendem essa máxima: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jesus). Não há nada mais sublime do que viver no amor em Cristo.


"Somos os artífices de nós mesmos, a Doutrina já nos assegura; e construir é viver em plenitude os compromissos que esposamos" (Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001). 

Que Assim seja!

Luz e amor!

 "Mas infelizes os que, por suas dissenções, houverem retardado a hora da colheita, porque a tempestade chegará e eles serão levados no turbilhão! Nesta hora clamarão: "Graça! Graça!". Mas o Senhor lhes dirá: "Por que pedis graça, se não tivestes piedade de vossos irmãos, se recusastes a lhes estender as mãos, e se esmagastes o fraco em vez de socorrer? ..." (Trabalhadores da Última Hora, cap. XX; 2. E. S. E.).


quarta-feira, 10 de julho de 2013

LEI DE RESPONSABILIDADE


Em 04-07-2013, às 8hs e 30mint.


Nesta noite, fui dormir pensando porque minha mãe tinha maior aproximação com minha irmã e menor comigo. O que teria lhe causado para que ela não consiga me suportar? Muitas vezes, em momentos de raiva convulsiva, fixa-me o olhar e dizia-me: "não suporto você!". Pensando na cirurgia  a qual minha irmã será submetida para retirada de um cisto no joelho, devido a um problema congênito, tomou-me de assalto a lembrança de uma existência passada, a qual me foi revelada há, aproximadamente, dois anos, a minha mãe cortara-lhe as pernas. 

Então, em desdobramento, observando as marcas escuras atrás nas pernas de minha irmã, perguntei ao meu mentor: "o que são essas manchas escuras em suas pernas?". Ele me transportou a outro cenário. O ambiente hostil, íngreme, no meio do nada. Éramos ainda selvagens. Percebi, nitidamente, quando o machado cortou-lhe as pernas e, minha mãe, em gargalhada, festejava, eu assistia a tudo. Acordei gritando: "Não". Então, exclamei: "Nossa, minha mãe é um monstro! Ela me afogou e comeu as pernas da minha irmã". 

Todos já fomos, em tempo longínquo, selvagens. Agíamos por instinto de sobrevivência. Minha mãe tentou abortar-me na atual existência. Eu pude descobrir ao voltar ao seu útero, na terapia de regressão, por isso dizer que ela me afogou: no útero estamos submersos no líquido amniótico. Somente após um ano, pude confirmar a realidade do fato, motivo que me levou a procurar a Casa Espírita, ou melhor, levou-me a buscar compreender melhor os meus conflitos existenciais, e, assim, através de um trabalho árduo, perdoar-me por minha ignorância. Muitos atos praticamos não por maldade, mas, por não saber. E, por não saber, entramos num conflito existencial. 

A Doutrina Espírita leva-nos a conhecermos à nós mesmos, no mais íntimo do nosso ser, confirmando o lema filosófico de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo". Sócrates converteu esse lema em missão de vida, ele defendeu que o primeiro passo da sabedoria é o reconhecimento da própria ignorância.

Noite passada, após orar por minha irmã, invocando ao Mestre Jesus o auxílio dos bons amigos do plano espiritual, e, da equipe de Dr. Bezerra de Menezes, em estado de vigília, eis que me foi apresentada uma negra gorda, com as duas pernas amputadas, encostada na parede do meu quarto, apoiada por duas moletas de madeira. Vestia um vestido de "chita", com estampa de florzinhas miúdas, alaranjado. Dizia-me que não iria embora. Assustada, acordei de sobressalto. Percebi a sua presença, quase materializada. Orei, mais uma vez, para apagar aquela impressão. Sua presença era de uma energia muito densa, confesso que custei a pegar no sono novamente. 

A cirurgia havia sido cancelada por três vezes, diante da urgência, busquei auxílio na Casa Espírita. Havia recebido também, anterior a esta passagem, uma comunicação escrita: "ela não sabe, ainda, mas, ela vai perder as duas pernas". Achei horrível, pensei em não mais escrever, porém, permiti-lhe prosseguir: "ela vai ter diabetes". Anotei, mas, não quis lhe dar muita importância, afinal, não devemos acreditar em todos os espíritos, está no E.S.E, cap. XXI; 6: "não acrediteis em todos os Espíritos, mas, provai se os Espíritos são de Deus" ( João, Epístola I, cap. IV:1).

A cirurgia em uma das pernas aconteceu, com a graça de Deus, imediato ao atendimento fraterno. Transcorreu tudo bem, porém, visitando-lhe, tive a confirmação do diabetes. Minha irmã está com aumento na taxa de glicose no sangue, e a endocrinologista alertou-lhe sobre uma provável diabetes por conta da obesidade, indicando-lhe dieta. Seria acaso? Continuarei com minhas orações e a pedir a misericórdia divina. Rogo sempre a Deus para que possamos suportar com fé e resignação tudo o que lhe aprouver nos enviar.

Com isso, comecei a refletir sobre a casualidade das coisas. Nada acontece por um acaso, pois que, Deus é "Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas" (L. E. cap. I). Logo, tudo tem uma razão de ser. O acaso nada mais é do que a falta de explicação racional para os acontecimentos, pois, as causas, muitas vezes, encontram-se no passado. Quem poderá negar que aquela negra mutilada não tenha sido alguma escrava, a qual tenhamos torturado e causado-lhe sequelas graves e/ou até fatal, em sua existência corpórea? Sim, podemos sim, ter-lhe infligido o infame castigo.

Então, pensei nas demais existências pretéritas descortinadas. Sendo perseguida por promover rebeliões contra o "dogma eclesiástico".  Nesse mesmo instante, sendo levada, por minha irmã, para ver nosso irmão, dado por morto, já deitado em uma pedra fria e coberto por um lençol branco. Enquanto todos diziam: "ele está morto", eu dizia: "não, ele não está morto". Subia para o quarto onde ele estava, colocava-me ao seu lado e dizia-lhe: "meu irmão, você não morreu, eu te amo, volta"Ele então abriu os olhos e sorriu para mim. 

Logo depois, entrava em outro quarto escuro, com  assoalho de madeira. Deixava a porta semiaberta para que entrasse uma fresta de luz. Ajoelhava-me, colocando o Evangelho aberto sobre o chão, a agradecer pela cura através do Cristo. Então, atrás da porta, alguém surgia lentamente, e, com as mãos, asfixiava-me, não vi o seu rosto naquele exato momento, mas, no momento do sonho pude perceber, era meu irmão. Perseguia-me por pregar o Evangelho do Cristo, acreditava-me "bruxa".

Há muitos anos, acordei no meio da noite, gritando e chorando muito, pedi aos Amigos Benfeitores para saber sobre o meu pai. Vi-me entrando em um galpão e, encontrando-o debruçado sobre uma mesa, desencarnado, na mais profunda solidão. O lugar era a oficina onde ele, hoje, trabalha. Apesar de tudo apontar neste sentido, rogo a misericórdia divina, para que tenha sido tão somente um pesadelo. Hoje, aos setenta e três anos, após ter criado os filhos e ter a vida conjugal desfeita depois de completado "bodas de ouro", ele trabalha em uma oficina, onde também reside. Sem a família, vive na solidão. Então, sempre que vou visitá-lo, reporto-me ao pesadelo. Aflijo-me na falta de notícias suas, e, rezo todos os dias para que tenha sido apenas um pesadelo.

Através da Doutrina Espírita percebo que nada acontece por acaso. A Lei que rege o Universo é a lei de causa e efeito, a lei de responsabilidade. Uma lei natural, escrita na consciência do homem, mas que nem todos a compreendem, são as leis morais (L. E., livro III - cap. I). Assim, "não há efeito sem causa", como ensina os Espíritos no "Livro dos Espíritos", codificado por Allan Kardec.

É através de leis que Deus estabelece no Universo sua vontade, tanto no mundo material como no mundo espiritual, nada foge às suas leis, à sua vontade. Tudo o que acontece no Universo está dentro da Lei Divina, tudo já está previsto pelo Altíssimo. Cada ato que se faça, as consequências incorpora as leis divinas. E, como disse Jesus: "a cada um será dado segundo as suas obras" (N.T., Mateus 16; 27). Até mesmo o livre-arbítrio está circunscrito dentro das leis de Deus. O livre-arbítrio consiste no gênero das provas escolhidas pelo Espírito antes de reencarnar (L. E. Q. 258). Deus as permite de acordo com o grau de evolução do Espírito. Em virtude da sua escolha, aconteça o que acontecer, nada interfere nos propósitos divinos. Não obstante, muitos problemas acontecem sem que os tenhamos criados, são criados por Deus, como aprendizado. 

Por sermos Espíritos imortais, a nossa vida não se resume em uma única existência. Com isso, os efeitos só se extinguem quando se extingue a intenção dos atos, ou, o  impulso que o gerou, tanto para o mal quanto para o bem, dentro das leis divinas. Por tanto, não basta o arrependimento, mas é necessário a reparação dos nossos erros. A reencarnação é a justiça de Deus dando-nos a oportunidade de  fazer o bem e, assim, equilibrar o mal na balança divina. Já provocamos os efeitos agora é aceitar com resignação as provas e expiações que a Deus nos consentir enviar, sabendo que Deus não dá um peso maior do que possamos suportar, daí dizer "processo evolutivo", ou seja, as reencarnações no plano terreno, mundo de prova (oportunidade) e expiação (depuração). 

"A justiça das diversas encarnações do homem é uma consequência desse princípio, visto que, a cada nova existência, sua inteligência está mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é o bem e o que é o mal. Se tudo devesse se cumprir para ele numa só existência, qual seria a sorte de milhões de seres que morrem cada dia no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem que tivesse dependido deles se esclarecerem?" (L. E. Q. 619).

"O homem não pode e nem deve tudo saber" (L. E. Q. 392). Contudo, quando Deus lhe permite descortinar o véu do passado é para um bem maior. Tudo o que agora percebo é que não sou vítima do acaso, como, na verdade, todos gostaríamos de ser. Não foram os meus algozes que me foram revelados, invertendo-se os papéis, era eu no lugar de cada um deles. Eu também participei do banquete das pernas da minha irmã, posso ter sido eu e não a minha mãe a cortar-lhe as pernas. Bem como, posso não ter permitido a vida para minha mãe, em alguma existência. E, aquela negra escrava, eu fazia parte da família que causou-lhe tamanho sofrimento. Quanto ao meu pai, eu posso tê-lo abandonado, deixando-o morrer na solidão. Posso ter sido eu, o clero inquisidor, a perseguir ao meu irmão por "subversão da ordem", ao praticar os ensinamentos do Cristo. 

A partir deste desvelamento do passado, compreendo, hoje, está máxima deixada pelo Mestre Jesus: "Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra" (E. S. E. cap. X; 11). É preciso não julgar para não ser julgado, antes de reprovar uma  falta de alguém, considerar se a mesma reprovação não se pode ser-lhe aplicada. Jesus não proibia de se reprovar o mal, mas quis mostrar que a autoridade da censura está na razão da autoridade moral. Quando Jesus disse-lhe: "vai e não peques mais", não lhe retirou a responsabilidade de seu ato, mostrando que ela pecou: "não peques mais", apenas, não a condenou, foi-lhe indulgente e, assim, deu exemplo que a indulgência para com o outro é um dever.

Não reencarnamos na família que muito amamos na Pátria Espiritual, regressamos a vida terrena, frequentemente, juntos aos nossos maiores inimigos, senão, como poderíamos reparar as nossas faltas? São com nossos inimigos que temos injustiças a reparar. Onde estaria a justiça da reencarnação? Os Benfeitores respondem à Kardec: "... Um bom pai deixa sempre aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento..." (L. E., Q. 171). Não há amor sem perdão, sem o esquecimento das ofensas e das injúrias. A família é essa porta aberta pelo Pai, para o Espírito reaprender a amar. Qual será então, a sua conduta nessa família? "Ela dependerá da maior ou menor persistência das suas boas resoluções. O contato incessante dos seres que ele odiou é uma prova terrível, da qual, às vezes, sucumbe, se a sua vontade não for bastante forte" (E. S. E., cap. XIV; 9).

Hoje, compreendendo um pouco melhor esses ensinamentos que a Doutrina Espírita proporcionou-me, através do Evangelho de Jesus Cristo, aprendi a amar ainda mais a minha família de sangue, e busco dentro desses ensinamentos, tê-la junto à mim, para poder unir-me ao Senhor. Não é tarefa fácil, mas que depende das minhas decisões do presente. "Por mim eu quero, com Deus eu posso". 

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier).

Que Assim Seja!

Luz e Amor!




 "Deus não faz as provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem: é para eles que estão reservados o choro e o ranger de dentes, em suas existências posteriores. Admirai, entretanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta para o arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, o seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus abre os braços paternais para o filho pródigo, que se lança a seus pés. As grandes provas, escutai bem, são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus." 
(Honra a teu pai e a tua mãe, cap. XIV; 9. O Evangelho Segundo o Espiritismo).