sexta-feira, 21 de agosto de 2015

VENCENDO AS MÁS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS



Em 19/08/2015;às 21 hs e 40 min.

Glória à Deus no Céu e paz na Terra aos homens de boa vontade!

Hoje, mais uma vez, venho dar-lhes o meu testemunho sobre a glória do Pai e do Vosso Filho, nosso Senhor, Jesus Cristo, e das influências dos Espíritos em nossa vida. 

Há anos venho sofrendo verdadeira tortura por conta dos meus cabelos. À princípio pode parecer uma bobagem, como também acreditei um dia, porém, esta bobagem causou-me um dano muito grave em minha vida. A influência espiritual negativa, de início bem simples, é enlace de difícil desembaraço, podendo levar a um estado grave de obsessão.

Desde os sete anos de idade não posso cortar os cabelos que entro em estado de profundo transtorno psíquico. Sempre foi o maior desconsolo vê-los cortados. Minha mãe, com sete filhos para cuidar, não podia deixar que criássemos cabelos. Então, para facilitar a sua vida, mantinha-os bem cortados. 

Muitas vezes, chegava na escola aos prantos, num profundo pesar. A professora buscava saber o motivo de tanta tristeza, e por encontrar-me em soluços, as coleguinhas sempre respondiam: "_ A mãe dela cortou-lhe os cabelos".

Tentando compreender, perguntava: "_ Por que a mãe dela faz assim, não vê o quanto ela sofre?". E consolava-me: "_ Não chore, cabelos crescem!". Minha mãe nunca compreendeu o meu sofrimento, e, eu, menos ainda.

Aos doze anos decidi que não mais deixaria que os cortassem, já era capaz de cuidar deles eu mesma, e que felicidade quando eles alcançaram pela primeira vez os meus ombros! 

Depois de quatro anos, com eles pela cintura, tomei a decisão de cortar. Estava na adolescência, e queria mudar o visual, nada que uma jovem não faria! Porém, não conseguia mais me sentir feliz. Comecei a ficar focada no espelho, penteando e medindo o seu cumprimento, processo que durava o tempo deles crescerem novamente. Bastava cortá-los para entrar em nova perturbação: medi-los e chorar compulsivamente, sentindo-me culpada, como se houvera cometido uma atrocidade. Eu não me reconhecia no espelho. Ainda que dissessem que estavam lindos, e, eu mesma os achassem lindos, de um instante para outro, lá estava eu,  penteando e medindo, chorando e me odiando.

Quando fiquei adulta, já no Centro de Umbanda, como "filha de Santo", foi me dito que era por conta dos "guias" (quizila de Santo). Como filha de Obaluaê e Oxum, eu não podia cortar os cabelos sem a sua permissão. Com eles longos, sentia-me poderosa! Ao cortá-los, sofria como um grande castigo. Nesta época, eu não estudava a Doutrina Espírita, e nem me aprofundara nos preceitos da Umbanda, para compreender o seu fundamento. Apenas trabalhava para desenvolver a minha mediunidade, que nem mesmo acreditava ter.

Já fiquei pendurada em uma enorme roseira, arrancando rosas com as próprias mãos, em meios aos espinhos, semi-inconsciente, com o recado de não mais cortá-los. Já saí correndo de um salão de beleza, no momento em que a profissional segurou uma mecha para cortá-los. Não olhei nem para trás, de tanta vergonha! Outra vez, na hora em que a profissional lavava meu cabelo, a ducha do lavatório foi arrancada de suas mãos, e girava no ar, molhando a tudo em volta. A profissional gritou assustada: "_ Meu Deus! O que foi isso?". E, eu soltei uma gargalhada descomunal, ficando completamente constrangida depois do ocorrido.

Acreditava que era esquizofrênica, e por acreditar-me assim, cheguei a procurar um Manicômio, o Juliano Moreira, para que me internassem. O meu comportamento não era normal. Eu queria ser normal, jamais iriam me amar se eu não fosse normal.

O psiquiatra muito gentilmente atendeu-me, disse-lhe: "_ Dr., quero ficar internada, eu não sou normal!". 

Ele ficou ouvindo-me, pediu que o aguardasse na sala, que iria pegar as fichas para abrir o prontuário, e retirou-se deixando a porta entreaberta. Fiquei sozinha na sala, de onde ouvia gritos pavorosos que fazia o meu coração disparar. Ainda assim, aguardei o psiquiatra, estava decidida! Mas, nada dele retornar. Depois de quase meia hora sozinha, passou pelo corredor uma maluca nua gritando, o medo tomou conta de mim, e antes que as minhas pernas não mais respondessem, saí correndo do Hospital, sem nem olhar para trás. Preferi continuar na Umbanda, e não mais cortar os cabelos curtos.

Em maio do ano corrente, fui passar o dia das mães em São Paulo, com a minha filha. Havia passado pela cirurgia de reconstrução da face, retirado o aparelho de distensão óssea e senti repentinamente uma vontade enorme de cortar os cabelos, renovar as energias, foram três intervenções cirúrgicas em apenas hum ano. E, desejava resgatar alguma coisa do passado que pudesse ter ficado, que me fizesse sentir melhor, o que não aconteceu. Mas, o que mais me incomodou foi a percepção insistente, enquanto cortava-os compulsivamente, de uma presença espiritual dizendo que precisava desapegar-me do cabelo, que logo iria perdê-los para o câncer. Desejei desvencilhar-me daquela impressão, eu não estava doente, mas ao olhar-me no espelho, ela vinha, e, com ela, uma profunda angústia.

A Doutrina Espírita ensina que somos nós os responsáveis por nossas escolhas. Ensina sobre a soberania do Espírito em relação a mente e o corpo. O Evangelho ensina que devemos cuidar do corpo e do Espírito (E. S. E., cap. XVII; 11). Cuidar do corpo não é vaidade, é zelo. Vaidade é o cuidado exagerado, apego. "Devemos cuidar do corpo como se nunca fossemos morrer e do Espírito como se fossemos morrer amanhã" (NAZARENO FEITOSA, 2015). Certo que Deus nos criou para sermos felizes na eternidade, mas a vida terrena deve servir unicamente para o nosso aperfeiçoamento moral, o qual se conquista mais facilmente com a ajuda do corpo e do mundo material (E.S.E., cap. XI; 13).

O corpo é morada do Espírito, é o veículo que o conduz pela vida terrena, sem o qual o Espírito sofreria muito mais, pois estaria muito mais sensível as percepções. É um abrigo para que o Espírito possa se manter na Terra. Contudo, é o Espírito quem o governa. Assim, também, é com a mente. A mente não pode governar o Espírito, porque a mente é apenas um aparelho físico que guarda as impressões do mundo.

Dessa forma, coloquei-me como dona de mim, e atendi as minhas próprias vontades. A princípio fiquei feliz, afinal, já compreendo que um Espírito Benfeitor (guia) jamais poderia intentar passar por cima do meu livre-arbítrio, caso contrário, não seria um Benfeitor. Um Amigo Espiritual jamais poderia imputar-me tamanho sofrimento, uma tortura, por conta de de um capricho. Eu sou mais do que um cabelo, sou mais do que um corpo, sou mais do que um rosto. Eu sou maior em mim! E, compreendendo este ensinamento à luz da Doutrina Espírita, como submeter-me a vontade de um Espírito perturbador?

Está no Evangelho Segundo o Espiritismo ( cap. XXI; 6): "Não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas que se levantaram no mundo" ( João, Epístola I, cap. IV: 1).

Mas, não é fácil livrar-se assim da influência de um Espírito que já nos acompanha por longas datas, e que conhece melhor as nossas fraquezas do que nós mesmos. Eu ainda não venci a minha vaidade. Eu fui em existências passadas (descortinadas para o meu crescimento espiritual), "escrava sexual", "prostituta", "dama da noite", até conhecer o Evangelho de Jesus.

Quando obtive esta revelação fiquei muito transtornada. Porém, lembrei de Maria Madalena, a prostituta, que conhecendo os ensinamentos de Jesus, arrependeu-se e seguiu a Jesus. Maria Madalena foi fiel ao Cristo até o fim. Ela foi a única que não negou a Cristo, e permaneceu junto com Maria, mãe de Jesus, aos pés da cruz. Passou a cuidar dos filhos dos leprosos, atendendo ao pedido de Jesus. Contraiu a doença e morreu sozinha na aldeia dos leprosos. Jesus, cumprindo o prometido de que ela estaria ao seu lado depois da morte, foi buscá-la pessoalmente.

De acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. V; 11), Deus coloca um véu sobre o passado para evitar perturbações nas relações sociais, visto que, o Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha feito. Contudo, não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode-se dizer que ele nunca a perde, pois a experiência prova que, encarnado, durante o sono do corpo, ele goza de certa liberdade e tem consciência de seus atos anteriores. Então, ele sabe por que sofre, e que sofre justamente

Sob fortes torturas e perseguições, eu neguei Cristo por diversas vezes, igual aos seus apóstolos e àqueles a quem Ele curou, e, o remorso por minha covardia, fez-me desistir da vida através do suicídio (memórias passadas). O suicídio é a maior manifestação de ingratidão e de falta de fé no Pai Celeste. Ainda assim, o seu amor é tão imenso que sempre nos oferta uma nova oportunidade de remissão do pecado, a reencarnação.

Entendo que poderia me situar na primeira pessoa do plural (nós fomos; nós negamos), já que a doutrina esclarece que todos nós já vivenciamos experiências semelhantes, em épocas passadas, e que o Espírito não tem sexo, nem cor, nem raça. Como esclarecem os Benfeitores Espirituais, nós não somos, mas, estamos em determinado corpo, em determinada situação, para o nosso aprimoramento moral. Colocar-me na primeira pessoa do singular (eu fui; eu neguei) é um exercício que me ajuda a sair do papel de vítima, colocando-me frente a frente comigo, assumindo as responsabilidades sobre os meu atos.

A fé fundamentada é o maior remédio contra as perseguições espirituais. O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá um impulso por assim dizer irreversível (E. S. E., cap. XIX: 5). Por isso, Jesus dizer: " _  A tua fé te curou". 

Conquanto, não basta ter fé, é preciso uma mudança interior, corrigir os instintos primitivos que ainda habita em nós. "_ Credes que posso te curar?" (...) "Vá e não tornes a pecar" (Jesus). A mudança íntima só é possível quando nos retiramos do papel de vítima e de impotente, tomando consciência do que verdadeiramente somos e, conhecendo as leis morais do Cristo: "Conheça a verdade e ela vos libertará". 

Tomar consciência de si implica em assumir novas responsabilidades, por isso, muitos preferimos permanecer na ignorância do bem. Mas, o auxílio Espiritual só pode manifestar-se a partir do trabalho no bem. Segundo os Benfeitores Espirituais esclarecem a Kardec, no Livro dos Espíritos, se é um homem de bem, sua vontade pode ajudar, apelando pelo concurso dos bons Espíritos, porque quanto mais se é um homem de bem, mas se tem poder sobre os Espíritos imperfeitos para os afastar, e sobre os Espíritos bons, para os atrair (L. E., item 476).

Eu compreendo hoje, através dos estudos doutrinários e palestras espíritas, que, tenho poder de auto-cura através do auto-perdão. Ao deixar o papel de vítima, vejo que também preciso de perdão e, principalmente, de perdoar-me. A culpa, segundo Manoel Philomeno de Miranda, é a causa maior das obsessões. Desculpar é retirar o peso da culpa, é  reconhecer-se como Espírito imperfeito que todos somos. A perfeição não é a mesma para todos os Espíritos. A perfeição é cumprir da melhor forma as suas provas, é dar o melhor de si. Saber que eu erro, mas que estou evoluindo.

Nesta reencarnação existente, eu estou trabalhando por melhorar-me moralmente, e fortalecer-me como Espírito através da minha mediunidade. A mediunidade não é um bônus de gratificação, ou para simplesmente auxiliar aos outros. É um dom gratuito, que é o de ser interprete dos Espíritos, para instruírem os homens, para lhes ensinarem o caminho do bem e levá-los à fé (E.S.E.). A mediunidade é uma prova de resistência ao mal, ao mesmo tempo de um peso enorme pela responsabilidade que trás em si, de intercâmbio com os dois mundos, o médium não pode negar o conhecimento do plano espiritual e fugir do contrato assumido: "A quem muito foi dado, muito será pedido", e de uma beleza esplendorosa, porque vivenciá-la é poder enxergar além da vida.

Contudo, em um mundo de provas e expiações, onde somos tentados a todos instantes nas nossas fraquezas: orgulho, vaidade, egoísmo, é quase sempre improvável desvincilhar-se dos inimigos ocultos sem o auxílio dos Benfeitores Espirituais. Ainda mais, quando já os fortalecemos com a nossa resistência no bem.

Então, comecei a perceber que algo estava errado comigo, pois, que, hoje trago este ínfimo conhecimento sobre a Doutrina Espírita. Bem como, pelo esforço em melhorar-me, buscando fazer como ensinou o filósofo da Antiguidade: "Conhece-te a ti mesmo". 

O meu humor ficou oscilando: ora olhava-me contente, ora odiava-me. Ora irradiava alegria, ora enchia-me de culpa: "_ o que fiz com meu cabelo!". Arrumava-me para sair de casa, de repente olhava-me no espelho e começava a pentear e a medir o cabelo, num comportamento obsessivo compulsivo, até desistir de sair.

Assim, passei a recusar-me sair de casa, a receber as pessoas, queria me esconder de mim mesma, como se fosse possível. Isolei-me do mundo. Desejei buscar auxílio na Casa Espírita. Eu não estava "normal", mas, não consegui, por dois meses, sair de casa. Comecei a ficar ansiosa, com medo do amanhã. Eu não saberia mais enfrentar as pessoas. O meu rosto apresentou deformação, como se a cirurgia realizada só tivesse piorado a minha situação atual: "_ Quem mandou você cortar o cabelo?", insistia aquela voz na minha mente.

Passei a ter insônia, noite após noite sem o sono restaurador. Acordava logo após o estado de vigília, assustada, com uma forte sensação de desencarne. Senti medo de dormir e não mais voltar, tamanho o mal estar. O estômago e o corpo todo doía-me. Eu estava tão feliz em poder reconstruir meu rosto, passei por tantas cirurgias sem deixar me abater, como deixar me abater por conta de um corte de cabelo? Não, essa não sou eu!

Comecei a dizer à mim mesma que não precisava de ajuda espiritual, pois, já tinha conhecimento suficiente para contornar por si a situação. E, a cada dia sentia menos vontade de sair da cama, não fosse a fiel presença do meu Mentor Espiritual, que diante do meu desajuste emocional, colocara-se ao meu lado, a proteger-me. Eu orei muito, e buscava assistir palestras espíritas. Fiz o Evangelho no Lar. E, sob orientação do meu Anjo Amigo, levantava-me da cama para a vida. Ele, entre uma prece e outra, pedia-me carinhosamente: "_ Não se entregue, confie em Deus! Está tudo bem! Deus proverá!". Algumas vezes, inspirava-me a tomar sol por alguns minutos, como, se, para renovar as minhas energias, no que me fazia muito bem.

Reagi severamente depois que, por duas noites seguidas, despertei com uma forte presença espiritual, quase materializada, na cabeceira da minha cama, soprando alguma coisa na minha cabeça, o que me causou um pavor enorme, um medo da solidão. Daí, então, passei a dormir com Luna, minha fiel amiga e companheira, uma cadela da raça Labrador. Orei firmemente, rogando a Jesus que me retirasse daquela perturbação mental, mostrando-me o caminho a seguir. Havia despertado para que eu não estava sozinha. Supliquei o auxílio dos Bons Espíritos, precisava desembaraçar-me daquela influência malévola.

Acordei com maior disposição, e fui para o Centro Espírita. Somente lá, pude olhar-me no espelho e perceber que não havia nada de errado com o meu cabelo, nem com o meu rosto, ou com qualquer outra parte do meu corpo, apenas com a minha mente. Fui acolhida pela Espiritualidade da Casa, passei pelo aconselhamento, onde aquele Espírito pode manifestar-se e ser levado para tratamento. E, eu fui encaminhada para o reequilíbrio energético, pude sentir o alívio imediato da dor de cabeça que me assolou durante toda a noite, e equilibrar-me novamente.

No retorno para casa encontrei com diversos amigos e, todos acolheram-me com alegria, apreciaram a minha recuperação e o meu novo visual. Mas, o melhor de tudo, foi poder voltar a olhar-me com a minha aprovação, foi não desistir em vencer as tentações, ter fé, e voltar fortalecida para seguir a terceira etapa do processo de reconstrução da minha face. Eu vi uma beleza diferente em mim, que antes eu não via, a beleza de quem crê na força do bem. A beleza de quem busca, na fé em Jesus, o amparo seguro e o sustentáculo para a vida. Esta é a verdadeira beleza que importa, que faz toda a diferença. No final, o corpo volta para a terra, mas o Espírito renova-se e resplandece. Que Assim Seja!

Luz e Amor!



"E depois que veio para onde estava a gente, chegou a ele um homem que, posto de joelhos, lhe dizia: Senhor, tem compaixão de meu filho, que é lunático e padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e muitas na água. E tenho-o apresentado a teus discípulos, e eles o não puderam curar. E respondendo Jesus, disse: Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco, até quando vos hei de sofrer? Trazei-mo cá. E Jesus o abençoou, e saiu dele o demônio, e desde aquela hora ficou o moço curado. Então se chegaram os discípulos a Jesus em particular, e lhe disseram: Por que não pudemos nós lançá-lo fora? Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé. Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível" (Mateus, XVII: 14-19).


(A Fé que Transporta Montanhas, cap. XIX; 1. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

REENCARNAÇÃO: TERAPIA DE AUTO-AJUDA



Em 11/07/15; às 9:00 hs.

A cada dia, convenço-me de que a reencarnação é mesmo uma terapia de auto-ajuda. Percebo com maior clareza de que a minha missão na Terra é antes comigo mesma: preciso reaprender a me amar. Somente depois de aprender a amar a si mesmo, torna-se possível cumprir a máxima deixada por Jesus Cristo: "Amarás o teu próximo, como a ti mesmo" (Mateus, 22: 39).

As pessoas, comumente, estão imbricadas em ajudar aos outros, isto, quando não se "metem" na vida dos outros, quase sempre com um propósito humanitarista, o de "salvador do mundo", quando não conseguem salvar nem a si mesmas. Todo mundo é bom dando conselho para os outros. A vaidade não lhes permite que vejam a verdadeira intenção contida em seu ato: ser a "boazinha", e, com isso, ser exaltada, elogiada ou prestigiada. Gandhi ensinava que "a nossa grandeza reside não tanto em sermos capazes de refazer o mundo, mas em sermos capazes de refazermos a nós mesmos". Se deseja melhorar o mundo, comece por si mesmo.

Ao longo de muitas das nossas existências fomos ouvindo da família, da igreja e da sociedade, que é preciso amar ao próximo, ajudar aos outros, agradar aos outros, esquecendo-se de si mesmo, como sendo isso a senha para se entrar nos Reinos dos Céus. Os nossos pais obrigavam-nos a isto quando eramos crianças, e os pais de nossos pais a eles: "menino, dê seu lugar para fulano"; "menino, deixe fulano brincar com seu brinquedo"; "menino, não me responda", ou seja, menino, não tenha voz, você não tem querer, e, ainda, colocavam medo em nossas mentes: "papai do céu castiga". 

As religiões preconizavam o "amar ao próximo", deixando no esquecimento "como a si mesmo". E, nós repetimos o mesmo comportamento com os nossos filhos, quanto mais pessoas ajudar, maior é a recompensa no céu, enquanto nossa existência terrena vai se tornando um vazio. Madre Teresa de Calcutá mostrava a necessidade de ajudar, começando por si mesmo, ela dizia: "_ nunca se preocupe com número, ajude uma pessoa de cada vez e comece pela mais próxima, você". Isto não quer dizer que não se precise ajudar àquele que necessita, especialmente, se o seu coração lhe pede. Contudo, não é preciso se culpar, se o coração assim não desejar. E, nem se sentir responsável por todas dores do mundo, elas existem porque as pessoas, de alguma forma, precisam delas para se melhorar.

Amar a si mesmo tomou uma conotação de egoísmo, de algo ruim (pecado), quando, na verdade, amar a si mesmo não é egoísmo. Egoísmo é amor exagerado ao bem próprio, com desprezo ao dos outros (Dicionário da Língua Portuguesa). O amor exagerado é o amor que adoeceu, tornou-se apego, obstinação. Dessa forma, as pessoas foram se deixando de lado, meio que anulando a si mesmas, em busca de um lugar no céu, como se o céu fosse um lugar além de sua própria consciência. Isto decorrente das velhas crenças de que o céu estaria acima das nuvens, com anjinhos tocando harpas e, um velhinho de barbas branca aguardando sentado em um trono, com um cajado na mão para separar "bonzinhos" para um lado, e "maizinhos" para outro.

Com o propósito de sermos "bonzinhos" e "agradar" aos outros, e seguindo aos modelos que nos são impostos desde a infância, acabamos perdendo a nossa auto-estima, ou seja, perdemos o amor (estima) por si mesmo. Nunca é demais lembrar que, quem procura agradar deseja algo em troca, o que já demonstra que esse "agradar" não é um ato de amor. O amor não espera nada em troca, ele parte diretamente do coração livre de quaisquer interesses. O valor da ação está onde está o amor. Se a ação tem amor, então ela tem valor. Em outras palavras: se passo por cima do meus sentimentos para fazer qualquer coisa que seja, este ato não é de amor, é um sacrifício em detrimento de alguma recompensa imediata ou posterior, logo, não tem valor algum. O amor não pode significar sacrifício. 

Eu não quero falar com "aquela pessoa chata" e sou obrigada, estou passando por cima dos meus sentimentos somente para parecer uma menina boazinha. Eu gosto do meu brinquedo e não quero dá-lo a ninguém e, sou obrigada a fazê-lo somente para agradar a alguém, e esse alguém não sou eu, estou passando por cima dos meus sentimentos. São gestos que parecem singelos e bastante educados, porém, ao longo do tempo vai revelando uma brutal crueldade para o Espírito que deixa, pouco a pouco, anular o que de melhor trás em si, que é a sua verdade.

O Espírito é coração, é quem sente. A mente é que pensa. O Espírito é consciência, está acima da mente, ele controla a mente. A mente é um aparelho onde as experiências foram impressas, ela carrega as impressões do mundo. Somente consegue se impor sobre a mente o Espírito evoluído, aquele que enxerga além da mente. Quanto mais se nega o Espírito, mais sofre-se, mais adoece-se, mais atrasa-se a vida (Espírito Calunga/GASPARETTO). O Espírito Calunga (2010) esclarece, ainda, que, quando o Espírito não consegue se libertar das impressões da mente, não enxerga mais nada além da mente, ele, ou desencarna ou reencarna, para poder abrir a mente e evoluir.

O pensamento é um atributo da Alma (L. E., item 89). Alma, conforme especifica Allan Kardec, no Livro dos Espíritos, é o Espírito reencarnado, que sem o corpo físico é apenas Espírito. Kardec faz esta distinção entre Espírito e Alma para designar Espírito encarnado e Espírito desencarnado, mas, a essência é a mesma. Deus é Inteligência Cósmica Universal. Os Espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material. É o princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar (L. E., item 79) .

Segundo os Benfeitores Espirituais esclarecem, a inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer intercâmbio com o mundo exterior e de prover às suas necessidades. A inteligência só pode se manifestar por meio da matéria, é própria de cada ser e constitui sua individualidade moral (L. E. item 71).

A mente segue aquilo que ela aprendeu: aprendeu ver o mundo; aprendeu ver as coisas. Segundo estudiosos da área, a mente é coletiva (astral) e estamos todos mergulhados nela, por isso, estamos conectados uns aos outros o tempo todo, pelos pensamentos, os mais diversos, aqueles que nos pegam até mesmo do nada, de repente, sem nem mesmo representar as lembranças de um passado, pensamentos que não são nossos e que não sabemos de onde surgem, os mais estranhos, são somente interferências que ocorrem por estarmos todos mergulhados em um mesmo fluido - o Fluido Cósmico Universal (FCU), por onde os nossos pensamentos, os mais íntimos, trafegam em ondas e se interconectam. Por isso, dizer: "ninguém está sozinho". 

A vida é de acordo com a crença de cada um. Conforme estudos espíritas, quando reencarnamos, chegamos aqui sabendo a que viemos, somos Espíritos velhos em corpos de crianças, trazemos as nossas experiências adquiridas em existências passadas, mas, aos poucos, o Espírito vai perdendo a consciência de si mesmo, tornando-se criança. Alguns Espíritos, os mais adiantados, não se deixam levar por determinadas regras. Daí são chamados de "rebeldes", "geniosos", ninguém pode com eles. Muitas vezes, até parecem curvar-se às normas, mas, daqui para ali, estão imperiosos em seu Espírito, donos de si mesmos.

Outros acabam cedendo aos impulsos do mundo, levados pela cabeça (mente), que são formas adquiridas, esquecendo-se do que sentem, aceitam a tudo sem nada questionar, e, assim, passam toda uma existência sem fazer valer a sua reencarnação, porque se anulam o tempo todo. Fracassados, retornam a Pátria Espiritual a se lamentarem, pois, esqueceram a sua verdadeira missão na Terra: evoluir. Cada um é responsável por si, pelo seu próprio progresso. Nada mais têm a fazer, senão, aguardar uma outra oportunidade de reencarnação. A reencarnação tem por objetivo o aprimoramento moral e espiritual.

"Qual é aquele que, no fim do seu caminho, não lamenta ter adquirido muito tarde uma experiência que não pode mais aproveitar? Essa experiência tardia não ficará perdida; ele a aproveitará numa nova existência" (L. E., cap. IV, item 171)

A realidade que nos é apresentada pelas instituições (familiar, educacional e religiosa) nem sempre tem como base a verdade, muitas vezes, é baseada em crenças ou falsas crendices. De acordo com a parapsicóloga e palestrante espírita, Anete Guimarães (2015), a verdade é única. Não existe meia verdade, ela é absoluta e imutável, é perfeita porque não há mais o que acrescentar. Nós temos acesso ao conhecimento e não a verdade, devido a nossa imperfeição ainda não temos capacidade de conhecer a verdade. O conhecimento muda, da mesma forma que nós mudamos também.

Crença é alguma coisa que você supõe que seja verdade, mais não pode afirmar. As crenças podem ser falsas ou verdadeiras. Segundo Anete Guimarães esclarece, o conhecimento vem para justificar essas crenças, são as justificativas racionais desenvolvidas pela Filosofia, elas seguem as regras da racionalidade para fundamentar seus argumentos. Se você não sabe dizer o porque das coisas não é conhecimento, é apenas uma crença. Daí a necessidade do espírita estudar. A doutrina espírita é filosófica, está fundamentada em pensamentos lógicos, com justificativas racionais, com base cientifica e ética morais. O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, é filosófico científico, está lá no rosto do livro: "Filosofia Espiritualista".

A doutrina da reencarnação, isto é, aquela que admite para o homem várias existências sucessivas, é a única que responde à ideia que fazemos da justiça de Deus em relação aos homens colocados em uma condição moral inferior, a única que nos explica o futuro e fundamenta nossas esperanças, pois que oferece o meio de resgatar nossos erros através de novas provas. A razão indica essa doutrina e os Espíritos no-la ensinam (L. E., cap. IV, item 171).

Nestes dias em que tenho permanecido em casa, tenho meditado muito sobre "para quê" passar por toda essa situação. O quê a vida quer me mostrar? E, foi esta a resposta que obtive em sonhos: preciso olhar para mim, com a mesma admiração e respeito com que olho para todas as obras de Deus. De tanto seguir padrões de comportamentos, de tanto buscar ser a pessoa "ideal", para agradar, ser aceita e admirada, fruto do meu orgulho e vaidade, acabei deixando de ser "real", deixando que me levassem o melhor que havia em mim, eu mesma!

É preciso a solidão para ouvir o Deus que habita em cada um de nós. A solidão nada mais é, que o buraco deixado quando nos retiramos de nós mesmos, quando eu deixo de ser o que verdadeiramente sou. Em alguns casos, retirar-se do mundo lá fora, quase sempre cobrando que sejamos isto ou aquilo, e, onde acabamos representando papéis para satisfazer os anseios da sociedade, da família, dos amigos, ou seja, dos outros, é necessário para que possamos resgatar a nossa função no mundo.

Ser mãe, por exemplo, é uma função. Ser uma mãe extremosa, sem pecados, sem vícios, é representar um papel que assumimos porque aprendemos que toda mãe é sublime e, de tão sublime, não pode ser humana, real, precisa ser a mãe ideal. Ser filho é uma função, ser o filho perfeito é uma representação. Na Terra não há esta perfeição que gostamos de representar, e, que, por isso, cobramos também do outro que a represente. Tudo é um esforço em se melhorar, mas, é um esforço que não tem efeito, pois não é a nossa verdade.

No entanto, o amor não deixa de ser amor por conta de nossas falsas crenças. Ele permanece imutável, absoluto, perfeito, porque o amor é uma verdade. O amor é querer bem. O amor de uma mãe ciumenta não deixa de ser amor, e, nem representa um amor maior do que o de uma mãe menos ciumenta. O amor existe nas duas, apenas, elas têm comportamentos distintos em relação a este sentimento único, porque aprenderam diferente: uma é mais egoísta, porque aprendeu que amor é posse; a outra aprendeu que o amor liberta. O filho rebelde não deixa de amar por conta de sua birra. A revolta não está ligada a falta de amor, está associada a falta de educação do Espírito em manifestar este sentimento, mas o amor não deixa de existir. O nosso comportamento equivocado é um reflexo da nossa ignorância no bem.

É preciso, pois, aprender a educar o nosso comportamento, especialmente, para conosco. Deixar de representar papéis obsoletos, quebrar regras tão arraigadas em nossas crenças. Há muitas crenças que não são verdadeiras, e muitas verdades que não são aceitas. Em muitos casos, não são as coisas que precisam mudar, mas o nosso olhar sobre elas. O amor sendo absoluto, não precisa mudar, pois que, Deus é amor. A forma de se relacionar com o amor, devido as diversas interpretações que lhe fora dado, é que precisa ser revista. São os velhos conceitos, quase sempre de caráter religioso, que precisam se expandir, se abrir para uma nova consciência.

Como esclarece Anete Guimarães (2015), conceito não é o mesmo que definição. Conceito cada qual tem o seu, e precisa ser respeitado. Definição é exata, a coisa é como ela é, sem o que eu penso sobre ela, ela existe em si mesma. O conceito de espiritualista nada tem haver com religiosidade. Cada religião tem seu dogma, segue regras fundamentais e indiscutíveis. Ser espiritualista é reconhecer-se como Espírito. O Espírito existe em si mesmo, independente de regras, ele é único, individual (L. E.). A mediunidade não é uma faculdade especialmente dada para ajudar os outros, como alguns médiuns gostam de acreditar, a mediunidade é antes para ajudar o próprio médium a compreender a existência de um mundo além do plano físico, e evoluir espiritualmente. O médium, assim, não é nenhum ser especial, ele é um Espírito com muitas dívidas a serem resgatadas.

É desta forma que tenho reavaliado a minha existência terrena, diante da situação em que me coloquei na vida, com um olhar mais atento para comigo, sobre o que eu sou. Olho-me com maior compaixão, sem, com isso, colocar-me como eterna vítima. Colocar-se como vítima é aceitar-se como impotente diante da vida. Eu tenho poder sobre a minha vida, sobre as minhas decisões. Se assim não fosse, Deus não nos daria o livre-arbítrio. O livre-arbítrio é o nosso poder de escolhas, de posicionarmo-nos no mundo. Se tenho poder de me colocar em determinada situação, tenho, também, poder para retirar-me dela.

Mudar o que está fora de nada vai me adiantar, mesmo porque, a mudança precisa ser antes interna. A maneira como eu me coloco, me situo na vida, é como me projeto para o mundo, para minha realização. A nossa vida é uma projeção do que acreditamos ser, do nosso pensamento. Eu só posso me colocar no lugar certo, se me permito me conhecer na real, sem falsas ideias. Quando eu consigo me colocar como Espírito e agir soberano sobre a minha mente, tomando as rédias da minha vida, e conduzindo-a naquilo em que me toca, no que me faz sentir dono de mim.

Amar ao próximo é antes de tudo amar a si mesmo. Em outras palavras, eu só poderei realizar o meu amor ao próximo, quando torná-lo real em mim. Realidade é aquilo que se realiza, que se torna verdadeiro. Se o amor não for uma realidade em mim, eu não posso amar a ninguém, pois, ninguém dá o que não tem. Eu só posso dar aquilo que é meu, que existe em mim. Como posso amar ao meu semelhante, se não me amo e não me admiro naquilo que sou? Eu não posso admirar as maravilhas do Universo e esquecer que sou, também, obra do Criador, e que faço parte do Universo. Se tudo é belo e perfeito na criação divina, então, por que não me considerar belo e divino também, já que sou maravilha da criação? Por que me colocar para baixo? O ser humano é divino!

Eu, hoje, estou onde consegui chegar, dei o meu melhor, sou o melhor que pude ser, e estou feliz por ter chegado até aqui. Mais 24 horas! Quando dou o melhor de mim, e as coisas não se realizam como desejo, é a vontade de Deus se manifestando. "Nenhuma folha cai sem a permissão do Pai". Hoje compreendo que sou humana, perfeita nas minhas imperfeições. Sou única e não preciso seguir modelos para agradar nem família, nem marido, nem filho, nem sociedade, nem ninguém. Eu preciso do meu reconhecimento, da minha aceitação, do meu amor, e não mais entrar na crença do mundo. Aceitar a si mesmo como bom é humildade, é modéstia. No final, eu levarei comigo somente à mim mesma!

O Espírito só evolui quando é capaz de se libertar das impressões do mundo. É preciso limpar a mente, acreditar que a minha natureza é perfeita e maravilhosa. O meu melhor está dentro de mim. Se eu não me dou o melhor, o que eu posso oferecer de melhor para o mundo? Eu não sou ideal, isso é o que as pessoas querem que eu seja. Eu sou real e tenho compromisso comigo. Eu não quero o certo, o certo da minha cabeça não é o certo da minha alma. Eu tenho alma, eu sinto!

A verdadeira espiritualidade é a libertação do nosso Espírito, não é a religião, nem essas correntes rígidas cheias de puritanismo e ideologias medíocres. É preciso acreditar na perfeição de Deus, que tudo fez de belo, de bom, de grandioso no mundo, especialmente os seus filhos, suas criaturas. Eu sou força, eu sou luz, eu sou poder! Deus é perfeição em mim.

Quando eu conseguir me colocar ao meu lado, apoiando-me em qualquer situação, querendo-me bem, sem culpa ou revolta, sem mais me maltratar, sem mais me colocar para baixo, para seguir o que os outros determinam como certo, fazendo uma vida de horror para mim, de sofrimento desnecessário, compreendendo que ninguém é igual, que os caminhos não são iguais. Então, assim, terei evoluído, e poderei realizar esse amor destinado aos Espíritos puros, e que Jesus nos ensinou: "Amarás o teu próximo, como a ti mesmo". Que Assim Seja!

Luz e Amor!


"Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes ao teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o arqueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verá como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão" (Mateus, VII: 3-5).

(Bem-Aventurado os Misericordiosos, cap. X; 9. O Evangelho Segundo o Espiritismo).