quinta-feira, 31 de maio de 2012

O sofrimento é do tamanho que o medimos


Em 30-05-2012, às 12hs.

Tenho observado em muitas reuniões doutrinárias os temas depressão e obsessão. Mas o que vem a ser depressão e obsessão? Para podermos relacionar a depressão a um processo obsessivo, faz-se necessário não confundir "tristeza" (estado momentâneo de sofrimento), com "depressão" (estado agravante de sofrimento). Tristeza não é sinônimo de depressão, logo, não é um processo obsessivo, no entanto, pode-se a partir dela, desenvolver-se um quadro obsessivo, a depressão.

A tristeza é natural e, geralmente, tem causas exteriores ao indivíduo: crise familiar, perda de entes queridos, rompimentos afetivos, crise financeira, etc.. O cansaço e a sobrecarga de emoções da vida cotidiana, causam-nos a fadiga, a queda de energia. A Alma experimenta também anseios registrados no psique. O Espírito lembra-se de quando fora livre um dia e, anseia por provar novamente dessa liberdade, entristecendo-se. Liberto do carro físico poderia rever os entes queridos, os amigos mais estimados, os amores mais sínceros. Poderia, enfim, gozar da companhia dos Bons Amigos do plano invisível. Estando livre do invólucro corpóreo, os Espíritos  são mais imprecionáveis, percebem o nosso sofrimento e, sofrem mais. Esta ansiedade, se intensificada, pode conduzir o indivíduo ao suicídio (O.E.S.E.)

"Pensamento depressivo não é depressão". A depressão não tem causa externa aparente, é orgânica e precisa cuidados: médico, psicológico e espiritual. Tem sua causa no vázio interior. A depressão, segundo estudiosos, pode se manifestar nas diversas formas: enxaquecas, alergias repentinas, stresse, mágoa, ressentimento, alcoolismo e uso de drogas. A depressão leva ao suicídio. É necessário "cuidar do corpo e do Espírito" (Allan Kardec). A depressão vem para nos despertar, é um mal que vem para o bem. Vem para curar as nossas doenças espirituais. Serve como um freio para as nossas imperfeições. De acordo com Nazareno Feitosa, em sua palestra sobre depressão e mediunidade, é "um mergulho íntimo", "auto-conhecimento". O remédio indicado para a depressão é a ação urgente. Trabalhar para manter a mente ocupada e, assim,  livrá-la dos maus pensamentos.

Chorar é da Alma humana, é necessário que se chore. As lágrimas são sentimentos cristalizados no perispírito, é preciso colocá-los para fora, externá-los para o alívio da Alma e do Espírito. Nesse instante, é importante o silêncio do pensamento, o calar-se. O silêncio é a prece mais poderosa. É quando nos comunicamos com o Plano Superior; quando nossa voz se faz ouvir pelo Altíssimo e retorna trazendo-nos o conforto: "Vinde à mim todos os cansados e aflitos e eu vos aliviarei". (Jesus). 

Porém, quando nos entregamos a essa tristeza, transformando-a em melancolia, romantismo e luto, entregamos-nos aos nossos inimigos invisíveis, contraídos em outras existências ou, até mesmo, na atual, pois existe obsessão, como nos mostra Alan Kardec, em O Livro dos Médiuns, de "encarnados para encarnados". "Vigiai e Orai". Os inimigos infelizes se aproveitam do nosso orgulho para agir contra nós. O nosso orgulho é a nossa maior imperfeição, pois é a que não confessamos à ninguém. Nas muitas vezes, não buscamos ajuda por orgulho e, tornamos-nos ainda mais infelizes. O conhecimento ajuda na cura porque a partir do conhecimento compreendemos o sofrimento.

"Os Espíritos influenciam em nossas vidas mais do que imaginamos. Influem a tal ponto, que geralmente são eles que nos dirigem” (L. E., questão 459). Nós escolhemos com os quais sintonizar. A nossa companhia pesssoal depende do nosso pensamento. Podemos sintonizar com os nossos guias, os Benfeitores, ou podemos sintonizar com os infelizes. "Diga o que pensas e eu te direi com quem andas" (dizer espírita). Segundo Dr. Ricardo Di Bernardi (Sintomas Clinicos da Mediunidade), "quando alimentamos pensamentos depressivos contribuimos para que se crie onda energética negativa. O obsessor estimula, intensifica esse pensamento, atuando na área do humor e aumenta o processo obsesssivo".

Importante é a análise do pensamento para saber a sua origem, se bom ou mau; disciplina e; oração. Não alimentar as tristezas d'Alma. A tristeza deve ser percebida como depuração para o Espírito, estamos no mundo de "provas". "Prova" é "oportunidade". É a oportunidade de expurgar os males do Espírito, melhorando-nos. Não dar vazão aos maus pensamentos, entregar-se a tristeza é afastar-se da fé em Deus, e não conceder aos Espíritos Amigos a oportunidade do auxílio benéfico. É entregar-se a um sofrimento desnecessário. A dor é involuntária, não depende da nossa vontade, porém, o sofrimento é do tamanho que o medimos. 

A depressão pode ser ajudada conhecendo-lhes as causas, que podem ser sociais, espirituais ou psicológicas. Mas, quem cura é a própria pessoa. Jesus disse: "A tua fé te curou" (O.E.S.E.). Elevai, então, o pensamento ao Senhor, pois que o pensamento elevado é prece para o Espírito e bálsamo para as suas dores. Trabalhe para o bem e obterá a cura. “Só se repara o mal por meio do bem" (L.E. questão 1000).  Precisamos aprender a transformar a depressão em ato de reflexão, buscando compreender que o sofrimento serve para despertar, em nós, o amor e a caridade. Assim Seja!

Luz e Amor!




"(...) PORQUE TUDO O QUE EXCITA EXAGERADAMENTE O SENTIMENTO DA PERSONALIDADE DESTRÓI OU, QUANDO NADA, ENFRAQUECE OS PRINCÍPIOS DA VERDADEIRA CARIDADE, QUE SÃO: A BENEVOLÊNCIA, A INDULGÊNCIA, O SACRIFÍCIO E O DEVOTAMENTO. (...) DO QUE RESULTA QUE O GRAU DE PERFEIÇÃO ESTÁ NA RAZÃO DIRETA DA EXTENSÃO DO AMOR AO PRÓXIMO. (...) "SEDE LOGO PERFEITOS, COMO TAMBÉM VOSSO PAI CELESTIAL É PERFEITO". (Sede Perfeitos, cap. XVII; 2. O Evangelho Segundo o Espiritismo)


O Apego


Em 30-05-2012, às 08hs.

De todas as dificuldades da Humanidade, o apego é a mais difícil de se contornar. É preciso aprender a desapegar-se. O homem é apegado até mesmo aos seus sofrimentos, por isso a dificuldade em auxiliá-los na cura de todos os males. Na hora do desespero recorrem a ajuda espiritual, mas, tão logo se vêem aliviados pela intercessão dos Espíritos Benfazejos, retornam aos vícios simplesmente por apego. O desapego é um aprendizado adquirido na prática, através da disciplina, da oração e do estudo dos Ensinamentos de Jesus.

O homem apega-se aos bens materias, aos amores, à aquisição do poder, ao "status" social, aos vícios; apega-se ao corpo que lhe é morada provisória em sua breve existência terrena, esquecendo-se de que é apenas usufrutuário dos bens terrenos. Jesus ensina o desapego para a liberdade desse presídio que é o corpo físico. Então, o homem sofre por não compreender o verdadeiro sentido da vida que é o amor e a caridade. A felicidade plena não é desse mundo, é uma conquista para a vida futura, destinada a Espíritos que conseguiram vencer o apego, esquecendo-se de si por amor ao Pai que está no Céu e ao próximo. "Meu Reino não é desse mundo. No mundo tereis aflições mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo". disse Jesus.

Na luta para se conquistar a felicidade nesse mundo, o homem imediatista, atropela o seu semelhante, conspira contra o seu próximo, engana, perjura. Em busca do poder, aniquíla-se uma população inteira. Os Ensinamentos deixados há mais de dois mil anos vão sendo aos poucos esquecidos, porque nos fala de uma vida futura, do desconhecido e, o homem teme o que não conhece. Se é bastado teme a miséria, a fome. Se é pobre teme o amanhã. Se tem fama teme o anonimato. Se está no anonimato teme a solidão. Se tem saúde teme a doença e, se doente, teme a morte. Contudo, se conhecesse a Verdade não temeria mal algum, pois, saberia que Deus não abandona as suas criaturas. O sofrimento é remédio para o Espírito, serve para despertar no homem o amor.

O medo é fruto da pouca fé. O homem acredita-se fervoroso em sua fé na bondade Divina, porém, o que trás em si, muitas vezes, é a fé em si mesmo, a presunção. Escamoteia o seu orgulho e vaidade através de uma falsa confiança em Deus, quando, na verdade, acredita-se merecedor das benesses conquistadas. Por não acreditar em um Deus que tudo provê, pouco nos doamos. Deus não é somente soberanamente bom e justo, mas misericordioso, por isso sofremos bem menos do que merecemos. O homem, na sua ignorância, julga-se bom porque esquece que aqui estamos, no mundo de "provas" e "expiações", por não termos aprendido a amar. Como bem coloca Emmanuel, "só não erramos mais por falta de oportunidade".

Amar significa resignação e abnegação. Resignar-se em amor ao Pai Celestial, e abnegar-se em amor ao próximo. Resignar-se é aceitar com humildade os desígnios do Senhor, e, abnegar-se é desapegar-se de si em favor do próximo. Essa é a máxima dos Ensinamentos de Jesus: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Quem prejudica ao próximo não ama a Deus.

O apego exacerbado desvia o homem de sua missão terrena, a caridade. Irmãos, aprendeis o desapego e cultivais a fé inabalável em um Deus soberanamente bom e justo. Amai-vos uns aos outros como Deus vos ensinou. Orai, a prece é o remédio que fortalece a fé. Da fé brota o amor semeado por Deus, em cada criatura, até mesmo nas mais embrutecidas pelo apego desmedido. Lembrai-vos que a medida de tudo é o bom-senso. Todo excesso é prejudicial. Até mesmo o amor sendo desregrado causa prejuízo, pois que, é sinônimo de apego. Assim Seja!

Um Espírito Amigo

Luz e Amor!



"Nossos maus instintos são decorrentes da imperfeição do nosso próprio Espírito, e não da nossa organização física. Se assim não fosse, o homem estaria isento de toda e qualquer responsabilidade. De nós depende a nossa melhoria pois todo homem que goza da plenitude de suas faculdades tem a liberdade de fazer ou não fazer qualquer coisa. Para fazer o bem só lhe falta a vontade" (cap. XV; 10 e XIX; 12).
(Preces Espíritas, cap. XXVIII; 18. O Evangelho Segundo o Espiritismo)



sábado, 19 de maio de 2012

Simplesmente Amor


Em 01-05-2012, às 09hs e 35min.

O amor é a essência de todas as coisas que Deus criou, pois que, Deus é amor. O bom desempenho de tudo a que se propuser fazer, depende do amor desprendido em sua função. O amor é o combustível que move todas as boas ações.

É o amor que dá sentido à todas as coisas em todo o Universo. Em um relacionamento afetivo, o amor não acontece a partir do ato sexual. O bom desempenho sexual se dá a partir do amor nele envolvido. A essência de todos os relacionamentos, seja de amizade, afetivo, profissional ou social, é o amor desprovido de qualquer outro interesse - o amor incondicional. O sentimento verdadeiro de amor se resume em uma única frase: "Amo-te apesar de...".

Gosta-se de várias coisas. Ama-se apesar de tudo. Gosta-se do jeito de ser, gosta-se da forma que se veste, gosta-se do perfume, gosta-se dos bens materiais que se possui, etc. Ama-se apesar de não se possuir bens materiais, apesar das faltas, apesar dos erros, apesar do amor não correspondido. Ama-se, simplesmente, enfim. Aconselha um provérbio chinês, muito sabiamente: "Ama-me quando menos eu merecer pois é quando mais preciso". 

O amor é a chave que abre todas as portas. Por isso, ame muito! Ame incondicionalmente, mas, não irracionalmente, pois que, o amor irracional constituí-se em paixão. A paixão é fruto do amor próprio movido do orgulho, da vaidade e do egoísmo inerentes a Alma e ao Espírito em evolução, por isso, não se converte em amor. O amor irracional é o amor que adoeceu, que perdeu a razão, logo, deve ser tratado como patológico. O amor é um sentimento, que livre de todas as paixões, proporciona a paz interior.

O amor, segundo Anete Guimarães (psicóloga e parapsicóloga), "é um sentimento dos Espíritos Evoluídos". A paixão não é um "sentimento" como se acredita ser, é uma "emoção" registrada pela Alma,  através das "sensações" sentidas pelo corpo físico. "Muitos a chama de amor, mas, raramente atravessa seu estágio embrionário" (...) "As paixões acontecem quando usamos nossas emoções sem ligá-las aos nossos sentidos mais profundos" (Espírito Hammed). O Espírito experimenta "sentimentos", a Alma "emoções" e, o corpo físico "sensações". Assim sendo, o amor é do Espírito, a paixão da Alma, o prazer do corpo físico.

O ato sexual, sensação percebida pelo corpo físico, em junção com o sentimento amor, que nasce do Espírito, liberta, edifica, reflete-se em paz e felicidade. Somando: (ato sexual + amor = paz interior). O ato sexual associado aos interesses próprios - as paixões - e, não ao amor,  reflete-se em cíúme, em posse e, em vingança (Anete Guimarães, palestra: Emoções). Assim, o ato sexual associado a vaidade resulta em ciúme; associado ao egoísmo resulta em posse; associado ao orgulho resulta em vingança. Toda atitude em junção com o amor, resulta em paz interior, o contrário, resulta em sofrimento próprio e/ou, de outrem.

Há muitas uniões realizadas entre promessas socialmente disfarçadas, mas, não há que se duvidar, foram negociações, comercializações ou aquisições econômicas. Quando a paixão se desfaz trazendo a realidade, desfaz-se também a ilusão de felicidade, causando sempre profundas mágoas, "produto amargo de nossa infelicidade amorosa". Então, culpa-se à Deus pela desilusão amorosa, colocá-a como sendo "débito do passado". "(...) é uma das infelicidades de que sois, a mais das vezes, a causa principal". "(...) Julgas, por ventura, que Deus te constranja a permanecer junto dos que te desagradam? Depois, nessas uniões, ordinariamente bucais a satisfação do orgulho e da ambição, mais do que a ventura de uma afeição mútua. Sofreis então as consequências dos vossos preconceitos" (Questão 940 - L.E.)

Do amor nasce a fé, "mãe da esperança e caridade". Das paixões nascem as frustrações, o ódio, a mágoa, o desânimo, o pessimismo. O amor causa na Alma uma emoção de paz e, no Espírito a felicidade. A paixão, quando satisfeita as necessidades, causa-nos alegrias, o que consideramos "momentos felizes", mas que cessam quando não satisfeitas, causando o sofrimento.

Quando perdemos um "grande amor", sofremos não pela perda do "ser amado", mas, pelas expectativas nele depositadas que foram frustradas. O sofrimento nos é dado pelo egoísmo da posse: "é meu!"; pela vaidade: "tem que ser assim" e; pelo orgulho: "senão, eu mato ou, eu morro". Não sofremos pelo "amor" que acabou, porque o amor não acaba. O que evolui, não regride. Sofremos pelo egoísmo, pelo orgulho e pela vaidade das paixões, que são contrárias ao amor. Não existe amor "verdadeiro", existe simplesmente amor. O que não é verdade é mentira, logo, não existe. O amor existe, ou não existe.

Contudo, o amor pode ser desenvolvido através da caridade, do fazer o bem. O amor se aprende na prática. Estamos na Terra, mundo de "provas" e "expiações", resgatando o amor que não aprendemos em outras existências. "Prova", segundo Samuel (Benfeitor Espiritual), "é sinônimo de oportunidade". Nós estamos neste plano como oportunidade para aprender a amar. Toda Escritura se resume nessa máxima de Jesus: "Amar à Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Se tivéssemos aprendido a amar, não se faria necessário os outros mandamentos, nem todos os esclarecimentos trazidos pelos Espíritos, que têm fundamentos nesse único mandamento, o amor sobre todas as coisas, estaríamos não mais no mundo de provas, mas, nos mundos celestiais.

Como nos ensina André Luiz, em Nosso Lar: "o amor é o alimento da Alma". O amor é para os Anjos Puros dos Mundos Celestiais,  assim como, a felicidade, fruto do amor, é para os Espíritos de Luz, aqueles que já passaram pelo mundo de regeneração,"o mundo transitório onde os Espíritos descansam e ante-vêem as alegrias que os esperam no mundo felizes" (Nazareno Feitosa). O amor, assim, é a chave para a felicidade. Assim Seja!

Luz e Amor!


  "Em algumas pessoas, os laços materiais são ainda muito fortes, para que o espírito se desprenda das coisas terrenas. O nevoeiro que as envolve impede-lhes a visão do infinito. Eis porque não conseguem romper facilmente com os seus gostos e seus hábitos, não compreendendo que possa haver nada melhor do que aquilo que possuem. (...) Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. Enquanto um se compraz no seu horizonte limitado, o outro, que compreende a existência de alguma coisa melhor, esforça-se para se libertar e sempre o consegue, quando dispõe de uma vontade firme." (Sedes Perfeitos, cap. XVII; 4. OEvangelho Segundo o Espiritismo).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Desobediência

"Pobre raça humana, cujos caminhos foram todos corrompidos pelo egoísmo, reanimai-vos, apesar disso!". (Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, cap. VII; 12. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Em 16-05-2012, às 06h e 30min.

Hoje, antes do despertar, encontrava-me ao lado dos pretos-velhos, irmãos de luz. Reunidos, diziam-me: "providenciamos seu alimento para que possa trabalhar". Então, acordei. Antes de dormir havia orado em agradecimento pelo bem recebido, naquele dia, pelos irmãos caridosos: encarnados e desencarnados, que se compadeceram da minha atual situação. O meu orgulho antes, não me permitiu compreender que naquele gesto estava a caridade pura, livre de qualquer outra intenção. Naquele instante não alimentava apenas o meu corpo físico, mas, principalmente, a minha alma. Alimentava-a de esperança, por alguns dias deixada esquecida em algum canto do passado, em função do meu orgulho e vaidade.

O orgulho e a vaidade, quando não mata o corpo, envergonha a alma. Não percebi que estava deixando a porta aberta para os inimigos que nos espreitam 24hs do dia. "Os obsessores não oram, mas, vigiam-nos todo o tempo", na tentativa de mostrar-nos que não melhoramos o suficiente, que não lhe somos "superiores". Somos ainda seus devedores. Eu pude perceber o meu "verdugo" quando adentrou a minha casa e povoou a minha mente. Abri-lhe a porta por desobediência aos Ensinamentos do Senhor: "Vigiai e Orai"

Encontrava-me no ponto de ônibus, dia 25-04-2012, às 09hs, na saída da Faculdade, aguardando o transporte que demorava a chegar. Neste instante, sentou-se ao meu lado um indigente entregue à sua demência. O meu coração disparou e uma voz logo intercedeu, dizendo-me: "levanta-se e afasta-se". Não obedeci. Retruquei: "O Espiritismo não ensina que devemos ajudá-los e não repelir um irmão necessitado?". "Que mal poderá me fazer permanecer ao lado desse desvalido?". Ainda assim, diante da minha inquietação, uma força maior impulsionou-me para longe dele. Então, senti uma "pontada" na cabeça, uma angústia dentro de mim. O estômago doeu numa fome de dias... Sim, eu estava com fome, mas, naquele momento ela se intensificou subtamente.

O mendigo abriu seu saco imundo e retirou dele um pedaço de pão, começou a comer, fitando-me os olhos. Eu também o olhava incrédula da miséria humana. Logo o meu ônibus chegou, já não estava mais em mim. "Espírita covarde!". "Cadê a caridade?". "Retirou-se, nada fez!". Não me dei conta do meu orgulho ali representado. Eu trabalho em causa Espírita, faço oração pedindo fé e resignação para suportar as penas. Sentia-me fortalecida e protegida. Parecia conformada com a situação que ora se apresentava em minha vida, conformada e até certo ponto agradecida à Deus, pelos "sofrimentos". Como dizem no meio: "Espírita gosta de sofrer"

Quando a dor se apresentava maior, novamente orava, conformava-me, mas, pedir ajudar, expor minha vida para os amigos, mostrar-lhes minhas necessidades e fraquezas não. Dar-lhes a oportunidade de estender-me as mãos, para quê? Todos têm seus próprios problemas e "cada um vive do que tem, passa como pode". Minha mãe ensinou-me assim, e, a vida fez-me apreender assim. Eu superaria sozinha os percalços da vida. Eu me bastaria. Não percebi que esses sentimentos eram frutos mais do orgulho, da vaidade e da presunção, do que da fé inabalável em Deus, que tudo provê.

Então, o indigente, a fome, o pavor despertado em minha alma, a ameaça de ver-me naquele lugar, naquele instante, enlouqueceu-me. Em casa, abri a porta em prantos, deixei a alma falar. Chorava compulsivamente: "que ódio!, que fome!". "Como ficar calma quando se está com fome!". "E vocês querem que eu seja melhor, mas como?". "Dignidade não mata fome!". "Eu tenho fome, eu sou humana!". Repetia, embravecida, essa frase, que não sei de onde a fonte. Lembro-me que um dia, sentindo-me em estado de subjugação por uma paixão, joguei-me, literalmente, aos pés do Senhor, rogando-lhe que me tirasse tudo, mas que me livrasse daquele limo que é a subjugação. Humilhada, ferida na dignidade, suplicava-Lhe: "Não há dor maior que a dor moral!".

Mas, aquela voz e a fome estavam cem vezes mais intensificadas do que a minha fé pudesse suportar. Olhei-me no espelho, já não me via. Estava lá uma alma desnuda mostrando o seu orgulho ferido, a sua vaidade na lama. "E vocês querem que eu tenha fé?". "Sinto-me covarde por ter sido arrebatada para longe daquele mendigo". Eu não conseguia entender que a Espiritualidade queria livrar-me, naquele momento, daquela sintonia que despertaria, como despertou em mim, a fúria de uma existência passada adormecida no meu inconsciente. Batia no peito, no braço, mostrando que eu era humana, que ainda não era Espírito evoluído para suportar tamanha dor, tamanha miséria. Repelia o meu anjo guardião: "saía de perto de mim!", "eu não quero mais lhe ouvir, não quero ouvir mais nada!". Chorava e gritava enlouquecida, num súbito descontrole: "como ter fé com fome, heim?". 

Os amigos espirituais buscavam emanar luz de amor para que me alcamasse. Eu gritava: "Saíam! Eu sou humana, eu sinto fome, eu sinto dor!". Quase quebrei o espelho tamanho desespero frente àquela realidade ali apresentada. Depois de uma hora nesse processo, dentro de casa, sozinha, parei diante do espelho, cansada, olhei fundo nos meus olhos e repeli aquela energia animalizada que se manifestara em mim. "Pensa que não estou lhe vendo?". "Você não vai me destruir". "Não vou me atirar no lodo novamente, você não vai me subjugar!". "Eu não vou permitir, prefiro a fome à dor moral!". Enxuguei as lágrimas num gesto tempestuoso, fixei meus olhos no meu próprio olhar e saí do espelho ofegante.

Na madrugada de 26-04-2012, levantei-me para beber água na cozinha. Eram 02hs quando ele apareceu na porta da entrada, quase soltei o copo, ainda encontrava-me em estado de vigília. Lembro-me nitidamente de sua aparência hostil. Voltei para a cama, foi quando começou a sessão tortura que se estendeu até dias atrás. Segurou-me na cama, sem me deixar mover, revelou-se: "sou o seu verdugo" Senti o seu peso em minhas costas. Tentei acordar. Via-me a agarrar na parede, na porta, mas não encontrava força para levantar da cama. Num grito despertei. A minha desobediência e invigilância levou-me a reencontrar com o meu amigo obsessor. Orei, peguei novamente no sono. Então, na semana seguinte, seguiram-se as demais manifestações que relatei, a cada intervalo, no meu diário espírita.

O Senhor teu Deus
01h e 45mint. do dia 06-05-2012, a mesma voz tenebrosa sussurrou no meu ouvido: "venha comigo". Virando-me de encontro à voz, respondi-lhe prontamente: "mamãe!". Então, acordei chorando. "Estou com medo", relatei no meu diário, "nunca mais havia sentido tanto medo. O meu coração acelerou. Queria um colo, alguém que me abraçasse e fizesse-me sentir que está tudo bem. Chamei pelos bons Espíritos em nome de Jesus". Lembrei de imediato do ocorrido na semana anterior quando levantei-me para beber àgua. Era ele. Daí, então, pude perceber o que ouvera acontecido comigo, dia antes, na Casa do Caminho.

Havia ido, dia 05-05-2012, ajudar na contagem de notas fiscais, ficamos em um dos módulos de atendimento, mas, logo precisamos deixar a sala, pois, precisariam para o trabalho de aconselhamento. Quando abriram a porta e vi a luz azul vinda do corredor, um pavor tomou conta de mim. Agarrava-me a mesa, queria ficar ali na sala, escondida, não queria passar pelo corredor. A sensação era de muito pavor, muito medo: "eu não quero ver, estou com medo!". Os amigos da Casa vieram ao meu socorro, mas, nada fazia com que passasse por aquela porta, aquele corredor, onde espíritos encarnados e desencarnados, esperavam pelo pronto atendimento. Então levaram-me para a sala de reequíbrio com urgência. O que viamos? Eram espíritos sofredores, de toda a sorte e, outros a auxiliá-los, conduzindo-os as salas de acolhimento. Era apavorante, naquele instante, vê-los como se, em carne e osso, mas, despojados da carne e do osso, acompanhando seus compatriotas.

Assim que retornei para casa, após o trabalho, intuiram-me fazer o Evangelho no Lar, pois que, não havia feito no dia consagrado para tal trabalho. Fiz a oração do perdão meio aos prantos, tamanha comoção. Mas não consegui concluí-la. Então, pedi auxílio a Espiritualidade para que me desse força para terminar a prece. Percebi uma forte luz vinda do Alto em sentido da mesa, ergui meu corpo lançado sobre a mesa, respirei profundamente. Tentei terminar a prece do perdão e não consegui. Não mais enxergava as letras. Abri, então, o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X; 07 - "O sacrifício mais agradável à Deus".

No instante em que relatava em meu diário, ele, o meu "verdugo", encontrava-se próximo. Relatei: "sinto que continua na minha frente a olhar-me". "Agora já não sinto mais o mesmo medo que senti quando ouvi a sua voz".

Surgiu em minha mente a lembrança de minha mãe. Eu o chamei "mamãe". Continuei o meu relato: "Sei que será uma semana difícil para ambas" (Dia das mães). "Vejo a sua expressão de ódio e suas lágrimas de amor, um amor que, igualmente à mim, não pode viver". "Não entendo do que me acusa, nem lembro o que lhe fiz, muito menos o que faça para que me perdoe". "Será que fui a mãe que arrebatou-lhe a vida?". Será que fui a irmã gêmea, em outra existência, que ela diz não poder ter salvo?". "Será que fui a irmã gêmea que sobreviveu, deixando-a partir?". São perguntas sem respostas, apenas sei, através de transe mediúnico, que em uma outra vida fomos irmãs gêmeas afogadas pela nossa mãe. "Será que ela foi a mãe que não desejou que eu nascesse, afogando-me em seu ventre?". Assim sendo, ela repetiria o mesmo ato nesta existência, tentou me abortar, descobri em uma regressão, pude retornar ao útero materno e voltar com a sensação de ter sido afogada, gritei: "ela me afogou!", e, nunca conseguiu, em suas próprias palavras, "suportar a minha existência".

A tentativa do aborto foi confirmada hum ano depois da regressão, através do relato de meu genitor. Pude, enfim, compreendê-la e perdoar. Agora, sinto que estamos, finalmente, ficando próximas.

Recebi, no momento em que dissertava, a seguinte mensagem: "Agora não há mais o que temer. Ore e entregue-se ao Senhor de infinita bondade, que aos seus filhos, muito amados, não abandona. Não temas, pois que, o Senhor, fez-se presente em seu caminho e a luz que está neste instante a lhe guiar é a luz que deve seguir. Não olhes para trás. Não temas porque o Senhor está consigo e nós, amigos benevolentes, estamos a acompanhar em sua caminhada, que é de luz e de amor. A essência está em você. Sinta-a, respire-a e seja com Deus. Assim Seja!". Um Espírito Amigo, em nome do Senhor.

Deixo-lhe a oração de São Franscisco:
"... Amar que ser amado, ...
     É dando que se recebe ...
    É morrendo que se vive 
    para a vida eterna".

A criança
Ainda madrugada de 06-05-2012, às 03hs. O Espírito Adolfo interveio e trouxe a criança de dentro de mim. Olhando-me através dos meus próprios olhos, indagou-me firmemente: "Sabe quem sou eu?". Desesperada agarrei-me a ele: "Sim, eu sei!". Então ele me fez criança: "Você lembra do seu encontro com Deus?". Respondi a sorrir: "Lembro!". "Então, responda-me,  onde está Deus?".

"Deus está em toda grandeza que há.
Deus está nos animais, está nas plantas...
Deus está onde o amor e o bem está. 
Deus está em tudo o que há.
Deus está na caridade,
Deus está no afago...
Deus está dentro de mim.
Deus é a essência de tudo o que há.
E, assim sendo,
Deus está em mim".

"Estarei com você!", disse-me o Espírito Adolfo, abraçando-me fraternalmente.

A prostituta
Às 05hs e 16mint, do dia 06-05-2012Estou cansada! Fui do céu ao inferno encontrá-lo, encontrar-me. Foram cenas horríveis. Neste primeiro instante, ele era o filho que negligenciei. "Você não me colocou na escola mamãe". Disse-me chorando. Segurei na sua mãozinha e perguntei-lhe: "Que escola?". "Não me lembro!". Respondeu-me exclamando: "Mamãe, estamos em 1808! Você disse que ia me colocar na escola!". Perguntei: "Que escola? Monsenhor...?". "Deixe mamãe que eu escrevo, eu já sei escrever, Montessoriana!". Era tão pequenino, os cabelinhos bem cortados, vestido com um conjuntinho azul marinho, de calça curta e, calçado com sapatinhos pretos e meias, parecia um "homenzinho".  Apesar de vestida de acordo com a época, de forma recatada, a minha mente era recente. Estivera com ele, apenas, para mostrar-lhe o meu arrependimento e que, hoje, sou uma mãe extremamente zelosa. Constatei, então, o filho que negligenciei, em 1808, é, hoje, meu irmão.

Depois era o meu senhor. Homem rude, velho e gordo. Eu, sua escrava sexual, jovem e loira. Sabendo da minha paixão por outra pessoa, ameaçou-me a execração pública. Falei-lhe em nome de Deus e saí. Furioso, quebrou minhas coisas de cima da mesa. Puxou-me pelos cabelos, atirando-me no chão, esbofeteou a minha face, dizendo: "não diga o que você não sabe, prostitutazinha barata!". Então, gritei: "Não!" e, acordei com as sombras. Ele não admite que eu seja de mais ninguém. No momento em que ralatava no diário, sentia a sua presença dizendo que eu não sei de nada... Abri o Evangelho naquele momento, "Missão dos Profetas". Não consegui ler, a luz incomodava ainda os meus olhos. "Não vejo".

Travando luta contra as trevas
Agora já passava das 06 horas do dia 06-05-2012. Via-o instalando um "chip" na minha mente. Era um lugar sombrio. Eu relutava, mas perdia as forças. Então, via-me atirando da sacada da Casa do Caminho. Um amigo e trabalhador do Centro, vinha em minha direção na tentativa de evitar o fim trágico. Depois, carregava-me nos braços e entregava-me a Siguratã. Então, voltei!

No dia anterior, momentos antes de ser encaminhada ao reequilíbrio, encontrava-me no andar superior do Centro, senti um forte desejo de atirar-me do alto. Naquele instante, o amigo que estava a me conduzir, aproximou-se e, retirou-me dali.

Ele, o meu "verdugo", está muito furioso com a Casa, ameaça levar-me se não deixá-lo comigo. Não aceita a separação. Acompanha-me a longos anos das minhas existências. Conhece-me como ninguém. Não quer que eu seja feliz com mais ninguém. Desafia à todos que se aproximam de mim. Deseja que eu desista de tudo, que não acredite em nada da Casa, nem em mim mesma. Imputá-me o medo em tudo o que vejo e faço. Mostra-me como tudo é horrível, que preciso sair de lá e seguir com ele. Eu resisto, coloco-me em oração, mas, ele hipnotizá-me. Ele não está sozinho, comanda um "exército", mas que não é maior do que o de Deus. Diz-me que não sou boa o suficiente para atrair os Bons Espíritos. Não sou boa para ninguém me amar: "Ninguém ama você...". "Você está só", repete-me sempre.



Disse-lhe que supliquei ao Altissímo que me tirasse tudo, mas, que, restituisse em mim a dignidade. Não há dor maior que a dor moral, aquela que brota da alma. Eu não vou voltar para a lama do esquecimento. Eu não vou ficar sob o seu jugo. Eu passo fome, se assim determinar o Pai que está no céu, mas não me entrego a subjugação, a qual quer me lançar para se fazer o meu senhor. Senhor só Deus! Que Assim Seja!

 Luz e Amor! 


"Um homem agoniza, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que o seu estado é sem esperanças. É permitido poupar-lhe alguns instantes de agonias areviando-lhe o fim?
São Luis, Paris, 1860
"Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? (...) O materialista, que só vê o corpo, não levando em conta a existência da alma, não pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o que se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja em apenas um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro" (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 28. O Evangelho Segundo o Espiritismo).























quarta-feira, 16 de maio de 2012

Esperança, Felicidade e Alegria

  "Feliz é aquele que ensina o que sabe e aprende o que ensina"

Em 14-05-2012, às 6hs.

Muitas vezes desconhecemos de onde nascem as nossas dores. Elas brotam da alma arraigada pelo orgulho, pai de todos os males. Por não conhecermos os propósitos de Deus, sofremos pela desesperança reproduzida pela pouca fé e pelo medo oriundo de um passado inconsciente. Percebemos que já vivenciamos certos acontecimentos em alguma outra existência ou, mesmo nessa, pois que, trazemos compromissos e, existem também causas atuais, a Lei de causas e efeitos explicada pelo "O Evangelho segundo o Espiritismo".

Por não os trazer na lembrança, tornamos-nos endurecidos, ou, simplesmente, acovardamos-nos e fugimos. O medo nada mais é do que um mecanismo de defesa da alma, fruto da pouca fé. O único remédio para o medo é a fé inabalável. Se a tivessemos, o medo não nos venceria, e, a ansiedade não se faria nossa companheira de jornada. A ansiedade é um sintoma da pouca fé que nos faz sofrer por antecipação. As coisas não acontecerão diferente das nossas expectativas somente porque as ansiamos muito. Serão como deverão ser, pois que, não cai uma folha na Terra sem a permissão Divina. A fé é paciente, calma, jamais causa aflição, porque compreende que tudo vem do amor de Deus para as suas criaturas. "A fé raciocinada, que se apoia nos fatos e na lógica, não deixa nenhuma obscuridade: crê-se, porque se tem certeza, e só se está certo quando se compreendeu" (A Fé que Transporta Montanhas, cap. XIX; 6. O E.S.E.). A fé inabalável abranda, persevera, compreende e confia.

A prece fortalece a fé, pois que, eleva o nosso pensamento à Deus e sintoniza-nos com os Bons Espíritos, seus mensageiros. Diante de uma ameaça iminente, ao invés de rogarmos clemência ao Senhor, colocamos-nos como vítimas do Seu esquecimento: "Deus esqueceu de  mim!", esquecendo-se que o sofrimento é causado por cada um a si mesmo. O sofrimento, assim como a felicidade, é "devolução". "É uma construção a fazer, onde o alicerce está em você" (Emmanuel). O sofrimento não é castigo dos Céus e sim, remédio para os males da alma, para a cura dos espíritos ainda endurecidos pelo orgulho, vaidade e egoísmo. Esses vícios odiosos, consequências de histórias de um passado sangrento e de guerras, de conquistas festejadas através das lágrimas de inocentes, do suor e murmúrios de alguém. Ninguém sofre o que já não fez sofrer outrora.

"Meu Reino não é desse mundo. No mundo tereis aflições mas tende bons ânimos. eu venci o mundo" (Jesus). Vivemos no mundo de "provas" e "expiações", confinados em nossos próprios cárceres cumprindo as nossas penas. Como esperar encontrar felicidade neste mundo? Aqui estamos não para sermos punidos e sim, para purificarmos-nos. "Expiação", pela etimologia da palavra é depurar, purificar. O mundo feliz é para os Espíritos puros. "Ser" feliz é diferente de "estar" feliz. Experimentamos, neste mundo, algumas alegrias (momentos de felicidade) sustentadas pela nossa vaidade, pelo nosso orgulho e egoísmo, e, logo as perdemos, pois nada que não seja construído com sentimento puro de amor é permanente. A felicidade existe, nós é que não nos colocamos onde ela realmente está, dentro de cada um de nós. Procuramos no exterior. No entanto, a felicidade pode ser desenvolvida através da fé, da esperança, do otimismo, do aprender a enfrentar os problemas com coragem e perseverança.

O espírito consciente de sua condição de presidiário num corpo físico, intentando a libertação, que é gradual, adquirida através de nossos esforços em melhorar moralmente, enfurece-se por desejar burlar os designios do Senhor e cai em desânimo, no vázio da fé. "(...) de todos os infelizes, os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo" (Francisco Xavier). O importante não é ser feliz agora mas compreender que tudo acontece para o nosso bem, e, se estamos aqui, nesse reformatório é para o nosso bem e para alcançarmos a felicidade eterna. Jesus ensina: "quem está neste mundo pagando suas contas é feliz"

Deus não é somente soberano e justo, é misericordioso. Sofremos bem menos do que merecemos por misericórdia Divina. Deus não deseja o sofrimento de suas criaturas pois os criou segundo à Sua semelhança. Por que permitiria o martírio na cruz de Seu Filho amado, Espírito Puro por excelência, se não fosse para a nossa salvação? Se Deus permite o mal é porque sabe que dali vai nascer um bem maior. Jesus é exemplo de fé e resignação ao qual devemos nos guiar. Deus é "Inteligência Cósmica Universal", nada fez por acaso, pois que "o acaso não é inteligente" (Espírito Hammed). Tem-se que sofrer com resignação e bom ânimo para sair desse mundo de expiações. Nenhuma lágrima corre se não por merecimento da alma, cujo a finalidade é a purificação da mesma.

Ter esperança é saber que as coisas ruins podem retornar mas que já estamos preparados para este retorno, já as percebemos de forma diferente e, tomamos outra postura diante da vida superando o sofrimento. Sofrimento este intensificado, muitas vezes, pela percepção errada que temos da vida e que se origina do medo, da falta de fé e confiança em si mesmo. O espírito não regride, o processo é evolutivo. Não saber de onde nasce as angústias que permeiam nossa vida não significa regressão, é, muitas vezes, uma forma do espírito se fortalecer, "igual uma gripe, ninguém sabe de onde vem, mas, o corpo cria anticorpos contra os vírus, se fortalece, assim, a alma, cria forças para seguir na luta diária" (Naziembique).

O Espiritismo convida para o amor e para a caridade, eis a chave da felicidade. "Porque muito amou, os seus pecados foram perdoados" (Jesus).

"Vigiai e Orai" para que os teus dias de prisão sejam breves e que possas penetrar no mundo dos felizes, daqueles que tiveram a sua alma purificada pelo amor e pela caridade. Os mundos celestiais só são possíveis aos Espíritos que ascenderam à Luz. Suportes com fé e sem  lastimar as aflições da vida e agradeças ao Senhor por puder expurgar os males de tua alma. Regozija-te por tuas dores, pois que, fostes o eleito do Senhor a alcançar a Luz. O caminho é longo, o trabalho é árduo, porém, a vitória é certa. Assim, com o nascer de cada dia, aproveites para preencher as páginas em branco da tua vida, reescrevas cada linha com virtude, amor ao próximo e confiança na fé. Então, ouvirás soar as trombetas dos anjos celestiais anunciando a chegada de mais uma alma bendita ao Reino de Deus Pai. Assim Seja!

Amor e Luz!


"(...) A fé sincera e verdadeira é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao fim. A fé insegura sente a sua própria fraqueza, e quando estimulada pelo interesse torna-se furiosa e acredita poder suprir a força com a violência. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto a violência, pelo contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiança em si mesmo" ( A Fé que Transporta Montanhas, cap XIX; 3. O Evangelho Segundo o Espiritismo).



sexta-feira, 11 de maio de 2012

Relato Sobre o Socorro aos Suicídas


Em 17-04-2012, às 08hs.

Primeiro domingo do mês de Abril, eis que adentraram o salão doutrinário, entre eles pude percebê-la. Nosso olhar se encontraram. Senti um forte impacto no peito, parecia um reencontro já aguardado há muito. Acompanhavam-os os Espíritos enfermeiros. Em volta do salão principal formou-se uma corrente energética. Havia Espíritos guardiões, eram responsáveis pela segurança, protegendo encarnados e desencarnados das trocas de fluido energético, energias muito pesadas circundavam o ambiente, porém, Espíritos Protetores cuidavam de emanar bons fluidos magnético, como se um grande passe coletivo.

Então, o meu Mentor sugeriu-me: "Não sofra com o que lhe será apresentado, o sofimento porque passam estes espíritos é necessário para a sua tranformação. Lembre-se: comover-se não é absorver-lhes os sofrimentos". Neste instante saí do meu corpo físico e juntos seguimos para a assistência aos suicídas. 

Não me lembro de nenhum depoimento dos que ali encontravam-se dando seu testemunho. Somente a percepção "dela" permaneceu comigo durante toda a semana que se seguiu até o dia inicial do trabalho de socorro aos suicídas. Senti muita náusea, tontura, mal-estar súbito. O meu diafrágma contraia-se e distendia-se com tanta intensidade que sentia o abdomem colar nas costas. Contorcia-me de uma dor que não era minha, mas, que ao mesmo tempo, já havia experimentado em outra ocasião, quando da minha tentativa de abreviar o meu tempo na Terra. Entregava-me a um sono profundo como se não fosse mais despertar. Sentia-me desfalecer. Olhava-me no espelho e via não mais a minha própria imagem, ela estava a me acompanhar. Sofrida, cabelos em desalinho, pálida, gélida, inconformada com sua nova condição.

Permaneci nesse estado de letargia até o dia do trabalho do grupo de socorro aos suicídas, na Casa do Caminho. Oscilava de um estado emocional para outro, seguia de um extremo a outro, da paz para a angústia mais profunda, da beleza para o horror que me tornara. Não, não era eu. Chorava compulsivamente até novamente perder-me no sono mais profundo. Tudo era muito intenso, de tal tamanho que o peito não podia segurar. Queria paz, não havia mais paz! Queria a morte, e a vida permanecia em mim! Zumbi! tornei-me um zumbi! Um morto-vivo!

Primeira segunda-feira após essa semana fatídica. O trabalho do socorro aos suicídas teve inicío. coloquei-me em silêncio profundo, em prece entreguei-me ao trabalho. Trazia nas mãos algo que me foi entregue ainda em casa quando, através de meditação, preparava-me para seguir ao Centro. Pediram-me: Confie! Todo o tempo permaneci em desdobramento acompanhando os Espíritos socorristas, entre eles o meu Mentor fez-se presente. Coloquei-me ao lado "dela" (assistida) que naquele momento já havia sido resgatada do Vale dos Suicídas para o tratamento espiritual. O arrependimento corroia-lhe por dentro, estava desesperada, sem forças, sem voz. Neste instante, sentada ao seu lado, disse-lhe: "estou aqui ao seu lado, confie nos amigos que aqui estão para socorrê-la". Mesmo em sua demência, reconheceu-me. Não havia como dizer nada, tudo lhe era assustador, afinal, tantos anos morta estando viva, seu obsessor a segui-la impiedosamente, sem lhe dar tréguas e agora ... quem seriam aqueles anjos! Gritava desesperadamente. Permaneci ao seu lado todo o tempo, como havia-lhe prometido em outra ocasião, doando-lhe a minha energia.. No final do trabalho, encontrava-se mais tranquila, então, pediram-me os bons amigos: "doe-lhe aquilo que lhe confiamos". Abri as mãos, era amor!

Segui a semana toda bem, renovada as energias pelo bem praticado. Ela já não mais me acompanhava em casa. Aguardava no Hospital Espiritual de Maria de Nazaré. Lá, eu era uma das enfermeiras que a acompanhava. Por isso, pediram-me os amigos espirituais que fosse sempre de vestes branca., o que atendi, prontamente, até o último dia. Para ela era necessário pois passou longos meses em um hospital quando praticou o ato extremado.

Segunda semana de auxílio no socorro aos suicídas. Descuidei-me um pouco das instruções recebidas para que o trabalho trancorresse de forma positiva, sem prejuízo à minha saúde fisíca e mental (no alimentar, no descanso do corpo físico, na meditação, na vigilância, oração e estudos). De súbito, um mal-estar permeou o meu campo vibratório durante todo o dia. Ânsia de võmito, nauseas, dor de cabeça, irritação, calafrios. então, pedi socorro a um irmão da Casa que atendeu-me em uma corrente de oração. Tive uma breve melhora e pude seguir ao trabalho. Já na sala de atendimento, coloquei-me em oração e acolhimento.

Percebi os sinais dos batimentos vitais e os "bips" dos aparelhos que a mantinham viva. Desdobrei-me. O meu Mentor levou-me até a Unidade de Tratamento Intensivo, onde ela se mantinha ligada mentalmente. "Desliguem os aparelhos, eu quero morrer!". Permaneci ao seu lado era a sua enfermeira. Disse-lhe: "você já não está mais ligada aos aparelhos. Acalme-se!". Saímos juntos com a equipe médica espiritual. Então, deu-se, mais uma vez, o atendimento, agora, pela equipe socorrista dos encarnados. Não sei o que conversavam, mas sei que ela já conseguia dizer algumas palavras, mesmo ainda sem forças. O meu corpo físico repousava sob os cuidados dos auxiliares espirituais ali presentes, cercado por uma vasta luz branca. Aguns socorristas da esfera espiritual emanavam energia revigorante para que eu pudesse restabelecer-me do desgaste fisíco pela energia despendida no momento do trabalho. Tudo transcorre com uma troca energética muito uniforme. "É dando que se recebe" (oração de São Francisco).

D. Yvonne Pereira estava presente assistindo aos estágiários, grupo do qual me incluo. Ela é terna e paciente. Observa atentamente a tudo e a todos, trazendo à nossa atenção ao trabalho ali realizado, para que não dispersemos as nossas energias. Encerrado o trabalho, com sucesso, senti leve tontura ao levantar-me para deixar a sala.. Em casa, a dor de cabeça e mal-estar fizeram-se presentes. Meu Mentou alertou-me não tratar tão somente de influência espiritual, mas, que por ter sido invigilante, descuidando-me da alimentação e repouso necessário, o meu corpo físico reagiu. Orientou-me para que cuidasse do meu "colesterol" e "pressão arterial", estão descompensados e, não descuidar dos cuidados, de fundamental importância, para a realização do trabalho, em especial, aos suicídas. Depois de um banho frio, adormeci um sono profundo. Percebo que estivemos em outro plano avaliando o trabalho mas não me lembro do diálogo, foram apagados da minha mente ao despertar.

Pedi permissão para D. Yvonne Pereira para escrever sobre a experiência com o grupo. Ela concedeu-me a permissão, desde que, naquele momento, não o publicasse. Então, veio-me a inspiração dias depois e pude transcrever tudo o que me foi permitido. Deixou-me  um recado para ser transmitido ao doutrinador: "A paciente, ora atendida pelo grupo, encontra-se presa mentalmente a um quadro fluidico, quando esteve na UTI, momento em que desejava, desesperadamente, "morrer". Hesitei um pouco antes de enviá-la  a quem de direito. Somente após a leitura do Evangelho, adquiri confiança necessária para cumprir com a solicitação.

"Quardai-vos de confundir fé com presunção. A fé vem de Deus, a presunção é acreditar mais em si mesmo, sem perceber que tudo vem de Deus" (A Fé que Transporta Montanhas, cap. XIX; 4). Eu pergunto-me todas às vezes, estou sendo presunçosa acreditando no que vejo ou penso ver? Não será tudo fruto do meu inconsciente, da minha imaginação? Será fruto da minha presunção ou vaidade querer descrever o que percebo e sinto? Cada vez tenho a certeza de que só prcebo e sinto o que Deus designou-me perceber e sentir. Não é fruto da minha imaginação. Eu acredito nos Espíritos. Eu acredito que a vida não se encerra com a morte do corpo físico. Eu creio em Deus. Acredito que sou tão somente instrumento, ainda que "enferrujado", da vontade de Deus, mas, ainda preocupa-me ser alvo de espíritos inferiores, zombeteiros, que tentam fazer-me desacreditar do Espiritismo. Preocupa-me a minha imperfeição. Eu creio em tudo, só não em mim mesma por conta das minhas imperfeições morais, às quais não consegui vencer ainda. Sou humana, e como tal, sou falha, fruto da minha pouca evolução espiritual e moral. Então, faço minhas estas palavras: "Senhor, ajuda-me na minha incredulidade!".

Terceira semana do auxílio aos suicídas. Como tem acontecido todas as outras vezes, a dor de cabeça, a ânsia de võmito, o suor frio, tomaram conta de mim. Nenhum remédio, nem oração, nem mesmo o jejum fez com que passasse o mal-estar. Na sala de atendimento sentei-me na posição de meditação, em silêncio profundo, coloquei-me a orar.Segui calmamente as instruções dos amigos espirituais que ali se encontravam a serviço da Casa: "Respire calmamente, expire lentamente e solte o ar com força para fora dos pulmões, lentamente expire e inspire. Confie!". Pude observar uma pequena luz se formar como a chama de uma vela acesa que foi se expandindo e se estendendo à todos os presentes.

Deu-se inicío ao trabalho. Saímos daquela luz. Encontrava-me agora na mais profunda escuridão. Sei que meus olhos estava abertos, mas pareciam fechados tamanha a escuridão. Vultos sombrios, muitos vultos circulavam à nossa volta. Ela (assistida) dizia em desespero: "Eu vejo muitas sombras, estão por todas as partes. Elas querem me pegar!". Respondi-lhe: "não existem mais sombras, venha!". Estavamos no Vale das Sombras. Ela permanecia apavorada na sua tela mental. Foi o estrangulamento que a levou à "morte" sem estar "morta". Percebi a marca do estrangulamento em seu pescoço. Estava roxo e inchado, pendendo para o lado direito. Neste instante, uma forte dor causou-me uma sensação terrível no meu corpo físico. Uma dor muito aguda desceu pelo meu ombro direito, chegando a me encolher toda para esse lado. "Ela se enforcou!", disseram-me. Sua respiração, nesse momento, continua presa; tosse incessantemente querendo demover o ar comprimido no seu cérebro. Não nos demoramos no Vale, era preciso resguardar as minhas forças vitais. 

Ao retornarmos, pediram-me que apenas lhe doasse o meu amor e a minha luz, Então, das minhas mãos sairam feixos de luz. Senti um forte calor aquecer-lhes o centro. Assim permaneci até o término do trabalho, quando, enfim, pude despertar e alongar-me. Já não sentia mais as dores que me acompanharam no inicío. Estava renovada e em paz. "Glória à Deus nas Alturas e Paz na Terra aos homens de boa-vontade". A paz de quem faz o bem. Que Assim Seja! Amém!

Luz e Amor!



"A incredulidade se diverte com esta máxima: Bem-Aventurados os pobres de Espírito, como muitas outras coisas que não se compreende. Por pobres de espírito, entretanto, Jesus não entende os tolos, mas os humildes, e diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos". (Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, cap. VII, 2. O Evangelho Segundo o Espiritismo).




quinta-feira, 10 de maio de 2012

Diálogo com Drº. BEZERRA DE MENEZES


Em  09-05-2012, às 06hs e 30mint.

Concluida a seleção para participar do grupo de socorro aos suicídas da Casa do Caminho. Foi um momento de grande expectativa esperar poder doar um pouco mais de mim em favor dos mais necessitados. Espíritos sofridos, que como eu, desistiram da jornada frente ao combate. O curso foi salutar para minha reforma íntima, mas, não o suficiente para o meu pronto reequilíbrio emocional e energético. A tristeza foi profunda ao constatar que, apesar do meu esforço em melhorar-me moralmente, ainda encontro-me em pleno tratamento espiritual, não podendo ingressar no grupo de espirítos auxiliares, ainda por conta do meu desatino.

A recuperação é lenta e gradual, faz tanto tempo, para mim, no plano terrreno, e ainda não me restabeleci por completo, nem sei quanto tempo durará o tratamento, as feridas são muitas, algumas já cicatrizadas, outras, ao menor contato com o meio hostil, retorrnam com a mesma intensidade do primeiro momento. As cicatrizes representam, no períspirito, a falta do perdão, se há cicatrizes na alma, o perdão não se efetivou. Eu me jugava curada, enganei-me. O trabalho mediúnico, seguido com fé e abnegação, será o remédio que ajudará no meu restabelecimento perispititual, algum dia.

Então, hoje, segui dialogando com Dr. Bezerra de Menezes, Mentor da Casa. Orientou-me que pegasse o livro com o qual presenteou-me e, mostrou-me, através dele, que não bastava somente boa-vontade em servir a Seara Espírita, mas, que é preciso ao missionário do auxílio espiritual, tanto na Crosta quanto na esfera espiritual ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acentuado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé rigorosa e profunda confiança no Poder Divino. São condições rigorosas para o serviço que ora se inicia na Casa e, que eu desejava ansiosamente desempenhar, mas, não poderei neste momento.

Alertou-me que nem eu, nem o Espírito que me acompanha nesta missão, encontramo-nos prontos para tal tarefa e que poderiamos sofrer danos mais profundos em nosso campo magnético, por ainda nos encontrarmos sensíveis pela própria contingência do ato cometido contra a vida. Colocou sobre doar energia, não somos senhores do benefício, mas, beneficiários que recebem para dar, somos simples elos de uma corrente de socorro, cujo orientação reside no Alto. "Somos algo semelhante a uma singela tomada elétrica, dando passagem à força que não nos pertence e que servirá na produção de energia e luz" (SCHUMBERT, Dimensões Espirituais do Centro Espírita, item 5).

Orientou-me que a principal preparação para o exercício da mediunidade é a interior. "É o mundo íntimo que devemos laborar". É a nossa trasformação moral e mental a cada momento. É fundamental, portanto, que haja uma consciência por parte do medianeiro sobre a grandeza e complexidade dos labores espirituais a fim de atuarmos de modo mais eficiente e produtivo. Trabalho é toda atividade para uma produção, e para bem produzir é necessário preparo. Todos somos capazes de servir ao Cristo, pois que Deus nos fez à todos iguais em sabedoria e inteligência, o que nos diferencia é o grau de evolução justificado pelo procurar ou não este preparo, em outras palavras, o desejo síncero e a dedicação em progredir. E, isto requer luta diária, desvelamento.

Disse-me que D.Yvonne Pereira, coordenadora, no plano espiritual, do trabalho suicída, também gostaria que que pudesse participar e aguarda a minha pronta-recuperação para tal convocação, e por preocupar-se com o estado de fragilidade em que me encontro, nesse instante, achou de bom tom postergar a minha inclusão no grupo. Encontro-me cheia de angústias e medos, o que permite vibrar em sintonia com o baixo-astral, podendo atrair para meu corpo físico as chagas e sofrimentos do plano inferior, resultando no desequilíbrio energético vital. O contato, nesse momento, com entidades carregadas de tão baixa energia fluídica poderia suprimir a minha energia, levando-me a adoecer profundamente, ou mesmo, ao desencarne súbito. Ficamos tristes por não conhecermos as dimensões de um trabalho no plano espiritual, que está para muito além da nossa consciência terrena. Senão, ao invés de lastimarmos, agradeceriamos a intercessão Altissíma.

Percebe que estou melhorando, e que a espiritualidade da Casa estará trabalhando junto à mim para o meu refazimento, no entanto, a minha cura dependerá da minha própria vontade, do desejo profundo em querer mudar intimamente, vigiando, orando e estudando sempre. Aproveitando, cada novo dia, em que Deus, na sua infinita misericórdia, dá-nos uma nova página em branco para reescrevermos nossa própria história.

Disse a Dr. Bezerra que neste um ano que estou na Casa, parece-me uma eternidade. Ele esclareceu-me que para o Espírito pode realmente ser uma eternidade. O tempo na Crosta não é o mesmo no plano espiritual, porque não ficamos presos aos sentimentos, estamos sempre fazendo coisas novas e o tempo parece que "vôa". Porém, para alguns Espíritos, ainda presos às sensações vividas no momento do desenlace da matéria permanecem estacionados, logo, o tempo torna-se uma eternidade, em especial, para os suicídas. Estes demoram o tempo que deveriam completar sua jornada terrena e que a abreviou, violando a Lei Divina, então, as lembranças é o seu cárcere. Alguns levam até séculos sem conseguir sair do ponto de partida, revivendo o seu ato fatídico.

Para alguns Espíritos, somente a reencarnação pode aliviá-los de tamanho sofrimento. Devemos ter cuidado com o que pensamos pois a morte vem em silêncio e arrebata-nos a vida sem se anunciar. Quando dizemos: "vou te odiar por toda eternidade", podemos estar dando ao espirito a  sua própria sentença, pois, naquele instante a morte pode surgir sorrateira e esse espírito experimentará esse ódio eternamente, ou, até que, através do processo evolutivo pelo qual todos os Espíritos, encarnados ou não, têm que passar, arrependa-se.

Outros dizem: "nosso amor será eterno", e assim se cumpre. Porém há amor que não é permitido o reencontro. Tudo está de acordo com o merecimento de cada um. Aquele que atingiu a luz não precisa mais reencarnar, até pode, se for de sua vontade e permissão Divina, para ajudar àquele que ficou preso às suas más inclinações. Ambos, o que ficou no plano terreno e o que evoluiu, estando reencarnado, não mais lembrarão da jura de amor, mas, o amor estará presente ainda assim, até a eternidade, porque o amor não morre jamais. O amor é o indíce do alto grau de evolução espiritual, logo, não se regride. Espíritos unidos pelo amor estarão sempre juntos, ainda em missões diferentes, num plano ou em outro, encontrarão-se um dia.

Deus não é somente sábio e justo, é também misericordioso. Agora compreendo melhor a misericórdia Divina e aceito com alegria ter sido poupada do trabalho de socorro aos suicídas, neste momento. Costuma-se dizer, no meio espírita, que tudo é de acordo com o merecimento de cada um, mas, será que realmente recebemos o que merecemos? Não. Senão fosse pela misericórdia do Pai que está no Céu, o nosso sofrimento seria bem maior do que, muitas vezes, queixamos-nos. Somos tão egoístas, orgulhosos, vaidosos, que a nossa presunção leva-nos a crer que não merecemos tal sofrimento, e, ainda, tão ingratos, que culpamos à Deus de injusto, enquanto deveriamos de joelhos, render-Lhe graças pelo pouco sofrimento, que nós mesmos nos imputamos.

Deus não quer o sofrimento de suas criaturas, por isso, dá-nos sempre a oportunidade da regeneração. Se o permite é tão somente para que possa ocorrer a transformação moral, pois que Deus, Princípio de Inteligência Universal, nada permite por acaso, mas por um motivo justo. O sofrimento só é permitido para um bem maior. Deus deseja, simplesmente, o arrependimento síncero de nossos corações, presos na ignorância da arrogância.

Provavelmente, as emoções que iria experimentar  no grupo de socorro aos suicídas não seriam benéficas neste estágio em que me encontro. Talvez ficasse exposta a sentimentos e sensações de tamanha intensidade, que intensificaria, ainda mais, o meu sofrimento, e como dito anteriormente, Deus não é somente justo, é infinitamente misericordioso e não dá a nenhum de seus eleitos um sofrimento maior do que possa carregar.

Assim sendo, rendo louvores e graças ao Senhor meu Deus, por muito me amar. Não pude no momento do encerramento da reunião com D. Yvonne Pereira, agradecer-lhe a oportunidade de ter participado dos estudos para a formação do novo grupo de socorro aos suicídas, nem a Dr. Bezerra, meu benfeitor espiritual maior, o que aproveito agora a oportunidade de fazê-lo. O entendimento é o maior legado que podemos deixar de herança. A experiência adquirida jamais se apaga de nossa mente, acompanhando-nos ao infinito. Obrigado meu Mestre Maior, Jesus Cristo, por fazer-me entrar em contato com a minha real condição espiritual e por permitir seguir na mediúnica, o remédio indicado para as dores de minh'alma. 

Nesse momento em que se encerra o nosso diálogo, recebo, finalmente, a autorização para publicar os relatos sobre a minha experiência durante a permanência no grupo de socorro aos suicídas,  para a qual, solicito a inspiração dos Amigos Benfeitores que ora acompanham-me nesta jornada. Assim Seja!

Luz e Amor!



"Atribui-se geralmente aos profetas o dom de revelar o futuro, de maneira que as palavras, profecia e predição se tornaram sinônimas. No sentido evangélico, a palavra profeta tem uma significação mais ampla, aplicando-se a todo enviado de Deus, com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas, os mistérios da vida espiritual. Um homem pode, portanto, ser profeta, sem fazer predições. Essa era a idéia dos judeus, no tempo de Jesus. Eis por que, ao ser levado perante o sumo sacerdote Caifás, os Escribas e  os Anciões, que lhe deram socos e bofetadas, dizendo: "Cristo, profetiza, e dize quem foi que te bateu". Houve profetas, entretanto, que tiveram a paciência do futuro, seja por intuição ou por revelação providencial, a fim de transmitirem advertências aos homens. Como essas predições se realizaram, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos atributos da qualidade de profeta". (Falsos Cristo e Falsos Profetas, cap. XXI; 4. O Evangelho Segundo o Espiritismo).









quinta-feira, 3 de maio de 2012

O sofrimento é um bem necessário


Em 03-05-2012, às 18hs e 30mint.

"Por que apesar de estarmos de posse do vosso conhecimento -  o Evangelho - ainda nos encontramos sob o efeito das paixões?". Conversava mentalmente com o meu Mentor no salão doutrinário antes do estudo do Evangelho. Encontrava-me aflita pois deixei-me levar, mais uma vez, pelos vícios, nossos males terrenos. "E agora?". Questionava-me em silêncio. "Será que hoje eles (guias) virão acompanhar-me diante da minha fraquesa?". Puriniam-me afastando-se de mim, deixando-me no vázio das minhas angústias sem respostas?

Então, uma súbita energia arrastou-me até a sala de pedidos de prece, e, vi-me com folhas de papel em branco e uma caneta nas mãos. Minhas mãos deslocavam-se mais rapidamente do que meus pensamentos:

"Isto porque não estamos de posse do conhecimento. Conhecimento é entendimento. Estar de posse do Evangelho e não entendê-lo não é estar de posse do conhecimento, é apenas estar de posse de um objeto repleto de escritas não decifradas. O entendimento vem da alma e do Espírito. Logo, como afastar-se das paixões do mundo se as sente na alma, mas não as compreende? Não as compreendendo não as aceitas e não as aceitando como curar-se? Elas existem na medida certa para o desenvolvimento de cada um, vê-se, são necessárias.

Não fiqueis aflitos. Ainda há tempo e logo toda essa angústia cessará. Toda dor cessará. Não lastime os seus atos, não sofra, aprenda somente com seu acertos, acertos sim! Se tentamos melhorar já estamos acertando, é o primeiro passo. Não queira que nada aconteça antes do seu tempo pois que o tempo de Deus não é o nosso tempo. Logo, antecipá-lo é perda de tempo e denota pouca fé no Criador. A ansiedade é fruto da pouca fé, pois que a fé acalma, espera sem tormenta, pois sabe que o dia da colheita chegará e o fruto só dá no seu tempo. Confie! Nada acontece sem a permissão Divina. e sendo permitido por Deus é por ter algum significado benéfico, porque nada que venha da Inteligência Suprema é fruto do acaso, pois que o Senhor Deus é justo e sábio.

Viva o seu tempo, viva as suas dores, viva as suas perdas, viva os seus amores, a felicidade não tarda a chegar. Eis que todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão, porque assim determina o Pai que está no Céu. "Aqueles que aceitam seus sofrimentos com resignação por submissão à Deus e com vistas à sua felicidade futura, não trabalham senão para si mesmo, podem tornar seus sofrimentos proveitosos aos outros?".

"Esse sofrimento pode ser proveitoso a outrém material e moralmente. Materialmente, se pelo trabalho as privações e os sacrifícios que se impoem contribuem para o bem-estar material do próximo. Moralmente, pelo exemplo de sua submissão a vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode estimular os infelizes à resignação, salvá-lo do desespero e de suas funestas consequências para o futuro". São Luíz. Paris. 1860. (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 31. O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Assim Seja!

Espírito Protetor

Ao final do Evangelho, um amigo da casa, o jovem Victor, permaneu ao meu lado. Desejoso de ler a mensagem, fitava-me, mas não à mim. Disse-me que junto de mim, em todo o momento que trancorreu o estudo do Evangelho, um senhor (o Mentor) manteve-se ali. Logo, os dois conversaram. A mensagem também era dirigida a Victor, pois que anda cheio de angústia e ansiedade em trabalhar com a espiritualidade e, para muitos que ali se encontravam com suas culpas e ansiedades.



"Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraíso de delícias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperai portanto lágrimas ardentes e penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar! Oh, homens! não reconhecereis o poder de vosso Senhor, senão quando ele curar as chagas do vosso corpo e encher os vossos dias de beatitude e de alegria? Não reconhecereis o seu amor, senão quando ele  adornar vosso corpo com todas as glórias, e lhe der o seu brilho e o seu alvor? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Chegado ao último degrau da abjeção e da miséria, estendido sobre um montouro, ele clamou a Deus: "Senhor! conheci todas as alegrias da opulência, e vós me reduzistes à mais prpofunda miséria! Graças, graças , meu Deus, por terdes querido provar o vosso servo". (Bem-Aventurados os Aflitos, cap. V; 19. O Evangelho Segundo o Espiritismo).